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As várias Áfricas – séculos VIII-XVI

Tombuctu (atual Mali) pertenceu ao poderoso Império do Mali (XIV) e depois foi dominada pelos
Songai. Era um importante entreposto comercial e cultural nas rotas comerciais africanas para o
Oriente Médio.
• Entre os séculos VIII a XVII da contagem europeia, o vasto e
heterogêneo Continente Africano foi marcado pela existência de
vários poderosos Estados, reinos e impérios negros, principalmente
na África Ocidental; além de importantes rotas comerciais
transaarianas que ligavam essas sociedades ao Mediterrâneo e
principalmente ao Oriente Médio.
• A maior parte desses Estados eram muçulmanos, embora não fossem
árabes, além de multiétnicos.
Os principais reinos da África Ocidental:
• Reino de Gana
• Almorávidas (chegou a dominar o Califado de Córdoba na Península
Ibérica o que lhe conferiu a alcunha de “império das duas margens”)
• Império do Mali
• Império do Songai
Reino de Gana

• O nome deve-se ao fato de o chefe político local receber o título de


Gana, que significa “senhor da guerra”.
• Por controlar vários territórios que possuíam ouro e também rotas
desse metal, ficou conhecido como “reino do ouro”.
• Por conta de seu poderoso exército, controlava cidades e
comercializava com os povos do deserto e mercadores muçulmanos
do Norte da África.
• Além do comércio saariano e dos tributos dos povos conquistados,
iniciaram o tráfico de escravos conforme a presença islâmica
aumentava na África.
Almorávidas: o império das duas margens
Os almorávidas surgiram conforme os
berberes do deserto foram se
convertendo ao islamismo a partir dos
califados muçulmanos do Norte da
África. Muitos povos que vão compor
também o Império Almorávida eram
negros da África Ocidental contrários
ao poder de Gana.

Os almorávidas chegaram a dominar


todo o Magreb e a Península Ibérica
no século XI; entretanto, no século
seguinte, disputas internas entre as
várias facções muçulmanas e guerras
contra outros califados provocaram o
esfacelamento do império.
Império do Mali
• O Império do Mali também surgiu e se expandiu a partir da islamização de
povos negros que viviam ao norte de Gana e se sentiam ameaçados por seu
poderio.
• O Mali conseguiu a proeza de ver os mais variados povos e reinos vassalos
reconhecerem seu rei como único soberano, controlando inúmeras cidades
importantes nas rotas transaarianas, como Tombuctu. A longa duração e o
sucesso do poder do Mali são atribuídos à tolerância religiosa, pois não
faziam a guerra santa (jihad).
• Sua duração esteve entre os séculos XIV e XVI, quando foi desagregado.
O Império Songai

• No início do século XVI o Império Songai se estabeleceu e foi o último


dos grandes estados negros da África Ocidental.
• Rigorosos nos preceitos islâmicos, empreendiam a guerra santa
contra outros reinos do sul e do norte. Sua principal cidade era Gao.
• No final do século, os songais entraram em declínio por conta de
guerras contra os muçulmanos do atual Marrocos.
• Aos poucos, os portugueses iam intensificando sua presença na
região, e consequentemente o tráfico de escravos.
Sociedades da África Central

• Até o início do tráfico atlântico de escravos para a América, as


sociedades da África Central nunca se constituíram em impérios
propriamente dito. Permaneceram sob o domínio de outros reinos
mais poderosos, em geral do norte, ou se estabeleceram como
cidades-Estado autônomas.
• Os maiores grupos étnicos da
região, formados a partir de
diversas outras etnias, eram os
hauçás, iorubás e reinos do
Congo e Angola.
Os Hauçás
• Localizavam-se principalmente entre o rio Níger e o lago Chade
vivendo em cidades fortificadas e protegendo a população
camponesa do local. Foram islamizados no século XIV, mesmo
momento em que a escrita se difundiu. Sua maior cidade era Cano,
que atualmente fica na Nigéria.
Os Iorubás
• Também chamados Nagôs, formavam um grupo linguístico de vários
povos que abrangiam um território que hoje seriam parte da Nigéria
e o Benin. Esse é um dos três grandes grupos que foram traficados
para o Brasil e pouco se sabe de sua história antes do contato com os
europeus.
• As maiores cidades iorubás eram Benin, Ilé Ifé e Oyo. Os governantes
(obás) dessas cidades eram escolhidos por um conselho de Estado e
governavam por um período determinado.
• O Obá também exercia o papel de sacerdote e comandava os
sacrifícios humanos, sempre de pessoas escravizadas.
• O aumento da presença portuguesa na região e a intensificação do
tráfico reduz os iorubás a uma subserviência a Portugal.
Reino do Congo

• Mais ao sul do Golfo do Benin, as populações e reinos de língua banto


mantinham pouco contato externo e não foram influenciados pelo
islamismo. Mas também praticavam a escravidão, que era muito mais
semelhante a uma servidão e não tinha fins comerciais.
• Um desses reinos era o do Congo, surgido por volta do século XV. De
população bacongo, estiveram em contato com os portugueses ainda
em 1484. Prática comum, os portugueses converteram o rei do Congo
ao cristianismo, estreitando laços políticos e comerciais.
• Dessa forma, Nzinga Mavemba se tornou Dom Afonso I, reinando
entre 1506 a 1543 e se tronando um importante aliado luso na
região.
Reino de Angola

• Ao sul do reino do Congo, havia a província de Ndongo, “vassala” do


manicongo. Em 1556, Ndongo se tornou um reino independente e
foi denominado Angola pelos portugueses, pois seu soberano era
chamado ngola. Foi a única região da África que os portugueses
conquistaram de fato nessa época. Mesmo assim, a hegemonia
portuguesa em Angola foi desafiada pela rainha Nzinga (1624-63).

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