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Nos últimos tempos tenho me perdido em mim, erguido muros para que ninguém me alcance,
pelo menos fisicamente.
Às vezes as pessoas perguntam como ando e eu minto. Tenho me envolvido no trabalho para
escapar à dor do peso que ganhei. Ando em pânico, com fobia de estar com quer que seja.
Sinto-me gorda, com pele flácida e uma sensação de manchas por todo lado. Tenho vergonha
de mim, de como me vejo. Mas a minha dor maior vem de não ter ninguém com quem
partilhar isto.
A Vânia e o Sérgio sabiam o quanto isto me afetava, qualquer quilo reduzia 10 dias de alegria
na minha vida.
Cada vez que tenho que sair de casa, faço em esforço e evito cruzar caminhos com alguém
conhecido. Ainda um dia deste que encontrei o João, mais tarde ele mencionou o quanto
robusta eu estava, era de manhã, e o resto do dia ficou pesado e triste.
Sinto-me feia e nada sedutora, e cada avanço de alguém na minha direção faço questão de
fingir que não vejo para que se afaste sem nunca se ter aproximado. Não aguentaria partilhar-
me fisicamente com alguém. Permitir o toque de outros em mim é demasiado doloroso, sinto
que não mereço, que nada tenho.
A pulsão da vida ainda cá anda, adoro pessoas, conhecer coisas novas e sexo, Meu Deus, como
tenho saudades de ter sexo com alguém que vá para além e saiba cuidar deste corpo sem me
fazer sentir tão desajustada, pois isso já eu vomito todos os dias e não é nada que me orgulhe.