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21/08/2021_2

Ultimamente ando a lembrar do José Ricardo, principalmente das palavras que ele me disse
sobre o que eu escrevia. Faz tempo que não o vejo nem nada dele sei e apenas espero que
esteja bem e que as suas palavras me saiam da cabeça. Aquelas palavras que me fizeram quase
deixar de escrever sobre a minha vida, sobre mim, sobre a forma como vejo o mundo, aquelas
palavras que nos tornam pequenos ao pé de alguém que tanto consideramos, e que também
nos afastam pela falta de empatia, pela falta de visão do mundo à volta e das diferentes
oportunidades que no mundo acontece em cada vida.

Escrever sobre a minha vida, faz-me entender e pensar sobre ela, o que em tempos partilhei
foi motivado pelo encontro com o outro, pelo lugar secreto que nem sempre conseguimos
mostrar, e ouvir dizer “não sei o que isso é importante para ficar escrito” magoa,
principalmente dito de uma forma tão seca e sem um único gesto de aconchego de
preservação do outro, ou do que pelo menos naquele momento é importante para ele, porque
os lugares de onde vem foram escasso em conhecimento, disléxicos e com défice de atenção.
Nada disto serve de desculpa, mas apenas para alertar que é arrogante ter a nossa visão e
percursos garantidos como uma escala única, quando outros chegaram onde chegaram por
caminhos muito mais ingremes e secos. A grandeza de alguém vem da simplicidade que
consegue ver o outro. Cada um vive a sua vida, cada um sabe dos seus lugares e mesmo que
tudo isto pareça um cliché, nada disto é pouco.

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