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05 05 2014-10-07avaliacao Energetica Do Bagaco de Cana em Diferentes Niveis de Umidade e Graus de Compactacao
05 05 2014-10-07avaliacao Energetica Do Bagaco de Cana em Diferentes Niveis de Umidade e Graus de Compactacao
AVALIAÇÃO ENERGÉTICA DO
BAGAÇO DE CANA EM DIFERENTES
NÍVEIS DE UMIDADE E GRAUS DE
COMPACTAÇÃO
Marcelo Bacci da Silva (UNIMINAS)
marcelob@uniminas.br
Anderson dos Santos Morais (FAZU)
andersonneea@fazu.br
1. Introdução
Há várias décadas, em alguns países da Europa e na América do Norte, a briquetagem tem
sido utilizada e consiste em um processo bem desenvolvido e difundido, sendo de expressiva
utilização industrial e comercial. A história da briquetagem teve início a partir da escassez de
combustível e energia sofrida pela população européia, durante a I Grande Guerra Mundial,
evoluindo muito até a atualidade (ALBUQUERQUE, 1997).
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XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
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Define-se briquetagem como um processo no qual pequenas partículas de material sólido são
prensadas para formar blocos de forma definida e de menor tamanho. Através desse processo,
subprodutos de beneficiamento agro florestal, agroindustriais e finos de carvão convertem-se
em um material de maior valor comercial que é o briquete (ANTUNES, 1982). Os parâmetros
esperados para o briquete são: resistência mecânica, resistência ao impacto, baixa
higroscopicidade, alta densidade, boas propriedades de queima e alto poder calorífico.
2. Materiais e Método
O presente trabalho apresentou uma parte experimental conduzida no Laboratório de
Operações Unitárias do Núcleo de Excelência de Engenharia de Alimentos – NEEA da FAZU
- Faculdades Associadas de Uberaba, e foi realizada em três etapas: secagem e caracterização
dos conteúdos de umidade; caracterização dos graus de compactação e análise do poder
calorífico, esta feita na Fundação Centro tecnológico de Minas Gerais – CETEC – Belo
Horizonte MG.
2.1 Secagem
O objeto de estudo deste trabalho foi o bagaço de cana, com densidade mássica aparente de
aproximadamente 100 kg/m3, PCS a 50% de umidade da ordem de 2.275 kcal/kg e densidade
energética aparente de 227,5 Mcal/ m3. Como o bagaço se encontrava com uma umidade
relativamente alta, optou-se por secá-lo, para obter níveis de umidade variáveis, e relacioná-
los com outros parâmetros.
Nesta fase foram obtidos os seguintes conteúdos de umidade: 50, 30, 20, 10 e 0% de umidade,
com o auxílio de uma estufa de secagem na temperatura constante de 105ºC. Em seguida, foi
construída a curva de secagem para o bagaço processado, como mostra a Fig. 1. O conteúdo
de umidade em função do tempo de secagem foi ajustado pela equação (1) a seguir, com
coeficiente de correlação de 0,9929:
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40.00
Conteúdo de umidade (%)
20.00
0.00
Esse comportamento linear pode ser explicado pelo fato do bagaço estar significativamente
pulverizado com diâmetro médio de aproximadamente 0.9 mm. Isto ocorre porque a
superfície de contato é aumentada e, consequentemente, a retirada de água fica mais
facilitada.
2.2 Compactação
Neste processo foram caracterizados quatro graus de compactação, formando unidades com
densidades de: 1000, 1200, 1300 e 1400 Kg/m3 conseguidos após estudos das técnicas do
principal fabricante de briquetes do país, LIPPEL. Este processo consiste em densificar a
biomassa com o auxílio de prensas hidráulicas. Estes graus de compactação são os mais
utilizados para a fabricação de briquete de biomassa advinda da madeira e, extrapolando
este processo para o bagaço de cana, as respostas são praticamente iguais, uma
vez que suas características físicas também são parecidas.
O poder calorífico do bagaço de cana foi analisado pelo Centro Tecnológico de Minas
Gerais – CETEC, segundo os critérios estabelecidos pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT, constantes da NBR – 8633/84, indicada para o carvão vegetal,
podendo ser adaptada para qualquer combustível sólido e também para o bagaço. Este
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ensaio foi feito usando metodologia utilizada pelo laboratório de metrologia e ensaios com
o auxílio de uma bomba calorimétrica, conforme apresentada na Fig. 2.
Figura 2. Calorímetro.
3. Resultados e Discussão
Os resultados descritos neste item correspondem aos ensaios experimentais realizados com
bagaço de cana-de-açúcar da safra de 2004/2006.
A Tabela 1 mostra os resultados obtidos na análise do poder calorífico superior em cada nível
de umidade e, como esperado, nota-se considerável acréscimo com a diminuição da umidade.
Passando a umidade de 50% para 0% consegue-se um incremento energético da ordem de
92%, sendo que 60% são conseguidos reduzindo a umidade para 20%. Então, pode-se dizer
que o bagaço de cana-de-açúcar com umidade em torno de 20% é mais viável de ser utilizado
para o aproveitamento energético. Processos de secagem são onerosos e para produção de um
bagaço mais seco, o consumo de energia para sua produção pode inviabilizar o processo.
PCS pela densidade aparente do bagaço de cana-de-açúcar, decai com o aumento da umidade
e como esperado, o briquete de melhor desempenho energético entre os estudados é o que
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1000 (kg/m3)
99
1200 (kg/m3)
98
1300 (kg/m3)
1400 (kg/m3)
97
0 10 20 30 40 50
Umidade
Figura 3. Correlação entre poder calorífico relativo e umidade.
Fazendo uma analise econômica, observa-se na Fig. 3 que o grau de compactação que menos
consome energia na compactação é o que possui o maior PCR, sendo então,
consequentemente o de 1000 kg/m3 que também é o que menos sofre influência da umidade,
dado pelo grau da curvatura da curva.
Observa-se na Fig. 4 um comportamento linear e crescente da densidade energética com o
aumento do grau de compactação. Comparando esses resultados com o do bagaço de cana-de-
açúcar “in natura”, que possui uma densidade mássica aparente de 100 kg/m3, PCS a 50% de
umidade na ordem de 2.275 kcal/kg e densidade energética aparente de 227,5 Mcal/ m3,
observa-se que há um aumento considerável da densidade energética, da ordem de 1300%,
sendo que 900% são conseguidos até o grau de compactação de 1000 kg/m3.
7000
0 % umid
Densidade energética, De (Mcal/m3)
6000
10 % umid
20 % de umid
5000
30 % umid
4000
50 % umid
3000
2000
6
1000 1100 1200 1300 1400
Densidade Mássica (kg/m3)
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4360 1000
5232 1200
0 5668 1300
6104 1400
3985 1000
4782 1200
10 5180 1300
5579 1400
3641 1000
4369 1200
20 4733 1300
5097 1400
3145 1000
3774 1200
30 4088 1300
4403 1400
2275 1000
2730 1200
50 2958 1300
3185 1400
4. Conclusões
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Diante dos resultados obtidos, pode-se dizer que no processo de aproveitamento energético de
bagaço de cana-de-açúcar vários fatores precisam ser considerados, principalmente a umidade
e o grau de compactação (densidade), que são os que mais influenciam e limitam o seu uso de
forma mais abrangente como fonte de energia. Nem sempre a escolha do melhor processo é a
mais evidente, haja visto que no presente trabalho foi observado o comportamento energético
do bagaço da cana-de-açúcar em diferentes níveis de umidade e graus de compactação e pôde
ser constatado que o grau de compactação e o nível de umidade ótimos são, respectivamente,
1400 kg/m3 e 20%, se considerado apenas as variáveis aqui relacionadas.
Referências
ANTUNES, R.C. Briquetagem de Carvão Vegetal. In:______. Produção e Utilização de Carvão Vegetal. Belo
Horizonte: CETEC, vol. 1, p. 197-206, 1982.
MAYER, F. D.; CASTELLANELLI, C.; HOFFMAN, R. Geração de Energia Através da Casca de Arroz:
Uma Análise Ambiental. Em: Anais do XXVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção (XXVII
ENEGEP), Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007.
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PETROBRÁS. Dados Técnicos de Biomassas. Rio de Janeiro: PETROBRÁS. Depto. Industrial - Divisão de
Fontes Energéticas Alternativas, N. 29, 65p., 1982.