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A conquista espanhola permite ser caracterizada por violência, injustiça, hipocrisia

e muitos outros abusos a que os índios foram submetidos, tendo em vista a


superioridade das armas, destacado por Las Casas como um dos principais
mecanismos responsáveis pelo êxito da invasão castelhana. Além da violência
física, outros dispositivos foram utilizados para subjugar as populações indígenas.
Dentre estes pode-se mencionar: a conversão forçada a fé cristã e os hábitos
europeus a destruição de objetos, templos e ídolos da cultura indígena.
O contentamento dos espanhóis em praticar a crueldade torna-se nítido perante
as atrocidades, não poupando crianças e nem mulheres grávidas, faziam apostas
sobre de quem partiria e abriria um homem com um golpe apenas. Assim como se
observa no seguinte relato de Las Casas:
Os índios desse país, quando martirizados e conduzidos pelas montanhas a carregar bagagens se
vêem a cair de fraqueza e de dor, os espanhóis lhes aplicam pontapés e pauladas e lhes quebram os
dentes com os copos da espada a fim de que se levantem e caminhem para frente sem tomar folego:
então esses índios tem o costume de dizer: Como és malvado! Não posso mais! Mata-me aqui
mesmo! Eu quero morrer aqui! E isto dizem com grandes suspiros e falando num fio de voz, por
terem o coração oprimido, revelando grande angustia e dor. Mas, quem poderia dar a entender a
centésima parte das aflições e calamidades que os malditos espanhóis fazem sofrer a esses índios
inocentes? Queira Deus fazê-las conhecidas daqueles que podem e devem nomediá-las.

Além do objetivo em catequizar, o frenético desejo dos castelhanos de enriquecer


configurou a expressividade das guerras, a escravidão, os maus-tratos, os
assassinatos em massa e a difusão das epidemias. Segundo Las Casas a certeza
de superioridade de sua civilização e de seus valores gerou ainda mais confiança
para praticarem atos tão desumanos e se implantarem de forma brutal o que
contribuiu para romper o contexto da sociedade indígena, não somente o trabalho
excessivo que eles impuseram aos vencidos mas o desconhecimento das regras de
vida que englobavam o índio num sistema coerente, fizeram destes ao mesmo
tempo um oprimido e um desarraigado sem cultura.
A desproporção de número entre combatentes espanhóis e combatentes
americanos deixa de ser assombrosa quando se toma conhecimento do auxilio
maciço prestado aos invasores por povos recém-dominados haja visto que a
cumplicidade indígena serviu como porta de entrada para tais invasores, na medida
que ao tomarem conhecimento do território se estabeleciam praticando terror pelas
suas crueldades em todas as regiões, pois sempre foi de costume em todos os
países que entravam praticar incontinenti, á sua chegada, alguma cruel e notável
matança afim de que esse pobres tremessem de medo que lhe inspirava, dessa
forma submetia-os a socos, bofetadas, bastonadas, forcas dentre tantas outras
atrocidades de imensurável dimensão.

A dominação presente no processo de conquista manifesta-se em contrariedade as


leis de proteção aos índios uma vez que o sistema jurídico colonial autorizava as
guerras e a escravidão dos ameríndios. Das diversas regras protetoras dos
indígenas em que Frei Bartolomeu de Las Casas se destaca como um dos principais
responsáveis pela promulgação de leis como a Lei de Burgos e as Leis Novas, as
quais asseguravam aos americanos que fossem bem tratados e protegidos além de
proibir novas conquistas.

No entanto ocorria resistência por parte dos colonos caracterizada principalmente


pela efetivação de instituições que asseguravam sua soberania , a exemplo disso
tem-se a encomenda. Que especifica da conquista castelhana, a encomenda tinha o
poder de garantir aos colonos espanhóis, aldeias inteiras de índios em que
dispunham da mão de obra, utilizada nos trabalhos agrícolas e na coleta e extração
do ouro, em contrapartida os senhores deveriam manter a catequização de “seus”
escravos como era imposto pela Coroa. Assim como se observa na citação de
Marianne Mahn-lot:

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