Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SALVADOR –BA
2019
A EFETIVIDADE DA RONDA MARIA DA PENHA NO COMBATE A VIOLÊNCIA
CONTRA MULHER.
Como a interseccionalidade de classe e raça influi na efetividade da Ronda Maria da Penha
em Salvador?
SALVADOR –BA
2019
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................................. 04
1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 05
3.METODOLOGIA................................................................................................................ 11
4.RESULTADO.......................................................................................................................04
6.CONCLUSÃO...................................................................................................................... 16
SALVADOR –BA
2019
4
Resumo
O presente trabalho objetiva analisar a efetividade da Ronda Maria da Penha no Municí-
pio de Salvador, no combate a violência contra a mulher. A relevância da abordagem se
mostra de suma importância em razão da reiteração dos casos de violência doméstica e
familiares perpetrados face à mulher em todo o país, em suas mais variadas formas e
níveis, que tem persistido mesmo com políticas publicas e legislativas que visam a sua
erradicação, sendo necessário, portanto, um estudo dessa natureza como forma de repen-
sar soluções ao referido problema. Para tanto, adota o método dedutivo como método de
abordagem, o histórico evolutivo enquanto método de procedimento, e a pesquisa biblio-
gráfica, documental e de entrevista como técnicas de pesquisa. A problemática aqui ava-
liada é a seguinte: Como a interseccional idade de classe e raça influi na efetividade da
Ronda Maria da Penha na Grande Salvador? Assim, refletindo em como a efetividade da
Ronda, uma politica de segurança pública, se relaciona com a interseccional idade de
classe e raça, visto que esse tipo de politica geralmente perpetua uma criminalização de
negros e pobres.
Abstract
The present objective paper analyzes the effectiveness of the Maria da Penha Round in
the city of Salvador, without combating violence against a woman. The relevance of the
approach shows the importance of the reason for the reiteration of cases of domestic and
family violence perpetrated by women across the country, in their most varied forms and
levels, which persist even with public and legislative policies aimed at its eradication,
being necessary. Therefore, a study of this nature as a way to compensate for solutions to
this problem. To do so, adopt the deductive method as a method of approach, or the evo-
lutionary history as a method of procedure, and a bibliographic, documentary and inter-
view research as research techniques. Here is the following problem: How does class age
and intersectional race influence the effectiveness of Ronda Maria da Penha in Greater
Salvador? Thus, reflected in how the effectiveness of Ronda, a public security policy,
relates to the intersectional age and class of class and race, it is seen how this kind of
policy usually perpetuates a criminalization of blacks and the poor.
SALVADOR –BA
2019
5
INTRODUÇÃO
Após quatro anos de criação assim como mais de 12 anos da sanção da Lei Maria Penha,
esta que fundou as bases para essa política pública, a violência contra mulher continua
com números alarmantes, em que a cada 9 minutos uma mulher é vítima de estupro, a
cada um dia, três mulheres são vítimas de feminicídio e uma mulher registra agressão sob
a Lei Maria da Penha a cada 2 minutos, segundo dados do 12º Anuário Brasileiro de
Segurança Pública (FBSP, 2018), sendo que há uns poucos materiais acerca de estudos
empíricos que procurassem avaliar o seu efeito dessa política, a pesquisa objetivou avaliar
o resultado dessas políticas.
O presente artigo vem observar como a efetividade dessas politica pública está relacio-
nada aos âmbitos de classe e raça. O Mapa da Violência 2015 mostra que o número de
homicídios de mulheres brancas caiu já o assassinato de negras aumentou: em 2003, mor-
reram assassinadas 23% mais negras do que brancas e o índice foi crescendo lentamente
SALVADOR –BA
2019
6
ao longo dos anos, para, em 2013, chegar a 67%. Por isso a necessidade dessa visão
interseccional justamente para que tenhamos uma visão de por que há uma diferença na
eficácia dessa política pública na proteção mulheres por conta da diferença de raça e clas-
ses.
REFERENCIAL TEÓRICO
É fundamental, como explicitado pelos dados, ter a categoria raça/cor na produção de aná-
lises sobre violências contra mulheres. Uma determinada forma de misoginia articu-
lada com o racismo faz com que mulheres negras sejam mais vulneráveis a todos os tipos de vio-
lência. Além da raça/cor, outros fatores parecem vulnerabilizar as mulheres brasilei-
ras, sendo a faixa etária um deles. As mulheres jovens são mais vulneráveis a todos os ti-
pos de violência, perpetradas por conhecidos ou desconhecidos.
negras pobres não se somam, mas se entrecruzam e na “forma como ações e políticas
específicas geram opressões que fluem ao longo de tais eixos”. (CREENSHAW, 2002, p.
177).
Essa desigualdade de dados de violência contra a mulher negra e branca vista no gráfico
acima acompanha um contexto histórico de violência ainda mais pesado. Uma vez que a
mulher branca, não era sexualizada e vista como impura ou objetificada da mesma ma-
neira.
SALVADOR –BA
2019
8
Desde o período escravocrata o corpo da Mulher Negra é exotificado, tanto na Europa quanto no
Brasil, rótulo atribuído por conta de seu padrão corpóreo muito diferente das mulheres brancas
europeias – possuidoras dos padrões de beleza da época. [...]Após a adentrada no território nacio-
nal, vemos a legitimação desse estereótipo ideológico, a exemplo foram os casos das mulheres que
foram tomadas por força por seus senhores, pois quando se recusavam a ter relações sexuais com
os mesmo muitas (se não todas) eram punidas severamente[...].(BARROS,BRITO,SEABRA, p. 2
e 3)
Outra interseção, também já um pouco discorrida, que influi na efetividade da Ronda seria
a classe social, esta que permeia questões financeiras como demonstrado no gráfico a
seguir e nível de instrução, que pode estar ou não vinculada à raça. Quanto a questões
financeiras que atrapalham a efetividade, são estas a maior dificuldade de denúncia e a
burocracia após o processo judicial instalado que é muito oneroso e moroso, além da
dependência financeira do marido, que adviria do trabalho da mulher por vezes ser tarefas
domesticas que sempre tiveram menor prestigio social e não ter um contraprestação di-
reta.
Essa dependência financeira era mais verificada em classes sociais intermediárias ou mais
abastardas, já que nas classes mais pobres, homem e mulher trabalham fora de casa, en-
tretanto isso não quer dizer que o acesso à justiça que pode ter custos inacessíveis para a
SALVADOR –BA
2019
9
Sendo o nível de instrução determinado pelo nível de senso crítico, que claro não advém
somente da escola, é um dos fatores de dificuldade de libertação e consequente denuncia
ou até prosseguimento dos processos. Até mesmo porque a socialização e produção cul-
tural que ainda recebemos são arraigadas de culpabilização da mulher pela violência do
homem e da mulher como objeto e inferior ao homem, o que por vezes se arraiga na
mentalidade da própria mulher e esta facilmente fica escrava. Confirmada pela pesquisa
do IPEA, já citada:
A faixa de rendimento domiciliar per capita é um dos fatores que mais influenciam na vul-
nerabilidade de mulheres à violência. As mulheres que estão na faixa salarial de até 1 salário mí-
nimo (SM) são as que possuem as maiores incidências de agressões físicas, especialmente as mu-
lheres negras. (p.12)
Muitas vezes a mulher não se percebe recebendo a violência, por estar tão entranhado
culturalmente e o próprio acesso a essa libertação mental ser limitado por conta de fatores
externos sociais, a exemplo de locais muito isolados, zonas rurais, ou mesmo por cultu-
ralmente esse comportamento de violência do homem para com a mulher ser normalizado
na família, na igreja ou mesmo entre vizinhos e amigos.
Nesse sentido, cabe salientar que a Lei Maria da Penha prevê como formas de violência
doméstica e familiar contra a mulher, segundo a Lei Maria da Penha, a violência física,
entendida como qualquer atitude que agrida sua integridade física; a violência psicoló-
gica, conduta que causa danos emocionais e diminuição de autoestima; a violência sexual,
compreendida em obrigar a mulher a presenciar ou participar de atos sexuais não deseja-
dos; a violência patrimonial, consistida na retenção, subtração, destruição dos objetos e
bens particulares da mulher; por fim, a violência moral, aquela que configure calúnia,
difamação ou injúria.
Muitas dessas violências não são facilmente reconhecidas pela mulher, até pela naturali-
zação já anteriormente discorrida em que certas violências são consideradas normais de
um relacionamento pela sociedade. Quando não naturalizadas praticamente
SALVADOR –BA
2019
10
Não obstante, há um desconhecimento geral de que são condutas criminosas com exceção
das violências físicas e sexuais, mesmo após muitos anos de sanção da lei. A exemplo da
violência psicológica por ser sutil em si mesma, já que afeta a autoestima, ou seja, algo
não facilmente visível, por conta da sutileza é muito normalizada. Já a violência moral,
tais quais injúria, difamação e calúnia, as vezes por serem difíceis de comprovar e dizerem
respeito a um homem, com fala mais legitimada, trazendo falsas afirmações ou ofensas
contra uma mulher, fala usualmente deslegitimada pela tensão pré-menstrual ou por ser
de emoções, o pressuposto é sempre de que a mulher é que comete algum desses crimes,
o homem dificilmente é relacionado a alegações falsas, até a própria expressão, “seja
Homem” ou “sou Macho” muitas vezes é relacionado a ter palavra legitima.
A divisão sexual do trabalho é a forma de divisão do trabalho social decorrente das relações sociais
de sexo, essa forma [...]. Ela tem por características a destinação prioritária dos homens à esfera
reprodutiva e das mulheres a esfera reprodutiva [...]. Esta forma de divisão social do trabalho tem
dois princípios organizadores: o princípio de separação (existem trabalhos de homens e trabalhos
de mulheres) e o princípio da hierarquização) um trabalho de homem vale mais que um trabalho
de mulher). (KERGOAT,2003, p. 55-6)
SALVADOR –BA
2019
11
Questão domestica esta que até hoje no Brasil sofre influência da escravidão, já que até
2013 não existia regulação para o trabalho doméstico e era permitido a perpetuação de
vários abusos herdados do tempo de escravidão, inclusive com remuneração abaixo do
salário mínimo, mesmo trabalhando pelo mesmo tempo. Esse trabalho era desregrado
mesmo após a CLT, como se o mesmo não fosse considerado trabalho, o que nos faz
voltar para a separação do público e do privado de Arendt, escrito em 1997, em que o
público não pode regular o privado (doméstico).
METODOLOGIA
Além de através da imersão no relato do policial militar Sargento Djair Moura, criador
do projeto finalista do Eles por Elas, o Ronda para homens, ao qual fizemos o questioná-
rio, tendo esse como base, sempre adaptado à situação, analisando os mínimos detalhes
de expressões, fugas em falas, já que mesmo tendo solicitado que a pesquisa fosse reali-
zada com dez policiais da Ronda e dez mulheres atendidas pela Ronda com antecedência
de dois meses, por falta de agenda dos policiais e pela dificuldade de trazer atendidas a
sede para a pesquisa foi designado somente um policial para responder o questionário,
este que é usualmente quem representa os outros policiais nas falas.
Na entrevista confrontamos, após as análises feitas, estudamos e comparamos as respostas
do policial e das pesquisas de documentais, quantitativas e qualitativas, sempre levando
SALVADOR –BA
2019
12
em conta os fatores de raça, classe social e seu entorno social e outros fatores para analisar
os seus impactos sobre a efetividade da Ronda Maria da Penha. Entre as questões feitas
ao policial estão:
SALVADOR –BA
2019
13
13. O que os senhores policiais veem como o maior desafio e como superá-
los?
Entre as questões que seriam feitas as mulheres atendidas pela Ronda estão as:
3. Qual a diferença para as senhoras dos atendimentos feitos pela polícia co-
mum e pela polícia da Ronda?
5. A classe social das senhoras trouxe algum desafio nos atendimentos nas
delegacias, no judiciário ou na Ronda?
6. A raça das senhoras trouxe algum desafio nos atendimentos nas delegacias,
no judiciário ou na Ronda?
SALVADOR –BA
2019
14
4. RESULTADOS
A Ronda Maria da Penha foi criada pelo Governo do Estado, em oito de março de 2015. A partir
daí começamos a interiorização dessa política, que visa proteger as mulheres vítimas de violência
doméstica e possui medidas protetivas de urgência deferidas. Mas é importante que as mulheres
entendam que elas precisam solicitar a medida protetiva junto à delegacia. (Jornal Acorda Cidade,
06.03.2018).
Na citação acima fica explicito que um dos problemas enfrentados pela Ronda Maria da
Penha é a falta da solicitação da medida protetiva pelas mulheres que sofrem a violência
ou que até mesmo são ameaçadas.
SALVADOR –BA
2019
16
As mulheres e menores vítimas contam ainda com um atendimento psicológico, este cons-
titui um espaço receptivo, que tem por objetivo propiciar uma intervenção imediata no
momento que a usuária necessita de acolhimento. Com certeza um avanço, esse acompa-
nhamento, já que ajuda a acalmar a vitima.
5.CONCLUSÃO
SALVADOR –BA
2019
17
REFERÊNCIAS
• SILVA, Olívia Maria Pereira da Silva. Dez anos da Lei Maria da Penha: a invisi-
bilidade da violência contra a mulher. Publicado em 11.2016.
SALVADOR –BA
2019
18
SALVADOR –BA
2019