O Malhete

Informativo Maçônico, Político e Cultural

Linhares - ES, Junho de 2021 - Ano XIII - Nº 146 - E-mail: omalhete@gmail.com
02 Junho 2021 O Malhete

Indice
Ano XIII - Número 146 - Junho de 2021
EMPATIA: QUE SENTIMENTO É ESSE? ..............................................03

SIMPLICIDADE DO SER X SIMPLICIDADE MAÇÔNICA .....................04

QUANDO A VERDADE DESLIZA DE NOSSAS MÃOS ...........................06

BASE E AÇÃO .....................................................................................08

HERMETISMO E ALQUIMIA NO REAA ...............................................10

AFINAL, O QUE SOMOS? ....................................................................14

OS SANTOS JOÃO PADROEIROS DA MAÇONARIA ............................16

A INICIAÇÃO É DE SUMA IMPORTÂNCIA PARA O MAÇOM ...............20

O MAÇOM VAIDOSO E ARROGANTE ..................................................22

AMANTES DA SABEDORIA NA IDADE DA INTERNET......................... 24

POR UMA HIPÓTESE RECONSTRUTIVA DA TRADIÇÃO .....................26

QUENTIN TARANTINO E A BUSCA DA JUSTIÇA PELA 7ª ARTE.......... 28

Irmão Antonio Binni INAUGURAÇÃO DA BIBLIOTECA VIRTUAL DO GOB ...........................29

Irmão Carlos Magno Monteiro de Freitas
Irmão Dário Angelo Bggieri
Irmão Francisco Ariza
Irmão Harvey L. Ward Jr.
Irmão José Ronaldo Viega Alves
Irmão Leonardo Augusto Reis
Irmão Marco Antônio Peres
Irmão Rubens Carlos de Oliveira
Irmão Sandro Pinheiro
Irmão Sérgio Quirino
Irmão Valdir Massucatti

CAPA DESTA EDIÇÃO

Terceiro Grau Maçônico Tracing Board
Artista: Greg Stewart
Coleção: MasonicTracing Board
Descrição:
Este trabalho é uma representação moderna das antigas tábu-
as de decalque de terceiro grau. É repleto de metáforas e sim-
bolismo, fluente para todos os mestres maçons. As placas de
rastreamento foram originalmente criadas como recursos
visuais para ilustrar os símbolos e ensinamentos da Maçona-
ria conforme transmitidos em seu grau correspondente. O
aspecto alegórico e simbólico é ocidental, e essa interpreta-
ção foi adaptada para o maçom moderno. Única neste quadro
é a história da transformação do neófito por meio de uma
ascensão progressiva por três esferas culminando no espaço
do divino. A noção dessas esferas vem do alquimista Agripa e
seu trabalho dos Três Livros de Filosofia Oculta, e elas repre-
sentam o reino terreno do homem (materia), o reino celestial
dos anjos (espírito) e o reino super celestial do divino ( alma).
O Malhete Junho 2021 03

EMPATIA:
Que sentimento é esse?
cionada a se colocar no lugar do outro. É a capaci-
dade de entender os sentimentos de outra pessoa e
o que ela pode estar pensando. Também pode ser
chamada de tomada de perspectiva e é útil para
negociações ou motivar outras pessoas. Esse tipo
de empatia também é muito eficaz para desenvol-
Por Valdir Massucatti (*) ver bons comunicadores porque a percepção dos
outros ajuda as pessoas a buscarem maneiras mais
Desenvolvendo empatia
Para desenvolver os três tipos de empatia, a
pesquisadora e especialista Brené Brown afirma
que é preciso muita prática, tanto oferecendo
empatia como recebendo. Ela aponta que, ao
receber empatia, é possível compreender os bene-

N os últimos tempos temos ouvido falar bas-

tante esse termo, até em razão do momen-
to em que estamos atravessando as pesso-
as tem o utilizado muito.
Empatia é diferente de ser simpático.
A empatia é um sentimento além, é quando a
pessoa se coloca no lugar do outro. Podemos cha-
mar de compreensão. Respeitar e entender os sen-
timentos da outra pessoa.
A empatia tem sido apontada como uma das
habilidades mais importantes a ser desenvolvida
pelas pessoas seja dentro do ambiente de trabalho
ou na vida em geral. Segundo o filósofo australia-
no Roman Krznaric, empatia é sobre “achar a
humanidade compartilhada”. Considerado uma
autoridade no assunto, o especialista é autor do
livro “O poder da empatia: A arte de se colocar no
lugar do outro para transformar o mundo”. Achar
uma humanidade compartilhada, envolve fazer
conexões inesperadas, sair da forma usual de pen-
sar e falar, se preciso, superar barreiras. Mas o que
muitas pessoas não sabem é que existem três tipos
de empatia. Vamos conhecer melhor cada um!
Os diferentes tipos de empatia
Dentro dos estudos da psicologia, neurociência
e ciências do comportamento, a empatia é consi-
derada um dos elementos da inteligência emocio-
nal. Os psicólogos Daniel Goleman e Paul
Ekman, pesquisadores do tema, apontam a exis-
tência de três tipos de empatia.
1 Cognitiva: Entender o ponto de vista do
outro
Se refere à ideia mais popular de empatia, rela-
eficientes de transmitir suas mensagens.
2 Emocional: Compartilhar os sentimentos
do outro
Também chamada de empatia afetiva, envolve
fícios e a importância de ser ouvido e aceito, mas
também entender a força e a coragem necessárias
para ser vulnerável e compartilhar a necessidade
de empatia
compartilhar sentimentos com outra pessoa crian- em primeiro lugar. Além disso, ela cita quatro
do uma conexão emocional. Paul Ekman define atributos da empatia:
esse tipo como uma sensação de contágio emoci- 1 Tomada de perspectiva: Ou seja, estar dis-
onal, onde se sente fisicamente com a outra pes- posto a ver o mundo através dos olhos do outro,
soa. Como o próprio explica, a empatia emocio- abrindo mão das próprias visões.
nal torna alguém sintonizado com o mundo emo-
2 Não julgar: Se abster de comentários que
cional interno de outra pessoa, sendo um dos tipos
invalidam a experiência do outro ou o fazem se
de empatia muitas vezes mais difíceis de ser
sentir errado, como “isso não é nada” ou “não sei
desenvolvido, pois envolve autoconhecimento e
por que você está tão chateado com isso”.
autorregulação emocional.
3 Compassiva: Perceber que o outro precisa 3 Reconhecer emoções: Olhar dentro de si e
de ajuda e se colocar à disposição lembrar como é ter a sensação que a outra pessoa
No último tipo de empatia, o entendimento e a está sentindo.
conexão se desenvolvem para ação. Depois de
4 Comunicação: Ao invés de tentar trazer um
entender a situação de alguém e compartilhar os
lado positivo da situação, mostre que entende o
sentimentos, os empáticos se veem motivados a
que o outro está passando e valide o sentimento e
ajudar. Esse tipo de empatia também é chamada
a experiência dele.
de preocupação empática.
Por que separar as empatias? Saudações Fraternais!!!
Observando os tipos de empatia, é possível
observar que existe uma evolução do processo
empático. Primeiro, se identifica como o outro se
sente, depois se sente com ele e, por fim, se ofere-
ce ajuda, se necessário. Sem compreender exa-
tamente os sentimentos da outra pessoa, não é
possível evoluir para os demais tipos de empa-
tia. Estagnar no primeiro ou segundo tipo tam-
bém não é efetivo, porque não completa o proces-
so empático e não oferece apoio real ao outro que
está se abrindo.
04 Junho 2021
A SIMPLICIDADE DO SER X SIMPLICIDADE MAÇÔNICA
Por Irmão Dário Baggieri
A mados irmãos, início este ensaio
trazendo à baila uma crônica medi-
eval, para ilustrar o desenvolvimen-
to do pensamento sobre o tema em epígra-
fe.
Leonardo da Vinci afirmava que “a sim-
plicidade é o último grau da sofisticação”.
Perante um mundo cada vez mais comple-
xo, as pessoas estão procurando mais sim-
plicidade para a vida profissional e pessoal.
Essa simplicidade é indispensável para per-
correr com sucesso o intrincado caminho
da vida. Estamos Contemplando uma
inversão de valores e conceitos, onde a sim-
plicidade de viver, está sendo confundida
com o supérfluo e o simplório.
Um homem sábio, querendo manter sua
mente desperta, passou a meditar sentado
no tronco de uma árvore.
Assim, mantinha o esforço da mente cor-
reta.
Se adormecesse, cairia da árvore.
Um erudito, muito respeitado, com mais
de 80 anos, foi interpelá-lo:
“O senhor é considerado um grande
sábio, disse olhando pra cima.
Então me diga: o que é mais importante
nesta vida?
Não fazer o mal, fazer o bem e fazer o
bem a todos os seres: respondeu o sábio.
O homem então disse: grande coisa! até
uma criança de 3 anos sabe disso.
E o sábio respondeu: mas nem mesmo
um homem de 80 consegue pôr em práti-
ca.”
O mais importante nesta vida é não fazer
o mal, fazer o bem e fazer o bem a todos os
seres.
O homem culto, talvez esperasse ouvir
do sábio uma 'palestra', citações de outros
sábios ou de livros sagrados.
A frase simples e direta o surpreendeu.
A sabedoria da transformação procura
nos conscientizar da importância de refletir
sobre as nossas atitudes no dia a dia para
que, fazendo o nosso melhor, possamos ser
a transformação que desejamos ver no mun-
do. Ou seja, não ficarmos fechados em nós
mesmos, mas perceber que ao cuidar de
todos os seres, estamos cuidando também
de nós.
E embora isso pareça algo simples, mui-
tas vezes, em nosso dia a dia não consegui-
mos.
Buscar a paz interior e, consequente-
mente, a felicidade, é uma meta a ser con-
quistada.
O homem do saberes, diante da multipli-
cidade, “precipita-se sobre tudo o que é pos-
sível saber, na cega avidez de querer
conhecer a qualquer preço.”
Mas o sábio está à procura das “coisas
dignas de serem conhecidas”.
Imagine um bufê: sobre a mesa enorme
da multiplicidade, uma infinidade de pra-
tos.
O homem dos saberes, fascinado pelos
pratos, se atira sobre eles: quer comer tudo.
O sábio, ao contrário, pára e pergunta ao
O Malhete
seu corpo:
“De toda essa multiplicidade, qual é o
prato que vai lhe dar prazer e alegria?”
Assim, depois de meditar, escolhe um…
A sabedoria é a arte de reconhecer e
degustar a alegria. Simples assim. Na
Maçonaria há simplicidade verdadeira? A
resposta é óbvia: Sim com certeza !!!!!.
Mas mudemos o questionamento: " Há
simplicidade no Homem Maçom?"
A resposta já não seria tão direta e imedi-
ata, sendo campo fértil para as mais disser-
tativas teses e antítese, nos mais variados
matizes da vã filosofia. A Maçonaria pugna
pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e
social da Humanidade, por meio do com-
primento inflexível do dever, da pratica
desinteressada da beneficência e da inves-
tigação constante da Verdade. A Simplici-
dade está inserida em todo contexto doutri-
nário Maçônico, mas ao mesmo templo ela
é mesclada com todas as outras virtudes,
pois ela sempre erigiu e erguerá continua-
damente, Templos às Virtudes.
Mas e o homem maçom? Pergunta tam-
bém que deveria ter resposta imediata.
Mas, infelizmente, não podemos fazê-la.
“Que ninguém se engane, só se consegue
a simplicidade depois de muito trabalho.”
Por mais incrível que pareça, exercitar a
simplicidade é mais complexo do que pare-
ce. Como conseguir ser humilde em situa-
ções de estresse ou de humilhação? Qual é
a vantagem de se manter uma postura, uma
essência ligada à humildade?
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O Malhete Junho 2021 05
É importante que percebamos que
neste caso que ninguém muda da noite
para o dia, tudo depende de repetição e
auto vigilância.
Nossa cultura profana nos faz estarmos
preparados para a “guerra”, para enfren-
tarmos o inimigo com arrogância e supe-
rioridade. Mas essa preparação está sendo
nossa amiga ou inimiga? Com certeza
está sendo nossa inimiga, pois violência
gera violência; seja na agressão física ou
verbal, se o orgulho falar mais alto, a sim-
plicidade desaparecerá e veremos um ser
humano ofendendo ao outro. Talvez algu-
mas pessoas e ai incluo os irmãos de maço-
naria, pensem: Mas vou deixar o outro me
humilhar? A questão aqui não é permitir
que o outro te humilhe e sim se permitir isso difícil? Lógico que é difícil mas não com parcimônia, pois a Simplicidade de
vigiar e com humildade conseguir ter sabe- impossível. A melhor pergunta que cada coração é o último degrau da Sabedoria.
doria suficiente para não entrar no jogo do um dos irmãos pode fazer a si mesmo neste
outro. Que jogo é este? É o jogo da compe- momento é: Estou disposto a abrir mão de TFA
tição, onde um orgulhoso quer mostrar que meu orgulho e me tornar uma pessoa que
é melhor e superior ao outro. planta e colhe a simplicidade?
A prática da simplicidade e aqui me refi- Realizar sonhos, alcançar objetivos, é
ro a verdadeira humildade maçônica, faz sempre muito bom, mas é importante
com que o irmão se torne um sábio, fale entender que a felicidade não está somente
somente o necessário, consiga escutar sem na realização dos nossos sonhos, mas na
se sentir ofendido e ao mesmo tempo ensi- forma como levamos a vida e olhamos para
na aos outros que a paz, a sabedoria e a o que nos acontece.
humildade são muito melhores que o orgu- Pense em quantas coisas podemos
lho e a guerra. mudar no nosso jeito de pensar, quantas (*) O autor, Irmão Dario Angelo Bag-
Muito trabalho, muito tempo, muita vigi- atitudes podemos tomar para tornar nossa gieri é Mestre Instalado; membro da
lância, abrir mão do orgulho, aceitar “mu- vida mais leve, mais significativa e mais Academia Maçônica de Letras do Espí-
dar” a sua essência; tudo isto faz parte deste mais feliz! rito Santo onde ocupa a cadeira nº 1,
crescimento pessoal. Você está achando Assim, sejamos simples no viver a vida, cujo patrono é o Alferes Tiradentes
06 Junho 2021
A boca da verdade em Lipnice nad Sázavou, República Checa
QUANDO A VERDADE DESLIZA DE NOSSAS MÃOS
Por G.D.N.
F alar sobre honestidade deve ser um
assunto simples. Graças principalmen-
te à psicanálise de Sigmund Freud, a
verdade não é mais vista como uma virtude
primordial - algo que foi retido da história,
como já é referido na Bíblia e em outros livros
anteriores - mas também como uma atitude de
saúde mental: a repressão de tendências ins-
tintivas pode levar a certas neuroses e somen-
te a liberação de nossos instintos nos restaura-
ria a saúde.
Essa é a teoria mais aceita atualmente por
psicólogos e psiquiatras. Pessoas honestas
são livres porque simplesmente descrevem a
realidade como ela é. A linguagem descritiva
tem, entre muitas outras vantagens, a de fazer
florescer os sentimentos de auto-afirmação e
o prazer de viver no mundo "real". Além dis-
so, aqueles que falam a verdade muitas vezes
convencem e comovem as pessoas ao seu
redor. Honesto e franco, o ser que falava assu-
me o comando da sua situação, em vez de se
deix ar usar - como acontece com muitos de
nós - pela mesma mente que o habita e que
muitas vezes foge ao nosso controle.
Isso porque, goste ou não, a liberdade às
vezes é tão aterrorizante que nossas mentes
não conseguem tolerar, brincar de esconde-
esconde e colocar todos os tipos de pensa-
mentos estúpidos nela - vamos encarar isso
sem rodeios -. Procuramos um cobertor que
nos proteja do exterior e às vezes as conse-
quências disso são bastante caras. Pelo con-
trário, quem usa palavras simples e claras
apostou muito na liberdade. Eles não procu-
ram rotas de fuga da vida.
Não se trata de ser honesto para ser virtuo-
so. A abordagem moderna entre os psicanalis-
tas, ou na psicologia da Gestalt, por exemplo,
é que a sinceridade é uma necessidade vital da
qual dependem nossa saúde e sobrevivência.
Aprender a ser honesto é uma das melhores
maneiras de curar todos os transtornos de
estresse não derivados de nosso ambiente.
Porém, como explica o filósofo Miguel
Catalán em sua obra “Ética da Verdade e da
Mentira”, quando o homem tenta ser um anjo,
acaba se tornando uma besta. O que o pensa-
dor francês estava se referindo é que quanto
mais as reivindicações são removidas das pos-
sibilidades de realização, mais elas contribu-
em para arruiná-las. Quando o preceito força
a natureza a ser forçada com pressão excessi-
va, geralmente não a melhor, mas a pior.
Seguindo esse discurso, poderemos expli-
O Malhete
car por que, quando tentamos suprimir o
sexo, ele se torna perversão. Ou porque quan-
do queremos suprimir a agressão, a violência
irrompe. O mesmo acontece com o corpo, por-
que se tentarmos esquecê-lo, ele acabará
infectando nossa mente. E é claro que aconte-
ce com a mentira, como se tentássemos supri-
mi-la de nossa vida, logo o pior parecerá real.
Há um fato indiscutível sobre a nossa his-
tória na busca pelo desaparecimento total da
mentira: todos nós mentimos com bastante
frequência. No entanto, nosso padrão moral
afirma que ninguém deve mentir. Colocamo-
nos em uma posição francamente utópica,
onde a tensão da corda não poderia ser mais
insuportável (devemos lembrar que este vício
universal, segundo a doutrina cristã e outras
religiões, envolve a própria perda de nossa
alma).
Não é possível tornar o sublime obrigatório
sem envolver as altas doses de hipocrisia e
mentiras, necessárias para manter a imagem
de qual seria o comportamento adequado para
tal ideia.
Outro resultado perverso insuportável
dessa tensão insuportável que carregamos
sobre nossos ombros, pelo rigor moral que
exigimos de nós mesmos, é a crueldade natu-
ral que surge dessa necessidade.
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O Malhete Junho 2021 07
Este "fariseísmo" derivado do absolutismo
moral surge de um excesso de tensão psíquica,
e por isso não é raro dizer a verdade com o
único propósito de ferir quem nos escuta.
Como já anunciado por Diderot, o indivíduo
tende a deslocar para os outros, sob a forma de
crueldade, o sofrimento que sente quando não
consegue atender às suas altas expectativas:
“É imposta uma tarefa que não é natural. Ele
sofre e quando um sofre, ele faz sofrer os
outros. Desta forma, o agressor não só prejudi-
ca o outro, mas provavelmente causa ainda
mais danos do que a própria mentira, e o pior é
que ainda por cima se veste com o requinte do
virtuoso que adora a honestidade ”.
Curiosamente, embora louvemos a sinceri-
dade hoje, talvez mais do que nunca, a reco-
mendação que freqüentemente fazemos uns
aos outros é que não sejamos "absolutamente"
sinceros. Ou não seja "brutalmente sincero".
Pelo contrário, optamos por esconder nossas
opiniões para não ofender os outros. Uma con-
sequência lógica do comportamento politica- Augusto Pinochet
mente correto que o relativismo moderno nos
trouxe.
O problema que enfrentamos é que mesmo a
honestidade não é definida da forma como era
tradicionalmente. Hoje usamos o termo para
descrever o álibi emocional que nossos com-
portamentos mais vergonhosos e egoístas ado-
tam para se disfarçarem de respeitáveis. Hoje
chamamos de ser verdadeiro o surgimento de
todos os apetites e sentimentos dentro de nós, o
que é, sem dúvida, um comportamento questi-
onável. Parece mais uma desculpa para agir Escultura - Truth and Falsehood 1857-66 Alfred Stevens (1817-75) Londres. Após um longo processo de
como animais e elevar nosso orgulho. seleção, o pouco conhecido escultor Alfred Stevens foi contratado para fazer um monumento ao duque de
Haverá quem duvide dessa afirmação, mas Wellington. Em 1857, ele já havia produzido uma versão resumida de seu monumento. Nesta obra, a Verdade
para constatá-la bastará dar uma olhada em um arranca a língua dupla da falsidade e afasta a máscara que esconde suas feições grotescas. Suas caudas de
dos tantos programas ditos "trash TV" que cobra ficam expostas sob a cortina. Todo o monumento incluía um arco triunfal com o caixão e a efígie
reclinada de Wellington. Nas laterais foram colocadas as figuras colossais da Verdade e da Falsidade, da
invadem nossas televisões. Não só se aplaude Valor e da Covardia. O monumento só foi concluído em 1912, quase 40 anos após a morte do escultor.
essa sinceridade desavergonhada e desavergo-
nhada (outra palavra que usamos indevida- problema em colocar toda a responsabilidade gatório se quisermos ter um comportamento
mente: hoje a "vergonha" é considerada algo pelas calamidades que nos atingem nos moral.
pejorativo, quando tradicionalmente era erra- ombros de outros, mas não temos vergonha, é Desse modo, a sinceridade e a hipocrisia
do ser um "canalha") é aplaudida, mas também claro, de reivindicar qualquer mérito ou suces- mostram-se não como dois antagonistas opos-
é celebrada e incentivada . Em cerca de metade so. tos, mas como dois primos de primeiro grau,
dos casos - sendo muito otimistas - em que rotu- A visão de sinceridade que temos hoje é duas faces da mesma moeda. Seu significado
lamos as pessoas como "sinceras", nos referi- caracterizada principalmente pela exaltação tradicional foi corrompido, prejudicando
mos ao fato de que elas têm um exibicionismo das emoções e pela atitude compulsiva. E nossa capacidade de alcançar, ou pelo menos
(louco) em seu caráter. todos concordaremos que isso não é sincerida- nos aproximar da verdade. Por quê? Talvez
Na verdade, somos muito hipócritas hoje. de como tal. A sinceridade deve ter como fato pelo que dissemos no início: a liberdade, a obri-
Nunca defendemos tantas causas justas, mas primordial a adesão à verdade, que pode nos gação de viver sob nossa responsabilidade no
vivemos mais juntos dando as costas a essas levar a uma vida em liberdade ao nos concen- mundo real, nos apavora. O problema é que os
mesmas proclamações. trarmos em um mundo "real". Mas estamos pintamos tanto (hipocrisia e sinceridade) que
A hipocrisia coexiste com a sinceridade, fazendo o contrário, transformamos a hipocri- não sabemos mais o que é um e o que é o outro.
alimentando-se mutuamente, e isso tem uma sia em sinceridade e o que antes era um vício
consequência séria: a incapacidade de chegar à agora se disfarça de virtude. Pior ainda, muda- Fonte: Athanor
verdade. E causa problemas sem fim, como mos seu significado sem mudar seu status de
vitimização patológica. Não temos nenhum norma social, de modo que agora parece obri-
08 Junho 2021 O Malhete

BASE E AÇÃO
o senso da medida. a construção do Templo da Moral para Gló-
ria do GADU
O segundo, o maço, é o poder da decisão
necessária para superar os obstáculos, esse DA CONFIRMAÇÃO DA CRENÇA:
instrumento deverá nos lembrar de que o A confirmação de nossa crença é um
(*) Por Ir.’. Marco Antônio Peres trabalho de nossa Loja não deverá trazer um julgamento pessoal.
cansaço, mas sim, um prazer da obrigação
Acredito que nós maçons em nosso ciclo realizada, e termos tenacidade na busca de UMA ALMA IMORTAL
de aprendizado interno temos dois grandes nossos objetivos. Para Platão o homem também é um ser
objetivos: O terceiro, o cinzel, em contrapartida ao dual. Temos um corpo, que “flui” e que está
· Assimilar os ensinamentos dos três
Ÿ
maço, é a prudência, deverá lembrar-nos indissoluvelmente ligado ao mundo dos sen-
graus simbólicos, que são transmitidos que empregando todo o nosso saber, nossa tidos, compartilhando do mesmo destino de
em sessões especiais; e inteligência, e usando a intensidade correta, todas as outras coisas presentes neste
Ÿ · Confirmar, durante este estágio, nas teremos um melhor resultado, seja na edu- mundo dos sentidos. Temos, também, uma
outras sessões, dois princípios básicos cação de nossos irmãos, nos nossos objeti- alma imortal que é a morada da razão. Justa-
que foram considerados, aceitos por vos ou nos princípios da Maçonaria. mente porque a alma não é material, ela
nós, antes de nossa iniciação: crença em pode ter acesso ao mundo das ideias.
um ser superior e a existência da conti- 2. Do Companheiro - São o Esquadro, Platão também achava que a alma já exis-
nuidade da vida. o Nível e o Prumo. tia antes de vir habitar nosso corpo. Ela exis-
Acredito também que devemos aprender O esquadro representa a retidão na ação, tia no mundo das ideias. Entretanto, no
esses ensinamentos para praticar. Essa é a sabedoria, medida de moderação e equilí- mesmo momento que a alma passa a habitar
ação que devemos exercer. brio; o nível a humildade e a caridade; o o corpo humano, ela se esquece das ideias
prumo a integridade de conduta; lembra- perfeitas. Neste renascer tem início um pro-
D O A P R E N D I Z A D O - O S nos que não seremos julgados somente em cesso extraordinário: quando as pessoas
INSTRUMENTOS DOS TRÊS GRAUS: Loja, mas em todos os lugares, onde quer entram em contato com as formas da nature-
O aprendizado na simbologia dos Instru- que seja que estejamos realizando nosso za, aos poucos uma vaga lembrança vai
mentos: como os maçons devem interpretá- trabalho. emergindo dentro de sua alma. Sua analise
los e entendê-los: do mundo dos sentidos, comparando com
1.Do Aprendiz - São a Régua, o Maço e 3.Do Mestre Maçom. - São o Compas- suas vagas ideias do mundo da razão, leva-o
o Cinzel. so, o Lápis e a Corda. ao anseio de retornar à verdadeira morada
O primeiro instrumento, a régua de 24 O compasso lembra-nos que dentro e fora da alma. Platão chamava este anseio, esta
polegadas, é para nos lembrar de que deve- da Loja teremos os mesmos deveres, e que saudade, de Eros, que significa amor. A
mos administrar nosso tempo de forma que, partindo de um ponto, sua pesquisa deve ser alma experimenta, portanto, um “anseio
mesmo no mundo profano, devemos execu- abrangente e base de sua decisão; o lápis, amoroso” de retornar à sua verdadeira mora-
tar os trabalhos com precisão, exatidão e que após observarmos atentamente e fizer- da. A partir de então, ela passa a perceber
constância. Que devemos reservar um mos as anotações, devemos tomar as provi- que o corpo e tudo que é sensorial é imper-
tempo para a dedicação dos objetivos de dências para a busca da prosperidade; a feito e supérfluo.
nossa Loja e felicidade dos nossos Irmãos. corda nos lembra de que devemos ter uma
Devemos ter um caminho reto na vida. conduta reta e justa. >>>>>
Medir é saber. O erro começa onde se perde Não podemos perder o foco que todo
nosso entendimento deve estar voltado para
O Malhete Junho 2021 09
Platão descreve aqui o desenrolar ideal de
uma vida. É claro que nem todas as pessoas
liberam suas almas, para que possam empre-
ender uma jornada de volta ao mundo das idei-
as. A maioria apega-se “aos reflexos” das idei-
as no mundo dos sentidos. O que Platão des-
creve é o caminho percorrido pelo filósofo. A
maioria das pessoas esta satisfeita com sua
vida em meio a esses reflexos sombreados.
Elas acreditam que as sombras são tudo o que
existe e, por isto, esquecem, também da imor-
talidade da alma.

DA AÇÃO:
Em nosso dia-a-dia o importante não é o que
têm valor, mas sim, como utilizamos os ensi-
namentos e como os colocamos em prática.
Como a Maçonaria prega que devemos
construir o Templo da Moral, é assim que deve-
mos entender. Devemos ser os construtores de
guirá agregar e conduzir sua comunidade a pria espiritualidade, encontrar a nossa essência
uma vida melhor para aqueles que não tiveram
Grande Construção de uma sociedade de paz e interior, buscar um sentido para a vida, vamos
o privilégio de receber os ensinamentos dentro
prosperidade. ao encontro de nosso Eu. Podemos até afirmar
de nossas Oficinas; deveremos usando os “ins-
Outra coisa que o maçom deve ter em mente que é a busca do encontro, também, com nos-
trumentos” e agindo de acordo com nosso
é que o que foi feito e como foi feito! Dando sas reais doenças e problemas.
aprendizado facilitar a vida dos Irmãos e dema-
ênfase à construção diária, ou seja, a importân- A espiritualidade tem aspectos positivos
is pessoas com que nos relacionamos no coti-
cia de suas ações no dia a dia. Essas ações sobre o psiquismo. Ainda que não cure fisica-
diano.
podem estar em um conceito de coisas sim- mente a pessoa, certamente melhora a sua qua-
Devemos, em primeiro lugar, sempre arqui-
ples, por exemplo, deixar de lado a ansiedade, lidade de vida.
tetar o plano a ser realizado. Após, devemos
que quase todas as pessoas as têm. Essa ansie- Para quem precisa da prova cientifica, exis-
efetuar seu traçado; e medindo, planeja-lo pru-
dade é que nos leva ao medo, a insegurança e tem muitas pesquisas que provam que a fé
dentemente. A ação deve ser na medida da
até mesmo as doenças. melhora o sistema imunológico. Uma das gran-
necessidade da construção, nunca fraca a não
Acredito que tudo isso é a falta de fé, ou a des autoridades mundiais nesse campo é o Dr.
realiza-la ou forte demais que possa destruí-la.
falta de termos aprendido a seguir a linha bási- Jeff Levin, um epidemiologista social formado
Executando qualquer trabalho devemos rea-
ca do Grande Arquiteto do Universo. em religião, sociologia, medicina preventiva e
lizá-lo com moderação, equilíbrio e humildade
Quando estamos à mesa, mesmo saborean- gerontologia da Universidade Duke, Carolina
e, se possível, com caridade! Devemos ser reco-
do a mais simples das refeições, em vez de tro- do Norte, Estados Unidos.
nhecidos pelo nosso exemplo, trabalho e inte-
carmos experiência e vivencia, para que seja Acreditar em nossos reais potenciais e na
gridade.
usada como se fosse uma alavanca, dando existência do ser superior traz força, beleza e
O construtor social deve, no mínimo, ser
apoio aos outros, ficamos debatendo o vestir o sabedoria para enfrentarmos as dificuldades
aceito, mesmo por aqueles que, eventualmen-
exibir e dando importância exagerada de nos- do dia a dia e, assim, continuarmos nossa evo-
te, discordem de seus métodos ou naquilo que
sos próprios feitos. Nesse momento estamos lução.
pratica. Em suma deve ser respeitado até pelos
cometendo dois grandes erros: 1º exagerando Devemos lembrar-nos que alma anseia
diferentes.
nossa capacidade e, com isso, oferecendo cola- pelas coisas simples e que ela só esqueceu o
Em suma, o trabalho do Homem Maçom
boração que não podemos fazer; 2º deprecian- Caminho da Casa.
deve ser a remoção, a transformação da ação
do nosso interlocutor, fazendo-o a se esforçar, O Caminho a ser construído é o caminho
humana, na busca do bem, quer no campo mate-
alem da necessidade e, com isso, tirando-lhe que o coração determina e que é balizado pela
rial, quer na esfera moral. Deve, se necessário,
do caminho da natureza, às vezes fazendo-o se razão.
mover céus e terras para a construção de seu
endividar. _______________________________
Eu interior, mudar pensamentos e ideias na
Hoje novos estudos da física quântica estão (*)
busca da construção de um ideal. Para movê-
possibilitando mudanças também na visão que
las é necessária a impulsão muscular; para tras-
a Psicologia tem do homem. Partindo de uma
ladar ideias é necessária à impulsão moral, inte-
visão transpessoal, passando a ver o homem
lectual, ação de vontade e força espiritual.
ser bio-psico-social-espiritual, ou seja, é visto
Não importa sua ação na comunidade, sem-
como espírito em desenvolvimento.
pre haverá a necessidade de comportar-se de
Imaginemos que uma das mais novas técni-
forma que suas ações agreguem as pessoas e
cas cientificas, vem provar o devemos saber.
sejam plenamente aceitas.
Quando começamos a buscar a nossa pró-
Se o Homem Maçom assim agir, ele conse-
10 Junho 2021
HERMETISMO E ALQUIMIA NO REAA (II)
Por Irmão José Ronaldo V. Alves
N o artigo anterior, tomamos conhecimento
de forma resumida das histórias do her-
metismo e da alquimia em suas origens,
assim como, das suas aproximações e ligações
surgidas no decorrer do tempo entre as duas esco-
las. Vimos também explicações no tocante ao uso
da expressão Arte Real, com o objetivo de desfa-
zer algumas dúvidas referentes ao seu uso indis-
tinto tanto para a Alquimia quanto para a Maço-
naria, e pudemos constatar que a sua utilização
não é privilégio de qualquer que seja.
COMENTÁRIOS:
Antes de começarmos a segunda parte do
nosso “Hermetismo e Alquimia no REAA”, é
bom que se esclareça o seguinte: quando surgiu a
ideia de elaborar um trabalho versando sobre
estes temas, não constava no roteiro incluir qual-
quer coisa a respeito das supostas ligações entre
Maçonaria e o Rosacrucianismo. Mas, o leitor há
de convir que um breve exame panorâmico não
faz por esgotar a riqueza de um tema como este. À
medida que o artigo evoluiu, ficou clara a necessi-
dade de incluir informações neste sentido, pois, o
trabalho ficaria em parte comprometido nos seus
objetivos ou até mesmo incompleto. Não há
como ignorar essa outra influência, até pelo fato
de que ela deixou suas marcas na doutrina maçô-
nica. Além do mais, em grande parte das obras
consultadas para a feitura deste trabalho, a todo o
momento era de se deparar com uma menção aqui
ou ali que remetiam ao Rosacruzes. As possibili-
dades de estabelecermos conexões da Maçonaria
com essa escola filosófica, a qual, encontrou
campo fértil para evoluir, num período da Idade
Média onde a Maçonaria também começava a
passar por mudanças substanciais, com uma tran-
sição em andamento, de operativa para especula-
tiva, onde começavam a ser introduzidas novas
ideias facilitou essa aproximação. Portanto, com
o objetivo então de ajudar-nos a entender melhor
sobre os porquês de ter chegado até determinados
símbolos, por exemplo, ou deles terem chegado
até nós, aí por fim, nos ateremos somente (o que
acontecerá dentro do próximo capítulo) ao “Her-
metismo e Alquimia no REAA” do título. Tudo
está ligado, de certa forma.
A HISTÓRIA DA MAÇONARIA E O
HERMETISMO: UM RESUMO
Resumindo: a aproximação maior, na realida-
de se deu entre alquimistas, cabalistas, hermetis-
tas e adeptos da magia, o que ocasionou o surgi-
mento de várias seitas e sociedades secretas. Na
Maçonaria, no seio das associações operativas,
estavam sendo admitidos elementos na condição
de “aceitos”. A presença destes elementos, com o
tempo, acabou introduzindo na Maçonaria Espe-
culativa ou Moderna influências oriundas da
filosofia e do simbolismo de outras escolas.
A introdução dos símbolos herméticos, caba-
listas e alquimistas no ambiente maçônico, teve
seu início oficial na Inglaterra durante o transcor-
rer do século XVII. Sabe-se que as agremiações
estavam em franca decadência e as fraternidades
constituídas por Maçons em número cada vez
mais reduzido. Algumas delas faziam de tudo
para se manter, em nome da tradição, pois, os
segredos da arte de construir, tinham deixado de
ser segredos após os progressos conquistados em
relação aos prelos.
No período compreendido entre 1620 a 1678,
os Maçons não profissionais, os “aceitos” já eram
maioria nas Lojas.
O Malhete
Para o Irmão Theobaldo Varoli Filho a Maço-
naria deve ser eclética e tem de escolher em meio
a tantas doutrinas o que cada uma delas, em parti-
cular, possui de melhor no sentido de força moral.
Assim exposto, tanto faz se há ensinamentos que
são provenientes da Alquimia, da Cabalá, do Her-
metismo, da Alquimia ou da Teosofia, pois, há
ensinamentos aproveitáveis vindos de qualquer
uma delas, e os verdadeiros Maçons sabem disso.
São muitos os caminhos que o homem pode
seguir na busca do seu aperfeiçoamento. A Maço-
naria não prega nenhuma filosofia, ela é a filosofia
de todas as filosofias, a doutrina das doutrinas
ensinada com base no método expositivo.
Mas, o que aconteceu soa um pouquinho dife-
rente: as mirabolantes concepções de parte dos
hermetistas, mágicos e alquimistas místicos já
estavam por terra. As ideias do filósofo Descartes
haviam se encarregado de desfechar-lhes o golpe
de misericórdia. Claro, havia necessidade tam-
bém de uma espécie de conciliação, um desfecho
melhor, que foi o que prevaleceu, pois, os símbo-
los, a partir daí ganharam interpretações outras,
até mesmo de maneira contrária ao que expu-
nham suas doutrinas originais. Aliás, isso se cons-
tituiu numa das preocupações fundamentais
daqueles muitos Rosacruzes que estiveram entre
os fundadores da Maçonaria Especulativa. Os
Rituais vindos à luz após a fundação da Grande
Loja da Inglaterra (24.06.1717) e depois adota-
dos em muitos outros países europeus, estavam
impregnados de símbolos relativos à alquimia,
cabalá, magia e teosofia. (Varoli Filho, págs. 11-
12 e 58-59, 1976)
Até aqui vimos o resumo que vai de encontro
às teorias mais aceitas pela história oficial.
>>>>>
O Malhete
MAÇONARIA, HERMETISMO,
ALQUIMIA E ROSACRUCIANISMO:
SINCRETISMO?
“É evidente que o valor iniciático desses pro-
longamentos do Rosacrucianismo do século
XVII (trata-se da Maçonaria), e na suposição de
que tenha havido uma real associação desde
essa época, é condicionado pelo que podemos
saber da própria natureza desse movimento.” A
opinião acima pertence a J. Reyor, e consta em
uma nota de rodapé do livro de Jean Palou, “A
Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática”, à
pág. 105.
Muita coisa é possível inferir, sobre as rela-
ções que permeiam Maçonaria, Hermetismo,
Alquimia e a Rosacruz. Mas, a sensação de estar
contemplando uma colcha de retalhos, num sen-
tido metafórico, parece que soa adequada.
O Irmão Theobaldo Varoli Filho, que foi um
dos grandes estudiosos da Maçonaria, fez uma
abordagem sobre a dificuldade que se impõe aos
Maçons, digamos, de separar o joio do trigo, ante
às distintas influências que a Maçonaria acabou
acumulando no transcorrer da sua história.
Vejamos os comentários do Irmão Varoli:
“É no século XV, principalmente, que se
opera e completa a aliança da Alquimia com a
Cabala, a Magia e o Hermetismo. Surgem,
então, agrupamentos secretos, seitas de ilumi-
nados, 'adeptos' e outros tantos que, dois séculos
mais tarde, se uniriam, como 'aceitos', às lojas
de Pedreiros-Livres e Fraternidades Maçôni-
cas. Daí a confusão de muitos 'historiadores' da
Maçonaria, ao pretenderem uma origem 'mile-
nar' da Instituição. A verdade é que as ideias dos
alquimistas, hermetistas, cabalistas, mágicos e
iluministas vieram a introduzir-se na Maçonaria
como verdadeiros enxertos na contextura de
uma velha organização profissional e fraternal,
de tradição principalmente católica.” (Varoli
Filho, págs. 31-32, 1976)
Há um capítulo que merece ser estudado mais
detidamente dentro da história da Maçonaria que
é exatamente sobre as prováveis ligações com os
Rosacruzes. Há negativas no sentido de minimi-
zar ao máximo qualquer influência advinda
destes últimos por parte de alguns historiadores
e estudiosos, assim como, há defesas calorosas
das influências dos Rosacruzes na Maçonaria.
Parece que ainda não haveria como afirmar ou
negar isso de maneira absoluta. Como a pesquisa
ora realizada atendeu aos objetivos do título
deste trabalho, ou seja, com foco para o Herme-
tismo e a Alquimia no REAA, obviamente não
podemos nos estender demais, sob o risco de
fugir completamente do tema principal. Fica
evidente, no entanto, a real necessidade de pes-
quisar mais sobre os Rosacruzes e a Maçonaria
para um futuro trabalho, já que o nome Rosacruz
comprovadamente é aludido, de forma direta e
indireta por diversos autores que escreveram
sobre o Hermetismo e a Alquimia na Maçonaria
e no REAA.
Os Rosacruzes se revelam para o mundo a
partir da divulgação do documento Fama Fra-
ternitatis no ano de 1614 na Alemanha. A partir
dos manifestos rosacruzes se estabelece uma
verdadeira corrida no continente europeu bus-
cando informações sobre a Alquimia. Para isso,
existem várias explicações, e a respeito das mes-
mas não entraremos em detalhes. Mas, a título de
ilustração vale dizer que todos os autores dos
manifestos eram apaixonados pela Alquimia.
É de se supor que em alguns momentos da
Junho 2021 11
história houve algum
tipo de aproximação
entre Rosacruzes e
Maçons. As influênci-
as da filosofia Rosa-
cruz na Maçonaria, é
um fato. Mas, há mui-
tas lacunas nessa his-
tória. Não se pode
negar certos paralelis-
mos entre uma e outra
ou entre a Maçonaria e
essa irmandade secreta
composta de alquimis-
tas e sábios. As
influências alquímicas
nos rituais maçônicos
seriam provindas de
contribuições de
Maçons aceitos que
também eram Rosa-
cruzes, e esse seria o
elo mais forte entre
ambas as doutrinas?
Então, pesquisar e
estudar sobre as fontes
de inspiração dos Rosa-
cruzes e dos Maçons,
sobre os Maçons “ace-
itos” que também
eram Rosacruzes,
sobre quando, onde e
como podem ter acon-
tecido essas aproxima-
ções, sobre as influên-
cias que ainda perma-
necem, entre outras coisas, é importante para e a tradição hermética, motivo pelo qual anteri-
conhecermos nossa história com base nas fontes ormente tivera de abandonar a batina, pois, tinha
em que a Maçonaria bebeu. sido acusado de heresia.
Há uma lista considerável de personagens Nesta obra Bruno conseguiu fundir essa que
interligados ao hermetismo, à alquimia, à Maço- era uma clássica especialidade dos dominicanos,
naria e aos Rosacruzes. a chamada de Arte da Memória com a magia her-
Poder entendê-los melhor, pesquisando sobre mética que fora elaborada por Marsílio Ficino há
o que fizeram, as obras que escreveram, as ideias pouco mais de um século atrás. Durante uma
que professaram, é de suma importância para viagem pela Europa, já no final dos anos 1500,
todos aqueles que após a leitura desse texto além de tentar promover suas teorias nos campos
tenha sua sede pela busca de conhecimentos da matemática, da astronomia e da cosmologia,
aumentada. Na sequência veremos alguns também apostou bastante na Arte Hermética da
nomes de destaque num período que vai do sécu- Memória, sendo que, sobre esta última convém
lo XV ao XVIII, algumas leituras imprescindí- dizer que ela não pode ser classificada como
veis, curiosidades e fatos. simples técnica para melhorar a memorização,
Vejamos algumas das figuras que estão na porém, uma técnica mística.
gênese das transformações do período aquele, A questão é que há registros e relatos sobre o
assim como, o que podemos chamar de curiosi- emprego dessa arte entre os Maçons.
dades, todas relacionadas ao tema do trabalho. Uma dica importante: um livro imperdível
Marsílio Ficino (1433-1499) - foi um filósofo sobre esse personagem é o livro da renomada
italiano e um personagem fundamental dentro pesquisadora Frances Yates intitulado “Giorda-
do processo de difusão da doutrina hermética, no Bruno e a Tradição Hermética”, aliás, um
pois, foi o tradutor da coleção de textos atribuí- livro fácil de se conseguir, até pelo fato de que
dos a Hermes Trismegisto, obra que ficou conhe- pudemos perceber o quanto Giordano Bruno se
cida como Corpus Hermeticum. encarregou de promover do hermetismo.
Giordano Bruno (1548-1600) - foi várias coi- Elias Ashmole (1617-1692) – foi membro da
sas, durante a sua curta vida: teólogo, filósofo, Royal Society (*), doutor em Física, humanista
estudioso do cosmos (defensor da teoria helio- de um saber enciclopédico, Maçom, Rosacruz,
cêntrica, da pluralidade dos mundos) e mago alquimista e muito mais. Seu nome possui fortes
ocultista italiano. Autor de várias obras envol- ligações com a Maçonaria, tendo sido iniciado
vendo a filosofia, a astronomia e a magia. Se em 1646 em uma Loja não -operativa. “A gran-
especializou também na arte da memorização de catástrofe de sua vida de sábio foi o incêndio
que era uma especialidade da Ordem Dominica- de sua fabulosa biblioteca (1679). A que ele
na nessa época. Como memonista ou estudioso reconstituiu, vendida em leilão após o seu faleci-
da arte da memória, chegou a publicar um livro mento, incluía um grande número de in-fólios
sobre o assunto chamado De Umbris Idearum, raros, peças curiosas, manuscritos, etc.” (Mel-
mas, algumas das ideias defendidas em seu livro lor, pág. 252, 1989)
só fizeram reforçar as suas ligações com a magia >>>>>
12 Junho 2021
Não dá para não se pensar numa perda dessas
proporções, na quantidade de documentos
manuscritos importantes, certamente relaciona-
dos à própria história da Royal Society, da Maço-
naria e dos Rosacruzes.
O Irmão Tolbert, em artigo de sua autoria, reve-
la que o interesse pela alquimia, astrologia, magia
e Cabala era bastante manifesto nos círculos fre-
quentados pelos membros da Royal Society,
conhecidos Maçons.
Podemos perceber aí uma saudável convivên-
cia de ideias provenientes de diferentes doutrinas
no ambiente da Royal Society, permitindo supor
que possa ter havido sim essa interação e algum
tipo de influências entre Maçonaria, Hermetismo,
Alquimia e Rosacrucianismo.
Há muitos outros nomes importantes que aqui
poderiam ser citados, mas, como já foi dito, não é
esse o nosso objetivo.
Para corroborar o que foi dito com relação a
essas interações, elencamos mais algumas infor-
mações colhidas durante as leituras de diferentes
obras consultadas, as quais vão nos permitir ima-
ginar parte do que acontecia dentro daquele con-
texto, assim como, perceber um pouco sobre o
quanto a Maçonaria esteve e está próxima da filo-
sofia hermética, sobretudo, pelas influências
exercidas sobre muitos daqueles que fundaram
praticamente a Maçonaria Especulativa.
Vamos então à essa pequena mostra daquele
período que tem seu início no século XV, indo até
o século XVIII, onde muitas ideias floresceram e
grandes mudanças começavam a acontecer.
Sobressaem referências às diversas filosofias, às
quais foram objeto do presente trabalho até o
momento. As informações que constam abaixo,
em sua maioria foram extraídas de dois artigos,
um de autoria do Irmão John Tolbert, e ou outro de
autoria do Irmão Federico Gonzalez, dos dicioná-
rio de Franco-Maçonaria do Irmão Alec Mellor e
do “Vade-Mécum Maçônico” do Irmão João Ivo
Girardi, além de informações provenientes tam-
bém do livro do Irmão João Anatalino, intitulado
“Conhecendo a Arte Real”.
Com relação à Maçonaria, aos Antigos Manus-
critos e ao Hermetismo:
Consta no antigo manuscrito Cooke (1400 + ou
-), em seus parágrafos 281-326 que toda a sabedo-
ria pertencente ao tempo anterior ao dilúvio havia
sido escrita em duas grandes colunas. Após o dilú-
vio, uma das colunas foi descoberta por Pitágoras.
A outra coluna foi descoberta por Hermes.
Ambos, a partir desses acontecimentos, se dedi-
caram ao ensino dos textos que ali estavam grava-
dos. (Gonzalez, F., em seu artigo “A Tradição Her-
mética e a Maçonaria”)
William Shaw, que era Mestre de Obras do rei
James VI, declarou no Segundo Estatuto de Shaw
(1599) que todos os aprendizes e companheiros
deveriam passar por exames da arte da memória.
Consta que um colega de Shaw, durante a década
de 1580 se encontrou com Giordano Bruno,
decorrendo daí, portanto, a possibilidade sobre
como Shaw teria sido exposto à Arte Hermética
da Memória. (Artigo do Irmão John Tolbert)
Ainda conforme o Irmão John Tolbert, a figura
de Hermes era o personagem central do Manus-
crito de Sloane (1646), onde “Hermes descobre
os dois pilares, um de tijolo e outro de mármore,
que contém a sabedoria e o conhecimento preser-
vados dos mestres antigos.”.
Hermes Trismegisto é mencionado em vários
Ritos maçônicos, assim como, o tema Hermetis-
mo faz parte de inúmeras pranchas e livros maçô-
nicos. Muitas Lojas, Ritos e Graus levam o seu
nome também.
O Malhete
“No século XVIII,
alguns dos espíritos
eminentes da época e
entre eles o Barão de
Tschoudy que era inte-
ressado no hermetismo,
conceberam o que se
chamou de Franco-
Maçonaria hermetis-
ta.” (Da Camino, pág.
35, 2006)
Com relação à
Alquimia, Cabala,
Maçons e Rosacruzes
Lá pelo final do sécu-
lo XVI, a Alquimia mis-
turada com a Cabala
ganhou a Europa oci-
dental e passou a fazer
parte da doutrina dos
Rosa-cruzes.
Em diferentes perío-
dos da história, entre os
adeptos da Alquimia
constaram os nomes de
Roger Bacon, Robert
Flood e Elias Ashmole,
este último rosa-cruz e
maçom.
“The Acception – Nos
anos 1600 existia uma
organização de elite,
que estava intimamente
associada a London
Mason's Company, a
mia mística. (Varoli Filho, pág. 33, 1976)
organização operativa de canteiros. Este grupo
_ O 18° Grau do REAA, o de Cavaleiro Rosa-
de elite secreto era chamado The Acception e ape-
Cruz, tal como seu próprio nome permite deduzir,
nas 'aceitou' muitos poucos membros (um deles
é um grau de origem hermetista. Foi introduzido
foi Elias Ashmole); o custo da associação era
na Maçonaria na segunda metade do século
muito alto e era preciso ser altamente educado e
XVIII, sendo que deixa bastante visível a marca
bem respeitado. O estudioso e escritor maçônico
dos ritualistas impregnados de alquimia que o
dos primeiros aos do século XX, Reverendo Cas-
redigiram. (Mellor, pág. 216, 1989)
tells afirma que o nome 'The Acception' é sinôni-
mo de Kabbalah, que em hebraico significa 'rece-
COMENTÁRIOS:
ber'. O reverendo Castells estava convencido de
A história envolvendo o hermetismo e a Maço-
que 'The Acception' era uma organização maçô-
naria ou a influência que a Maçonaria teria recebi-
nica puramente especulativa.” (Irmão John Tol-
do dessa antiga doutrina, evidentemente, não ocor-
bert)
reu da noite para o dia, sendo fruto de um lento
_ De acordo com o Irmão José Castellani, o
processo que teria começado a partir do século
Rosacrucianismo é uma espécie de sincretismo
XIII, no julgamento de alguns estudiosos. E pelo
do qual fazem parte várias correntes de natureza
que pudemos constatar há algumas aproximações
filosófico-religiosas de onde podemos destacar o
entre alguns autores e divergências entre outros. A
hermetismo egípcio, a cabala judaica, a gnose
pesquisa começou com o nome de hermetismo,
cristã, a Alquimia, etc. (Castellani, pág. 133,
sobre o hermetismo, mas, pareceu que durante
2004)
seu transcorrer o sincretismo foi crescendo, até
_ “A Alquimia entrou na Maçonaria pelas
que eram várias escolas influindo.
mãos dos 'maçons aceitos' do grupo rosacrucia-
Na verdade, no período que vai do século XV
nos, ali pelo início do século XVII. Ganhou adep-
ao século XVIII havia um interesse crescente pelo
tos em todas as Lojas Especulativas, provavel-
conhecimento que estivera guardado durante sécu-
mente pela analogia que as tradições alquímicas
los por escolas filosóficas, herdeiras da sabedoria
guardavam com a ideia maçônica, de aprimora-
que fora auferida lá na Antiguidade, o que acabou
mento do espírito por meio do trabalho manual.”
criando o espaço propício para que houvesse a sua
(João Anatalino, pág. 112, 2007)
disseminação. Coincidentemente ou não, nesse
_ Conforme o Irmão Theobaldo Varoli o fato
período a Maçonaria também já passava por u,m
indiscutível é que nesse período conhecido como
processo de transformações envolvendo a sua
o da “aceitação”, os mitos maçônicos que eram
natureza.
possuidores de um acentuado caráter profissional,
Dentro desse panorama que se descortinava,
acabaram sendo envolvidos pelas fantasias pro-
nem mesmo cristãos e membros da Igreja conse-
venientes dos alquimistas, hermetistas e todos os
guiram ficar indiferentes à essa onda, tanto que,
outros que vieram a deitar influências no ritualis-
desde antes já vinham bebendo dessas fontes e
mo maçônico. A cultura da época não atingira
ainda foram responsáveis em salvar muitos textos
ainda uma difusão adequada a ponto de os
relativos à essa doutrina.
Maçons de uma forma geral entenderem Descar-
tes, Newton, Leibnitz, Locke, Francis Bacon e
outros que fulminaram de vez as crenças na alqui- >>>>>
O Malhete Junho 2021 13

Com a Maçonaria admitindo em suas Lojas

profissionais de outras áreas, além de intelectua-
is, o que se consolidou com o nome de admissão
dos “aceitos” (séculos XVI e XVII principal-
mente), como não comungar da ideia de que
alguns desses Maçons aceitos não foram os res-
ponsáveis por introduzir conhecimentos nos Ritu-
ais maçônicos que eram provenientes das mais
variadas fontes, a exemplo do anteriormente cita-
do e que vai compreender o hermetismo, a caba-
la, a alquimia, o rosacrucianismo, entre outros?
A resposta ou as respostas, é o que estamos
buscando aqui.

A MAÇONARIA E O HERMETISMO:
UMA HIPÓTESE A SER CONSIDERADA
Resumirei na sequência parte do conteúdo de
um artigo intitulado “Filosofia Hermética e
Maçonaria” de autoria do Irmão John Tolbert, em
tradução do Irmão J. Filardo, onde surgem novas
luzes sobre o assunto.
O Irmão Tolbert depois de preceder à leitura
de milhares de páginas produzidas por escritores
maçônicos, diz ter se convencido de que a Maço-
naria não era somente o que poderia ser chamada
de “invenção”, seja dos ingleses ou dos escoce-
ses lá pelos séculos XVII ou XVIII, eis que, no
início desse último, a Maçonaria tinha se tornado
uma instituição devidamente regulamentada, e a
partir daí haviam sido desenvolvidos Rituais
com base nos ritos iniciáticos que já existiam no
âmbito das Lojas Operativas.
Além do que já era de conhecimento, a suposi-
ção é de que havia muito mais. O detalhe é que
essa desconfiança já vinha de outros tempos,
tanto que num artigo recente a respeito da Bula
Papal antimaçônica de 1738, Marsha Keith Schu-
chard cita a opinião expressa pelo antiquário Wil-
liam Stukeley, amigo de Newton e Desaguliers,
em janeiro de 1721, na ocasião, prestes a entrar
para a Fraternidade, quando ele assim se mani-
festou sobre a mesma:
“suspeitando de que seja o remanescente dos
mistérios dos antigos...”
O que ele quis dizer exatamente com isso?
Que já nos primeiros anos decorrentes após a
Maçonaria ser organizada, os homens possuido-
res de instrução, portanto, mais cultos, reconhe-
ceram na Maçonaria alguma coisa que os levava
a crer que ela tinha raízes bem mais profundas na
filosofia e em conceitos emitidos pelos antigos.
Por sua vez, o Irmão Jewel P. Lightfoot (1873-
1950), advogado, promotor e Procurador-geral
do Texas e escritor de várias obras de teor maçô-
nico, foi o autor também dos seguintes comentá-
rios sobre os aspectos místicos e espirituais da
Arte, os quais reproduzimos a seguir:
“A presença no sistema maçônico moderno,
de muitos dos emblemas, símbolos e alegorias
dos antigos templos de iniciação, bem como de
certos ritos neles realizados, convenceu os mais
instruído entre os estudiosos maçônicos a con-
cluir que a Maçonaria é de origem muito antiga
e é, em alguns aspectos, a sucessora moderna e
a herdeira dos sublimes mistérios do tempo de
Salomão e dos templos da Índia, Caldeia, Egito,
Grécia e Roma [tenho certeza de que ele estava
se referindo ao culto de Mitra], bem como à dou-
trina básica dos essênios, gnósticos e outras
ordens místicas.”
Os comentários do Irmão Lightfoot apenas
corroboraram aquilo que o Irmão Stukeley per-
cebera à cerca de dois séculos atrás e não se furta-
ra de fazer uma observação, ou seja, de que a
Maçonaria guardava semelhanças com os Ritos e
Cultos da Antiguidade, além de conter resquícios
de muitos dos símbolos utilizados pelos antigos.
Essa última opinião serviu para deixar evidente a
existência muito forte de uma corrente do pensa-
mento, à qual se convencionou chamar de Filo-
sofia Hermética e que influenciou os primeiros
mentores e organizadores dos nosso Rituais.
NOTAS:
(*) “Royal Society” ou Sociedade Real – Os
homens que fundaram essa sociedade (1660),
não eram apenas os primeiros cientistas, eram
mais do que isso, eram s últimos buscadores. A
Sociedade Real é a mais velha e mais respeitada
sociedade científica do mundo. Somente para dar
uma ideia dos ilustres cientistas que a ela perten-
ceram, alguns dos nomes: Hooke, Boyle, Huy-
gen, Newton, Halley, Wren, Ashmole..., este dois
últimos Maçons. Muitos dos seus fundadores e
futuros membros eram Maçons e Rosacruzes.
Para entendermos melhor sobre a história da
Maçonaria e especificamente sobre o nascimento
da Maçonaria Especulativa, torna-se interessan-
te a leitura do livro “A Maçonaria e o Nascimento
da Cência Moderna” de Robert Lomas. Uma pas-
sagem capaz de chamar muito a nossa atenção,
entre outras, diz assim:
“As raízes maçônicas da Real Sociedade
foram sugeridas por muitos escritores, alguns
como Alec Mellor que sugeriu e inclusive que os
fundadores da Real Sociedade iniciaram a Maço-
naria, mas acredito que eu tenha mostrado eu
esse não é o caso. A Real Sociedade é filha da
Maçonaria.” (Lomas, págs. 15 e 267, 2007)
Continua no próximo número...
___________________________________
14 Junho 2021
AFINAL, O QUE SOMOS?to de salário” advém somente após avalia-
(*) Por Irmão Sérgio Quirino
Eterno Aprendiz!
Que pena! A Maçonaria precisa mesmo
é de Eternos Companheiros!
“Se você quer ir rápido, vá sozinho. Se
quiser ir longe, vá acompanhado”
O ditado atribuído a um autor africano
aborda todos os âmbitos da palavra, desde
a introjeção do Iniciado aos valores do
Grau, até a compreensão que de que graus,
títulos e cargos, na imensa maioria das
vezes, são apenas circunstanciais e transi-
tórios.
Esta provocação inicial se faz necessá-
ria para, afinal, respondermos à pergunta:
o que é o Maçom?
A resposta descrita nos nossos regra-
mentos e no ambiente maçônico é clara.
Em alguma parte dos nossos rituais, cons-
ta nossa condição de sócios da Maçona-
ria?
Onde nos reunimos? Templo é o espaço
físico. Loja é título dado a um grupo de
Maçons. Nosso local de LABOR é uma
OFICINA.
Onde consta o nosso nome? No Quadro
de OBREIROS.
Simples assim: Somos Obreiros, nos
reunimos em uma Oficina repleta de
Instrumentos de trabalho e nosso “aumen-
ção do nosso desempenho.
Se somos Obreiros, temos de ter engaja-
mento na Obra. As reuniões maçônicas
devem ser “Canteiros de Obra”. Muitas
vezes ouvimos “Ordens de Trabalho” e,
presunçosamente, as compreendemos
como títulos.
CONSTRUTORES SOCIAIS: Cons-
truir é obrar, é ter um ofício, realizar uma
ação, trabalhar e agir. Onde? Na socieda-
de, ou melhor, para a Sociedade.
T O R N A R F E L I Z A
HUMANIDADE: Todos os 56 sinônimos
encontrados no dicionário para o verbo
“tornar”, envolvem a ação de trabalhar, a
necessidade de “atuar para”. Onde? Na
Humanidade.
Mas é necessário compreender que
Humanidade é todo grupo de seres huma-
nos. Portanto, devemos trabalhar inces-
santemente para a felicidade da nossa famí-
lia, nossos amigos, colegas de trabalho e
de estudos, cidadãos de nosso município,
nosso Estado e da Pátria. Assim, nesses
Círculos de Pertencimentos, a Maçonaria
consegue abarcar toda a Humanidade.
HOMEM JUSTO E DE BONS
COSTUMES: Esta qualificação somente
se configura como válida se proferida por
um não iniciado que nos observa. Somen-
te a sociedade, os componentes da huma-
nidade que nos cercam podem dizer isto
de nós. E eles o farão ao verem nossas
obras, onde e como atuamos e como nos
comportamos como filhos, cônjuges, pais,
O Malhete
amigos, empregados, patrões e cidadãos
Ser maçom é ser obreiro. Nossa mis-
são é edificar.
No presente para o presente.
Deixemos de lado as obras do passa-
do, pois se perderam ao longe.
O futuro será o resultado de nossas
obras agora.
Seja, portanto, um bom maçom, um
bom obreiro!
Atingimos quinze anos de compartilha-
mento de instruções maçônicas. Nosso
propósito fundamental é incentivar os
Irmãos ao estudo, à reflexão e tornar-se
um elemento de atuação, legítimo Cons-
trutor Social.
Sinto muito, me perdoe, sou grato, te
amo. Vamos em Frente!
Fraternalmente
(*) O Irmão Sérgio Quirino
é Candidato a Grão-Mestre - GLMMG
2021/2024
 O Malhete Junho 2021 15

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16 Junho 2021 O Malhete

OS SANTOS JOÃO PADROEIROS DA MAÇONARIA

Uma investigação sobre a designação dos Santos João como Santos Padroeiros da Maçonaria
tória e os antecedentes desta celebração.
Como maçons, todos conhecemos a frase
“Erigido a Deus e dedicado aos Santos São
João”. Todas as nossas Lojas Azuis são tão
dedicadas, mas nunca ouvimos qualquer outra
por Irmão Harvey L. Ward Jr.(*) informação sobre esses “Santos São João” ou
qualquer coisa que explique por que nos referi-
nou importante e muitas Lojas e Grandes Lojas
mudaram o início de seu ano maçônico de 24
de junho para 27 de dezembro. Podemos ape-
nas supor que a proximidade de 27 de dezem-
bro ao início do ano civil tornou conveniente
fazê-lo.
Os dias de festival também eram de impor-

U m dos principais objetivos da Maçona- mos a eles como os Santos Padroeiros da Maço- tância central para as primeiras Lojas america-
ria é a educação de seus membros. Infe- naria. nas. Ambos os dias de festa eram quase sempre
lizmente, como as pressões do tempo e Eles são referenciados na Palestra do celebrados por todas as primeiras Lojas bem
os negócios conspiram para restringir a ativi- Aprendiz como sendo "paralelos perfeitos governadas. Nossos registros indicam que os
dade intelectual de nossas Lojas, a verdadeira tanto na Maçonaria quanto no Cristianismo". É irmãos George Washington e Benjamin Frank-
educação maçônica e investigação estão entre quase uma reflexão tardia de uma referência, lin sempre fizeram questão de comparecer às
as primeiras atividades a serem descartadas de visto que dedicamos cada Loja a estes dois respectivas lojas dos dias de São João.
nossas agendas regulares. Educação e reflexão homens. Quem eram esses santos João? Por As eleições e instalações geralmente eram
sobre questões maçônicas costumavam ser que eles são importantes para nós como planejadas em torno dessas datas. Embora
muito mais que um parte central do negócio maçons? tenhamos permitido que essa tradição (como
uma Loja Maçônica do que é hoje. Muitas No início da Maçonaria, o dia da festa de tantas) escapasse, conservamos seus vestígios.
vezes nos tornamos o que o irmão Mackey cha- São João Batista era sempre celebrado pelo Você notará que aqui na Flórida, nosso ano
mou de Maçons "papagaios" que se tornam Ofício. Na verdade, a primeira Grande Loja maçônico começa “o mais próximo possível”
bastante proficientes em aprender palavras e pública, a Grande Loja da Inglaterra, nasceu em 27 de dezembro, de acordo com o Digest of
instruções, mas dão pouca ou nenhuma aten- no dia de São João Batista, 24 de junho de Masonic Law. O ano da Grande Loja e a comu-
ção a filosofia por trás dessas palavras. 1717, em Londres. Posteriormente, a Grande nicação anual são sempre agendados para o
É apropriado então que, ao celebrarmos o Loja da Inglaterra patrocinou grandes celebra- próximo dia 24 de junho.
dia da festa de São João Batista, façamos uma ções anuais deste dia por muitos anos. Por fim, >>>>>
pausa de alguns minutos para considerar a his- a festa de São João Evangelista também se tor-
O Malhete
Sempre corremos o perigo de permitir que
as tradições se tornem hábitos e de perder de
vista a razão da tradição original.
Hoje celebramos a festa, ou dia da festa de
São João Batista. Quem foi São João Batista?
Os quatro Evangelhos, os livros de Mate-
us, Marcos, Lucas e João, conforme encon-
trados no Novo Testamento da Bíblia, todos
descrevem este homem quase exatamente na
mesma linguagem. O Batista, que era primo
de Jesus Cristo, é chamado de "uma voz cla-
mando no deserto", cujo propósito era: "Pre-
parar o caminho do Senhor e endireitar seus
caminhos". Ele deve realmente ter sido um
homem importante para que todos os quatro
Evangelhos se referissem a ele exatamente
com a mesma terminologia, pois isso é extre-
mamente raro. No Evangelho de Lucas, de
fato, o próprio Jesus diz de João: “Entre os
nascidos de mulher, ninguém surgiu maior do
que João Batista”.
Um grande elogio, de fato. Torna-se mais
claro por que nós, como maçons, devemos tê-
lo em tal estima. João Batista chamou o
Batista porque enquanto pregava, ele batiza-
va os crentes no rio Jordão que viviam uma
vida simples, mas poderosa e devota. Ele pre-
gou uma vida justa e obstinada e mudança de
caráter. Sua mensagem era que se deve viver
de maneira santa e que o desvio dessa manei-
ra não era aceitável.
Por sua recusa em mudar a si mesmo ou
sua mensagem e por sua devoção a Jesus,
João Batista foi preso e finalmente decapita-
do pelo rei Herodes. O heroísmo, fidelidade e
integridade de João são ecoados nas lendas
de Jacques DeMolay e Hiram Abif, o que nos
dá mais informações sobre sua escolha como
um santo padroeiro da Ordem Maçônica.
Certamente São João Evangelista é impor-
tante para nós como maçons também. É apro-
priado que, embora tenhamos uma biografia
relativamente concreta de São João Batista,
São João Evangelista
cuja teologia e ensinamentos eram diretos e
rígidos, a história do Evangelista é mais difí-
cil de ser relatada e requer mais estudo, tanto
quanto seus ensinamentos. São João Evange-
lista é provavelmente o amálgama de vários
João do Novo Testamento, incluindo João, o
Discípulo de Cristo, João, o escritor da Epís-
tola e João, o Divino de Patmos, o autor do
Livro do Apocalipse. Existem muitas razões
impressionantes pelas quais os maçons esco-
lheriam o evangelista como patrono. Princi-
palmente, os escritos deste João (ou grupo de
Joãos) parecem quase um ritual maçônico. O
Evangelho de João começa.
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava
com Deus e o Verbo era Deus. O mesmo acon-
tecia com Deus. Todas as coisas foram feitas
por ele; e sem ele nada do que foi feito se fez.
Nele estava a vida; e a vida era a luz dos
homens. E a luz brilha nas trevas; e as trevas
não o compreenderam.
Em nenhum outro lugar da Bíblia, desde o
início de Gênesis, familiar a todos os maçons,
o conceito de luz está tão inextricavelmente
entrelaçado com a ideia do espírito divino. À
medida que progredimos através de níveis
mais elevados, o conceito da Palavra, da Luz
e do Divino como partes inseparáveis de toda
a Criação torna-se de importância primária.
João Evangelista nos conduz nessa direção.
Em suas epístolas, o evangelista continua a
trabalhar a partir do tema de que a Palavra e a
Luz estão inevitavelmente ligadas e continua
a trazer a Verdade e o Amor como elos da
mesma corrente. A ideia e a prática de Frater-
nidade e Amor Fraternal são exploradas mais
completamente pelo Evangelista do que por
qualquer outro escritor do Novo Testamento.
As imagens perturbadoras do Livro das Reve-
lações são a fonte de muitas escolas esotéri-
cas de pensamento e muitos escritores têm
apresentado argumentos convincentes de que
essas imagens são de muitas maneiras influ-
Junho 2021 17
entes para a Maçonaria.
Também de importância maçônica é que
João Evangelista é descrito como um dos
mais leais dos Discípulos de Cristo e o mais
próximo de Jesus. Mesmo na morte, Jesus
confia o cuidado de sua Mãe a João, que pode-
mos presumir que foi em muitos aspectos seu
melhor amigo na terra.
Lá temos dois Santos João, muito apropri-
adamente descritos maçonicamente como
figuras paralelas. Ambos de caráter incontes-
tável e forte influência na Mente Ocidental,
mas um dogmático e rígido, e o outro intelec-
tual e esotérico. Em ambos encontramos a
integridade e fidelidade inflexível tão
comuns ao ensino maçônico, mas a maneira
de ensinar essas virtudes varia entre os dois.
É apropriado que eles representem essas
linhas paralelas de que falamos. Mas por que
eles? Por que sempre estiveram vinculados à
Fraternidade? Certamente a Maçonaria,
como a conhecemos, não existia no início da
era cristã, mas não há nenhum período na
Maçonaria em que eles não apareçam.
Na pesquisa maçônica sobre o tema dos
Santos João, podemos ter certeza de apenas
uma coisa: o conceito de dedicação das Lojas
a eles é de fato “tempos imemoriais”. Os pri-
meiros documentos maçônicos falam dos
santos e da “Loja dos santos João em Jerusa-
lém”.
A Maçonaria de Artesanato e as Lojas
Azuis como as conhecemos receberam os
cuidados dos Santos João como Patronos
como uma espécie de herança de séculos ante-
riores. Lojas de “São João "existia muito
antes de 1717. O que nos leva à questão de
onde vem nossa Maçonaria. Curiosamente,
todas as três tradições das teorias mais
comuns das origens maçônicas dos tempos
imemoriais têm sua própria relação com os
santos João.
>>>>>
18 Junho 2021
Há uma escola de pesquisa maçônica que
afirma que a Fraternidade descende dos drui-
das e de outros sacerdócios celtas verdadeira-
mente antigos do sol. Por mais implausível que
seja essa teoria, ela tem uma correlação direta
com a veneração dos santos João. Embora inte-
iramente pagãos e pré-cristãos, esses sacerdo-
tes do sol reivindicaram como seus dias mais
sagrados os solstícios de verão e inverno, o dia
em que o sol brilha mais e o dia em que brilha
menos. Como isso era comum entre muitas
teologias pagãs, a Igreja Cristã primitiva e
medieval adotou os solstícios como dias de
festa importantes e simplesmente os renomeou
para dois dos santos mais importantes. O sols-
tício de verão no hemisfério norte foi oficial-
mente fixado para 24 de junho e dedicado a
São João Batista e o solstício de inverno foi
fixado para 27 de dezembro e dedicado a São
João Evangelista.
Alguns dizem que as antigas tradições
pagãs vivem na celebração da Maçonaria des-
ses dias. Se há verdade nessa afirmação, é
porque celebramos os solstícios como uma
personificação dos ideais maçônicos de regu-
laridade, constância e ordem. Como maçons,
trabalhamos naturalmente em prol da ordem e
contra a irregularidade e o caos. Somente quan-
do uma Loja Maçônica está em conformidade
com os usos e costumes básicos ordenados,
nós a denominamos uma Loja “regular” e a
consideramos digna de comunicação. Que
melhor exemplo de ordem e regularidade do
que esses solstícios diurnos quando o sol ine-
vitavelmente "morre" e "renasce"? Como a
Igreja primitiva viu sabedoria em adotar esses
símbolos pagãos, talvez não seja um salto de fé
vê-los como símbolos maçônicos também.
Nos últimos anos, a crença de longa data de
que a Maçonaria moderna evoluiu das Guildas
de Pedreiros Medievais tem sido muito questi-
onada. Independentemente dessas questões,
encontramos uma relação com os santos João a
partir dessa teoria também.
Claro, todas as guildas medievais adotaram
os santos padroeiros e usaram seus dias de
festa como reuniões centrais para a celebração
e também para escolher líderes e outros assun-
tos de negócios necessários. Guildas de pedre-
iros, principalmente no norte da Inglaterra e na
Escócia, costumavam escolher um ou ambos
os santos Johns como seus patronos. Isso não
era necessariamente verdade no continente
europeu ou no sul da Inglaterra dominado
pelos normandos. A Maçonaria que pratica-
mos aqui hoje, no entanto, veio principalmente
do norte da Inglaterra e da Escócia, onde os
Santos João eram comuns entre as Guildas de
Pedreiros.
Uma velha teoria da gênese maçônica que
está lentamente ganhando impulso de volta é a
hipótese de que nossa Maçonaria evoluiu a
partir das ordens de cavaleiros das Cruzadas.
Nomeados especificamente são os Cavaleiros
Templários e, em menor medida, os Cavalei-
ros Hospitalários. É importante notar aqui que
os Hospitalários eram (e ainda são) mais pro-
priamente conhecidos como Cavaleiros de São
João. Os santos João também são comumente
mencionados nos registros dos Templários e
O Malhete
sabemos que seus
dias de festival eram
importantes para os
Templários. Quando
os Templários foram
suprimidos em 1307,
a maior parte de suas
propriedades, espe-
cialmente na Ingla-
terra, tornou-se pro-
priedade dos Hospi-
talários. Muitos
Cavaleiros Templá-
rios daquela área jun-
taram-se aos Hospi-
talários após a
supressão também.
Também impor-
tante nesta investiga-
ção é que uma das
acusações de “here-
sia” levantada contra
os Templários foi
que eles se tornaram
seguidores do Cristi-
anismo Gnóstico e,
de muitas maneiras,
deixaram para trás as
interpretações cató-
licas romanas mais
tradicionais. Isso é
importante em uma
discussão sobre os
santos João porque a São João Batista
base de muito pensa-
mento gnóstico é o Evangelho e as epístolas de nica do Maçom que nunca deve ser alcançada,
João Evangelista. Com efeito, os “crimes” dos mas sempre deve ser imitada.
Templários podem ter sido venerar a teologia Mais extrapolado, podemos ver a Loja míti-
do nosso Padroeiro São João Evangelista mais ca dos Santos João em Jerusalém como a
do que a de São Paulo ou de São Pedro. Forma Platônica de uma Loja Maçônica. Ela
A tradição dos santos João continua até hoje pode e deve existir como nosso ideal de como
nas várias ordens cavalheirescas não maçôni- seria uma Loja de Maçons se todos os seus
cas britânicas. As “Lojas de São João” existi- membros alcançassem o estado maçônico
am em Londres e no sul da Inglaterra desde as ideal de São João Batista e São João Evange-
Cruzadas até a entrada da Maçonaria e ainda lista. Talvez o maçom cristão possa até ver
existem hoje. Pode haver pouca dúvida de que nessa Loja ideal Jesus Cristo como Mestre e os
essas Lojas tiveram pelo menos alguma Santos João como Guardiões, compondo a
influência no desenvolvimento da Maçonaria, Loja perfeita.
se elas não fossem de fato maçons. Embora não tenhamos agora mais respostas
Vemos que, embora não possamos encon- sobre este assunto do que quando começamos,
trar respostas reais para a questão de por que os esperamos lançar um pouco mais de luz ou ver-
santos João são nossos patronos, a linhagem da dade, como o evangelista veria em nossa práti-
dedicação é clara. ca de dedicar Lojas aos Santos São João.
Platão ensinou que para cada coisa na cria- Como sempre na Maçonaria, cada revela-
ção, incluindo pessoas e organizações, existe ção é também uma revelação e devemos sem-
em um outro mundo subconsciente etéreo e pre, em novos conhecimentos, encontrar
não físico uma forma ou ideal perfeito dessa novas frustrações intelectuais. Afinal, a Maço-
coisa. Como maçons, talvez devêssemos ver naria é a lenda da busca pela Palavra Perdida e
os santos João nesse contexto. De acordo com somos encarregados de ser os pesquisadores.
o Livro da Lei, como homens, estamos sujeitos Esperançosamente, esta investigação des-
a certas fragilidades e falhas. Isso nos impede perta algum interesse em pesquisas futuras e
de nos tornarmos homens e maçons ideais, não torna a observância do Dia de São João um
importa o quanto tentemos. Devemos conside- pouco mais comovente para nós como
rar para nós mesmos a forma perfeita ou ideal maçons.
dos maçons, os Santos São João. Embora sai- __________________________________
bamos que não eram maçons, o que sabemos (*) autor Irmão Harvey L. Ward Jr.
deles mostra que são exemplos perfeitos de Loja Schafer Nº. 350, F&AM
como um maçom deve ser bondoso, justo, amo- Grande Loja da Flórida, EUA
roso e, acima de tudo, fiel até a morte à confi- Fonte:www.freemasons-freemasonry.com
ança nele depositada. Eles são a Forma Platô-
O Malhete Junho 2021 19

QUALIDADE

3IVI
Tapete
Sanitizê1nte
Pedilúvio
O Tapete Sanitário também conhecido como Tapete Sanitizante ou
Pedilúvio, consiste em um Tapete Profissional onde se possa sanitizar e
desinfetar os solados dos calçados em uma solução sanitizante para
eliminação de eventuais vírus, bactérias ou1agentes contaminantes.
20 Junho 2021 O Malhete

A INICIAÇÃO É DE SUMA IMPORTÂNCIA PARA O MAÇOM!

pedra não é tocada, não tem a sua rusticidade
conhecida, se nada fazemos para seu polimen-
to. Esse polimento é pesado, o desbaste das
arestas, dos excessos, é doloroso, mas neces-
sário, para fazer crescer aquele que encontrou
dentro de si o que o diferencia dos demais ani-
(*) Por Irmão Sandro Pinheiro
mais: A pedra oculta, isto é, a inteligência, a
capacidade de raciocinar, de discernir entre o
maçom deve se guiar, tendo como fundamen-
to de sua trajetória, as fontes da espiritualida-
de Maçônico. É oportuna a observação do ilus-
tre escritor Nicola Aslan, quando afirma que:
“Pelo método Iniciático, o maçom se distin-
gue culturalmente dos outros homens. Não
conhece nem pode conhecer a satisfação espi-
ritual e intelectual, pois ele sabe que a Verdade

A Iniciação é de suma importância para

o maçom e para todos aqueles que, por
força da lei de evolução, foram movi-
dos a bater às portas de um Templo, em busca
de Luz. A Maçonaria não é composta por pes-
certo e o errado, de dominar o desejo pessoal,
de vencer paixões e submeter vontades.
“O Ensino Iniciático da Maçonaria é real-
mente diferente dos outros modos de ensino.
de hoje pode não ser a Verdade de amanhã.
Pesquisador eterno, o maçom faz jus à deno-
minação de filho da Luz.”
Quem quer que se empenhe na dura obra do
Não tem por objetivo fazer conhecer, ou seu aperfeiçoamento espiritual deve penetrar
soas perfeitas, mas por aqueles que entendem
difundir uma verdade ou verdades contingen- no âmago do seu ser, com o propósito sincero
que precisam se aperfeiçoar, e por isso lhe
tes ligadas a objetivos finitos, apreensíveis por de encontrar e eliminar todas as imperfeições
batem à porta. Estamos a todo instante identi-
laços de causalidade. A sua meta visa Verdade por ventura encontradas. E elas certamente
ficando aspectos de nossa personalidade que
Infinita sem pretender a sua posse, embora não serão poucas. Este caminho a percorrer
poderão ser aprimorados. Esse será o eterno
oferecendo elementos e meios para que a ela haverá de levá-lo à descoberta da Pedra Filo-
lapidar de nossa pedra. Quando falamos que a
possa ter acesso. É mais um convite à pesquisa sofal ou Pedra Polida; que é o princípio, a Cen-
Maçonaria, antes de tudo é uma Escola de Ini-
que a revelação sistemática do resultado das telha Divina que repousa viva dentro de cada
ciação, é porque, como tal, visa, através de
pesquisas. E este esforço ao qual a Maçonaria um de nós. Quando nascemos, trazemos algu-
seus ensinamentos e da “séria conduta de seus
convida, pelo infinito de sua meta, é ele mas características genéticas que podem nos
membros”, iniciar uma ação de preparação da
mesmo infinito. Abarca inteiramente toda a predispor a desenvolvermos certas doenças ou
personalidade (parte material - lapidar da
vida do indivíduo.” aptidões intelectuais. Entretanto, nosso cará-
pedra bruta), a fim de que aflore a individuali-
Se, porém, analisar as fases desses ensina- ter é uma folha de papel em branco, na qual irá
dade (parte espiritual), o despertar do Mestre
mentos, encontram-se nestes, verdadeiros sen- aos poucos sendo impresso tudo aquilo que
Interno de cada um. É no operoso desbastar
tidos esotéricos, buscando o crescimento espi- nos for transmitido. O bem ou o mal não exis-
da Pedra Bruta que se descobre o poderoso ser
ritual de todos que passaram pelo processo da tem em si mesmos, intrinsecamente. Eles
que existe dentro dá cada um. O ser humano é
iniciação. Observa-se o que se descobre quan- serão desenvolvidos de conformidade com o
capaz de grandes realizações, porém, é neces-
do se penetra nesse mundo obscuro de mistéri- meio, com os hábitos desenvolvidos, práticas
sário que busque despertar dentro de si o poder
os quando se é iniciado. ou costumes, através da educação recebida no
existente. Somente com estudo e perseveran-
Portanto, o cidadão iniciado deve ser sem- lar e da educação formal. Só mais tarde adqui-
ça poderá construir esse novo homem que
pre um exemplo de comportamento humano, rimos um nível de consciência capaz de dis-
vive escondido dentro das asperezas do seu
praticando com esmero, a justiça, a caridade, a cernir ou escolher entre o que seria o bem ou o
íntimo. Com certeza será um novo obreiro a
honestidade, a fraternidade, o respeito, a tole- mal, de conformidade com o que tenha sido
trabalhar conscientemente para a melhoria do
rância, a compreensão, o amor, etc. Somente impresso na folha de papel de que falamos. A
gênero humano, pregando a paz e a concórdia
com essas virtudes poderá angariar a confian- tendência natural é preponderar o que tenha
dentro do seio da Maçonaria, “levantando
ça e a credibilidade dos seus irmãos maçons e maior peso em nosso aprendizado.
Templos a virtude e cavando masmorras aos
dos irmãos em espirito, cumprindo o propósi-
vícios.” De nada adianta descobrirmos que em
to de sua iniciação. É nesse sentido que todo >>>>>
nosso interior há uma pedra bruta, se essa
O Malhete
De princípio, uma visão do simbolismo da
Câmara de Reflexão. Quando o Candidato é
recolhido a Câmara de Reflexão, simbolizan-
do a Terra, a qual, por sua vez, representa a
materialidade. Nessa fase inicial da Iniciação,
espera-se que o isolamento em que vai se
encontrar, a atmosfera que nela existe e os
objetos que nela se encontram, concorram
para levá-lo a novas descobertas a proporcio-
nar-lhe ensinamentos que o faça recuar sobre
si mesmo. O choque de espirito contra a super-
fície refletora da Câmara há de levá-lo a exa-
minar suas ideias, a compará-las e, deste pro-
cesso, há de resultar certamente um pensa-
mento novo.
Por seu isolamento e suas paredes negras, a
Câmara de Reflexão representa um período de
escuridão e de maturação silenciosa da alma,
por meio da meditação e da concentração em
si mesmo, período que prepara o verdadeiro
progresso, efetivo e consciente, que se mani-
festará posteriormente, à luz do dia. A passa-
gem pela Câmara de Reflexão mostra ao Pro-
fano que tinha chegado o momento de morrer
para o vício, para as paixões, para os precon-
ceitos e para os maus costumes. Para ele com-
preender que diante da morte desaparecem o
orgulho e a ambição, e que de nada valem o
poder e as riquezas do mundo. A permanência
do recipiendário nessa Câmera representa o
período de gestação do Maçom, pois, ao mor-
rer para o mundo profano, ele prepara sua
mente e seu espirito para o nascimento de um
novo homem e de uma nova vida.
Maçônica-mente, temos somente “uma ini-
ciação” mas, espiritualmente, é dentro de nós
mesmos, no mundo espiritual interior, a cada
dia, uma nova Iniciação nos aguarda. Como a
luz do Sol, em cada hemisfério, a cada dia res-
surge, assim em nós, a cada dia, a cada
momento, a Nova Criatura adquire novas pers-
pectivas, para lançar aos mundos (material e
espiritual) os frutos sazonados e úteis.
Essas são as fundações interiores que o
Homem terá que consolidar, para que possam
manifestar-se no exterior, no mundo material,
com todo o sucesso que se pretende atingir
neste plano de vida. As Ordens sendo institui-
ções, são edificadas no mundo material –
pórticos de matéria para o espírito, por isso,
necessitam de homens renovados, pois só des-
ses se espera a sua manutenção e evoluções
futuras!
Nunca esquecer que a Maçonaria molda o
homem para ser J e P, portanto, o amor, a soli-
dariedade, a fraternidade, a justiça e a carida-
de devem ser as virtudes que embelezam sua
natureza humana se contrapondo aos vícios
Junho 2021 21
que denigrem e alvitram o seu ser. Numa refle-
xão a parte, deve lembrar o Maçom que o ceri-
monial da iniciação é um ato sagrado, início
da construção do templo interior de cada inici-
ado, daí a responsabilidade de cada Loja em
dispensar a devida atenção ao desempenho da
ritualística, procurando dar o verdadeiro sen-
tido Espiritual ao sublime processo iniciático.
Para analisar o verdadeiro sentido místico
que norteia a Maçonaria, necessário se faz
entender o crescimento interior, preparando-
se para o trabalho de lapidação de seu EU inte-
rior.
“O maçom procura sua própria “essência”,
que é de ordem ontológica (conhecimento de
si e Deus), na exaltação das virtualidades divi-
nas que nele existem como em todos os
homens”. É exatamente isso que deve o
maçom procurar sua “essência” para ser um
Iluminado e, ser também, tocado pela graça do
Grande Arquiteto do Universo.
_________________________________
(*)
22 Junho 2021 O Malhete

O MAÇOM VAIDOSO E ARROGANTE

Por Ir.’. Rubens Carlos de Oliveira(*)

B aixa autoestima e complexo de inferio-

ridade. Nenhum ditador provocou ou
vem provocando tanto dano à Maçona-
ria quanto o maçom vaidoso, esse sapador inve-
terado, esse Cavalo de Tróia que a destrói por
dentro, sem o emprego de armas, grilhões, fer-
ros, calabouços e leis de exceção. Ele é indiscu-
tivelmente o maior inimigo da Maçonaria, o
mais nefasto dos impostores, o principal des-
truidor de lojas. Ele é pior do que todos os fal-
sos maçons reunidos porque se iguala a eles em
tudo o que não presta e raramente em alguma
virtude. Uma característica marcante que se
nota nesse tipo de maçom, logo ao primeiro con-
tato, é a sua pose de justiceiro e a insistência
com que apregoa virtudes e qualidades morais
que não possui. Isso salta logo à vista de qual-
quer um que comece a comparar seus atos com
as palavras que saem da sua boca. O que se vê
amiúde é ele demonstrar na prática a negação
completa daquilo que fala, sobretudo daquilo
que difunde como qualidades exemplares do
maçom aos Aprendizes e Companheiros, os
quais não demora muito a decepcionar. Vaidoso
ao extremo, para ele a Maçonaria não passa de
uma vitrine que usa para se exibir, de um carro
de luxo o qual sonha um dia pilotar. E, quando
tem de fato esse afã em mente, não se furta em
utilizar os meios mais insidiosos para tentar
alcançá-lo, a exemplo do que fazem nossos polí-
ticos corruptos.
Narcisismo em um dos extremos, e baixa do que o seu êmulo sem instrução. Ávido cole- são verdadeiros; são cúmplices, comparsas,
autoestima no outro, eis as duas principais cionador de medalhas, títulos altissonantes e associados e gente que dele se acerca na espe-
características dos maçons vaidosos e arrogan- metais reluzentes, esse maçom é uma criatura rança de obter alguma vantagem. E nisso se
tes. No crisol da soberba em que vivem imer- pedante e intragável, que todos querem ver dis- insere a mulher com a qual vive fraudulenta-
sos, podemos separá-los em dois grupos distin- tante. No fundo ele também é um ser que se mente. Todos os que o rodeiam, inclusive ela,
tos, porém idênticos na maioria dos pontos: os sente rejeitado; sua alma é um armário de cave- estão prontos a meter-lhe um merecido chute
toscos ignorantes e os letrados pretensiosos. iras e a sua mente um antro habitado por fantas- no traseiro tão logo os laços de interesse que os
Por serem desprovidos do talento e dos atribu- mas imaginários. Julgando-se o centro do Uni- unem sejam desfeitos. O seu casamento é um
tos intelectuais necessários para conquistarem verso, na Maçonaria ele obra para que todas as teatro de falsidades e o seu lar um armazém de
posição de destaque na sociedade, eles ingres- atenções fiquem voltadas para si, exigindo ser conflitos. Raramente familiares seus são vistos
sam na Maçonaria em busca de títulos e galar- tratado com mais respeito do que os Irmãos que em nossas festas de confraternização. Quando
dões venais, de fácil obtenção, pensando com atuam em áreas profissionais diferentes da dele. aparecem, em geral contrariados, não conse-
isso obter algum prestígio. Na vida profana, Pobre do Irmão mais jovem e mais capacitado guem esconder as marcas indeléveis de infelici-
não conseguem ser nada além de meros servi- que cruzar o seu caminho, que ousar apontar- dade que ele produz em seus rostos. Em sua mar-
çais, de mulas obedientes que cedem a todos os lhe uma falta, que se atrever a lançar- lhe no cha incessante em busca de distinções sociais
tipos de chantagem. Por isso, fazer parte de rosto uma imperfeição sua ou criticar o seu habi- que supram a sua insaciável necessidade de
uma instituição de elite (isso mesmo, de elite!) tual pedantismo! O seu rancor se acenderá auto- auto-afirmação, é comum vermos esse garim-
como a Maçonaria produz neles a ilusão de maticamente e o que estiver ao seu alcance para peiro de metais de falso brilho farejando outras
serem importantes; ajuda a mitigar um pouco a reprimi-lo e intimidá-lo ele o fará, inclusive organizações de renome, tais como os clubes
dor crônica que os espinhos da incompetência e lançando mão da famosa frase, própria do sel- Lyons e Rotary, e gastando nessas corridas
da mediocridade produzem em suas personali- vagem chefe de bando: “Sabe com quem está tempo e dinheiro que às vezes fazem falta em
dades enfermas. O segundo em quase tudo se falando!!!” Desse modo, ele acaba externando seu lar. A Maçonaria, que tem a função de
equipara ao primeiro, porém com algumas notá- outra vil qualidade, que caracteriza a personali- melhorar o homem, a sociedade, o país, e a famí-
veis exceções. dade de todo homem arrogante: a covardia. lia, acaba assim se convertendo em uma fonte
Capacitado e instruído, em geral ele é uma O número de Irmãos que detesta ou despreza de problemas para os seus familiares; e ele, em
pessoa bem sucedida na vida. Sofre, porém, esse tipo de maçom é condizente com a quanti- uma fonte de problemas para a Maçonaria.
desse grave desvio de caráter conhecido pelo dade de medalhas que ele acumula na gaveta ou >>>>>
nome de “Narcisismo”, que o torna ainda pior usa no peito. Na vida profana, seus amigos não
O Malhete
Um volume inteiro seria insuficiente para cata-
logar os males que esse inimigo da paz e da harmo-
nia pratica, este bacilo em forma humana que des-
trói nossa instituição por dentro, qual um cancro a
roer-lhe as células, de modo que limitar-nos-emos
a expor os mais comuns. Incapaz de polir a Pedra
Bruta que carrega chumbada no pescoço desde o
dia em que nasceu, de aprimorar–se moral e inte-
lectualmente, de lutar para subtrair-se das trevas
da ignorância e dos vícios que corrompem o cará-
ter; de assimilar conhecimentos maçônicos úteis,
sadios e enobrecedores, para na qualidade de Mes-
tre poder transmiti-los aos Aprendizes e Compa-
nheiros, o que faz o nosso personagem? Simples-
mente coloca barreiras em seus caminhos, de
modo a retardar-lhes o progresso! Ao invés de estu-
dar a Maçonaria, para poder contribuir na forma-
ção dos Aprendizes e Companheiros, de que modo
ele procede? Veda a discussão sobre assuntos com
os quais deveria estar familiarizado, fomentando
apenas comentários sobre as vulgaridades supér-
fluas do seu cotidiano!
Ao invés de encorajar o seu talento, de ressaltar
suas virtudes e estimular o seu desenvolvimento, o
que faz ele? Procura conservá-los na ignorância de
modo a escamotear a própria! Ao invés de defen-
der e ressaltar a importância da liberdade de
expressão e da diversidade de opiniões para a evo-
lução da humanidade, como ele age? Censura arbi-
trariamente aqueles cujas idéias não estejam em
harmonia ou sejam contrárias às suas! Ao invés de
fomentar debates dos temas de importância singu-
lar para o bem da loja em particular e da Maçona-
ria em geral, como age ele? Tenta impedir a sua
realização por carecer de atributos intelectuais que
o capacitem a participar deles! E, nos que rara-
mente promove, como se comporta? Considera
somente as opiniões daqueles que dizem “sim” e
“sim senhor” aos seus raramente edificantes proje-
tos! Tal como o maçom supersticioso, esse infeliz
em cujo peito bate um coração cheio de inveja e
rancor nutre ódio virulento e indissimulado pela
liberdade de expressão, que constitui um dos mais
sagrados esteios sobre os quais repousam as insti-
tuições democráticas do mundo civilizado, uma
das bandeiras que a Maçonaria hasteou no passado
sobre os cadáveres da intolerância, da escravidão e
da arbitrariedade.
Dos atos indecentes mais comumente pratica-
dos por esse falsário, o que mais repugna é vê-lo
pregando “humildade” aos Irmãos em Loja, em
particular aos Aprendizes e Companheiros, cober-
to da cabeça aos pés de fitões, joias e pendurica-
lhos inúteis, qual uma árvore de natal. Outro é
vê–lo arrotando, em alto e bom som, ter “duzentos
e tantos anos de Maçonaria” e exibindo o corres-
pondente em estupidez e mediocridade. O terceiro
é vê-lo trajando aventais, capas, insígnias, cha-
péus e colares, decorados com emblemas que lem-
bram tudo, exceto os compromissos que ele assu-
miu quando ingressou em nossa sublime e vene-
randa instituição. Cego, ignorante e vaidoso,
nosso personagem não percebe o asco que provo-
ca nas pessoas decentes que o rodeiam. Como já
foi dito, a Maçonaria serve apenas de vitrine para
ele. Como não é possível permanecer sozinho den-
tro dela sem a incômoda presença de outros
impostores – os quais não têm poder suficiente
para enxotar – ele luta ferozmente para afastar
todo e qualquer novo intruso, imitando alguns ani-
mais inferiores aos humanos na escala zoológica,
que fixam os limites de seus territórios com os
odores de suas secreções e não toleram a presença
de estranhos. Qualquer Irmão que comece a bri-
lhar ao lado dessa criatura rasteira é considerado
por ela inimigo. A luz e o progresso do seu seme-
Junho 2021 23
lhante o incomoda, fere o seu ego
vaidoso. Por esse motivo tenta obs-
taculizar o trabalho dos que que-
rem atuar para o bem da Loja; por
isso recusa-se a transmitir conhe-
cimentos maçônicos (quando os
possui) aos Aprendizes e Compa-
nheiros, sobretudo aos de nível
intelectual elevado, ou os ministra
em doses pífias, para que futura-
mente não sejam tomados como
exemplos e ofusquem ainda mais a
sua mediocridade.
Um maçom exemplar, íntegro,
que cumpre rigorosamente os com-
promissos que assumiu quando
ingressou em nossa Instituição,
não raro converte-se em alvo de
suas setas, pois seus olhos míopes
não conseguem ver honestidade
em ninguém; sua mente estragada
o interpreta como potencial “con-
corrente”, que nutre interesses
recônditos semelhantes aos seus.
O maçom arrogante mal conhece o
significado de nossas belas e sim-
ples alegorias. Se as conhece, as
despreza. Sua mente acha-se preo-
cupada unicamente com o sucesso
de suas empreitadas, em encontrar
quando é chamado para arengar em um tablado
maneiras de estar permanentemente ao lado das
representando a Maçonaria! Note a pontualidade
pessoas cujos postos ambiciona. Fama e poder são
com que chega na passarela onde vai desfilar e ser
os seus dois únicos objetivos, tanto na vida maçô-
fotografado com os seus paramentos. Observe
nica, como na profana. As palavras Liberdade,
como ele fica cheio de si quando é agraciado com
Igualdade e Fraternidade, que compõem a Trilogia
uma rodela de lata qualquer ou vê o seu lindo rosto
Maçônica, não fazem parte do seu vocabulário, e
estampado nas páginas de alguma revista maçôni-
com frequência é visto pisoteando os valores que
ca! Perceba como se curva aos pés dos que têm
elas encerram.
mais prestígio e poder do que ele! Note como ele
A história, a filosofia e os objetivos de nossa
os bajula!
Veneranda Instituição não lhe despertam o menor
Esse prevaricador vagabundo não trabalha e
interesse, pois é frio, calculista, e não tem sensibi-
não deixa os outros trabalharem para não ter de
lidade nem conhecimento para compreendê-los e
arregaçar as mangas também. Quando se mete a
assimilá-los. Ele é diametralmente oposto ao que
ministrar instruções aos Aprendizes e Companhe-
deve ser o maçom exemplar, em todos os porme-
iros ele o faz de modo precário, sem estar familia-
nores. É a antítese de tudo o que a Maçonaria apre-
rizado com elas. Raramente sabe responder ques-
goa e deseja de seus membros: uma criatura vil e
tões que os Irmãos lhe dirigem. Tergiversa sempre
rasteira que semeia a discórdia, afugenta bons
com a mesma resposta: É preciso pesquisar! Ele
Irmãos, e termina por destruir ou fragmentar a
não faz nada porque não sabe fazer nada, não quer
Loja (ou Lojas), resultado às vezes de anos de tra-
aprender nada, e no íntimo não gosta da Maçona-
balho árduo, caso ela teime em não se colocar sob
ria e não ama seus irmãos! Nossas “reuniões” são
a sua batuta ou se mostre contrária às suas aspira-
para ele um fardo. Nas vezes que comparece em
ções egoístas.
Loja, exige ser ouvido e jamais dá atenção ao que
A insolência desse tipo de maçom – e também o
falam os demais, obrando para que a sua palavra
asco que destila –, vai crescendo conforme ele vai
sempre prevaleça nas decisões a serem tomadas.
“subindo” nos altos graus (ou graus filosóficos),
Quando o seu nome não consta na Ordem do Dia –
lixo maçônico fabricado por impostores no passa-
o que significa que não terá a oportunidade de
do unicamente para explorar a estupidez e a vaida-
exibir a sua hipocrisia ou arengar as suas impostu-
de de homens como ele. Sentindo-se importante
ras –, retira-se antes da “reunião” terminar ou,
por ter sido recebido em determinado grau, com a
quando permanece, o faz com o olhar fixo no reló-
pompa digna de um rei, ele passa a considerar-se
gio. Campeão em faltas e em delitos, quando esse
superior aos Irmãos de graus “inferiores”, em par-
falso maçom comparece à loja ele o faz para dar
ticular aos Aprendizes e Companheiros, ignoran-
palpites indevidos, censurar tudo e todos, propor
do o que reza o segundo Landmark, que estabelece
projetos mirabolantes e soluções inconsistentes
a divisão da Maçonaria Simbólica em apenas três
com os problemas que surgem em nossas relações.
graus. Mas reservar um tempo para dedicar-se à
Jamais faz uso de críticas sadias e construtivas,
sua Loja, um momento para confraternizar com
aquelas que apontam erros e sugerem soluções
Irmãos íntegros e honestos, ler algo de útil que
para os mesmos.
possa servir de instrução a si e aos demais, essas
_____________________________________
são as suas últimas preocupações.
O seu tempo disponível ele o reserva inteira- Esta Peça de Arquitetura, é de autoria
mente às festinhas fúteis, nas quais pode ser nota- do valoroso Ir.'. Rubens Carlos de Oliveira
do e lisonjeado, onde pode ajuntar-se a outros da A.'.R.'.L.'.S.'. Trabalho e Fraternidade
maçons falsos e vulgares, prontos para enterrar- Nº 06 Or.'. de Cuiabá-MT
lhe um punhal nas costas na primeira oportunida-
de que surgir. Perceba o leitor com que velocidade Fonte: Blog Cavaleiros do Templo
esse “Irmão” deveras atarefado arruma tempo
24 Junho 2021 O Malhete

A Escola de Atenas (fragmento), de Raphael Sanzio

AMANTES DA SABEDORIA NA IDADE DA INTERNET

Por Francisco Ariza
ro sacrilégio), com a consequente mudança
climática e destruição ou enfraquecimento de
delicados ecossistemas.
Mas há também outras "pandemias" para
cuja disseminação a globalização e os meios
tecnológicos que a sustentam contribuem deci-
sivamente; É o caso do "revisionismo" históri-
das novas tecnologias, em seu leque cada vez
mais amplo de especializações. Em última aná-
lise, trata-se de desprezo pela cultura, uma pala-
vra que não esquecemos vem de “cultivo”,
entende-se que é o cultivo da nossa melhor
semente. É mais um exemplo da injustiça exer-
cida contra o humano pela mentalidade artifi-

L eviathan, o monstro bíblico representan- co e costumeiro, ao qual se acrescenta o purita- cial do "transumanismo", que já está gover-
te do Caos, sofreu uma mutação e se tor- nismo hipócrita do "politicamente e moral- nando "este" mundo.
nou definitivamente global. Isso só pode- mente correto". Por que esse esforço de mer- A Nova Inquisição, cheia de relativismo e
ria acontecer no "reino da quantidade", como gulhar nas entranhas da História para acomo- falsa superioridade moral, tenta encurralar a
René Guénon definiu nosso mundo hoje em dar nossos gostos e critérios atuais? Por que memória dos séculos no armazém do esqueci-
uma de suas obras mais conhecidas ( O reino não o consideramos da perspectiva de um Cíce- mento e, inevitavelmente, uma enorme onda
da quantidade e os sinais dos tempos ), e que é ro, por exemplo, que afirmava que a História é de infantilidade estúpida e mesquinha percorre
de fato a principal causa de muitos problemas a luz da verdade, a vida da memória e a mestra o mundo inteiro como um tsunami. Porém,
que atualmente sofremos. Temos isso diante da vida? Sendo um professor de vida, de Histó- nada é por acaso, e é melhor perguntar quem
de nós, mas preferimos esconder nossas cabe- ria, claro que temos que aprender com os “er- são os que movem esses fios, e quem são os
ças no subsolo como o avestruz, mas o mons- ros” cometidos pelos homens ao longo dos que pretendem apagar a nossa memória, con-
tro ainda está lá, e crescendo. séculos, mas também com seus acertos, mas se frontar as gerações entre si e cada um consigo
No ano 2000, a população mundial era de 6 for “revisado” à conveniência ideológica de mesmo, valorizando as suas misérias e subesti-
bilhões, e 20 anos depois aumentou em 1,7 nossa “tribo” Em particular, seja o que for, o mando suas virtudes. Mas aqueles que, consci-
bilhão, ou seja, a cifra atual é de aproximada- que vamos aprender com isso? E o que vamos ente ou inconscientemente, estão causando a
mente 7.700 milhões de seres humanos, e se retificar se acreditarmos que nossa época é o divisão e desintegração da humanidade, uni-
seu crescimento é contínuo segundo leis mate- melhor de todos os mundos possíveis? Com os dos àqueles que buscam por meio da "inteli-
máticas precisas, quantos haverá milhões de quais cometeremos erros idênticos, embora gência artificial" guiá-la para um mundo distó-
habitantes em mais 20 anos? O planeta pode com colares diferentes, e estes, também devi- pico e brutal, eles próprios não são movidos,
suportar considerando que os conflitos atuais do à globalização, continuarão a se espalhar sem saber, por outros mais fios sutis,
por causa da superpopulação aumentarão na pelo planeta.
mesma proporção? A isso se juntou a pande- O mesmo se pode dizer do estudo das huma- >>>>>
mia do coronavírus, consequência da explora- nidades, que tende a ser ignorado nos planos de
ção descontrolada da Mãe Terra (um verdadei- estudos de praticamente todos os países a favor
O Malhete
II
Alguns filósofos gregos, familiarizados com as
leis cíclicas (como Platão), afirmavam que "tudo
no cosmos conspira", o que significa que o coman-
do da Grande Máquina do Mundo, nas mãos dos
mensageiros divinos, são chamados de anjos ou
deuses intermediários , é tomada em um dado
momento por aquelas outras entidades que são seu
reverso escuro e tenebroso (os demônios ou os
deuses do submundo), cuja missão ao final de um
grande ciclo, e de acordo com sua natureza, con-
siste justamente em ir desmontando peça por peça.
Essa "conspiração" também pode ser vista como
um grande jogo de xadrez jogado pelos Devas e
pelos Asuras., os deuses e demônios hindus; É
sobre o “jogo cósmico”, ou o “panludo”, como já
apontou Federico González [1] e onde os Asuras
agora dominam, que se sentem à vontade porque
os seres humanos se esqueceram de invocar os
poderes superiores. Vivemos nesta época de demo-
lição.
Onde está a origem de tudo isso?, Podemos nos
perguntar. As origens são várias, mas há uma em
particular que "encheu o copo" de bobagens. A
certa altura, por volta do século XVII, surgiram os
"pensadores" (recusamos chamá-los de "filóso-
fos") e cientistas racionalistas, criadores de uma
"nova fé", a do "progresso indefinido", uma dessas
modas. que acabou se espalhando por toda parte,
como se aquele "progresso" fosse uma lei inexorá-
vel e não o resultado de uma concepção linear ilu-
sória do tempo, que é cíclica e sujeita a uma rege-
neração perene, que entre outras coisas não permi-
te nada menos que a manutenção do a verdade é
que em nenhum momento da história tal coisa foi
concebida. A existência humana, como a natureza
e o cosmos, que a rodeia, Eles obedecem aos flu-
xos e refluxos, aos altos e baixos, porque esse é o
ritmo e a batida de um Coração onipresente com o
qual todos os corações e seres vivos do Universo
estão em ritmo. "Nada em excesso" também dizi-
am os filósofos da antiguidade. Nem progresso
nem regressão indefinida, mas sim uma sábia
combinação de ambos, porque nesse equilíbrio
está o segredo das sociedades que vivem de acor-
do com o Dharma ou Norma Universal.
Às vezes o progresso é conservador, outras
vezes regenerando o que é conservado e mudando
o que for necessário para adaptá-lo às novas con-
dições cíclicas e temporárias. Três civilizações
arcaicas como China, Mesopotâmia ou Egito,
entre muitas outras, estavam nesse "segredo".
Cada um deles dura milhares de anos, enquanto a
nossa, a civilização moderna (incluindo a pós-
moderna), mal ultrapassou os trezentos. Nessas
civilizações, com a chegada de uma nova dinastia
que poderia durar várias centenas de anos, tudo o
que precisava ser renovado foi renovado, mas o
que era necessário foi preservado. , isto é, o imutá-
vel, a força-ideia essencial daquela civilização,
que estava ligada às suas origens míticas e sagra-
das. Para que vejamos a enorme diferença de men-
talidade que nos separa deles, a sua ideia de "pro-
gresso" consistia em olhar para as suas origens
intemporais, o "regresso às fontes" para guardar a
memória e a realidade daquelas ideias vivas força
dentro da cosmovisão renovada [2]. Devemos ter
em mente que essas sociedades eram governadas
pelos mais sábios e por sacerdotes-reis, que sabi-
am ler os "sinais de seu tempo" e estavam em
comunicação permanente com os deuses e os des-
tinos do destino. De tudo isso podemos concluir
com o que já disseram os mestres medievais da
Escola de Chartres:
III
Conseqüentemente, seria um grande erro de
nossa parte entregar à
"inteligência artificial"
a categoria criadora que
dentro da ordem cósmi-
ca pertence ao ser huma-
no porque se forma "à
imagem e semelhança"
do Macrocosmo. É evi-
dente que a humanidade
atual abandonou suas
funções, e que o espaço
foi ocupado pelo simu-
lacro daquela "inteli-
gência" deixada à pró-
pria sorte e sem contro-
le por sua já confessável
adoração idólatra. Por
isso, e mais do que nun-
ca, a Tradição e seus
valores perenes e eter-
nos é nossa Arca de sal-
vação, nosso castelo
interno, aquele espaço
que nos preserva das
"trevas exteriores" e
nos coloca em comuni-
cação com outras reali-
dades mais primitivas
de nossa vida. Cons-
ciência por não ser contaminado por esta vasta
profanação do humano e do sagrado que, Com
raras exceções, isso aconteceu durante o desen-
volvimento das teorias que criaram o mundo em
que vivemos. Mas acabar com esta enorme ilusão
não caberá a nós fazê-lo, mas sim àquele raio divi-
no de que fala São Mateus (24,27-28) nos seguin-
tes termos:
“Pois assim como o relâmpago vem do Oriente
e brilha no Ocidente, assim será a vinda do Filho
do Homem. Onde quer que o cadáver esteja, aí os
abutres se reunirão. "
E o mesmo apóstolo nos lembra:
"Siga-me e deixe os mortos enterrarem seus
mortos." (Mateus 8:22).
Que é análogo a este outro versículo:
"Busque primeiro o Reino e sua justiça, e tudo
será dado a você além disso." (Mateus 6:33).
Na rede fala-se muito em “comunidades”,
então porque não uma “comunidade do Espírito”,
ou melhor, e para evitar mal-entendidos, uma “co-
munidade de Conhecimento”? Entendendo por
este o principal atributo da Sabedoria, que no
fundo nada mais seria do que um “encontro” no
espaço virtual da internet de pessoas ligadas única
e exclusivamente pelo seu interesse na Sabedoria,
sob as várias formas que assume , e sublinhamos
“cobre” visto que este termo conduz -nos a um dos
sentidos que o símbolo e seus veículos de conheci-
mento têm: o de "revelar", isto é, "desvelar" a Sabe-
doria de suas "roupas" para que ela se mostre a nós
em todo seu esplendor. O outro significado do
símbolo é "zelar", Zohar : "A sabedoria só é reve-
lada para aqueles que a amam." E os amantes da
Sabedoria são, é claro, os verdadeiros filósofos no
sentido genuíno e primordial da palavra Filosofia
("amor à Sabedoria"), que é o mesmo, em essên-
cia, como aquele fornecido pelos ensinamentos
das diferentes tradições culturas do Oriente ou de
qualquer lugar da Terra.
“Cada um na sua casa e Deus na sua” poderia
ser o lema identificador dessa genuína comunida-
de. Mas não é necessário, porque de fato é exata-
mente isso que a Internet facilita, que é dual, como
tudo o que se manifesta, ou seja, pode servir de
veículo tanto para o construtivo quanto para o des-
trutivo. Mas o que é interessante ressaltar é que
Junho 2021 25
Platão
graças a esta “ferramenta” estamos conectados
com pessoas que sem ela certamente não teriam a
oportunidade de compartilhar nossas inquietações
e experiências no caminho do Conhecimento. Os
amantes da sabedoria veem a Internet como a nova
praça pública socrática, um ponto de encontro de
vontades que exercem sua liberdade de pensamen-
to. Embora às vezes nos desviemos devido a uma
distração, tentamos voltar aos trilhos com toda a
boa vontade possível.
Quer queiramos ou não, somos filhos de nosso
tempo, e sempre em qualquer época e circunstân-
cia o "buscador da Luz" teve que usar as ferramen-
tas que o século ofereceu. Mas isso não significa
que comuniquemos com "rodas de moinho". Na
perspectiva dos “amantes da Sabedoria”, ser inter-
nauta é antes de tudo navegar num espaço que é
verdadeiramente o da nossa alma, pois nele está
presente todo o nosso ser. Se o Cosmos é uma enor-
me caixa de ressonância musical que reproduz os
acordes do diapasão divino como os verdadeiros
filósofos e mestres espirituais de todas as épocas,
inclusive a nossa, sempre apontaram, por que não
incorporar os herdeiros de seu legado àquela litur-
gia? Gaita com nossa própria canção, o resultado
de numerosas destilações alquímicas, e assim cola-
boramos,
O que mais somos nós, em suma, senão aquela
canção, aquela palavra que foi fecundada e portan-
to fecunda por sua vez, nosso verdadeiro nome, a
quintessência de nosso ser e a única semente que
deixaremos depositada na Arca que atravessa o "
águas "do mundo intermediário para chegar a uma
nova" Terra Prometida ", além deste Aeon que ter-
mina.
Notas
[1] Federico González Frías. A referência a
"panludo" está no início de seu romance épico
Defesa de Montjuïc para os Donuts de Barcelo-
na .
[2] Foi o que aconteceu precisamente no
Renascimento, palavra que se refere ao "renasci-
mento" do mundo clássico, da filosofia de Platão e
do Corpus Hermeticum em meados do século
XV.
Fonte: www.franciscoariza.com
26 Junho 2021
PARA UMA HIPÓTESE RECONSTRUTIVA DA TRADIÇÃO
por Antonio Binni (*)
H oje desejo entreter meus leitores com
o tema da Tradição, um assunto
geralmente mal interpretado, se não
mesmo pelos mais negligenciados, muitas
vezes levantado na esfera filosófica, e mesmo
crucial na Maçonaria Livre.
Sobre a polêmica questão, gostaria, por-
tanto, de oferecer algumas reflexões que não
me parecem inúteis. Nunca como neste caso
a etimologia da palavra é útil para enquadrar
e delimitar o assunto em análise. “Tradição”
deriva do verbo latino tradere que, na bela
linguagem de Dante, se refere literalmente ao
gesto de “transmitir”, de “entregar” direta-
mente. Isso implica e implica - como é evi-
dente - a existência de um remetente e de um
destinatário, bem como de um objeto trans-
mitido e entregue.
O remetente é constituído por gerações
passadas, comprometidas sobretudo com o
reconhecimento dos direitos universais e ina-
lienáveis de cada pessoa humana. A obriga-
ção da emissora é não renunciar à Tradição.
Nem para distorcê-lo sob o pretexto de fideli-
dade. A tradição será então tanto mais sólida
e duradoura quanto mais continuarmos a ensi-
nar e explicar seu significado. O objeto entre-
gue não é nostalgia do passado, ou, pior, culto
ao tempo perdido, nem repetição estéril de
palavras ou gestos.
O conteúdo da Tradição transferida é cons-
tituído por aquele complexo de experiências,
conhecimentos e valores que as gerações
anteriores passam para as posteriores. Depó-
sito de verdade que deve proteger do erro,
sarar das feridas, estar a serviço do cresci-
mento, um dom precioso porque a verdade só
pode ser única, portanto universal, de modo
que não pode ser reconhecida como sempre
válida e verdadeira.
É o fluxo dos ventos tumultuosos da histó-
ria que não para num ponto determinado,
chega ao presente, que atravessa para se
estender ao futuro. Processo ininterrupto de
uma viagem, muitas vezes acidentada, que
marca um desenvolvimento que, para ser
autenticamente tal, deve preservar tudo o que
o precedeu. A tradição, portanto, não é ape-
nas o fim de uma evolução, mas sempre tam-
bém um novo começo. O destinatário desta
transferência é constituído pelas gerações
presentes e futuras chamadas a compreender
os testemunhos do passado e a apropriá-los
como a verdade daquele humanum que une
homens e mulheres para além de toda a diver-
sidade cultural: verdades universais que
transcendem o tempo e o espaço. Reconec-
tar-se com a Tradição "requer uma grande
energia espiritual" (assim, B. RUSSELL, A
sabedoria do Ocidente, Milão, 1963, p. 169).
A partir desse perfil, como ensinou Goet-
he, a Tradição deve ser conquistada. A tradi-
ção, de fato, não se mantém pela espontanei-
dade intrínseca, mas pelo fato de seu conteú-
do continuar a ser disseminado no presente
por seus destinatários. A tradição preserva-se
essencialmente no ato educativo: é nesta
transmissão que mantém intacta toda a sua
força porque se torna capaz de responder a
novos desafios. Perder a tradição equivale a
dissipar a sabedoria do passado, a perder os
elevados ideais e valores profundos legados
pelas gerações passadas.
Tendo assim circunscrito o conceito, ainda
que brevemente, resta agora enfrentar o pro-
blema mais delicado e polêmico, a saber,
como a Tradição deve ser concebida. Neste
exame é necessário, antes de mais nada, men-
cionar esses pensadores - e são tantos! - que
gostaria de fazer uma varredura limpa dele.
Nesta perspectiva, a Tradição não seria de
facto mais do que uma galeria de supersti-
O Malhete
ções e usos arcaicos a serem abandonados em
nome do progresso e o presente, como único
ponto de referência, reavaliado a ponto de
considerar o passado como um alienação
autêntica. Perspectiva errada na raiz porque a
anulação da Tradição e do passado que a
transmite implica o abandono inadmissível e
intolerável da nossa origem e das nossas raí-
zes. No entanto, é preciso reconhecer que
hoje existe uma crise da devida Tradição.
Com Marx, Nietzsche e Freud prevalece
uma hermenêutica da suspeita, que passa a
considerar a Tradição não mais como media-
dora entre a realidade originária e o presente,
mas como opressão. Como uma espécie de
impedimento que, ao mesmo tempo que cris-
taliza o passado, ao qual se permanece preso,
não permite, ao mesmo tempo, liberar todas
as energias do presente. Essa, por exemplo, é
a posição defendida por Umberto Eco (em
conhecida conferência em abril de 1995, no
texto com o título original Il fascismo eterno
publicado pela última vez por La nave di
Teseo, 2017, aqui na página 34 e segs.) . Pros-
pecção, da qual nos permitimos discordar,
porque a herança do passado, longe de ser
reduzida a um méro impedimento, deve, pelo
contrário, dar frutos. Isso atesta que o presen-
te transferido não tem um significado negati-
vo nem mesmo limitador. A Tradição transfe-
rida deve, de fato, ser entendida em seu senti-
do positivo, visto que se abre para a verdade.
Em todo caso, esta tese é inequívoca porque
considerar a Tradição como elemento parali-
sante da criatividade do presente acaba por
expor o homem ao niilismo, isto é, nada, por-
que, quando se acredita na suposição de que
"Deus está morto", acaba inevitavelmente
por negar a existência de qualquer ancora-
douro seguro.
>>>>>
O Malhete
O mundo, e o homem que o habita, tornam-se
de fato pontos desprovidos de qualquer sentido,
restando apenas a "vontade de verdade". No
entanto, deve ser reiterado que a crise atual da
Tradição, como geral e global, tornou-se um dos
desafios espirituais mais radicais de nossa época.
Daí a escolha do tópico e das notas que se
seguem, esperançosamente pré-ordenadas para
uma configuração correta da Tradição. Por isso,
deve-se primeiro reconhecer que a Tradição, obje-
to de nossa análise, nasceu no contexto da cultura
greco-romana e ocidental. Circunstância que cria
uma dificuldade objetiva ex se, dado o fenômeno
do encontro generalizado de culturas e suas dife-
rentes tradições. Porém, este não é um fato insu-
perável, visto que a Tradição existente não é ape-
nas uma mediação entre o passado e o presente.
Hoje este compromisso se tornou uma condi-
ção para a própria sobrevivência da humanidade
em paz e liberdade. A tradição é a pedra que incor-
pora os valores humanos universais. Intrinseca-
mente coerente, é uma realidade viva e estável,
mas em um mundo em mudança, o que, antes de
mais nada, não exclui que novas interpretações
do legado possam surgir também em um período
posterior. Porém, o que é decisivo é o fato de que
a Tradição não deve ser considerada uma verdade
imutável a ser respeitada e repetida sem mudan-
ça. A Tradição é essencialmente História, que
mergulha na História, pelo que o presente molda
o passado com um empenho cansativo mas nobre,
visando completar a Tradição com novos contri-
butos originais,
Afinal, significa que, quando uma nova gera-
ção encontra a Tradição, ela a modela e remodela.
Nesse sentido, a Tradição é sempre nova, mas
permanece antiga em sua coerência íntima. Em
suma, a Tradição é verdadeira e autêntica apenas
na medida em que SE TORNA. Em conclusão,
entre todas as diferentes reconstruções possíveis
da Tradição, aquela que defendemos não é uma
Tradição estática, uma essência imutável, equi-
valente a uma estátua de mármore, uma espécie
de obstáculo do qual se pode despedir, mas uma
Tradição flexível e dinâmica que permite o
homem do presente a crescer e se desenvolver
plenamente no tempo em que vive, em vista de
um futuro mais rico à medida que se incrementa
com as novas contribuições do presente, ainda
que simplesmente por meio de novas interpreta-
ções do passado. A fidelidade à tradição deve,
portanto, ser uma fidelidade criativa. Quem não
venera as cinzas, mas trabalha para que a chama
não se apague.
Neste ponto, é bom nos despedirmos, lembran-
do, embora supérfluo, que tudo o que foi dito
sobre a Tradição geralmente se aplica, é claro,
também à Tradição Maçônica, que revela suas
Junho 2021 27
evidências mais marcantes e especialmente seu
significado mais profundo rituais celebrados na
comunidade da Loja. Também porque muitas
vezes é esquecido, convém finalmente lembrar
que, segundo os ensinamentos latinos, a Tradição
é única, primordial, hiperbórea. Única, porque se
manifestou no início de uma forma única e única.
Com a consequência de que as muitas tradi-
ções maçônicas existentes todas se originam
dessa única fonte e às vezes são ortodoxas apenas
na medida em que testemunham a única Tradição
que transmitem de acordo com outras formas.
Primordial, porque foi o primeiro - e único - a se
manifestar. Hiperbórea, porque sua origem está
localizada no Norte, onde o esplendor da Luz, o
reinado de Apolo, perdura mais no tempo. O múl-
tiplo é a manifestação do Princípio, o que o Um vê
quando se olha no espelho. Do ponto de vista
maçônico, a Tradição constitui, portanto, o cor-
dão umbilical que une o atual estado de manifes-
tação ao seu Princípio, de filho à mãe, ininterrup-
tamente.
____________________________________
(*) O Prof. Antonio Binni
é Grão-Mestre Emérito da GLDI,
Fonte: Civico20 News
28 Junho 2021 CULTURA O Malhete

Por Carlos Magno Monteiro Freitas(*)
fu Pai Mei (Gordon Liu). As cenas de lutas são
um espetáculo à parte.
Na obra que o tornou conhecido do grande públi-
co, Pulp Fiction – Tempo de Violência, os diá-
logos entre a dupla de assassinos Vicent Vega
(John Travolta) e Jules Winnfield (Samuel L.
Jackson), o primeiro um cético e o segundo um
o Primeiro-tenente Aldo Raine (Brad Pitt) é
encarregado de formar uma equipe de soldados
judeus-americanos para atuar atrás das linhas
inimigas na França ocupada. Shosanna, que
agora atende pelo nome de Emmanuelle Mimie-
ux, recebe a ordem de disponibilizar sua sala cine-
matográfica para a estreia dum filme de propa-
ganda nazista com a presença de todo o estafe do

Q uentin Tarantino é um dos meus diretores leitor fiel da Bíblia, são verdadeiras aulas sobre a
prediletos. Seus filmes, geralmente, são fragilidade e fugacidade da vida humana. Essas
reinterpretações de fatos históricos com discussões filosóficas se dão enquanto os perso-
um final, por assim dizer, feliz. Saímos do nagens estão em pleno desempenho de sua “pro-
primeiro escalão do então governo alemão,
inclusive o próprio Führer. Ela elabora um plano
para vingar sua família. A informação da estreia
do filme, com a presença da nata da administra-
cinema com a alma lavada e certos de que a justi- fissão”. ção alemã, chega aos ouvidos do Tenente Aldo
ça foi feita. Em suas películas, nada é de graça, Um tema recorrente em suas obras é o racismo Raine, também conhecido por “Aldo, O Apache”
nada está ali por acaso. Tudo tem uma mensagem americano. Em Django Livre, conta a história do pelo seu hábito de colecionar escalpos de solda-
subliminar atrelada. Seja uma fala, uma vesti- escravo Django (Jamie Foxx) na busca por dos inimigos. Ele elabora um plano para aprovei-
menta, um sorriso, um olhar, uma paisagem, uma encontrar e libertar sua amada Broomhilda, uma tar a oportunidade. Assistam e vejam que final…
música, tudo… Inclusive, recomendo ver os fil- escrava com nome alemão e que fala fluentemen- Em seu filme mais recente, Era Uma Vez Em...
mes várias vezes, sempre se descobre algo novo. te esta língua, essa é apenas uma das várias ironi- Hollywood, faz uma declaração de amor ao cine-
O primeiro que vi foi Kill Bill, I e II, a saga de as presentes no filme. Outra situação tragicômi- ma e dá um final feliz, pelo menos nas telas, à
Beatrix Kiddo em busca de vingança. Persona- ca, é a do escravo racista Stephen (Samuel L. história do brutal assassinato da atriz Sharon
gem vivido pela bela e talentosa Uma Thurman. Jackson) que age como se branco fosse. Na sua Tate, grávida de nove meses, pela “Família Man-
Ao descobrir que está grávida de Bill, chefe da luta, Django conta com a fundamental ajuda do son” em 1969.
gangue de assassinos Víboras Assassinas, Bea- Dr. King Schultz (Christoph Waltz), um caçador Estou ansioso para daqui há alguns anos ver o
trix resolve sair da gangue e mudar de vida. Mas de recompensas disfarçado de dentista. filme que, espero, Tarantino fará sobre a atual
Bill não se conforma e persegue até achá-la no Em Os Oito Odiados, passado nos anos após a Pandemia Mundial. Muito embora ele tenha dito
dia do seu casamento com um caipira, que resol- guerra civil de secessão americana (1861-1865), que está encerrando sua carreira de diretor. Espe-
ve assumir a filha nascitura, numa igrejinha em que opôs o norte abolicionista ao sul escravocra- ro que não, a bem da sétima arte.
uma cidade do interior dos EUA. Ali mesmo ocor- ta, apresenta a discriminação racial em toda sua
re um massacre perpetrado por Bill (David Car- perversidade. Mesmo após o fim da escravidão, a Vamos a todo custo e nunca a qualquer custo !!!
radine) e os demais membros da gangue: Vernita discriminação continuou sendo livremente prati-
Green (Vivica A. Fox), O-Ren Ishii (Lucy Liu), cada até meados da década de 1960 quando, (*)
Budd (Michael Madsen) e Elle Driver (Daryl enfim, foi proibida, pelo menos oficialmente.
Hannah). Ocorre que a personagem principal não Bastardos Inglórios conta duas histórias que
morre, fica quatro anos em coma e acorda com convergem para o mesmo fim numa sala de cine-
sede de vingança. Um a um, ela busca seus algo- ma da Paris ocupada pelos nazistas durante a
zes, sempre utilizando uma espada samurai “Hat- segunda guerra mundial. Shosanna Dreyfus (Mé-
tori Hanzo” feita especialmente para ela pelo len- lanie Laurent) é uma criança judia e única sobre-
dário cuteleiro. Todos os membros do Víboras vivente de sua família após um massacre. Ela
Assassinas foram treinados pelo Mestre do kung cresce e herda dos tios um cinema. Do outro lado,
 INAUGURAÇÃO DA BIBLIOTECA VIRTUAL DO GOB

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Olá meus irmãos.

O momento é de comemoração e a sensação de
estar no caminho certo. Um projeto sonhado, pla-
nejado e construído com muita atenção. Como
Secretário Geral de Educação e Cultura do Gran-
de Oriente do Brasil, tenho a honra de entregar aos
nossos irmãos a biblioteca virtual do GOB. Como
instituição quase bicentenária, o Grande Oriente
do Brasil inicia um dos maiores projetos de docên-
cia maçônica possivelmente da América Latina
com rico acervo maçônico em vários idiomas. A
biblioteca foi inaugurada neste dia 20 de maio com
mais de 3000 peças em PDF e uma série de outros
livros, documentos, artigos, teses, fotografias e
outros a serem inseridos com a biblioteca já dispo-
nibilizada a todos. A pesquisa poderá ser realiza-
da no Site do GOB. Na oportunidade, convido a
todos para acessar o Site, clicar em “SOBRE O
GOB” e acessar os conteúdos já disponibilizados
da EDUCAÇÃO CULTURA. Estamos construindo
um dos maiores portais da área de educação e cul-
tura maçônica do mundo com referências musica-
is para mestre de harmonia, informações sobre
nossos espaços físicos como museu e bibliotecas
e claro, agora com nossa biblioteca virtual. Esta- Fraternalmente,
mos trabalhando por todos os maçons brasileiros
com muito amor e dedicação à forma que a família Leonardo Augusto Reis
Gobiana merece porque a Gestão Múcio Bonifácio Secretário Geral de Educação e Cultura do Gran-
é o GOB JUNTO DE VOCÊ. de Oriente do Brasil
30 Junho 2021 O Malhete

A MAIOR VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO.

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