Anotações minhas para estudo sobre a Base Nacional Comum Curricular
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é produto de disputas e interesses
que já se evidenciava desde a constituição de 1988 na proposta de se definir um currículo comum a nível nacional. Aprovada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) em dezembro de 2017, a BNCC é um documento que dispõe sobre quais são as aprendizagens essenciais a serem desenvolvidas nas escolas brasileiras públicas e particulares de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, com o objetivo de garantir o direito à aprendizagem e ao desenvolvimento pleno de todos os estudantes. Com isso, teoricamente, a Base garante acesso e permanência à escola, de todas as crianças, adolescentes, jovens e adultos, permitindo-lhes um ensino de qualidade. Destaca-se aqui, os documentos que no percurso histórico da educação brasileira já apontam para a ideia de uma Base Nacional Comum: a Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCNEB) e o Plano Nacional de Educação (PNE).
Nesse sentido, a BNCC parte do princípio de que todos os estudantes
brasileiros precisam aprender as mesmas coisas, seus interesses e necessidades são comuns e de natureza totalmente previsíveis. A ideia de homogeneizar, como se isso fosse possível, sofre influência também na formação inicial e continuada de professores, na produção de materiais didáticos, nas matrizes de avaliação e nos exames nacionais. É, portanto, uma proposta que se sustenta na premissa de que um currículo comum garante educação de qualidade e essa é uma certeza que se distancia da democracia, pois cerceia o direito de expressão, deixa de fora o protagonismo e as identidades dos diferentes contextos de um país com dimensões continentais tão extensas e diversas.
Em meio às tensões e disputas, o debate sobre a construção de uma Base
Nacional Comum Curricular se intensifica, e em 2017 a BNCC é aprovada em sua última versão. De acordo com Macedo (2019, p. 40), “Durante o longo processo que culminou com a aprovação da BNCC para o ensino fundamental muitas foram as articulações políticas que buscaram hegemonizar sentidos para qualidade da educação”. Ainda segundo a autora, essas disputas e conflitos foram vividos em cenários de tensões por diversos atores.
A BNCC traz, portanto, a promessa de oferecer um ensino de qualidade e
assim a educação dará então um salto qualitativo de aprendizagem, não apenas no aspecto cognitivo, mas numa proposta de educação integral, que garante o ensino por competências, possibilitando o desenvolvimento pleno do indivíduo. Reside nessa promessa a ideia de que se houver um bom planejamento e tudo ficar alinhado e prescrito, haverá então a garantia de que todos aprenderão igualmente. No entanto, pensar sobre currículo vai além de eleger conteúdos e saberes, a ideia de homogeneização é falsa, as ações são submetidas a interpretações que são feitas a partir dos contextos ocupados em diferentes cenários e por quem interpreta. Na mesma perspectiva, Debord (2003, p. 31), refere que “Não é somente pela sua hegemonia econômica que a sociedade portadora do espetáculo domina as regiões subdesenvolvidas”. O conceito de espetáculo de Debord denuncia uma inconsciência social que se fundamenta no fato de que muitas vezes os atores sociais passam a ser meros espectadores de mercadorias que prometem fórmulas mágicas. Nesse aspecto, a implementação da BNCC chega para a educação como uma varinha de condão, que pelo fato de nela estarem prescritas as aprendizagens essenciais e as dez competências gerais, que consubstanciam, no âmbito pedagógico, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento, pode assim, garantir uma educação de qualidade. consultas on-line levadas à cabo pelo MEC; movimentos sociais; associações de classe e de pesquisa; fundações ligadas a conglomerados privados; think tanks; redes como o Todos pela Educação e o Movimento pela Base; e universidades são alguns dos muitos sujeitos envolvidos no debate. Não apenas qualidade, mas justiça social e equidade, se tornaram termos disputados por perspectivas críticas, plurais e distintas, e por discursos neoliberais de perfil técnico, também eles heterogêneos” (IDEM). A BNCC traz, portanto, a promessa de oferecer um ensino de qualidade e assim a educação dará então um salto qualitativo de aprendizagem, não apenas no aspecto cognitivo, mas numa proposta de educação integral, que garante o ensino por competências, possibilitando o desenvolvimento pleno do indivíduo. Reside nessa promessa a ideia de que se houver um bom planejamento e tudo ficar alinhado e prescrito, haverá então a garantia de que todos aprenderão igualmente. No entanto, pensar sobre currículo vai além de eleger conteúdos e saberes, a ideia de homogeneização é falsa, as ações são submetidas a interpretações que são feitas a partir dos contextos ocupados em diferentes cenários e por quem interpreta. Na mesma perspectiva, Debord (2003, p. 31), refere que “Não é somente pela sua hegemonia econômica que a sociedade portadora do espetáculo domina as regiões subdesenvolvidas”. O conceito de espetáculo de Debord denuncia uma inconsciência social que se fundamenta no fato de que muitas vezes os atores sociais passam a ser meros espectadores de mercadorias que prometem fórmulas mágicas. Nesse aspecto, a implementação da BNCC chega para a educação como uma varinha de condão, que pelo fato de nela estarem prescritas as aprendizagens essenciais e as dez competências gerais, que consubstanciam, no âmbito pedagógico, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento, pode assim, garantir uma educação de qualidade. É preciso entender que somente a participação efetiva do sujeito como autor de suas histórias, seja no campo do individual ou do coletivo, pode promover emancipação e garantir cidadania, pois de nada adianta alardear qualidade da educação e por outro lado promover ações com o objetivo de estancar a luta política, como se isso fosse possível.