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Carlos Airton Lalim Fontoura Sabedra


Luciana Machado Rodrigues
Tânia Regina de Souza

QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA


MARIA NO MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS

1ª Edição

Belém-PA

2020
4

https://doi.org/10.46898/rfb.9786599175114.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP).

Q23

Qualidade das águas do Rio Santa Maria no município de Dom Pedrito-RS


[recurso digital] / Carlos Airton Lalim Fontoura Sabedra, Luciana
Machado Rodrigues, Tânia Regina de Souza. -- 1. ed. 1. vol. -- Belém: Rfb
Editora, 2020.
3.280 kB; PDF: il.
Inclui Bibliografia.
Modo de acesso: www.rfbeditora.com.

ISBN: 978-65-991751-1-4.
DOI: 10.46898/rfb.9786599175114.

1. Águas. 2. Pesquisa. 3. Estudo.


I. Título.

CDD 711.8

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5

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Sumário
PREFÁCIO........................................................................................................................... 7

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 9

CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................... 13
2.1 Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria.................................................................... 14
2.2 A Soja ............................................................................................................................ 15
2.3 Análises de Qualidade da Água................................................................................ 24
2.4 Métodos para Investigação da Presença do Glifosato em Águas....................... 27

CAPÍTULO 3
MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................................. 29
3.1 Região de Estudo.......................................................................................................... 30
3.2 Procedimentos de Análises Físico-químicas das Amostras................................. 33
3.3 Métodos para Investigação da Presença do Glifosato em Águas....................... 36

CAPÍTULO 4
RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................... 39
4.1 Condutividade Elétrica, pH, STD, Índice de Turbidez e Oxigênio
Dissolvido............................................................................................................................ 40
4.2 DBO e DQO.................................................................................................................. 43
4.3 Espectrofotometria de Absorção na Região do UV-Vis ....................................... 44
4.4 Morfologia de Plantas Macrófitas Aquáticas.......................................................... 46

CAPÍTULO 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 51

REFERÊNCIAS................................................................................................................... 54
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
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PREFÁCIO

Este livro nasceu a partir da elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso do


então acadêmico de Engenharia Química, da Universidade Federal do Pampa (UNI-
PAMPA-Campus Bagé), Carlos Airton Lalim Fontoura Sabedra sob a orientação das
docentes deste curso de graduação, Luciana Machado Rodrigues e Tânia Regina de
Souza. A obra apresenta uma avaliação da qualidade das águas do Rio Santa Maria
em um trecho previamente definido, no município de Dom Pedrito, Rio Grande do
Sul. Sendo uma região com atividade predominantemente agropecuária, a presença
de lavouras de soja, é muito comum nas margens do Rio Santa Maria. Estas lavouras
comumente empregam fertilizantes e agrotóxicos, para o aumento da produtivida-
de e, com isso, podem promover a contaminação dos corpos d´água vizinhos. Por-
tanto, esta obra enfoca a realização de análises físico-químicas e espectrofotométricas
de amostras de águas coletadas no Rio Santa Maria, bem como um levantamento da
vegetação aquática desenvolvida nestas águas. Estas plantas aquáticas são um tipo
de bioindicadores da qualidade das águas naturais. Sabe-se que os fertilizantes cau-
sam o fenômeno da eutrofização das plantas macrófitas aquáticas, e os agrotóxicos,
principalmente, herbicidas como o glifosato, largamente empregado em lavouras de
soja, causam a intoxicação destas plantas, levando à sua rápida extinção. Para a exe-
cução deste trabalho foram realizadas coletas e análises de águas e plantas aquáticas
nas estações do ano de outono e primavera, as quais são as temporadas de cheias no
Rio Santa Maria, facilitando a realização do estudo. As amostras de águas analisadas
apresentaram valores de pH, sólidos totais dissolvidos, índice de turbidez e teor de
oxigênio dissolvido enquadrados nos requisitos da legislação ambiental para águas
doces classe I. Os resultados indicaram a possível presença de glifosato nas águas,
mas as concentrações detectadas estariam dentro dos níveis permitidos pela legislação
para águas naturais. Não foram detectadas plantas bioindicadoras nas margens do Rio
Santa Maria próximas às lavouras de soja, o que pode ser um indício de presença do
glifosato. Espera-se ter contribuído com a sociedade e a região do município de Dom
Pedrito e seu desenvolvimento, com este estudo sobre a qualidade das águas do im-
portante Rio Santa Maria.
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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
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B acia hidrográfica pode ser entendida como um conjunto de terras banhadas


por um rio principal e seus afluentes. A bacia hidrográfica do Rio Santa Ma-
ria (BHRSM) localiza-se na fronteira oeste do Rio Grande do Sul (RS) e pertence à bacia
hidrográfica do Uruguai (RIO GRANDE DO SUL, 2001). Engloba os municípios de
Rosário do Sul, Dom Pedrito, Sant’Ana do Livramento, Cacequi, São Gabriel e Lavras
do Sul. A área da bacia hidrográfica do Rio Santa Maria é de 15.754 km2, equivalente a
5,6% da área total do Estado do RS, e a população na área da bacia é de, aproximada-
mente, 250.000 habitantes (RIO GRANDE DO SUL, 2011).

As águas subterrâneas da BHRSM são utilizadas no abastecimento doméstico,


para irrigação de lavouras, e uso industrial (WANDSCHEER; SILVA; BERRO, 2004).
Os principais cursos de água na bacia são: os arroios Três Divisas, da Divisa, da Cruz e
os rios Santa Maria, Cacequi e Upamaroti. O Rio Santa Maria nasce à nordeste do mu-
nicípio de Dom Pedrito até dois quilômetros acima da ponte da BR 293 e desemboca
no rio Ibicuí (RIO GRANDE DO SUL, 2017).

Nesta região abrangida pela BHRSM ocorrem problemas decorrentes da dispo-


nibilidade insuficiente de água, para o abastecimento público e para agricultura, prin-
cipalmente na estação verão (RIO GRANDE DO SUL, 2001). Em função da escassez de
água existente na BHRSM foi criado o Comitê de Gerenciamento do Rio Santa Maria
em 1994, com a aprovação da Lei Estadual nº. 10.350/94 (RIO GRANDE DO SUL,
2011). A localização das lavouras, em região próxima às margens de corpos hídricos,
potencializa o risco de contaminação das águas, em razão das descargas naturais ou
do manejo das lavouras, exigindo medidas mitigadoras (MARCHESAN et al., 2010).

A poluição dos recursos hídricos superficiais causada pela humanidade nos di-
versos ecossistemas presentes no meio ambiente, está se tornando um fator agravante,
quando o assunto é abastecimento de água para a população. Pereira (2004, p. 23) afir-
ma que a “[...] poluição das águas é proveniente de praticamente todas as atividades
humanas, sejam elas domésticas, comerciais ou industriais.” Cada tipo de atividade
gera poluentes característicos que têm uma determinada implicação na qualidade do
corpo hídrico receptor.

Uma das principais fontes poluentes surge pelo emprego de agrotóxicos em la-
vouras. No Rio Grande do Sul (RS) agrotóxicos usados em cultivos de terras baixas,
via derivas e/ou escorrimento de água, principalmente da drenagem de arrozais ou
as plantações de soja, podem atingir os corpos hídricos, ao entorno ou a longas distân-
cias, via fluxo natural (BRASIL, 2017).

A intensificação dos sistemas de produção agrícola objetivando maior produti-


vidade, empregam produtos químicos como fertilizantes, herbicidas, fungicidas, que
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RODRIGUES, Luciana Machado.
SOUZA, Tânia Regina de.
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são lançados no meio ambiente (ANTONIOLLI et al., 2013). Só no ano de 2017 ocorreu
a venda de 539.944,95 toneladas de ingredientes ativos de agrotóxicos no Brasil, no
qual foram comercializadas 165.282,77 toneladas na região Sul, sendo 70.143,64 tone-
ladas no estado do RS, cerca de 13% do consumo nacional (BRASIL, 2018). Alguns dos
principais agrotóxicos utilizados em plantações agrícolas no estado do RS são o glifo-
sato, mancozebe, acefato, e sulfato de cobre.

O glifosato talvez seja o agrotóxico mais famoso do mundo, sendo o mais vendi-
do no Brasil. A soja, o milho e o algodão resistentes ao herbicida contribuíram ao setor
agrícola ampliar o uso do glifosato nas lavouras, multiplicando sua produção. O glifo-
sato também pode ser usado como dessecante, ou seja, o produto uniformiza o estágio
de desenvolvimento da lavoura e permite antecipar a colheita da soja. Por outro lado,
a segurança do glifosato para a saúde humana vem sendo questionada internacional-
mente, bem como a de outros agrotóxicos. Estudos associam o glifosato ao desenvolvi-
mento de câncer e outras doenças (DOMINGUES, 2019; MACHADO, 2016).

Esta obra surge tendo em vista a situação visualizada no município de Dom Pe-
drito-RS, banhado pelo Rio Santa Maria, onde ocorre intensa produção agrícola, de
soja e arroz. Propõe-se a investigação sobre a qualidade das águas do Rio Santa Maria,
no município de Dom Pedrito, avaliando-se possíveis contaminações por agrotóxicos
como, por exemplo, pelo glifosato.

Capítulo 1
INTRODUÇÃO
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CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
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MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
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2.1 Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria

A Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria (BHRSM) localiza-se na fronteira


oeste do Rio Grande do Sul (RS) e pertence à bacia hidrográfica do Uruguai
(RIO GRANDE DO SUL, 2001). Engloba os municípios de Rosário do Sul, Dom Pe-
drito, Sant’Ana do Livramento, Cacequi, São Gabriel e Lavras do Sul. A área da bacia
hidrográfica do Rio Santa Maria é de 15.754 km2, equivalente a 5,6% da área total do
Estado do RS, e a população na área da bacia é de, aproximadamente, 250.000 habi-
tantes (RIO GRANDE DO SUL, 2011). A BHRSM situa-se à sudoeste do Estado do Rio
Grande do Sul, entre as coordenadas geográficas 29°47’ a 31°36’ de latitude sul e 54°00’
a 55°32’ de longitude oeste (BRASIL, 2017), ilustrada na Figura 1.
Figura 1: Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria.

Fonte: Adaptado de RIO GRANDE DO SUL, 2006.


As águas subterrâneas da BHRSM são utilizadas no abastecimento doméstico,
irrigação de lavouras, e em segundo plano, na indústria (WANDSCHEER et al., 2004).
Os principais cursos de água na bacia são: os arroios Três Divisas, da Divisa, da Cruz e
os rios Santa Maria, Cacequi e Upamaroti. O Rio Santa Maria nasce à nordeste do mu-
nicípio de Dom Pedrito até dois quilômetros acima da ponte da BR 293 e desemboca
no rio Ibicuí (RIO GRANDE DO SUL, 2017).

Na região da BHRSM ocorrem sérios problemas decorrentes da disponibilidade


insuficiente de água, principalmente entre abastecimento público e irrigação do arroz e
lavouras de soja (RIO GRANDE DO SUL, 2001). A localização das lavouras, em região
próxima das margens de corpos hídricos, potencializa o risco de contaminação, em
razão das descargas naturais ou do manejo dos plantios (MARCHESAN et al., 2010).

Na bacia hidrográfica do Rio Santa Maria, as cidades de Dom Pedrito e Rosário


do Sul são abastecidas pela captação em recurso hídrico superficial. A captação de
Dom Pedrito é feita somente no Rio Santa Maria (60 L/s) e a de Rosário do Sul, no
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Rio Santa Maria (41,60 L/s) e no Rio Ibicuí da Armada (32,82 L/s). Os municípios de
Sant’Ana do Livramento e Cacequi utilizam águas subterrâneas para o abastecimento
público. Os municípios de Lavras do Sul e São Gabriel possuem suas áreas urbanas
fora da área da bacia (RIO GRANDE DO SUL, 2001).

Existem cinco balneários na BHRSM, onde a frequência é mais significativa, sen-


do o mais conhecido o balneário de Rosário do Sul. A pesca artesanal é realizada em
locais distribuídos em quase toda a bacia. A maior quantidade dos esgotos gerados
nas áreas urbanas da bacia é lançada sem tratamento. A cidade de Sant’Ana do Li-
vramento possui tratamento coletivo a nível primário e Rosário do Sul possui lagoas
de estabilização, com um potencial de tratar cerca de 45% do esgoto doméstico, antes
de seu lançamento. Outra parte dos esgotos domésticos gerados é lançada em redes
pluviais e chega ao recurso hídrico sem tratamento, ou tendo sido tratada através de
fossa séptica (BRASIL, 2017).

Quanto aos demais usos da água, destacam-se o abastecimento industrial, princi-


palmente agroindústrias, e a mineração de areia no leito dos recursos hídricos. Existem
dois principais conflitos na BHRSM: quanto à quantidade da água, o grande volume
utilizado para irrigação de arroz faz com que, comumente, seja um agravante para o
abastecimento de água ao público; e quanto à qualidade, destaca-se o lançamento
dos esgotos domésticos gerados nas áreas urbanas, nas proximidades dos balneários,
e contaminação por agrotóxicos. As cidades da bacia que já tiveram seu abastecimento
público prejudicado são Dom Pedrito e Rosário do Sul (RIO GRANDE DO SUL, 2017).

Em 2004 foi criada a AUSM (Associação dos Usuários da Água da Bacia Hidro-
gráfica do Rio Santa Maria) com a finalidade de organizar os usuários da água da
Bacia, no sentido de cumprir com os preceitos estabelecidos no Sistema de Gestão da
Água, estabelecido pelos Sistemas Estadual e Nacional de Recursos Hídricos. A Asso-
ciação objetiva preparar a região para os múltiplos usos e distribuição da água do Rio
Santa Maria, preservando suas características naturais, trajetória e ecossistema (FER-
REIRA e RODRIGUES, 2016).

2.2 A Soja

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, atrás apenas dos EUA. Na
safra 2016/2017, a cultura ocupou uma área de 33,89 milhões de hectares, o que tota-
lizou uma produção de 113,92 milhões de toneladas. A produtividade média da soja
brasileira foi de 3.362 kg por hectare (BRASIL, 2018).

O RS é o terceiro maior produtor de soja em grão do Brasil, superado apenas


pelos Estados de Mato Grosso e Paraná. De acordo com a Pesquisa Agrícola Municipal

Capítulo 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
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do IBGE, o RS produziu em média, 17,4 milhões de toneladas do grão no triênio 2016-


2018 (RIO GRANDE DO SUL, 2019).

Estudos apontam que Dom Pedrito sediou na América Latina o primeiro cultivo
agrícola da soja, o qual foi utilizado na sua totalidade para a alimentação animal. Em
2017 havia cerca de 500 mil hectares de terras destinadas para agricultura em Dom
Pedrito, sendo em torno de 80.000 hectares com o cultivo da soja (OLIVEIRA e VIDAL,
2010, p. 9).

A caracterização dos estágios de desenvolvimento da planta de soja é essencial


para a descrição dos vários períodos que a lavoura atravessa durante o ciclo da cultu-
ra. O uso de uma linguagem unificada na descrição dos estágios de desenvolvimento
agiliza o seu entendimento porque facilita a comunicação entre os diversos públicos
envolvidos com a cultura de soja. Portanto, a metodologia de descrição dos estágios
de desenvolvimento deve apresentar uma terminologia única, ser objetiva, precisa e
universal. A metodologia de descrição dos estágios de desenvolvimento proposta por
Fehr e Caviness (1977, p. 4) é a mais utilizada.

O sistema proposto por Fehr e Caviness (1977, p. 4) divide os estágios de de-


senvolvimento de soja em estágios vegetativos e estágios reprodutivos. Os estágios
vegetativos são designados pela letra V e os reprodutivos pela letra R. Com exceção
dos estágios VE (Estágio Emergência) e VC (Estágio Cotilédone), as letras V e R são
seguidas de índices numéricos que identificam estágios específicos, nessas duas fases
de desenvolvimento da planta.

O emprego dos defensivos agrícolas varia de acordo com a época em que esteja
o desenvolvimento da cultura da lavoura de soja. Na Figura 2 é ilustrada cada etapa
da lavoura de soja relacionada com o uso de defensivos agrícolas comerciais (BASF,
2019).

SABEDRA, Carlos Airton Lalim Fontoura.


RODRIGUES, Luciana Machado.
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Figura 2: Etapas da cultura da soja.

Fonte: Adaptado de BASF, 2019.


O tratamento das sementes (TS), durante o estágio cotilédone (VC), é realizado
com fungicidas, objetivo principal dessa prática é erradicar ou reduzir, aos mais baixos
níveis possíveis os fungos presentes nas sementes além de protegê-las dos patógenos
do solo. Essa prática também é utilizada quando solos possuem baixas temperaturas
(solos frios) e alto teor de umidade (GOULART, 1998, p. 9).

Com o TS realizado, existe a etapa do estágio emergência (VE), o qual representa


uma planta recém emergida, sendo realizada uma aplicação de fungicida. Ainda nes-
ta etapa da planta, em torno de 30 dias, é realizada uma chamada aplicação 0 (zero),
e ocorre antes das primeiras aplicações de fungicidas no estágio reprodutivo da soja
(SYNGENTA, 2018).

Com o passar dos dias o broto começa a adquirir folhas completamente desen-
volvidas, estando no estágio vegetativo, até chegar em estágio chamado de início do
florescimento (R1), que se estende até a etapa de grão de coloração madura (R8) (FA-
RIAS; NEPOMUCENO e NEUMAIER, 2007, p. 3).

2.2.1 Agrotóxicos

São produtos químicos, físicos ou biológicos usados no controle de seres vivos


considerados nocivos ao homem, suas criações e plantações. Também conhecidos por
defensivos agrícolas, pesticidas, praguicidas ou produtos fitossanitários, porém, o ter-
mo agrotóxico é o mais utilizado perante a legislação brasileira (SCHIESARI, 2019, p.
2).

Capítulo 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
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MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
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Agrotóxicos são destinados a vários setores como: produção, armazenamento e


beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, nas florestas, e outros ecossis-
temas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja importância seja
alterar a composição da flora ou da fauna (BRASIL, 1989).

No RS agrotóxicos usados em cultivos de terras baixas, via derivas e/ou escorri-


mento de água, principalmente da drenagem de arrozais (BRASIL, 2017) ou as planta-
ções de soja, podem chegar nos corpos hídricos ao entorno ou a longas distâncias, via
fluxo natural.

A intensificação dos sistemas de produção agrícola na busca da maior produ-


tividade utiliza produtos químicos, como fertilizantes, herbicidas, fungicidas, entre
outros, que são lançados no meio ambiente (ANTONIOLLI et al., 2013). Só no ano de
2017 ocorreu a venda de 539.944,95 toneladas de ingredientes ativos de agrotóxicos
no Brasil, no qual foram comercializadas 165.282,77 toneladas na região Sul, sendo
70.143,64 toneladas no estado do RS (BRASIL, 2018).

Na Portaria Normativa do IBAMA nº. 84, de 15 de outubro de 1996, consta no


Artigo 3º a classificação dos agrotóxicos quanto ao potencial de periculosidade am-
biental, no qual baseia-se nos parâmetros bioacumulação, persistência, transporte,
toxicidade a diversos organismos, potencial mutagênico, teratogênico, carcinogênico,
obedecendo a seguinte graduação: Classe I - Produto Altamente Perigoso; Classe II -
Produto Muito Perigoso; Classe III - Produto Perigoso; e Classe IV - Produto Pouco
Perigoso. Na Consulta Pública n°. 262, de 10 de outubro de 2016, a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA) apresenta no Artigo 5º que a classificação em função
da toxicidade aguda deverá ser determinada e identificada com os respectivos nomes
das categorias e cores nas faixas do rótulo dos produtos: faixa vermelha para Classes I
e II, faixa amarela para Classe III e faixa azul para Classe IV.

Os agrotóxicos ainda podem ser classificados, de acordo com a praga a que se


destinam, como inseticidas, larvicidas, formicidas, acaricidas, carrapaticidas, nematici-
das, moluscicidas, rodenticidas, raticidas, avicidas, fungicidas, herbicidas (ALMEIDA
et al., 1985). A Tabela 1 apresenta alguns dos principais agrotóxicos comercializados
no Brasil, classificados de acordo com os parâmetros de agrotóxicos, sendo os limites
visualizados na mesma, e a potabilidade permitida na água de acordo com a Portaria
nº. 2914, de 12 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde.

Produtos como os diclorodifeniltricloroetano, diclorodifeniltricloroetano e diclo-


rodifenildicloroetileno (DDT+DDD+DDE), Eldrin e o Metolacloro citados na Tabela 1,
não possuem autorização de uso no Brasil. O Carbofurano foi proibido no Brasil em
2018. A Parationa Metílica é um ingrediente ativo também proibido no Brasil. E o Gli-
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fosato + AMPA é um parâmetro analisado pela CORSAN - Companhia Riograndense


de Saneamento em amostras de águas destinadas ao consumo humano (RUBBO, 2017).

Tabela 1: Parâmetros de agrotóxicos da Portaria MS 2914/2011.

Classe Classificação VMP* (μg/L)


Parâmetro
Toxicológica
Aldicarbe + Inseticida,
Aldicarbesulfona + acaricida e I 10,0
nematicida
Aldicarbesulfóxido (aldicarbe)
Carbendazim + III 120,0
Fungicida
benomil
Inseticida,
cupinicida, I 7,0
Carbofurano
acaricida,
nematicida
Clordano Inseticida I 0,2
Inseticida,
Clorpirifós + formicida e
II 30,0
clorpirifós-oxon acaricida
(clorpirifós)

DDT+DDD+DDE Inseticida I 1,0

Diuron Herbicida III 90,0

Eldrin Inseticida I 0,6

Glifosato + AMPA Herbicida IV 500,0


Fungicida e III 180,0
Mancozebe
acaricida
Metolacloro Herbicida III 10,0
Inseticida e I 9,0
Parationa Metílica
acaricida
Inseticida e II 60,0
Profenofós
acaricida
Tebuconazol Fungicida IV 180,0
Inseticida e I 1,2
Terbufós
nematicida

Fonte: Adaptado de BRASIL, 2011. *VMP: Valor Máximo Permitido em água.


2.2.2 Glifosato

É um herbicida pós-emergente, pertence ao grupo das glicinas substituídas, rotu-


lado como não-seletivo e de ação sistêmica. Oferece largo espectro de ação, conseguin-
do controlar plantas daninhas anuais ou perenes, tanto em folhas largas quanto es-
treitas (GALLI e MONTEZUMA, 2005). O glifosato tem fórmula molecular C3H8NO5P
(m.m. = 169,1 g/mol) e, na forma de sal de isopropilamônio, apresenta-se acrescido do
grupo (CH3)2CHNH3 (m.m. = 228,2 g/mol) (COUNCIL, 2012, p. 306), a Figura 3 ilustra
a estrutura molecular do glifosato. Trata-se de um ingrediente ativo, isto é, uma subs-
tância que tem ação direta sobre os organismos alvo. Inicialmente, o glifosato surgiu
na indústria farmacêutica e também chegou a ser usado para limpar metais, porém,

Capítulo 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
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se popularizou como herbicida lançado pela empresa Monsanto, que hoje pertence ao
grupo empresarial multinacional Bayer (DOMINGUES, 2019).
Figura 3: Estrutura molecular do glifosato

Fonte: Adaptado de COUTINHO e MAZO, 2005.


Em condições ambientais, tanto glifosato quanto seus sais são sólidos cristalinos,
muito solúveis em água (12 g/L a 2 a 5°C, para glifosato), porém, quase insolúveis em
solventes orgânicos comuns, tais como acetona e etanol (AMARANTE Jr. et al., 2002).
O glifosato tem seu ponto de fusão a 200°C, possui uma densidade aparente de 0,5 g/
cm3, e se apresenta bastante estável em presença de luz, até mesmo em temperaturas
superiores a 60°C (COUNCIL, 2012, p. 306).

De acordo com BRASIL (2018), em 2017 o glifosato foi o agrotóxico líder em co-
mércio no Brasil. Domingues (2019), afirma que o glifosato é, com certeza, o agrotóxico
mais vendido, somente no Brasil, são 110 os produtos comercializados contendo gli-
fosato, de 29 empresas diferentes. A quantidade dos 10 agrotóxicos mais vendidos no
ano de 2017 é apresentada na Tabela 2.
Tabela 2: Os 10 agrotóxicos mais vendidos no ano de 2017 no Brasil.

Ingrediente Ativo Vendas Ranking


(tonelada)
Glifosato e seus sais 173.150,75 1º
2,4-D 57.389,35 2º
Mancozebe 30.815,09 3º
Acefato 27.057,66 4º
Óleo mineral 26.777,62 5º
Atrazina 24.730,90 6º
Óleo vegetal 13.479,17 7º
Dicloreto de paraquate 11.756,39 8º
Imidacloprido 9.364,57 9º
Oxicloreto de cobre 7.443,62 10º

Fonte: Adaptado de BRASIL, 2018.


O glifosato é vendido na forma sal de isopropilamina, sal de potássio, e sal de
amônio, tendo várias formulações preparadas contendo o glifosato como principal
ingrediente ativo: o produto Rondup® da empresa Monsanto, Trop® da empresa
Milenia, Glifosato® da empresa Fersol S.A, entre outros. O glifosato tem atualmente o
maior volume na produção mundial de herbicidas, isso é devido ao desenvolvimento

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RODRIGUES, Luciana Machado.
SOUZA, Tânia Regina de.
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21

de plantas que foram geneticamente modificadas para serem resistentes ao princípio


ativo (KJAER et al., 2004, p. 2).

Como herbicida, o mecanismo de ação do glifosato baseia-se na sua aplicação


nas folhas de plantas daninhas à lavoura em desenvolvimento, as quais são plantas
indesejadas que nascem espontaneamente junto às lavouras, prejudicando a produção
agrícola. O ingrediente ativo bloqueia a capacidade da planta daninha absorver al-
guns nutrientes, induzindo o seu extermínio. O glifosato também pode agir como um
dessecante, ou seja, o produto uniformiza o estágio de desenvolvimento da lavoura e
permite antecipar a sua colheita (DOMINGUES, 2019; MACHADO, 2016).

O herbicida pode causar riscos ao meio ambiente quando é conduzido para a


superfície das águas, porque é tóxico à flora e prejudicial à fauna (MORAES e ROSSI,
2010, p. 27). Para o glifosato as principais vias de dissipação na água são por degra-
dação microbiológica e a união com sedimentos. O glifosato não se degrada rapida-
mente na água, mas em presença da microflora da água, este se decompõe em ácido
aminometilfosfônico (AMPA) e em algumas ocasiões em dióxido de carbono (GIESY;
DOBSON; SOLOMON, 2000, p. 54).

2.2.3 Saúde e Meio Ambiente

O uso de agrotóxicos tem apresentado efeitos benéficos em termos de produti-


vidade da lavoura, entretanto, promove grandes prejuízos à saúde humana e ao meio
ambiente (FIGUEROA, 2018). A exposição aos agrotóxicos de forma crônica (a baixas
dosagens por longos períodos) pode induzir o surgimento de doenças tanto em tra-
balhadores, quanto na população em geral, seja pela exposição ao ambiente, ou via
alimentação (BARBOSA, 2014, p. 15). Cerca de 90% dos agrotóxicos aplicados por pul-
verização não atingem seu alvo e muitos desses produtos demonstram persistência no
ambiente e se acumulam ao longo das cadeias alimentares, alcançando concentrações
altas e tóxicas (MACHADO, 2016).

Algumas doenças causadas pelos agrotóxicos são: problemas neurológicos, pro-


blemas na produção de hormônios sexuais, infertilidade, puberdade precoce, má for-
mação fetal, aborto, doença de Parkinson, e câncer de diversos tipos (APREAA, 2018).

O herbicida pendimetalina, o fungicida fluazinam, e o inseticida fipronil, man-


têm-se persistentes no ambiente por longos períodos (SCHIESARI, 2019). Depois das
plantas, o solo é o principal receptor de agrotóxicos agrícolas, ao passo que a interação
pesticida-solo depende, principalmente, das características físico-químicas tanto do
solo quanto do pesticida (MARTINS, 2006). O ciclo dos agrotóxicos no ambiente está
demonstrado na Figura 4.

Capítulo 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
22

Figura 4: Ciclo dos agrotóxicos no ambiente.

Fonte: Adaptado de BELCHIOR et al., 2014, p. 140.


Após atingir o solo, os agrotóxicos são lixiviados para os mananciais hídricos,
prejudicando a sua qualidade, visto que estão entre os recursos do meio ambiente que
apresentam maior vulnerabilidade em relação a agrotóxicos de forma geral (MAR-
CHESAN et al., 2010). Os corpos hídricos que possuem lavoura de arroz ou soja na sua
proximidade, possivelmente são atingidos pelo transporte de agrotóxicos das lavouras
aos mananciais hídricos superficiais (COSTA et al., 2008, p. 82; MARCHESAN et al.,
2007).

A legislação vigente no Brasil dispõe sobre os procedimentos de controle e de


vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade.
De acordo com a Portaria do Ministério da Saúde n°. 2914, de 12 de dezembro de 2011,
os limites de detecção devem estar abaixo de 0,5 mg/L para qualquer tipo de agrotó-
xico, para obter-se uma água potável para abastecimento público.

2.2.4 Bioindicadores

Bioindicadores são seres de natureza diversa que podem ser utilizados para ava-
liação da qualidade ambiental (MAKI et al., 2013, p. 170). Eles podem compreender
desde aves, peixes, plantas e até mesmo bactérias. Segundo os bioindicadores são or-
ganismos que se instalam em quantidade a destacar sua presença no meio ambiente
(MANGIÉRI, 2002 apud OLIVEIRA; FREIRE; AQUINO, 2004, p. 11). Podem ser tidos
como pragas, que se proliferam, porém, ocorrem para indicar um desequilíbrio no
ecossistema local, atuando como sinalizadores. O excesso ou carência de algum ele-
mento ou nutriente deve ser indicativo de que houve desequilíbrio no sistema agrícola
(OLIVEIRA; FREIRE; AQUINO, 2004, p. 11).

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RODRIGUES, Luciana Machado.
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23

O termo bioindicador tem sido usado para identificar respostas biológicas que
indicam a exposição ou os efeitos de poluentes em organismos, populações, comuni-
dades e ecossistema. Essas respostas biológicas referem-se, portanto, a respostas ex-
pressas desde os níveis biomoleculares-bioquímicos até o nível de comunidade. Os
bioindicadores ainda são identificados com medidas de efeitos e biomarcadores com
medidas de exposição ou da dose dos agentes poluentes. Pode-se apontar como bioin-
dicadores, por exemplo, mudanças na riqueza e abundância de espécies de populações
de diferentes comunidades, no tamanho dos espécimes, na integridade reprodutiva,
etc (ANDRÉA, 2008).

As medidas de bioindicadores têm sido usadas para apontar a probabilidade de


um agente poluente causar efeito adverso no ambiente e nas populações. São também
feitas para caracterizar a saúde do ambiente; indicar o grau de perigo e dar suporte
às determinações dos possíveis riscos ecológicos de mudanças na saúde do ambiente.
Na agricultura, o uso de agrotóxicos ou pesticidas pode representar um desses ris-
cos porque pode provocar alterações indesejáveis nos ecossistemas por alterações nas
funções, atividades, número e abundância de indivíduos de diferentes populações,
assim como em características do próprio ambiente. Assim, o uso de agrotóxicos pode
representar perigo potencial para o ambiente e para as redes ou teias alimentares (AN-
DRÉA, 2008).

Existe uma classe de bioindicadores conhecida como macrófitas aquáticas, que


são plantas visíveis a olho nu, que pode estar permanente, total ou parcialmente sub-
mersas em água doce ou salobra, podendo estar ainda flutuantes sobre as águas (MA-
RIA, 2017, p. 18).

Essas plantas têm importantes funções ecológicas, são conhecidas por serem al-
tamente sensíveis a substâncias orgânicas e inorgânicas, incluindo herbicidas e metais,
servindo de alerta sobre a presença dessas substâncias quando em contato com o meio
aquático (LAHIVE e JANSEN, 2011, p. 31).

Algumas espécies de plantas macrófitas aquáticas que podem ser encontradas


em rios ou seus afluentes, de acordo com Brix e Schierup (1989, p. 101), são apresenta-
das na Figura 5.

Capítulo 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
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24

Figura 5: Tipos de macrófitas aquáticas bioindicadoras.

Fonte: Adaptado de Brix e Schierup, 1989, p.101.


Essas macrófitas são um grupo importante de produtores primários na base de
hierarquias tróficas em ecossistemas aquáticos, já que qualquer impacto negativo so-
bre elas pode ter consequências duradouras, devido às alterações nos níveis tróficos,
alterando a diversidade e funcionalidade do ecossistema aquático inteiro (SALOMÃO
e PINHEIRO, 2018). A presença excessiva de agrotóxicos em corpos hídricos pode
afetar estas plantas, contribuindo para a sua proliferação e a bioacumulação do ingre-
diente ativo nos tecidos vegetais das plantas (ANDRÉA, 2008).

Existe o interesse na utilização do potencial do sistema de plantas macrófitas


aquáticas para o tratamento de esgotos. Dois caminhos principais têm sido explorados:
a capacidade das plantas aquáticas de absorver o excesso de nutrientes e poluentes da
água na qual estão crescendo e a capacidade dos ecossistemas dominados por plantas
aquáticas, como banhados, de remover substâncias poluentes da água fluindo através
deles (TRINDADE et al., 2010, p. 4). É importante o emprego desta comunidade como
bioindicadoras da qualidade da água em ambientes lóticos e lênticos (PEDRALLI e
TEIXEIRA, 2003 apud TRINDADE et al., 2010, p. 4). É recomendado o emprego das
formas biológicas anfíbias, emergentes, submersas fixas e flutuantes fixas, desde que
apresentem características como, serem sedentárias, acumuladoras de poluentes, com
longo ciclo de vida, abundantes, resistentes à manipulação e transporte, de fácil ma-
nutenção e coleta.

2.3 Análises de Qualidade da Água

Na Portaria de Consolidação n°. 5, de 28 de setembro de 2017, consta os princi-


pais parâmetros a se analisar perante a qualidade da água. A seguir são descritos os
parâmetros empregados neste trabalho, como: condutividade elétrica, demanda bio-

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química de oxigênio (DBO), demanda química de oxigênio (DQO), pH, sólidos totais
dissolvidos, índice de turbidez e teor de oxigênio dissolvido.

2.3.1 Condutividade elétrica

A condutividade elétrica de uma amostra de água é a medida de sua capacidade


de conduzir corrente elétrica sendo dependente do número e do tipo de espécies iôni-
cas dispersas. Medidas de condutividade elétrica são importantes na área do reuso de
águas especialmente na prática da irrigação (OLIVEIRA et al., 1999). Segundo Esteves
(2011) “a condutividade elétrica é um parâmetro que pode mostrar modificações na
composição dos corpos d’água, mas não especifica quantidades e componentes.” É
um importante parâmetro para controlar e determinar o estado e a qualidade da água.
Rios que podem ter a mesma nascente e diferentes drenagens, apresentam diferenças
na condutividade elétrica (FRANČIŠKOVIĆ-BILINSKI et al., 2013, p. 294).

2.3.2 DBO e DQO

Os parâmetros DBO e DQO expressam a presença de matéria orgânica em águas,


constituindo-se importante indicador de qualidade dessas amostras (LIBÂNIO, 2010).
A DBO é o indicador que determina indiretamente a concentração de matéria orgânica
biodegradável através da demanda de oxigênio exercida por microrganismos através
da respiração (VALENTE; PADILHA; SILVA, 1997). O teste de DQO mede o consumo
de oxigênio para oxidar compostos orgânicos, biodegradáveis e não biodegradáveis
com oxidação exclusivamente química (POSSA et al., 2008, p. 7).

2.3.3 pH

A medida do potencial Hidrogeniônico (pH) determina a acidez ou alcalinidade


da água, representada pela concentração de íons H+ dissolvidos. Segundo Mota (2006)
o pH da água depende de sua origem e características naturais, mas pode ser alterado
pela presença de outros compostos químicos presentes no solo.

Tais processos de alteração do corpo hídrico ocorrem naturalmente, dependendo


de fatores ambientais, como clima, vegetação e relevo. O clima e a vegetação interfe-
rem na qualidade da água, a partir da precipitação, que proporciona o escoamento su-
perficial, e o relevo é responsável pelo carreamento do material particulado, gerado a
partir do impacto da gota de chuva no solo e os íons oriundos da dissolução das rochas
(LOPES e MAGALHÃES, 2010).

Capítulo 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
26

2.3.4 Sólidos totais dissolvidos

Distingue-se por ser a mistura de todas as substâncias orgânicas e inorgânicas


contidas em uma amostra líquida em formas moleculares, ionizadas ou micro granu-
lares. Os sólidos totais dissolvidos (STD) estão relacionados diretamente com a con-
dutividade elétrica (ARAÚJO e OLIVEIRA, 2013, p. 251). As substâncias dissolvidas
envolvem carbonato, bicarbonato, cloreto, sulfato, fosfato, nitrato, cálcio, magnésio,
sódio, contudo, podendo ser prejudiciais à saúde, quando presentes em elevadas con-
centrações (RICHTER e NETTO, 2000).

2.3.5 Índice de turbidez

A medida da dificuldade de um feixe de luz atravessar certa quantidade de água


é chamada de turbidez. É causada por matérias sólidas em suspensão, como: silte, ar-
gila, colóides, matéria orgânica, etc (CORREIA et al., 2008). Em épocas de maiores vo-
lumes de precipitação pluviométrica, grandes quantidades de solos são levadas para o
leito de corpos hídricos, intensificando o índice de turbidez (LENZI, 2009).

2.3.6 Teor de oxigênio dissolvido

Oxigênio dissolvido é a concentração de oxigênio contido na água, sendo essen-


cial para todas as formas de vida aquática. Os sistemas aquáticos produzem e conso-
mem o oxigênio, o qual é retirado da atmosfera na interface água-ar e também é obtido
como resultado de atividades fotossintéticas de algas e plantas. A quantidade de oxi-
gênio presente na água em condições normais, depende da temperatura, da quantida-
de de sais presentes, e da pressão atmosférica. A solubilidade dos gases aumenta com
a diminuição da temperatura e aumento da salinidade (MOTA, 2006).

Os níveis de oxigênio dissolvido têm variações sazonais e em períodos de 24 h.


Normalmente, em águas naturais e ao nível do mar, a concentração está em torno de 8
mg/L a 25°C. A determinação do teor de oxigênio dissolvido é de importância funda-
mental na avaliação da qualidade das águas, uma vez que o oxigênio, está envolvido
praticamente em todos os processos químicos e biológicos. A descarga em excesso
de material orgânico na água pode resultar no esgotamento de oxigênio do sistema.
Exposições abaixo de 2 mg/L de oxigênio dissolvido na água podem levar à morte
a maioria dos organismos nestes ambientes (BRASIL, 2001). A Resolução CONAMA
n°. 357 de 2005, indica que águas naturais de qualquer classe devem apresentar níveis
superiores de 6 mg/L de oxigênio dissolvido para sua boa qualidade.

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2.4 Métodos para Investigação da Presença do Glifosato em Águas


2.4.1 CLAE e CG

Existem viárias técnicas para se quantificar o glifosato, pois a alta polaridade da


molécula e do seu metabólito tem levado ao desenvolvimento de muitos métodos de
análise baseados em cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), de modo que a
maioria das investigações relatadas na literatura para este herbicida se referem a esta
técnica analítica (AMARANTE Jr. et al., 2002, p. 422). A dificuldade desta análise se
refere à forma de detecção dos compostos, sendo necessário realizar adaptações e de-
rivações.

A determinação por cromatografia líquida com detecção colorimétrica também


pode ser realizada, porém, se faz necessário a derivação obtendo-se, assim, compostos
coloridos. Uma alternativa é derivá-lo com 1-fluoro-2,4-dinitrobenzeno na presença de
etanol e NaBH4, ocorre a derivação em pós-coluna com ninhidrina, a 100ºC e detecção
em 570 nm (Thompson et al. (1989) apud AMARANTE Jr. et al., 2002, p. 423). Os limi-
tes de detecção obtidos foram em torno de 0,03 µg/g para glifosato e 0,01 µg/g para
AMPA. A separação cromatográfica foi realizada em coluna catiônica, a 50ºC, eluindo
com tampão fosfato em pH 1,9, contendo 4% de metanol.

Análise por cromatografia gasosa (CG) é a segunda mais empregada para deter-
minação de glifosato. Para a determinação do herbicida por CG, faz-se necessária uma
prévia derivação para obtenção de composto volátil, porém, esta técnica apresenta a
vantagem da boa sensibilidade (AMARANTE Jr. et al., 2002, p. 425).

2.4.2 Espectrofotometria de absorção na região do UV-Vis

A espectrofotometria de absorção na região do UV-Vis mede a quantidade de


absorção da radiação eletromagnética pela amostra, e relaciona a mesma com a con-
centração do composto de interesse. De acordo com a Lei de Beer, a absorbância é
diretamente proporcional à concentração de uma espécie absorvente.

Segundo Amarante Jr. et al. (2002, p. 427) comparando com outros métodos de
detecção, a determinação do glifosato por absorção no UV-Vis apresenta como van-
tagens a simplicidade, bem como menores coeficientes de variação, recuperações e
limites de detecção adequados.

Bhaskara e Nagaraja (2006, p. 2688) construíram a curva de calibração do glifosa-


to variando as concentrações de 0,1 a 3,5 μg/mL, empregando a solução de glifosato
com 96% de pureza. A equação da curva de calibração obtida pelos pesquisadores foi:

Capítulo 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
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28

Y = 0,1976X + 0,0046, com R2 = 0,998. A absorção foi determinada a um comprimento


de onda de 570 nm.

Lauermann (2018), empregou de forma satisfatória o método espectrofotométri-


co para a medida da concentração de glifosato em solução aquosa, obedecendo à linea-
ridade da Lei de Beer, na faixa de concentração de 0 a 3 μg/mL. O método seguido foi
o exposto por Bhaskara e Nagaraja (2006, p. 2688), sendo a absorção determinada a um
comprimento de onda de 570 nm. Como a molécula do glifosato pode se dissociar em
diferentes íons, em ambientes aquosos, alguns pesquisadores investigam a presença
deste ingrediente ativo empregando a absorção a um comprimento de onda de 550 nm
(AMARANTE Jr. et al., 2002, p. 427). É possível determinar a presença do glifosato em
águas residuárias, utilizando método espectrofotométrico, com absorbância medida
em 550 nm, e linearidade entre 0,375 e 4,5 mg/L (DONG et al. 1997 apud SCHMIDT et
al., 2014).

2.4.3 Morfologia de plantas macrófitas aquáticas

As plantas aquáticas desempenham papel fundamental nos ecossistemas aquá-


ticos, pois exercem funções de base das cadeias alimentares, proteção de margens, ha-
bitat e refúgio para organismos, remoção de material orgânico e de compostos tóxicos,
heterogeneidade espacial e temporal destes ambientes. As atividades antrópicas urba-
nas, agropecuárias e industriais, causam aumento de nitrogênio e fósforo nos ambien-
tes aquáticos, conduzindo à eutrofização e ao aumento da biomassa dos produtores
primários. Dessa forma as macrófitas aquáticas podem prejudicar a navegação, turis-
mo, pesca e a geração de energia nas hidrelétricas; alteram os padrões de qualidade
da água (oxigênio dissolvido, condutividade elétrica e pH), reduzem a capacidade e
durabilidade dos canais de irrigação e de drenagem, e a captação de água para abas-
tecimento público (PIETERSE e MURPHY, 1990 apud MORMUL, et al., 2010, p. 1438).
Portanto, em um ambiente aquático próximo a lavouras, as quais empreguem fertili-
zantes, é comum a ocorrência da eutrofização, ou o desenvolvimento de macrófitas
aquáticas com morfologia saudável.

Em um ambiente aquático próximo a lavouras as quais empreguem herbicidas


observa-se exatamente o fenômeno contrário, a redução da presença de plantas aquá-
ticas em geral. O glifosato apresenta como mecanismo de ação, a inibição de uma en-
zima das plantas, a qual catalisa as reações de síntese de aminoácidos aromáticos, ou
seja, o herbicida causa uma intoxicação na planta que não consegue mais se recuperar
e morre rapidamente (AMARANTE et al., 2002).

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CAPÍTULO 3

MATERIAIS E MÉTODOS
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3.1 Região de Estudo

P ara a realização deste trabalho escolheu-se uma secção do Rio Santa Maria,
no município de Dom Pedrito, a qual é dividida em uma nascente, que se
encontra com um ramo do Rio Santa Maria. Onze (11) pontos de coleta de água foram
definidos ao longo da nascente e o ramo do Rio Santa Maria (Figura 6). A definição da
região para o desenvolvimento do trabalho deve-se ao fato da família do autor deste
estudo possuir propriedade rural e terras neste local, facilitando o acesso às águas da
nascente e do Rio. Dentre estas 11 amostras de águas, há uma especificamente na qual
existe um motor para o bombeamento de água para a casa da propriedade, a qual é
destinada para consumo humano. Este motor funciona com combustível, o qual pode
causar algum tipo de contaminação da água neste local de coleta. Para elucidar este
fato, a coleta da amostra de água, identificada por amostra (M), foi realizada para com-
paração com as demais. Além destas amostras, foi também coletada uma amostra de
água armazenada na caixa d’água da casa, identificada por (CASA) para a verificação
da qualidade da água que será imediatamente consumida na propriedade rural.
Figura 6: Região estudada.

Fonte: Google Maps, 2019.

3.1.1 Pontos de coleta no ramo nascente

A ramificação do Rio Santa Maria, aqui denominada nascente, está localizada


cerca de 227 m da casa da propriedade rural, sendo considerado o ponto de coleta (1).
O ponto de coleta (1) está a 118 m do ponto (2). Em seguida, ocorre o ponto de coleta
identificado como (M), devido à localização do motor o qual bombeia água para a pro-
priedade rural. O ponto de coleta (M) está localizado cerca de 300 m da caixa d’água da
casa, sendo estes pontos ilustrados na Figura 7. Estes pontos serão analisados para um
comparativo com os pontos de coleta do próximo ramo (ramo Rio Santa Maria), o qual
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pode apresentar alguma espécie de contaminação por agrotóxico, porém, salientando


que não existe plantações próximas aos locais de coleta.
Figura 7: Pontos iniciais de coletas na nascente.

Fonte: Google Maps, 2019.


Logo após o ponto (M), cerca de 68 m se encontra o ponto (3). O ponto de coleta
(4) está a 291 m. Em seguida, o ponto (5) está a 191 m do ponto anterior. O próximo
ponto foi aqui denominado de ponto (E), pois se verifica o encontro do ramo nascente
com o ramo Rio Santa Maria. Os pontos de coleta de água descritos até este momento
estão identificados na Figura 8.
Figura 8: Pontos de coleta de amostras de água ao longo do Rio Santa Maria.

Fonte: Google Maps, 2019.

Capítulo 3
MATERIAIS E MÉTODOS
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
32

3.1.2. Pontos de coleta no ramo Rio Santa Maria

Os pontos de coleta de água no ramo do Rio Santa Maria (Figura 9) possuem


uma nomenclatura diferente, em comparação aos pontos de coletas efetuadas no ramo
nascente. Começando pelo ponto (I) que está situado como primeiro ponto de amos-
tragem no Rio Santa Maria, pois sua localização está a 100 m de uma lavoura de soja.
Destaca-se a proximidade deste ponto com a lavoura, pois pode ocorrer a contamina-
ção das águas por agrotóxicos empregados para a cultura de soja. À aproximadamente
350 m do ponto (I) se encontra um acampamento, local muito frequentado por pessoas
no período de veraneio para lazer e banho nas águas do Rio Santa Maria, identificado
por ponto (A). A 186 m do acampamento, existe uma cascata no Rio, ponto (C), o qual
possui águas cristalinas. A mais 219 m está o ponto de coleta (E), local onde ocorre o
encontro dos ramos nascente e Rio Santa Maria, já descrito anteriormente. Por fim, o
último local de amostragem foi denominado de ponto (F), representando o ponto final
das coletas.
Figura 9: Pontos de coleta no ramo Rio Santa Maria.

Fonte: Google Maps, 2019.


3.2 Procedimentos de Análises Físico-químicas das Amostras

As amostras de águas coletadas nas estações de outono e primavera foram ca-


racterizadas visualmente, realizando-se um registro fotográfico para a comparação da
tonalidade e aspectos gerais das amostras.

As amostras de águas coletadas foram conduzidas às seguintes análises, nos la-


boratórios do Curso de Engenharia Química da UNIPAMPA, Campus Bagé:

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33

Figura 10: Equipamento multipropósito.

Fonte: Autores, 2019.


3.2.1 Condutividade elétrica e sólidos totais dissolvidos

As análises de determinação da condutividade elétrica e do teor de sólidos totais


dissolvidos (STD) são efetuadas através da utilização instrumental de um equipamen-
to multipropósito, atuando como condutivímetro e também como medidor de STD. O
equipamento digital da marca Hanna, modelo HI 9835 é apresentado na Figura 10. De
acordo com a NBR 9898/87 (ABNT, 1987) a análise de condutividade elétrica possui
prazo de 28 dias para ser realizada após a coleta da água.

3.2.2 DBO e DQO

Para a determinação da DQO utilizou-se a metodologia proposta pela Compa-


nhia Ambiental do Estado de São Paulo (SILVA, 1977). A análise possui prazo de 7
dias para ser realizada após a coleta da água. Os materiais e equipamentos utilizados
nesta análise encontram-se listados a seguir:
• Condensador de refluxo;
• Frasco de digestão de DQO;
• Bloco digestor de DQO;
• Pérolas de vidro;
• Solução (A) à base de dicromato de potássio;
• Reagente (B) à base de ácido sulfúrico e sulfato de prata;
• Solução (C) à base de sulfato ferroso amoniacal;
• Solução (D) à base de indicador ferroin;
• Sulfato de Mercúrio P.A..

A análise consistiu de adicionar em cada um dos 6 frascos de digestão 0,4 g de


sulfato de mercúrio P.A., 20 mL da amostra, 10 mL de A (1,2259 g de dicromato de
potássio em 100 ml de agua destilada) e 30 mL de B (6,667 g sulfato de prata, mais 500
Capítulo 3
MATERIAIS E MÉTODOS
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
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34

mL de ácido sulfúrico), anexando nos frascos de digestão os condensadores de refluxo.


Posiciona-se os frascos no bloco digestor de DQO (Figura 11), para a determinação do
branco, ao invés da adição de 20 mL de amostra, coloca-se 20 mL de água destilada. As
amostras passam por um processo de digestão por um período de 2 h.

Normaliza-se a solução C para os respectivos cálculos, adiciona-se 10 mL de A,


juntamente a 30 mL de ácido sulfúrico e mais 3 gotas do indicador Ferroin. Titula-se
com C, sendo uma solução constituída de 24,5 g de sulfato ferroso amoniacal com 5 mL
de ácido sulfúrico, completando-se até o menisco de um balão volumétrico com água
destilada. A titulação inicia com a solução em coloração amarelada, verificando-se a

Figura 11: Bloco digestor de DQO.

Fonte: Autores, 2019.


alteração para verde, e por fim vermelha. A Figura 12 ilustra as alterações de coloração
observadas durante a titulação da solução C.

A normalidade da solução foi obtida conforme a Equação 1:

(1)

Figura 12: Etapas da titulação da solução C.

Fonte: Autores, 2019.

SABEDRA, Carlos Airton Lalim Fontoura.


RODRIGUES, Luciana Machado.
SOUZA, Tânia Regina de.
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
35

Após o resfriamento das amostras, titulou-se com a solução C. A Equação 2 apre-


senta o cálculo da DQO:

DQO (mg/mL) = (a - b)c.400 (2)

na qual:
“a” é volume (mL) da solução C gasto na amostra em branco;
“b” é o volume (mL) da solução C gasto com a amostra;
“c” é a normalidade da solução C.

Para realização da análise de DBO foi seguido o procedimento indicado para


a utilização do equipamento Aqualytic, modelo AL606. Os frascos, com as amostras
obtidas após o procedimento, foram mantidos em incubadora, marca BOD Oxylab,
modelo OXY-101, a uma temperatura de 20°C, durante 5 dias. Após esse período de
incubação, o equipamento indica o resultado diário da DBO. Ressalta-se que o equi-
pamento utilizado nesta determinação, apresenta-se com problemas no sistema de
agitação das amostras e na identificação das leituras de alguns sensores, podendo pro-
vocar alterações indesejadas no resultado das leituras. De acordo com a NBR 9898/87
(ABNT, 1987) a análise de DBO possui prazo de 7 dias para ser realizada, após a coleta
da água.

3.2.3 pH

A determinação do pH das amostras de águas foi realizada com o auxílio da lei-


tura instrumental de um medidor de pH digital Metrohm, modelo 827 (Figura 13). A
NBR 9898/87 (ABNT, 1987) indica que a análise de pH possui prazo de 6 horas para
ser realizada após a coleta da água.

3.2.4 Índice de turbidez

Figura 13: Medidor de pH.

Fonte: Autores, 2019.

Capítulo 3
MATERIAIS E MÉTODOS
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
36

O índice de turbidez das amostras de águas foi verificado com o emprego de um


turbidímetro digital Del Lab, modelo DLT-WV (Figura 14), calibrado com as soluções
indicadas pelo fornecedor. De acordo com a NBR 9898/87 (ABNT, 1987) a análise de
turbidez possui prazo de 24 h para ser realizada, após a coleta da água.

3.2.5 Teor de Oxigênio Dissolvido


Figura 14: Turbidímetro.

Fonte: Autores, 2019.


Para a determinação do teor de oxigênio dissolvido nas amostras de águas, foi
utilizado o equipamento oxímetro digital, portátil, da marca HANNA modelo HI 9146
(Figura 15), realizando-se as leituras de valores em ppm.

3.3 Métodos para Investigação da Presença do Glifosato em Águas


Figura 15: Oxímetro.

Fonte: Autores, 2019.


3.3.1 Espectrofotometria de absorção na região do UV-Vis

A análise espectrofotométrica das amostras de águas coletadas foi realizada em


espectrofotômetro UV-Vis da marca EQUILAM, modelo UV755BUV, apresentado na
Figura 16. As leituras de absorbância de radiação foram realizadas nos comprimentos
de onda de 550 e 570 nm, empregando água destilada como o “branco”.

SABEDRA, Carlos Airton Lalim Fontoura.


RODRIGUES, Luciana Machado.
SOUZA, Tânia Regina de.
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
37

Figura 16: Espectrofotômetro UV-Vis.

Fonte: Autores, 2019.


Após as leituras de absorbância no equipamento, as curvas de calibração pro-
postas anteriormente, foram empregadas para a determinação das concentrações de
glifosato encontradas, sendo Y o valor de absorbância medida no equipamento, en-
quanto X o valor de concentração de glifosato, sendo utilizada a curva de calibração
de Bhaskara e Nagaraja (2006, p. 2689) Y = 0,1976X + 0,0046, para o comprimento de
onda de 570 nm. Alguns autores informam que pode ser utilizado o comprimento de
550 nm, porém, este trabalho irá fazer uso apenas do comprimento de 570 nm.

3.3.2 Morfologia de plantas macrófitas aquáticas

Os exemplares de plantas aquáticas coletados nas estações de outono e prima-


vera foram levados ao laboratório para registro fotográfico e realização de análise por
microscopia óptica em estereomicroscópio marca MOTIC (Figura 17). As plantas fo-
ram analisadas quanto a sua dimensão e aparência.
Figura 17: Estereomicroscópio.

Fonte: Autores, 2019.

Capítulo 3
MATERIAIS E MÉTODOS
38
CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÕES
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
40

4.1 Condutividade Elétrica, pH, STD, Índice de Turbidez e Oxigênio


Dissolvido

A s amostras de águas coletadas são apresentadas na Figura 18 no período de


outono e primavera de 2019. No outono (Figura 18a), observa-se a colora-
ção das amostras 1 e 2 em uma tonalidade amarelada forte, enquanto as demais foram
amareladas em menor nível de intensidade. Para as amostras de águas coletadas na
primavera (Figura 18b) apenas o ponto (CASA) foi incolor, quando comparado aos de-
mais pontos. Destaca-se que águas adequadas para potabilidade devem ser incolores,
segundo a legislação.
Figura 18: Águas coletadas nas estações de outono (a) e primavera (b).

Fonte: Autores, 2019.


Na Tabela 3 são apresentados os resultados relativos às análises de pH, conduti-
vidade elétrica, teor de sólidos totais dissolvidos, índice de turbidez e teor de oxigênio
dissolvido para as amostras de águas coletadas na estação outono.
Tabela 3: Análises físico-químicas relativas às coletas realizadas no outono.
Índice de Oxigênio
Ponto de Condutividade STD
pH Turbidez Dissolvido
Coleta Elétrica (μS/cm) (ppm)
(NTU) (ppm)
1 6,83 699 348 24,5 27,07
2 6,62 520 236 10,2 22,30
M 6,66 1200 745 6,05 15,55
3 7,10 930 508 4,12 18,60
4 7,44 715 290 8,78 30,50
5 7,62 120000 24300 0,68 25,75
I 8,00 810 405 4,23 38,00
A 7,91 970 649 4,82 27,50
C 7,89 Fora do LD* 1066 4,94 19,65
E 7,56 1010 563 0,62 29,10
F 7,88 760 403 4,75 26,20
CASA 7,18 Fora do LD* 12,94 4,89 23,40

Fonte: Autores, 2019. *LD: Limite de Detecção.

SABEDRA, Carlos Airton Lalim Fontoura.


RODRIGUES, Luciana Machado.
SOUZA, Tânia Regina de.
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
41

Os valores de pH das amostras de águas, conforme o decorrer da nascente e do


Rio Santa Maria tendem manter-se próximo à neutralidade, sendo que nos pontos ini-
cias de cada secção, como ponto (1) e ponto (I), os valores são distintos, sendo de 6,83
e 8, respectivamente, atingindo um valor de 7,88 no ponto (F). Estes valores apresen-
tam-se dentro dos padrões aceitos pela Resolução CONAMA nº. 357, de 2005, a qual
apresenta que os níveis de pH devem estar entre 6 e 9 para águas de classe I.

Segundo a FUNASA, águas naturais apresentam condutividade elétrica entre 10


e 100 µS/cm, e ambientes aquáticos poluídos, cerca de 1000 µS/cm. O ponto de coleta
(M), onde ocorre a existência de um motor a combustível, provavelmente pode conter
contaminação pelo próprio combustível. Os pontos (5, C e CASA) apresentaram valo-
res muito elevados de condutividade elétrica, indicando forte contaminação por íons
condutores, podendo ser metais, produtos químicos, minerais, etc. A associação de ou-
tras técnicas de análise é necessária para elucidar o tipo de contaminante. É provável
que no ponto (CASA) ocorra a contaminação da água de abastecimento por produtos
de corrosão produzidos por óxidos de ferro que se liberam das antigas tubulações da
casa.

O parâmetro de STD, para a maioria dos pontos coletados, encontra-se dentro


dos padrões aceitos pela Resolução CONAMA nº. 357, de 2005, onde consta que o va-
lor máximo permitido é 500 mg/L. O ponto (5) novamente se destacou, apresentando
um valor de STD mais elevado do que os demais pontos. Este local deve conter conta-
minação a ser investigada de forma mais detalhada. Observa-se neste ponto um acesso
de animais, como ovinos e bovinos, os quais buscam se hidratar com a água do rio, o
que pode contribuir para esta diferença.

Os valores apresentados na Tabela 3 para índice de turbidez estão todos condi-


zentes com os valores relatados com a Resolução CONAMA nº. 357, de 2005. O ponto
(1) o qual apresentou um valor maior perante os demais, 24,2 NTU, possui intensa
presença de vegetação e lodo, no leito da secção analisada.

A Resolução CONAMA nº. 357, de 2005 apresenta que o teor mínimo de oxigênio
dissolvido deve ser de 5 mg/L para que águas doces possam ser consideradas de boa
qualidade. Os resultados obtidos para o teor de oxigênio dissolvido indicam uma boa
qualidade das águas analisadas, havendo decréscimo somente nos postos (M), (3) e
(C).

Na Tabela 4 são apresentados os resultados relativos às amostras de águas coleta-


das na estação de primavera, sendo analisadas as mesmas variáveis anteriores.

Capítulo 4
RESULTADOS E DISCUSSÕES
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
42

Tabela 4: Análises físico-químicas relativas às coletas realizadas na primavera.


Índice de Oxigênio
Ponto de Condutividade STD
pH Turbidez Dissolvido
Coleta Elétrica (μS/cm) (ppm)
(NTU) (ppm)
1 7,00 646 330 30,4 28,54
2 7,05 523 285 26,8 25,81
M 6,77 1202 597 10,0 21,58
3 7,11 583 287 27,5 29,08
4 7,29 601 302 30,5 27,22
5 7,26 687 352 33,1 26,55
I 7,32 535 313 32,1 22,88
A 7,35 677 361 31,6 32,98
C 7,40 701 338 31,9 26,61
E 7,23 637 301 33,6 23,81
F 7,31 706 349 32,4 21,12
CASA 7,46 1693 839 5,29 18,49

Fonte: Autores, 2019.


Durante a primavera, as amostras de águas apresentaram-se com valores de pH
próximos entre si, e em torno da neutralidade. Destacam-se os pontos (M) com pH 6,77
e (CASA) com pH 7,46. Estes valores apresentam-se dentro dos padrões aceitos pela
Resolução CONAMA nº. 357, de 2005, a qual apresenta que os níveis de pH devem
estar entre 6 e 9 para águas de classe I. Com relação ao outono, os valores de pH das
amostras coletadas na primavera, apresentaram menor variação nos seus valores.

Quanto aos valores de condutividade elétrica, em geral as amostras de águas co-


letadas na primavera apresentaram redução de valores. Nenhuma amostra apresentou
leitura fora do limite de detecção do equipamento, sendo o maior valor observado de
1693 μS/cm (CASA). Destaca-se ainda o ponto (M) com valor 1202 μS/cm. É provável
que os pontos (CASA) e (M) apresentem contaminações nas suas águas. Segundo a
FUNASA estas amostras de águas também não se enquadrariam aos padrões de qua-
lidade indicados.

O parâmetro de STD, para a maioria dos pontos coletados, encontra-se dentro


dos padrões aceitos. No entanto, os pontos (CASA) e (M) apresentaram-se acima do
valor requisitado, sendo respectivamente, 839 e 597 ppm. Estes resultados corroboram
a teoria de contaminação existente nestes pontos.

Os valores apresentados na Tabela 4 para índice de turbidez estão todos com


valores maiores em relação às análises realizadas no outono. Apresentam-se fora dos
limites relacionados na Resolução CONAMA nº. 357, de 2005.

A Resolução CONAMA nº. 357, de 2005 apresenta que o teor mínimo de oxigênio
dissolvido deve ser de 5 mg/L para que águas doces possam ser consideradas de boa
qualidade. Os resultados obtidos para o teor de oxigênio dissolvido indicam uma boa
qualidade das águas analisadas, havendo decréscimo somente no ponto (CASA). De
acordo com Richert (2018, p. 38), apesar das amostras estarem acima do valor normal-
mente encontrado, este parâmetro não é estipulado pela Portaria de Consolidação nº.
SABEDRA, Carlos Airton Lalim Fontoura.
RODRIGUES, Luciana Machado.
SOUZA, Tânia Regina de.
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
43

5/2017 do Ministério da Saúde. Valores baixos de OD indicam que existe forte indícios
de contaminação por matéria orgânica.

4.2 DBO e DQO

Os resultados das análises de DBO, DQO e a relação DBO/DQO para as amos-


tras de águas coletadas na estação outono são apresentados na Tabela 5.
Tabela 5: DBO, DQO e DBO/DQO relativas às coletas realizadas no outono.

Ponto de Coleta DBO (mg/L) DQO (mg/L) DBO/DQO


1 4,50 135,98 0,03
2 132,00 146,44 0,90
M 231,20 104,60 2,21
3 521,40 115,06 4,53
4 - 135,98 -
5 456,40 125,52 3,64
I 205,60 115,06 1,79
A - 115,06 -
C - 125,52 -
E 37,25 115,06 0,32
F - 99,37 -
CASA - 104,60 -
Fonte: Autores, 2019.
A Resolução do CONAMA nº. 357, de 2005, dispõe que os níveis para DBO para
águas naturais deveriam atingir um valor máximo permitido a 20°C de 3 mg/L O2.
Todas as amostras de águas coletadas apresentaram valores superiores para o parâ-
metro DBO, indicando a alta concentração de matéria orgânica nestes meios. Isso se
deve provavelmente à presença de grande quantidade de nutrientes, como nitrogênio
e fósforo, promovendo o desenvolvimento em excesso de algas e por consequência in-
duzindo a eutrofização do local (BRAGA et al., 2005). Despejos irregulares de esgotos
domésticos em corpos d’água naturais pode ocasionar elevados índices de DBO no
ambiente (MOTA, 2006).

Os valores obtidos para a DBO são a média dos valores calculados pelo equi-
pamento durante os 5 dias estabelecidos pela análise. Os pontos em que não houve o
registro do valor do parâmetro, apresentaram algum erro durante a leitura do equipa-
mento.

Com valores de DBO e DQO realizou-se a razão de biodegradabilidade (DBO/


DQO). Quanto maior a razão DBO/DQO, mais facilmente ocorre a decomposição bio-
degradável da amostra (KEWU e WENQI, 2008 apud NETA, 2019, p. 19). Considera-se
que um resíduo seja biodegradável quando a razão de biodegradabilidade alcança va-
lores em torno de 0,3 (MORAIS; SIRTORI e PERALTA-ZAMORA, 2006, p. 22). Dentre
os pontos analisados apenas o ponto (1), não foi considerado biodegradável.

Capítulo 4
RESULTADOS E DISCUSSÕES
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
44

Os resultados das análises de DBO, DQO e a relação DBO/DQO paras as amos-


tras de águas coletadas na estação primavera são apresentados na Tabela 6.
Tabela 6: DBO, DQO e DBO/DQO relativas às coletas realizadas na primavera.
Ponto de Coleta DBO (mg/L) DQO (mg/L) DBO/DQO
1 74,60 113,40 0,66
2 725,00 97,94 7,40
M 98,00 103,09 0,95
3 784,20 164,95 4,75
4 274,40 123,71 2,22
5 2601,00 125,00 20,81
I 947,00 929,00 1,02
A 1043,67 335,00 3,12
C 1622,20 270,00 6,01
E 2592,25 270,00 9,60
F 1296,33 220,00 5,89
CASA 2265,00 110,00 20,59

Fonte: Autores, 2019


Durante a primavera todas as amostras de águas coletadas apresentaram um
aumento nos valores de DBO, muito acima do limite máximo permitido para águas
naturais, indicando a alta concentração de matéria orgânica.

Considerando a biodegradabilidade das amostras de águas, todos os pontos


de coleta foram enquadrados como biodegradáveis. Porém, para o mesmo líquido, a
DQO é sempre maior que a DBO (TRATAMENTO DE ÁGUA, 2015), isso leva a uma
inconsistência nos resultados encontrados, deixando apenas o ponto (1) e o ponto (M)
como resultados mais relevantes, ou menos errôneos.

Ainda salientando esses valores fora do permitido para DQO, ocorrem com re-
sultados próximos a padrões de efluentes industriais com altas vazões, cujo o máximo
permitido é de 150 mg/L O2 (RIO GRANDE DO SUL, 2017), com exceção dos pontos
de coleta do Rio Santa Maria, os quais obtiveram valores muito elevados.

Isso pode ter ocorrido pelo fato de um dia antes da coleta das amostras ter chovi-
do no local, promovendo um arraste de nutrientes através do rio que podem causar os
resultados bastante elevados.

4.3 Espectrofotometria de Absorção na Região do UV-Vis

Os resultados de leitura de absorbância obtidos para cada ponto de coleta reali-


zada no outono, de acordo com o comprimento de onda de 570 nm, estão apresentados
na Tabela 7, junto com as respectivas concentrações.

SABEDRA, Carlos Airton Lalim Fontoura.


RODRIGUES, Luciana Machado.
SOUZA, Tânia Regina de.
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
45

Tabela 7: Análises de UV-Vis realizadas no outono.


Ponto de Coleta Absorbância Concentração (ppm)
1 0,017 0,081
2 0,032 0,157
M 0,015 0,071
3 0,032 0,157
4 0,042 0,208
5 0,043 0,213
I 0,038 0,188
A 0,027 0,132
C 0,024 0,117
E 0,029 0,142
F 0,019 0,092
CASA 0,022 0,107

Fonte: Autores, 2019.


Os valores de concentração de glifosato encontrados para cada amostra de água
coletada no outono estão em μg/mL. Os resultados indicam valores baixos, demos-
trando que todos os pontos de coleta estão dentro dos limites permitidos pela Portaria
MS 2914/2011 ou pela Portaria da Consolidação nº. 5. A Portaria da Consolidação nº.
5, no Anexo XX, definiu que o valor máximo permitido (VMP) de glifosato, somado ao
seu metabólito ácido aminometilfosfônico (AMPA), é de 0,5 μg/mL de água.

Os valores tanto do ramo do rio quanto da nascente, foram de baixa absorção de


UV-Vis, porém, não se pode afirmar que possuam a presença de glifosato, pois outros
compostos, bem como manganês e níquel, caso presentes, absorvem radiação para a
faixa de comprimento de onda de 570 nm (ROCHA, 2016, p. 8).

Os resultados de leitura de absorbância obtidos para cada ponto de coleta reali-


zada na primavera, de acordo com o comprimento de onda de 570 nm, estão apresen-
tados na Tabela 8, junto com as respectivas concentrações.
Tabela 8: Análises de UV-Vis realizadas na primavera.
Ponto de Coleta Absorbância Concentração (ppm)
1 0,025 0,122
2 0,022 0,107
M 0,016 0,076
3 0,026 0,127
4 0,034 0,167
5 0,029 0,142
I 0,033 0,162
A 0,032 0,157
C 0,031 0,152
E 0,033 0,162
F 0,032 0,157
CASA 0,014 0,066

Fonte: Autores, 2019.


Durante a primavera, as amostras de águas coletadas apresentaram valores de
concentração, medidos na faixa de comprimento de onda de 570 nm, relativamente
constantes e menores do que as amostras coletadas no outono. Todos os pontos man-
tiveram-se enquadrados no valor máximo permitido, caso ocorra a contaminação por
glifosato.
Capítulo 4
RESULTADOS E DISCUSSÕES
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
46

4.4 Morfologia de Plantas Macrófitas Aquáticas

A observação da morfologia e da ocorrência das plantas macrófitas aquáticas em


corpos d´água, podem indicar a presença de contaminantes, como herbicidas ou exces-
so de fertilizantes. Durante as rotinas de coleta de amostras de águas e plantas aquáti-
cas nas águas do Rio Santa Maria, durante a estação outono, foram identificados qua-
tro pontos com a presença de diferentes plantas tipo macrófitas aquáticas flutuantes.
Os pontos identificados foram (1), (2), (3) e (4), os quais são os pontos mais próximos
da casa da propriedade rural e mais afastados das lavouras de soja. A Figura 19 apre-
senta imagens fotográficas de exemplares dos tipos de plantas aquáticas encontradas
no trecho avaliado do Rio Santa Maria. As imagens apresentam uma régua de 30 cm
de comprimento para informar a dimensão aproximada das plantas, sendo compos-
tas pela parte aérea (folhas e caules) e a parte submersa (raízes). As plantas coletadas
mantinham a raiz enterrada, enquanto a parte aérea era flutuante, enquadrando-se na
classificação de macrófitas aquáticas com folhas flutuantes, segundo Brix e Schierup
(1989, p. 101).
Figura 19: Plantas aquáticas coletadas no Rio Santa Maria no outono.

Fonte: Autores, 2019.


SABEDRA, Carlos Airton Lalim Fontoura.
RODRIGUES, Luciana Machado.
SOUZA, Tânia Regina de.
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
47

Na estação de primavera foi visualizada a presença de plantas macrófitas aquá-


ticas nos mesmos pontos anteriormente mencionados (1), (2), (3) e (4), os quais são os
pontos mais próximos da casa da propriedade rural e mais afastados das lavouras de
soja (Figura 20). No entanto, foi observada uma quantidade maior de cada espécie de
planta. Destaca-se que na primavera o ponto (M) também apresentou plantas macró-
fitas aquáticas.
Figura 20: Plantas aquáticas coletadas no Rio Santa Maria na primavera.

Fonte: Autores, 2019.

Capítulo 4
RESULTADOS E DISCUSSÕES
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
48

Detalhes das plantas aquáticas coletadas são apresentados na Figura 21 e Figura


22 com imagens de microscopia, sendo folhas e raízes a 64x de aumento.

Na Figura 21, durante o outono, a maioria das plantas observadas nos pontos (1),
(2), (3) e (4) do Rio Santa Maria apresentavam-se visualmente saudáveis, com peque-
nos pontos danificados, como manchas. Ressalta-se que os pontos ao longo do ramo
do Rio Santa Maria, mais próximos a lavouras de soja, não apresentaram plantas aquá-
ticas em suas águas, o que pode ser um indício da presença de agrotóxicos.

Na Figura 22, durante a primavera, a maioria das plantas observadas nos pontos
(1), (2), (3), (4) e (M) do Rio Santa Maria, assim como no período anterior, apresenta-
vam-se saudáveis, porém, em algumas delas continham machas em suas folhas.

Um detalhe observado em ambas as estações do ano, consiste na presença em


maior volume da macrófita aquática conhecida como água-pé mirim (Heteranthera
reniformis), a qual suas folhas possuem formato arredondado. Este maior volume se
deve a suas sementes moverem-se nas águas de enxurradas e cheias, atingindo riachos
naturais, rios e canais de irrigação e drenagem, onde tendem a se proliferar (HEGEL e
MELO, 2016, p. 675).
Figura 21: Microscopia óptica de plantas aquáticas coletadas no outono.

Fonte: Autores, 2019.

SABEDRA, Carlos Airton Lalim Fontoura.


RODRIGUES, Luciana Machado.
SOUZA, Tânia Regina de.
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
49

Figura 22: Microscopia óptica de plantas aquáticas coletadas na primavera.

Fonte: Autores, 2019.

Capítulo 4
RESULTADOS E DISCUSSÕES
50
CAPÍTULO 5

CONSIDERAÇÕES FINAIS
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
52

C om a realização deste estudo foi possível concluir que os resultados de aná-


lises físico-químicas em águas naturais podem variar dependendo da época
do ano, a estação e condições climáticas podem influenciar na qualidade das águas.

As águas coletadas na sua grande maioria, por análise visual, não foram incolo-
res, não sendo indicadas para consumo humano, sem o devido tratamento.

Uma análise geral dos resultados físico-químicos obtidos indicam que as águas
do Rio Santa Maria, no trecho enfocado neste trabalho, apresentou valores de pH nos
pontos analisados, enquadrados na legislação ambiental, considerando-se a classifi-
cação de água doce classe I; os parâmetros de sólidos totais dissolvidos, índice de
turbidez e teor de oxigênio dissolvido também apresentaram-se atendendo aos re-
quisitos de qualidade segundo a legislação; no entanto, a condutividade elétrica foi
um parâmetro de análise o qual não se enquadrou com valores indicados para águas
naturais livres de poluição, indicando contaminação por metais ou outras substâncias
condutoras elétricas.

Todas as amostras de águas apresentaram elevados valores de demanda bioquí-


mica de oxigênio, indicando a alta concentração de matéria orgânica, provavelmente
devido à presença de grande quantidade de nutrientes, como nitrogênio e fósforo, ou
despejos irregulares de esgotos domésticos. Mas a grande maioria das águas foi consi-
derada biodegradável, segundo a razão DBO/DQO.

A investigação acerca da presença ou não do contaminante glifosato nas águas do


Rio Santa Maria, através de análise espectrofotométrica na região de absorção UV-Vis,
indicou possível presença do composto, no entanto, poderia ser também manganês e
níquel, pois estes elementos absorvem radiação para a mesma faixa de comprimento
de onda de 570 nm. Caso, fosse considerada a presença do glifosato, as concentrações
detectadas estariam dentro dos níveis permitidos pela legislação para águas naturais.

Nos pontos de coleta de águas próximos às lavouras de soja existentes não foram
encontradas plantas macrófitas às margens do Rio Santa Maria, somente na secção
próxima à casa na propriedade rural, isto pode ser um outro indício da presença de
agrotóxicos advindos das lavouras.

Segundo as legislações ambientais consultadas, as águas do Rio Santa Maria no


trecho analisado, no município de Dom Pedrito, estariam enquadradas como água
doce classe I. Esta classe de águas pode ser destinada: a) ao abastecimento para consu-
mo humano, após tratamento simplificado; b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho; d)
à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam

SABEDRA, Carlos Airton Lalim Fontoura.


RODRIGUES, Luciana Machado.
SOUZA, Tânia Regina de.
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
MUNICÍPIO DE DOM PEDRITO-RS
53

rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e e) à proteção das
comunidades aquáticas em Terras Indígenas.

Conclui-se a necessidade da realização de monitoramento contínuo e periódico


da qualidade das águas por meio de análises físicas, químicas, visuais, espectrofoto-
métricas, além de outros tipos como microbiológica, análises químicas por absorção
atômica ou cromatografia, para o conhecimento da qualidade das águas e presença de
poluentes.
Rio Santa Maria, Dom Pedrito-RS.

Fonte: Autor Carlos Airton Lalim Fontoura Sabedra, 2019.

Capítulo 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO SANTA MARIA NO
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54

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