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I. RELATÓRIO
Idiota de tal foi denunciado pela prática dos delitos tipificados nos artigos o Art. 213,
§1º c/c Art. 14, inciso II, c/c Art. 61, inciso II, alínea f, todos do CP, porque,
supostamente, teria tentado estuprar a vítima Florzinha.
Ocorre que, durante a instrução criminal, o réu não foi intimado para a primeira
Audiência de Instrução e Julgamento.
II. NULIDADES
A) GARANTIAS DO ACUSADO
Assim, na medida em que o suposto acusado não foi intimado para a audiência de
instrução e julgamento, e, em decorrência disso, deixou de ter contato com o
depoimento da suposta vítima e possíveis testemunhas dos fatos, tem se completa
lesão ao que compreende o princípio do contraditório.
Assim, é seguro destacar que o fato de o suposto acusado não ter tido
conhecimento sobre as declarações das testemunhas e da vítima na primeira
audiência gerou indubitável prejuízo ao seu interrogatório.
III. MÉRITO
A) DA ATIPICIDADE DA CONDUTA
No presente caso concreto, vê-se que o suposto acusado foi abordado pelas
autoridades policiais antes de a conduta criminosa vir a ser consumada, e até
mesmo antes de que fosse iniciada a modalidade tentada.
O art. 14, inciso II do Código Penal prevê que o crime será tentado quando, iniciada
a execução, não se consumar por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Assim, vê-se claramente que razão não assiste ao Ilustre Membro do Ministério
Público, vez que o código e a jurisprudência destacam de maneira contumaz a
diferença entre atos preparatórios e atos de execução.
1 GRECO, R. Código Penal: Comentado. 11. ed. Niterói, RJ: Editora Impetus, 2017.
Na hipótese em tela, não se verificou qualquer ato de execução, mas somente a
cogitação e os atos preparatórios do acusado que confessou tão somente a intenção
de manter relações sexuais com Florzinha. Descabida, pois, a imputação do crime
de estupro tentado.
Assevera-se que na presente lide a idade da vítima não restou comprovada na fase
pré-processual, em sede de delegacia, e tampouco na fase judicial, em sede de
contraditório e ampla defesa.
Isto porque, em nenhuma das aludidas fases a vítima apresentou documento hábil
para tanto, como por exemplo a sua Identidade Nacional, ou o CPF, ou a certidão de
nascimento, nada disso foi apresentado aos autos, restando às meras alegações da
acusação e tão somente mera cópia da matrícula escolar da vítima.
Outrossim, caso viesse a ficar comprovado o fato de a suposta vítima possuir idade
entre 14 a 18 anos, necessário também seria que estivesse demonstrado nos autos
o conhecimento do acusado acerca da idade da vítima, o que também não ocorreu
na presente lide.
Assim, imprescindível se faz que tal qualificadora não incida na pena do suposto
acusado.
IV. PEDIDOS
B) Caso não seja este o entendimento de Vossa Excelência, requer que seja
reconhecida a atipicidade da conduta, com a consequente absolvição do
acusado, vide art. 386, inciso III do CPP, pelas razões expostas no tópico III-
A;
C) Caso este ainda não seja o entendimento deste Magistrado, que não seja
aplicada a qualificadora prevista no art. 213, §1° do CP, conforme
argumentado no tópico III-B, bem como não seja também aplicada a
agravante prevista no art. 61, inciso II, alínea F do CP;
Advogada XXX
OAB XXX