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Saúde Ambiental

Exposição Ocupacional ao Ruído


nas Pedreiras

Rui de Sousa

Maio de 2015
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO ............................................................................. 7
1.1 Objetivos....................................................................................... 11
2 ESTADO DA ARTE .......................................................................13
2.1 Pedreiras ....................................................................................... 13
2.1.1 Processo Produtivo e Atividades Complementares ............................... 15
2.1.1.1 Perfuração e Desmonte ................................................................ 16
2.1.1.2 Ciclo de Carga, Transporte e Descarga ........................................... 17
2.1.1.3 Britagem/ Unidades de Transformação ........................................... 18
2.1.1.4 Central de Areias ......................................................................... 19
2.1.1.5 Expedição .................................................................................. 19
2.1.1.6 Outras Atividades ........................................................................ 20
2.1.2 Enquadramento Legal ...................................................................... 21
2.2 Som e Ruído .................................................................................. 23
2.2.1 Características e Propriedades do Ruído ............................................. 25
2.2.2 Efeitos do Ruído na Saúde ................................................................ 27
2.2.2.1 Sistema Auditivo ......................................................................... 27
2.2.2.2 Audibilidade ................................................................................ 30
2.2.3 Efeitos do Ruído na Saúde ................................................................ 32
2.2.3.1 Sistema Auditivo ......................................................................... 32
2.2.3.2 Sistema Extra Auditivo ................................................................. 36
2.2.4 Enquadramento Legal ...................................................................... 37
2.2.4.1 Medidas de Prevenção e Proteção .................................................. 39
3 Metodologia ...............................................................................45
3.1 Pesquisa Bibliográfica...................................................................... 46
3.2 Procedimento de Medição ................................................................ 46
3.2.1 Referências .................................................................................... 46
3.2.2 Equipamentos ................................................................................. 47
3.2.2.1 Calibração .................................................................................. 47
3.2.3 Técnica de Medição ......................................................................... 47
3.2.3.1 Seleção da Posição de Medição ...................................................... 48
3.2.3.2 Intervalo de Tempo de Medição ..................................................... 48
3.2.3.3 Duração das Tarefas de Trabalho ................................................... 49
3.2.3.4 Medição do LAeq,Tk para cada Tarefa de Trabalho............................... 49
3.2.3.5 Duração da Amostragem .............................................................. 49

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3.2.3.6 Número de Amostragens .............................................................. 50


3.2.4 Intervalos de Frequência das Medições .............................................. 50
3.2.5 Armazenamento de Dados ............................................................... 50
3.2.6 Cálculos, Incertezas e Apresentação dos Resultados ............................ 50
3.2.6.1 Determinação da exposição pessoal diária ao ruído, LEX,8h ................. 50
3.2.6.2 Determinação da Exposição Pessoal Diária Efetiva, LEX,8h,efect .............. 51
3.2.7 Cálculo de Incertezas ...................................................................... 51
3.2.8 Apresentação de Resultados ............................................................. 51
3.3 Parâmetros avaliados ...................................................................... 52
3.4 Critérios de Avaliação ..................................................................... 53
4 Resultados .................................................................................54
5 Conclusões e Recomedações ........................................................75
5.1 Medidas de Minimização da Exposição ao Ruído Ocupacional ................ 86
6 Bibliografia ................................................................................90

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DEFINIÇÕES

Agregados britados - Material proveniente do desmonte, que já foi


processado e transformado no produto final, que possui uma granulometria
específica e ao qual é estipulado um valor comercial.

Desmonte - Operação de extração de matéria-prima mineral, vulgarmente


com explosivos, de modo a desagregar o maciço remanescente, destacando
a rocha, que entre outras finalidades, tem em vista a produção de
agregados.

Dia nominal - Dia de trabalho escolhido para determinar a exposição sonora.


Deve ser representativo da exposição média ao longo do período em análise.

Escombro - Material proveniente do desmonte.

Explorador - Titular da respetiva licença de pesquisa ou exploração da


pedreira.

Exposição pessoal diária ao ruído, LEX,8h - Representa o nível sonoro contínuo


equivalente, ponderado A, calculado para um período normal de trabalho
diário de oito horas T0 , que abrange todos os ruídos presentes no local de

trabalho, incluindo o ruído impulsivo, expresso em dB(A).

Exposição pessoal diária efetiva, LEX,8h,efect - Representa a exposição pessoal


diária ao ruído tendo em conta a atenuação proporcionada pelos protetores
auditivos, expressa em dB(A).

Instalação de britagem - Conjunto de equipamentos necessários para o


processamento de matérias-primas minerais nos vários estágios (britagem,
separação e tratamento).

Massas minerais - As rochas e ocorrências minerais não qualificadas


legalmente como depósito mineral, tal como definido no artigo 5.º do
Decreto-Lei n.º 90/90, de 16 de Março.

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Nível de pressão sonora de pico, LCpico - Valor máximo de pressão sonora


instantânea, ponderado C, expresso em dB(C).

Nível sonoro contínuo equivalente, ponderado A, em decibel, LAeq,T - Valor do


nível de pressão sonora ponderada A de um ruído uniforme que, no intervalo
de tempo T, tem o mesmo valor eficaz da pressão sonora do ruído
considerado cujo nível varia em função do tempo.

Pedreira - Conjunto formado por qualquer massa mineral objeto do


licenciamento, pelas instalações necessárias à sua lavra, área de extração e
zonas de defesa, pelos depósitos de massas minerais extraídas, estéreis e
terras removidas e, bem assim, pelos seus anexos.

Posto de trabalho - Conjunto de todas as tarefas realizadas pelo trabalhador


durante um dia inteiro de trabalho ou turno.

Primário - Equipamento situado no início da instalação de britagem e


utilizado para fragmentar a matéria-prima mineral proveniente diretamente
da pedreira. Produz uma regularização do calibre para a alimentação
britagem secundária.

Profundidade das escavações - A diferença de cotas, na área da pedreira


destinada à extração, entre a maior cota original e a menor cota prevista no
plano de lavra.

Ruído impulsivo - Ruído constituído por um ou mais impulsos de energia


sonora, tendo cada um uma duração inferior a 1 segundo, e separados por
mais de 0,2 segundos.

Substâncias ototóxicas - Substâncias químicas que apresentam toxicidade


para o aparelho auditivo. Na indústria, aparecem normalmente associadas
aos solventes e têm a capacidade de interagir com o ruído, potenciando
assim os seus efeitos negativos.

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Tarefa - Parte da atividade ocupacional do trabalhador num determinado


(especificado) intervalo de tempo de trabalho. O intervalo de tempo de
trabalho normalmente consiste (é composto) numa sequência de atividades
coordenadas que podem fazer um ciclo de trabalho.

Valores de ação superior e inferior - Níveis de exposição diária ou semanal


ou os níveis da pressão sonora de pico que em caso de ultrapassagem
implicam a tomada de medidas preventivas adequadas à redução do risco
para a segurança e saúde dos trabalhadores.

Valores limite de exposição - Nível de exposição diária ou semanal ou o nível


da pressão sonora de pico que não deve ser ultrapassado.

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1 INTRODUÇÃO

A utilização dos recursos geológicos pela Humanidade, desde os seus


primórdios na construção de abrigos para a própria sobrevivência e
desenvolvimento, está fortemente associada a etapas da sua evolução.

Essa riqueza, proporcionada pela Terra, encontra-se à superfície terrestre,


solo e subsolo. Compõe-se por diversos elementos químicos, como o silício,
potássio, sódio, ferro, cálcio, alumínio, magnésio, entre outros e forma-se
por condições termodinâmicas variadas, gerando aglomerados locais que
formam as jazidas.

Sendo os recursos geológicos de grande importância para todos os setores


industriais, surgiu a própria Indústria Extrativa (IE), a qual corresponde ao
conjunto das atividades económicas que têm por objetivo a extração de
recursos do subsolo, no seu estado bruto, que servem de matéria-prima a
outras indústrias, ou constituem fontes energéticas.

Em Portugal, na última década do século XX, deu-se um crescimento


acentuado em termos de valor da produção da IE (Nunes, 2010). Tal facto
está diretamente associado à valorização da cotação internacional dos
minerais metálicos e ao aumento da produção de rochas (ornamentais e
industriais) para consumo do setor da construção civil e obras públicas, que
se intensificou nas últimas décadas.

De facto, a importância deste sector para a economia Portuguesa encontra-


se bem enfatizada no Decreto-Lei n.º 90/90, de 16 de Março, que constitui o
Regime jurídico de revelação e aproveitamento de bens naturais existentes
na crosta terrestre, genericamente designados por recursos geológicos. Este,
realça no seu preâmbulo a importância do setor e do estabelecimento de
regras: ”A dependência em que, coletivamente, hoje nos encontramos da
produção e distribuição destes recursos, a velocidade do progresso
tecnológico, a ditar frequentes mudanças na hierarquia dos seus valores
relativos e absolutos, catapultando para posição de destaque produtos até aí
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negligenciáveis, os consumos crescentes reclamados pela contínua elevação


do nível de vida, as factuais limitações de reservas disponíveis, as pressões
sociais que transferem para os órgãos de poder a responsabilidade da
gestão global e disposição dos recursos existentes, tudo são realidades que
impõem ao Estado o estabelecimento de regras ajustadas a uma atualizada
clarificação de conceitos e à definição dos direitos e deveres dos agentes
envolvidos“.

A par com a importância económica deste setor, é também necessário ter


presente que se trata de um setor de elevado risco para a segurança e
saúde dos seus trabalhadores. A exposição aos múltiplos riscos inerentes ao
processo produtivo da IE, que é realizado a céu aberto, sob a influência das
condições climatéricas, com a realização de escavações a grandes
profundidades e consequente desnível no solo, com a movimentação e
utilização de equipamentos de trabalho móveis de grandes dimensões e
potência, uso de explosivos, etc., traduz-se na classificação dessas
atividades como sendo de risco elevado. Assim, os trabalhadores da
indústria extrativa estão sujeitos aos riscos de exposição a parâmetros
físicos (entre os quais o ruído), químicos, ergonómicos e psicossociais.
(Donoghue, 2004).

De acordo com os dados do Gabinete de Estratégia e Planeamento (GEP,


2012), foram registados em 2010 na IE 1.674 acidentes de trabalho,
correspondendo a uma percentagem de 0,8% do total de acidentes em
todos os setores de atividade (215.632). Considerando os acidentes mortais,
a percentagem sobe para os 2,4% (5 acidentes num total de 208). Foram
64.536 os dias de trabalho perdidos, num total de 1.669 acidentes não
mortais (GEP, 2012). Além disso, este é também um setor importante no
que se refere a doenças profissionais.

Perante o contexto apresentado torna-se fundamental a identificação dos


perigos e avaliação dos riscos associados aos fatores anteriormente
enunciados, seguido da definição das medidas preventivas e de controlo, de

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acordo com os Princípios Gerais de Prevenção, previstos na Lei n.º


102/2009, de 10 de Setembro.

Dos perigos referidos o ruído é, atualmente, um dos mais relevantes no


meio ocupacional industrial. De acordo com a Agência Europeia para a
Segurança e Saúde no Trabalho (OSHA, 2009), calcula-se que, na União
Europeia, 60 milhões de trabalhadores (30% da força de trabalho) estejam
expostos a ruído excessivo, tendo a perda auditiva sido a doença profissional
mais registada em 2005. Também nos EUA esta é uma problemática de
elevada importância, onde estudos recentes revelaram que cerca de 90%
dos operadores de máquinas estavam expostos a níveis de ruído acima dos
limites de exposição diária admissíveis (Goswami, 2012).

De facto a problemática da exposição ao ruído é de elevada importância,


estando a exposição a níveis elevados por períodos longos de tempo
associada à ocorrência de fadiga ou problemas de audição. Assim, níveis de
ruído baixos no interior da cabine das máquinas, traduz-se num proveitoso
ao nível da competitividade das empresas (Sung-Hee, 2012).

A IE é considerada como um dos setores que apresenta maior número de


problemas auditivos relacionados com o trabalho. Analisando as doenças
profissionais por atividade económica, constata-se que a taxa de incidência
mais elevada está associada à IE (OSHA, 2009). No entanto, é importante
realçar que esta questão pode-se ter vindo a agravar devido à atual crise
económica do país e consequente desinvestimento das empresas em aspetos
associados à prevenção de riscos.

Devido à global crise económica e as consequentes repercussões em


Portugal, todos os setores da economia se encontram afetados. No entanto,
o relatório de Atividade de Inspeção do Trabalho (2013), emitido pela
Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), refere que em 2012
existiam 1.177 indústrias extrativas com 10.205 de funcionários.

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As atividades extrativas dependem da geologia e localização específica dos


minerais, obrigando a que a exploração das jazidas seja muitas vezes
realizada em condições desfavoráveis. Fatores como a concorrência,
flutuação do valor dos minerais, os custos elevados do tratamento, a
privatização e reestruturação das empresas, colocam as empresas ligadas à
IE sob tensão permanente. Os elevados investimentos de capital pela IE
levam a que as empresas tentem tirar a máxima rentabilidade dos seus
equipamentos, tornando-os mais flexíveis e muitas vezes utilizando modelos
de trabalho intensivo (Matos et al., 2011).

Todos estes fatores inerentes à atividade aumentam a probabilidade da


ocorrência de acidentes de trabalho e doenças profissionais.

De acordo com o relatório da Autoridade para as Condições de Trabalho


(ACT), em Portugal, no ano de 2014, foram registados, na IE, 4 acidentes
mortais e 3 acidentes graves. Entre 2012 e 2014, foram registados, 11
acidentes mortais (ACT, 2015). O mesmo relatório refere que em 2011 a IE
apresentou 84 doenças profissionais certificadas (30 casos sem incapacidade
e 54 com incapacidade), em 2012 teve 86 doenças profissionais certificadas
(16 sem incapacidade e 70 com incapacidade) e em 2013 teve 99 casos de
doenças profissionais certificadas (22 sem incapacidade e 77 com
incapacidade).

Embora se verifique na IE um progresso no controlo e avaliação de riscos


para a saúde, ainda há muito espaço de manobra para a sua redução,
aplicando-se estes princípios especialmente a riscos de lesões traumáticas,
riscos ergonómicos e de exposição ocupacional ao ruído (Matos, 2011).

O ruído ocupacional na IE combina-se com as diferentes variáveis do


processo desta indústria, nomeadamente com as vibrações e a substâncias
ototóxicas a que os trabalhadores podem estar expostos. Vários autores
estabelecem que o ruído constitui uma variável ocupacional durante o
exercício de uma atividade profissional na IE (em particular a céu aberto),
podendo ser causa de perda de audição, pelo que o seu controlo e redução
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assumem grande importância na saúde dos trabalhadores (Matos et al.,


2011). Defendem também a importância da implementação de metodologias
que conduzam à redução dos níveis de ruído existentes e,
consequentemente, a uma melhoria das condições de trabalho (Matos et al.,
2011).

Apesar da existência de um clima generalizado de conhecimento do risco de


exposição ocupacional ao ruído na IE, nem todos os seus intervenientes
atuam da melhor forma no sentido da redução dessa exposição. Muitas
vezes, as medidas implementadas visam apenas a satisfação do
cumprimento de requisitos legais e não a redução dos níveis de ruído
existente. Ou seja, a atuação prioritária é, muitas vezes, centrada em
envolver o trabalhador com equipamentos de proteção individual (EPI), em
detrimento da atuação na origem, circunscrevendo e afastando o risco.

1.1 Objetivos

A exposição ocupacional ao ruído nas diversas atividades realizadas na


Indústria Extrativa a céu aberto – Pedreiras, tem merecido a atenção por
parte de alguns investigadores. No entanto, os dados disponíveis quanto a
essa exposição ainda são escassos.

Se, por um lado, é necessário conhecer o nível de exposição a que os


trabalhadores das pedreiras estão expostos é também necessário
compreender as características deste setor de atividade (em particular das
fontes produtoras de ruído), para que seja possível enquadrar medidas de
proteção e minimização do impacto acústico provocado na saúde dos
trabalhadores.

Neste trabalho pretende-se caracterizar e avaliar a exposição ocupacional ao


ruído presente nas diferentes tarefas executadas na IE a céu aberto –
Pedreiras.

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Pretende também expor algumas situações verificadas no quotidiano da IE,


que são passíveis de melhoria e da implementação de algumas regras e
boas práticas, como medidas de minimização do risco de exposição ao ruído
e proteção dos trabalhadores a ele expostos.

Assim, os principais objetivos deste trabalho consistem na avaliação da


exposição dos trabalhadores ao ruído durante o trabalho nas pedreiras e a
caracterização das principais variáveis inerentes a essa exposição.

Foram também delineados os seguintes objetivos específicos:

 Caracterização e enquadramento legal da Indústria Extrativa;

 Identificação e caracterização das tarefas de trabalho executadas nas


pedreiras;

 Descrição dos principais efeitos do ruído na saúde.

 Medição dos níveis de pressão sonora a que os trabalhadores estão


expostos nas diversas tarefas e obtenção dos parâmetros LAeq,Tk e
LCpico;

 Determinação dos parâmetros LEX,8h, LEX,8h,efect e LCpico e comparação


com os valores legais aplicáveis;

 Observação de medidas de minimização da exposição ao ruído e sua


aplicabilidade nas diferentes tarefas;

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2 ESTADO DA ARTE

2.1 Pedreiras

A IE a céu aberto explora uma variada gama de matérias-primas. A sua


produção divide-se em dois grupos, de acordo com o destino que é dado às
rochas extraídas: rochas ornamentais (mármores e granitos) e rochas
industriais (calcários, areias, argilas, pedras e britas).

A distribuição da IE em Portugal Continental faz-se de acordo com os


diferentes afloramentos rochosos que ocorrem em cada região, conforme
representado na Figura 1:

Figura 1 – Localização dos Principais Centros Produtores de Rocha Industrial


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Segundo o Decreto-Lei n.º 381/2007, de 14 de Novembro classificação das


atividades económicas, à atividade alvo do presente estudo é dada a
classificação (CAE-Rev.3) expressa na Tabela 1.

Tabela 1 – Classificação da Atividade Económica das Pedreiras Avaliadas

Secção B Indústrias Extrativas

Divisão 08 Outras indústrias extrativas

Grupo 081 Extração de pedra, areia e argila

Classe 0812 Extração de saibro, areia e pedra britada; extração de argilas e caulino

Subclasse 08121 Extração de saibro, areia e pedra britada

Seguindo a nota explicativa do documento “Classificação Portuguesa das


Atividades Económicas Rev. 3” do Instituto Nacional de Estatística (INE),
esta atividade compreendendo a “extração, dragagem, lavagem e
beneficiação de areias especiais para a indústria transformadora e areias
comuns para a construção; extração e britagem de pedras para agregados
utilizados na construção; moagem de pedras para obtenção de pós no local
da extração”.

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2.1.1 Processo Produtivo e Atividades Complementares

O processo produtivo inicia com a extração da matéria-prima mineral,


normalmente com recurso a explosivos. Os escombros resultantes são
triados, processados e transformados em unidades de transformação ou
britagem automatizadas. São sujeitos a diversos estágios de fragmentação e
classificação, originando diferentes granulometrias de material (designados
por agregados britados) e armazenadas por categorias em grandes montes
de estoque. Por fim a fase de expedição é efetuada, por meio de pá-
carregadora, fazendo cargas individuais nos camiões ou misturas com
homogeneização (a partir de composições predefinidas).

Com o objetivo de efetuar o controlo da qualidade da produção e a


verificação da conformidade segundo requisitos específicos (nomeadamente
marcação CE), os agregados são regularmente submetidos a controlo, em
laboratórios próprios e/ou externos.

A Figura 2 ilustra, de forma simplista, o sistema produtivo de pedreiras:

Perfuração e
Carga, Transporte e Descarga Britagem
Desmonte

Figura 2 – Ilustração Simplificada do Sistema Produtivo de Pedreiras

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2.1.1.1 Perfuração e Desmonte

As operações de perfuração e desmonte estão intimamente ligadas ao tipo de


exploração extrativa. Na exploração destinada a rocha industrial,
dependendo da consistência da massa mineral, o desmonte é realizado com
recurso a explosivos ou por meio de separação hidráulica em maciços
segmentados.

No caso particular das pedreiras analisadas neste trabalho, o processo de


desmonte era realizado com explosivos. Após a perfuração de um conjunto
de furos calculadamente distribuídos pela área a extrair (na frente de
pedreira), estes eram carregados com explosivos e de seguida detonados em
“pegas” de fogo criteriosamente controladas e com evacuação da área. O
dimensionamento desses rebentamentos é fundamental, quer para a eficácia
do desmonte, quer para a seleção da matéria-prima.

A primeira etapa é executada com recurso a máquinas de perfuração


(Perfuradora/ Roc). Estes equipamentos dispõem de uma coluna de
perfuração que executa furos por meio de varas, as quais vão perfurando e
sendo retiradas, lubrificadas e acopladas sucessivamente até atingir a
profundidade desejada. Este processo é realizado de modo automático ou
semiautomático, consoante o tipo de máquina. Os modelos mais antigos de
Perfuradoras/ Roc não dispõem de cabine, estando os operadores no exterior
da máquina (junto dos comandos e coluna de perfuração). No caso dos mais
recentes, estes são equipados de cabine onde se localizam os comandos, a
qual permite acolher o operador e isola-lo do exterior.

Depois da perfuração e rebentamento dos explosivos (que origina o


desmonte) a massa mineral fica disposta em escombros de dimensão
heterogénea. Se a “pega” de fogo não foi bem dimensionada (ou por motivo
inerente a características geológicas particulares), podem resultar algumas
rochas de maior dimensão as quais terão de sofrer, em caso extremo, nova
operação de perfuração e desmonte com recurso a explosivo, ou uma

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fragmentação (taqueamento) por meio de equipamento de percussão


hidráulico designado por Giratória com Martelo – “Pica-Pedra”.

A designação deste equipamento (Giratória) deve-se ao facto de poder girar


sobre si mesmo. Desloca-se por meio de lagartas e dispõe de braço
hidráulico onde está acoplado o “martelo”, utilizado para deslocar
ligeiramente os blocos de pedra e acionar forte percussão pneumática sobre
eles. São equipamentos cabinados, conferindo acolhimento ao operador.

2.1.1.2 Ciclo de Carga, Transporte e Descarga

O ciclo de carga, transporte e descarga é um processo continuado e


repetitivo (cíclico) que inicia com a remoção da pedra (misturada com os
restantes escombros) do local onde foi efetuado o desmonte (na frente de
pedreira) e colocação na máquina que fará o seu transporte (Camião ou
Dumper) até ao local onde será processada (Britagem).

A carga é efetuada com recurso a Pás-Carregadoras ou Giratórias com Balde,


dependendo dos recursos disponíveis em pedreira e das características do
material a carregar. Ambas as máquinas são providas de cabine.

No caso das Giratórias com Balde, dispondo de sistema de locomoção de


lagartas, conseguem alcançar e subir amontoados de escombros, permitindo
girar e carregar as caixas basculantes dos Camiões/ Dumpers. Estes
equipamentos possuem grande capacidade de força, podendo recolher
grandes pedras, mesmo em escombros compactados e até efetuar
escavação.

As Pás-Carregadoras, por sua vez, dispõem de rodas e pneus, permitindo


maior mobilidade e rapidez no manuseamento da carga, em terrenos menos
sinuosos e com acesso livre até aos escombros. Contudo, não tem tanta
facilidade em remover escombros muito compactados e com pedras de
grandes dimensões. São também bastante importantes e eficazes nos
trabalhos de elaboração e limpeza dos percursos.

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Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

A operação de transporte é então feita pelos Dumpers (ou camiões). Os


Dumpers são veículos de transporte bastante robustos e capazes de superar
terrenos acidentados e com declives acentuados. Dispõem de grande
capacidade de carga devido à sua caixa basculante (báscula) onde
transporta o material proveniente do desmonte o qual despeja no Britador
Primário ou numa pilha de estoque.

O ciclo reinicia após o regresso do Dumper à frente de pedreira, onde este


recebe nova carga.

2.1.1.3 Britagem/ Unidades de Transformação

A Britagem, ou Unidades de Transformação, são constituídas por


equipamentos, geralmente, fixos (apesar da existência de algumas britagens
móveis) cuja função se baseia na fragmentação progressiva e triagem dos
agregados britados de acordo com as granulometrias desejadas.

A britagem tem início no Britador Primário que é composto por um


recetáculo, onde escombros descarregados pelo Dumper deslizam, por meio
de vibração da estrutura, até às “maxilas” do Primário. Aqui, a ação da
percussão do aço maciço sobre a pedra, fragmenta-a em partes de menor
dimensão.

As diferentes granulometrias de pedra, vão sendo encaminhadas por “tapetes


rolantes” (designados por telas transportadoras) para britadores secundários
e crivos onde continua a ser processada a fragmentação ou é selecionado o
agregado britado, de acordo com a sua dimensão.

O agregado britado é então disposto em pilhas de estoque (ou silos de


grande capacidade), pronto para os ensaios laboratoriais de controlo de
qualidade e expedição.

Todo este processo é automatizado, mas controlado por um operador que se


encontra no interior da cabine de comandos, junto ao Primário. No entanto, o
Britador Primário pode “encravar” (não conseguindo partir alguma pedra de
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maior dimensão, por exemplo) tendo um operador que se deslocar ao


exterior, junto do Primário, para proceder a operações que restabeleçam o
seu normal funcionamento.

Existem também detetores de metais ao longo do circuito para evitar que


algum objeto estranho e metálico entre no sistema de britagem secundária
ou nos crivos, evitando assim a sua avaria. Estes objetos podem ser, por
exemplo varas dos equipamentos de perfuração, “dentes” dos baldes das
Pás-Carregadoras ou das Giratórias, etc. No caso de ser detetado algum
objeto metálico, as telas transportadoras param e é necessária a intervenção
de um operador para se deslocar ao local, procurar o objeto metálico e de
seguida proceder à sua remoção.

Na Britagem, as Pás-Carregadoras desempenham também algumas tarefas


adicionais, como o caso das limpezas, arrumação das pilhas de estoque e,
algumas vezes, à alimentação do Primário.

2.1.1.4 Central de Areias

Algumas pedreiras são também capazes de efetuar “lavagem” de areias.


Este processo consiste na crivagem e lavagem da parte mais fina resultante
da britagem, com a separação das lamas (resíduo) e aproveitamento das
areias, por diferentes granulometrias.

Um operador comanda, no interior da cabine, todo o processo, sendo


necessária a sua presença (ou de outro operador) no exterior para controlo
do processamento de tratamento das lamas.

A alimentação da instalação de lavagem de areias é feita recorrentemente


com a Pá-Carregadora.

2.1.1.5 Expedição

A expedição dos agregados britados pode ser efetuada pelo carregamento


dos camiões diretamente em silos de grandes dimensões ou pela operação

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da Pá-Carregadora, transpondo os inertes das pilhas de estoque para as


básculas dos camiões.

2.1.1.6 Outras Atividades

Para além dos equipamentos e processos diretamente associados à


produção, as pedreiras usufruem de outras infraestruturas e desenvolvem
outras atividades complementares.

Conforme já foi mencionado anteriormente, para a garantia de qualidade do


produto, são realizados ensaios laboratoriais na própria pedreira (se
dispuserem dessa valência) ou por entidade externa. Os ensaios de
agregados britados mais comummente realizados nas pedreiras consistem na
análise granulométrica do produto, os quais são realizados com a peneiração
manual desses agregados em peneiros metálicos.

Para garantir o bom do funcionamento de toda a instalação de produção, das


máquinas e equipamentos presentes numa pedreira, é necessária a
capacidade de proceder à sua manutenção diária e solucionar avarias
pontuais, mais ou menos frequentes. Para tal, as pedreiras dispõem de
Armazéns onde acondicionam os materiais necessários e Oficinas onde
executam a manutenção e reparação das máquinas, equipamentos e
estruturas amovíveis, sendo que os equipamentos fixos são intervencionados
no próprio local.

As atividades administrativas e pesagem dos veículos expedidos realizam-se,


habitualmente, em edifícios afastados da zona de produção, próximo do
acesso à pedreira. Estas são realizadas por trabalhadores, instalados no
interior de escritórios. Existindo contudo uma comunicação física, por meio
da abertura de uma janela onde o operador de balança e os motoristas dos
camiões expedidos efetuam a transação comercial (pagamento, entrega de
farturas/ recibos e guias de transporte).

de Sousa, Rui 20
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

2.1.2 Enquadramento Legal

Não obstante as pedreiras serem classificadas como recurso geológico do


domínio privado, o seu aproveitamento legal requer, obrigatoriamente, a
obtenção prévia de uma licença de exploração, sendo a emissão dessa
licença, responsabilidade da Direção Regional de Economia ou da Câmara
Municipal.

Apresenta-se de seguida um resumo da principal legislação aplicável ao


setor das pedreiras.

 Estratégia Nacional para os Recursos Geológicos - Recursos


Minerais
a) Resolução do Conselho de Ministros n.º 78/2012, de 11 de Setembro:
Aprova a Estratégia Nacional para os Recursos Geológicos - Recursos
Minerais.

 Regime Jurídico de Revelação e Aproveitamento de Bens Naturais


Existentes na Crosta Terrestre
b) Decreto-Lei n.º 90/90, de 16 de Março:
Disciplina o regime jurídico de revelação e aproveitamento de bens
naturais existentes na crosta terrestre, genericamente designados por
recursos geológicos, integrados ou não no domínio público, com
exceção das ocorrências de hidrocarbonetos.

 Regime Jurídico da Pesquisa e Exploração de Massas Minerais –


Pedreiras
c) Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de Outubro:
Aprova o regime jurídico da pesquisa e exploração de massas
minerais-pedreiras, revogando o Decreto-Lei n.º 89/90, de 16 de
Março.

d) Declaração de Retificação n.º 20-AP/2001, de 30 de Novembro:


Retificação ao Decreto-Lei n.º 270/2001, do Ministério do Ambiente e
do Ordenamento do Território, que aprova o regime jurídico da
de Sousa, Rui 21
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

pesquisa e exploração de massas minerais - pedreiras.

e) Decreto-Lei n.º 112/2003, de 4 de Junho:


Prorroga por seis meses o prazo previsto na alínea a) do n.º 2 do
artigo 63.º do Decreto-Lei n.º 270/2001, que aprovou o regime
jurídico da pesquisa e exploração de massas minerais - pedreiras.

f) Decreto-Lei n.º 317/2003, de 20 de Dezembro:


Prorroga por seis meses o prazo previsto no Decreto-Lei n.º 112/2003,
aplicável ao regime jurídico de pesquisa e exploração de massas
minerais.

g) Decreto-Lei n.º 340/2007, de 12 de Outubro:


Altera o Decreto-Lei n.º 270/2001, que aprova o regime jurídico da
pesquisa e exploração de massas minerais.

h) Declaração de Retificação n.º 108/2007, de 11 de Dezembro:


Retifica o Decreto-Lei n.º 340/2007, do Ministério da Economia e da
Inovação, que altera o Decreto-Lei n.º 270/2001, que aprova o regime
jurídico da pesquisa e exploração de massas minerais.

 Regime Jurídico da Segurança e Higiene no Trabalho nas Minas e


Pedreira
i) Decreto-Lei n.º 162/90, de 22 de Maio:
Aprova o Regulamento Geral de Segurança e Higiene no Trabalho nas
Minas e Pedreiras. Revoga o Decreto-Lei n.º 18/85, de 15 de Janeiro.

j) Portaria nº 198/96, de 4 de Junho:


Regula as prescrições mínimas de segurança e de saúde nos locais e
postos de trabalho das indústrias extrativas a céu aberto ou
subterrâneas.

de Sousa, Rui 22
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

2.2 Som e Ruído

À exceção do “vazio”, qualquer meio elástico que disponha de massa e


elasticidade, seja gasoso, líquido ou sólido, vibra quando descreve um
movimento oscilatório em relação à sua posição de equilíbrio. Ocorre então
uma variação de pressão e densidade que é propagada pela colisão sucessiva
das moléculas circundantes, na direção de propagação, provocando assim
zonas de compressão e rarefação. Essa propagação pode, inclusive, transitar
entre diferentes meios.

Quando ouvido humano contacta com o meio de propagação da onda de


energia, essa variação de pressão pode ser identificada como “Som”.

A propagação das ondas sonoras depende, em primeiro lugar, das


características do som, do meio de propagação, da distância percorrida,
orientação, características envolventes de absorção e reflexão sonora,
temperatura, humidade relativa, pressão atmosférica, entre outros fatores.

Ao som indesejado, incomodativo, impedimento de concentração e


comunicação ou que possa provocar efeitos nocivos à saúde do seu recetor,
designa-se por “Ruído”.

Dado o lato sentido que o ruído pode apresentar, aliado à subjetividade do


conceito de incomodidade, este pode ser estudado e avaliado de forma
abrangente e diversa. No contexto ocupacional (vertente enquadrada no
presente trabalho), o ruído é tido em conta, essencialmente, pelo potencial
de causar dano na saúde humana.

De acordo com Miguel (2014) “O ruído constitui uma causa de incómodo para
o trabalho, um obstáculo às comunicações verbais e sonoras, podendo
provocar fadiga geral e, em casos extremos, trauma auditivo e alterações
fisiológicas extra auditivas (...). Quando o ruído atinge determinados níveis,
o aparelho auditivo apresenta uma fadiga que, embora inicialmente seja
suscetível de recuperação, pode em casos de exposição prolongada a ruído

de Sousa, Rui 23
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

intenso transformar-se em surdez permanente devido a lesões irreversíveis


do ouvido interno”.

Sendo o ruído resultado da variação da pressão sonora, a sua unidade de


medida (Pascal - Pa) numa escala linear seria impraticável, uma vez que
compreende uma grandeza de unidade de milhão. Considerando que, em
média, o limiar de audição (mínimo de pressão sonora que o ouvido humano
deteta) é provocado por uma pressão de 20 micro pascal (μPa) e que o limiar
da dor (máximo suportado pelo ouvido humano) ocorre a uma pressão de
100 Pa, aliado ao facto que o ouvido não responde linearmente aos
estímulos, mas sim logaritmicamente, os parâmetros acústicos são avaliados
numa escala logarítmica, expressa em decibéis (dB).

Por definição, o decibel é o logaritmo da razão entre o valor medido e um


valor de referência padronizado, que corresponde à mais pequena variação
da pressão sonora que um ouvido humano normal pode distinguir, nas
condições normais de audição (Miguel, 2014).

A reação do ouvido humano difere de acordo com o tipo de som captado,


devido à própria estrutura do aparelho auditivo e das características do
sistema nervoso relacionadas com a audição.

Sons de diferentes frequências, com o mesmo nível de pressão sonora,


provocam diferentes estímulos auditivos, pois o ouvido humano tem
sensibilidades diferentes para diferentes frequências. Por esse facto, a
intensidade do ruído é geralmente medida com uma ponderação (filtros de
ponderação), existindo vários tipos de filtros de ponderação normalizados. O
mais comummente utilizado a nível de ruído ocupacional é o filtro de
ponderação “A” que simula a resposta do ouvido humano. Os valores das
medições feitas através do filtro A são seguidos pela designação decibel A,
dB(A).

O risco associado à exposição ocupacional ao ruído deriva sobretudo de


combinação de duas variáveis: o nível sonoro e o tempo de exposição. Por

de Sousa, Rui 24
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

esse facto a exposição ao ruído é ponderada no tempo, sendo usados os


níveis sonoros médios, extrapolando-se para um dia de trabalho de 8 horas.

2.2.1 Características e Propriedades do Ruído

Conforme referido anteriormente, o nível sonoro expresso em decibel,


relaciona a intensidade sonora de um som com a intensidade sonora do som
mais fraco que conseguimos ouvir, ou seja, a pressão sonora de referência. A
intensidade do som depende da energia que a onda sonora transfere, sendo
definida fisicamente como a potência sonora recebida por unidade de área de
uma superfície. Permite caracterizar se um som é forte ou fraco.

Uma das características mais importantes na caracterização do ruído é a


frequência, que indica o número de ocorrências de um evento, num
determinado intervalo de tempo (Braga, 2011). Em acústica, a frequência
(Hz) refere-se a ciclos de variação de pressão por segundo. O número de
flutuações ou períodos por segundo (hertz) define a frequência.

A escala de frequências do som divide-se em três grandes grupos:


infrassons, gama de frequências audível e ultrassons.

A gama audível é aquela que provoca reação ao nível da audição humana


(para uma acuidade auditiva média), iniciando nos 20 Hz e com término aos
20 000 Hz. Os infrassons situam-se abaixo dos 20 Hz e os ultrassons acima
dos 20.000.

No âmbito da acústica ocupacional, o espectro de frequências da gama


audível é dividido em 10 bandas de frequência, as quais se designam por
oitavas (também representadas por 1/1 oitava). A designação de cada oitava
corresponde à sua frequência central, que é o dobro da frequência central da
oitava antecedente e a média geométrica das frequências limite (Miguel,
2014). No entanto, cada oitava pode também subdividir-se em 3 grupos de
terços de oitava (1/3 oitava).

de Sousa, Rui 25
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

A frequência de um som está intimamente relacionada com a tonalidade, a


qual caracteriza os sons graves e agudos. Sons com baixa frequência
denominam-se de graves ao passo que os agudos são os sons de alta
frequência. As frequências intermédias compõem os sons médios.

Um som pode ainda ser composto por uma ou várias frequências, facto que o
classifica como som puro ou som composto, se detém apenas uma ou mais
frequências respetivamente. No âmbito ocupacional, o ruído é composto, pois
é resultado de várias fontes sonoras e de diferentes frequências. Pode, no
entanto, existir predominância de alguma frequência em relação a outras.

Ao inverso da frequência designamos por período, que representa o tempo


de um ciclo completo de variação de pressão. Amplitude é a deslocação
máxima do ponto em vibração em relação ao seu ponto de equilíbrio.

Caracteriza-se, também, a onda sonora quanto à distância entre secções com


pressões iguais, ou seja, entre valores repetidos num padrão de onda. Essa
distância designa-se por comprimento de onda, e é medida em metros (m).

O comprimento de onda estabelece uma relação inversa com a frequência.


Considerando a velocidade do som constante, quanto maior for o número de
vezes que se completa um ciclo (frequência), em determinado intervalo de
tempo, menor será a distância existente entre esses ciclos.

A caracterização do ruído pelo comprimento de onda é de grande


importância, sobretudo quando se pretende dimensionar a sua forma de
isolamento. Isto porque, sendo esta grandeza mensurável tal como o
tamanho de objetos, é possível determinar, por exemplo, a possibilidade de
colisão ou transposição de objetos, que permitirão a absorção ou reflexão de
determinado ruído. O comprimento de onda dentro da gama audível, de 20
Hz a 20.000 Hz, varia entre os 17 m e os 0,017 m, respetivamente.

Quanto à variação do nível sonoro ao longo do tempo, podemos caracteriza-


lo como “estacionário” ou “flutuante”, consoante a sua variação durante o

de Sousa, Rui 26
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

período de observação. O ruído estacionário será aquele cujo seu nível


sonoro se mantém estável ao longo do tempo, enquanto o ruído flutuante
varia continuamente e numa extensão apreciável durante o período de
observação.

Dentro do ruído flutuante podemos também encontrar algumas


especificidades, como o caso do “ruído intermitente”, resultante de eventos
sonoros pontuais ou cíclicos. O regime de funcionamento de diversas
máquinas (tais como compressores de ar, que ligam e desligam consoante a
pressão interna) pode originar um ruído intermitente e também cíclico
(consoante o número e a duração de cada evento de ruído).

Outro caso particular e de grande importância ocupacional é o “ruído


impulsivo”, que se caracteriza pela ocorrência de um ou mais impulsos de
elevada energia sonora, de curta uma duração. É o caso do ruído resultante
da percussão, explosões, impactos, etc., o qual pode provocar danos
auditivos, mesmo com tempos de exposição reduzidos.

2.2.2 Efeitos do Ruído na Saúde

O ruído pode gerar efeitos nocivos ao nível do sistema auditivo e extra


auditivo, de acordo com a suscetibilidade individual e as características do
ruído e exposição.

2.2.2.1 Sistema Auditivo

O ouvido constitui o órgão humano com a função de receção do som.


Genericamente, constitui um transdutor que é capaz de transformar ondas
sonoras (energia mecânica) em estímulos elétricos neuro-sensoriais. Para
além disso, opera também como órgão sensorial do equilíbrio, facto que
relaciona algumas perturbações na audição com o equilíbrio.

A Figura 3 ilustra a constituição do ouvido humano:

de Sousa, Rui 27
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Osso Canais Nervo


Temporal Martelo Bigorna Semicirculares Acústico

Pavilhão Canal Trompa de


Auditivo Auditivo Tímpano Estribo Cóclea Eustáquio

Figura 3 – Ilustração do Ouvido Humano

No que respeita à divisão anatómica do ouvido, esta pode ser feita em 3


áreas: ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno. A função das
primeiras é a transmissão e a última a perceção do som.

Ouvido Externo

É constituído pela orelha (pavilhão auditivo), cuja estrutura cartilaginosa e


afunilada receta e conduz as ondas sonoras ao canal auditivo o qual, por
sua vez, atua como ressoador. No fim desde canal encontra-se o tímpano,
composto por uma membrana com forma cónica que vibra ao ser
estimulada pelas variações da pressão sonora, transmitindo essa energia
mecânica ao ouvido médio.

de Sousa, Rui 28
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Ouvido Médio

Esta área intermédia do ouvido estabelece a ligação entre o ouvido externo


e o interno. Consiste numa pequena cavidade alojada no osso temporal,
onde se encontram 3 ossículos interconectados (martelo, bigorna e estribo),
alojados em mucosas. Estes estão unidos à cavidade por uma série de
ligamentos e músculos. A cavidade comunica com a laringe através da
trompa de Eustáquio, equilibrando a pressão interna com a pressão externa
e, consequentemente, ambas as faces da membrana do tímpano.

A compressão ou rarefação no ouvido fazem com que o tímpano seja forçado


para dentro ou para fora, respetivamente e de acordo com a frequência da
onda sonora. Com essa vibração, o martelo, que se encontra sobre a
superfície interior do tímpano, transmite essa energia mecânica à bigorna e
por sua vez ao estribo, triplicando a pressão inicialmente recebida e
compensado as perdas da pressão sonora em meio líquido.

O estribo, cuja base se encontra fixa à membrana de separação do ouvido


médio ao ouvido interno (designada por janela oval), transmite uma ação
mecânica que atua hidraulicamente no ouvido interno.

Ouvido Interno

O ouvido interno está por sua vez subdividido em 3 partes: o nervo auditivo,
os canais semicirculares e a cóclea.

A cóclea é responsável pela perceção auditiva. É composta por um canal


espiral de paredes ósseas, cuja secção transversal está dividida em 3 canais
ou compartimentos – rampa vestibular (canal superior), rampa timpânica
(canal inferior) e entre elas o canal coclear de secção triangular.

No canal coclear encontra-se o órgão de Corti que é responsável pela


transformação das ondas de compressão em impulsos nervosos que são
enviados ao cérebro.

de Sousa, Rui 29
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

2.2.2.2 Audibilidade

A audibilidade está relacionada com a sensibilidade que apresentamos a


cada som. Depende fundamentalmente das frequências desse som.

Os sons de baixas frequências causam uma elevada ativação da membrana


basilar perto do cimo da cóclea, enquanto que os sons de alta frequência
ativam a membrana basilar perto da base da cóclea. Sons de frequência
intermédia ativam a membrana em distâncias intermédias entre os dois
extremos (Guyton e Hall, 2006).

Foi analisada, experimentalmente, a variação da audibilidade humana com a


frequência, obtendo-se, na década de 50 (por Fletcher e Munson) uma
representação gráfica que traduz a relação dos sons de frequências e
intensidades diferentes, mas audíveis da mesma forma.

A Figura 4 ilustra essa relação:

50 4000

Figura 4 – Variação da Audibilidade Humana com a Frequência

de Sousa, Rui 30
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

As curvas isofónicas ligam pontos de igual nível de audibilidade, sendo a


audibilidade uma grandeza expressa em “fones”. Corresponde à comparação
do nível sonoro necessário para se obter um estímulo sonoro idêntico ao
nível sentido para a frequência de 1000 Hz. Por exemplo, para o mesmo
nível de audibilidade de 100 fones (100 dB aos 1000 Hz), corresponde um
nível sonoro de 110 dB na frequência de 50 Hz e de, aproximadamente, 87
dB aos 4000 Hz. Porém, estes níveis são apenas um valor médio, variando
de indivíduo para indivíduo, sendo contudo adotados para fins comparativos
e normativos.

A capacidade auditiva do ouvido humano varia conforme as frequências,


sendo mais sensível entre as gamas de frequências de 2000Hz a 5000Hz.

A proporcionalidade entre o nível de audibilidade e a perceção que temos do


som designa-se por “sonoridade”. A sonoridade mede a sensação auditiva e
é independente da frequência.

Conclui-se então que a resposta do ouvido humano ao som não é linear,


reagindo de forma singular à receção dos diversos sons e frequências. Desse
modo, como os equipamentos de medição de ruído medem os valores exatos
de pressão sonora, para que estes se comportem como o ouvido humano é
necessário introduzir-lhe uma ponderação na frequência, de acordo com a
sensibilidade. Desse facto resultam curvas (também designados por filtros)
de ponderação normalizadas e que seguem as curvas isofónicas. Aquela que
melhor correlaciona os valores medidos com a incomodidade ou risco de
trauma auditivo do sinal sonoro é a curva de ponderação “A”, que é utilizada
no âmbito das medições de ruído ocupacional, assim como o filtro de
ponderação “C” para o ruído impulsivo.

O resultado das medições com a utilização de filtros de ponderação é


expresso com indicação desse filtro (por exemplo: dB(A) ou dB(C)).

Na Figura 5 representam-se as curvas de ponderação na frequência:

de Sousa, Rui 31
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Figura 5 – Curvas de Ponderação (A, B, C e D) na Frequência

2.2.3 Efeitos do Ruído na Saúde

A exposição a ruído ocupacional excessivo e potencialmente prejudicial


adecta, mundialmente, milhões de pessoas. No entanto, essa exposição
estende-se, muitas vezes para lá das atividades laborais, nomeadamente as
lúdicas e sociais, como concertos, desportos motorizados, etc.

2.2.3.1 Sistema Auditivo

A deterioração da audição é função da intensidade, frequência e tempo de


exposição ao ruído, variando também de indivíduo para indivíduo. A perda
de audição não apresenta contudo, um comportamento linear face à
exposição, sendo nos primeiros anos que normalmente se verificam as
perdas mais acentuadas (May, 2000).

Quando expostas a sobrecargas de ruído, as células do ouvido sofrem


alterações, aparecendo a perda de audição (Abelenda, 2006). Os efeitos que
a exposição a níveis elevados de ruído provoca no aparelho auditivo podem
resultar em perdas auditivas temporárias ou perdas auditivas permanentes.
de Sousa, Rui 32
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Como verificamos anteriormente, a maior sensibilidade do ouvido humano


ao ruído ocorre na frequência dos 4000 Hz, de modo que os primeiros
efeitos fisiológicos da exposição a níveis elevados de ruído se farão sentir
nesta frequência (considerando a exposição ao um espectro relativamente
linear). Este efeito pode ser apenas temporário, ocorrendo uma acomodação
“elástica” das células ciliadas à variação da pressão provocada pelo ruído,
mas a exposição contínua a níveis sonoros elevados pode exceder essa
capacidade de recuperação e lesar as células nervosas do ouvido interno,
tornando a perda de audição permanente e irreversível.

Para além da suscetibilidade individual e consequente predisposição a danos


em órgãos do aparelho auditivo, outros fatores, tais como a exposição a
fontes a ruído com características diversas, substâncias com capacidades
ototóxicas e outros agentes que possam ter efeitos sinérgicos (vibrações,
por exemplo), devem também ser tidos em conta.

Perdas Auditivas Temporárias

Segundo Stellman (1998), quando ocorre uma exposição de curta duração a


valores elevados de ruído, sucedem alterações morfológicas das células
ciliadas, que se distanciam da membrana. Ou a nível químico, a presença de
uma concentração de glutamato considerada ototóxica faz parar a sinapse
das células. Estas situações provocam a fadiga auditiva, designada por
deslocamento temporário dos limiares auditivos. Manifesta-se pela
diminuição temporária e reversível da capacidade auditiva e é determinada
pelo nível de perda de audição e pelo tempo que o ouvido leva a retomar
o limiar de audição inicial. Depende das características espectrais do ruído,
da sua intensidade e duração.

A perda auditiva temporária pode ainda ser acompanhada de acufenos,


traduzindo-se num pequeno zumbido nos ouvidos. Estes podem ser
temporários ou crónicos e dificultam também a audição de frequências
graves (Gelfand, 2011). Outros sintomas são as mudanças de perceção da

de Sousa, Rui 33
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

intensidade, tonalidade, na capacidade de sobreposição a outros estímulos


auditivos e distorção aparente dos sons.

Perdas Auditivas Permanentes

Em casos extremos, pode acontecer o deslocamento permanente e


irreversível dos limiares auditivos, para uma ou várias frequências,
originando a perda auditiva permanente (surdez). Isto ocorre quando se
verificam alterações relacionadas com a morte ou apoptose progressiva
(autodestruição) das células ciliadas do órgão de Corti. Quando ocorre a
morte das células os efeitos são mais significativos, podendo ocorrer perda
total de audição (Stellman,1998).

É também influenciada pelas das características espectrais do ruído, sua


intensidade e duração, como pela suscetibilidade individual, sendo mais
evidente para sons puros e para frequências elevadas. Tal facto faz com que,
num estádio inicial, o dano auditivo não interfira diretamente com a
comunicação verbal, não sendo por isso imediatamente percecionado.

As perdas de audição são mensuráveis e analisadas para controlo das


alterações do limiar de audição, principalmente em contexto laboral. Essa
análise permite correlacionar as perdas auditivas com a exposição dos
trabalhadores a níveis elevados ruído.

De acordo com Gelfand (2011), o principal instrumento utilizado na definição


do nível e tipo de perda auditiva em cada ouvido (direito e esquerdo) é o
audiograma, que consiste em submeter o paciente a diferentes níveis e
frequências de som, sendo identificado pelo paciente o limiar auditivo em
cada frequência. São registados esses valores e apresentados graficamente.

Na Figura 6 apresenta-se o exemplo de um audiograma:

de Sousa, Rui 34
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

-10

10
 Ouvido Direito
Limiar de Audição (dB)
20
 Ouvido Esquerdo
30

40
Audição Normal
50
Perda Auditiva
60

70

80
125 250 500 1000 2000 4000 8000
Frequência (Hz)

Figura 6 – Exemplo de Audiograma

O exemplo apresentado é típico de uma perda auditiva permanente,


resultante da exposição a ruído industrial, evidenciada por uma diminuição
mais se ve r a da acuidade auditiva na frequência dos 4000 Hz. Segundo
Miguel (2014), forma-se um escotoma em “U” ou em “V” percetível nos
audiogramas, como consequência da predominância do espectro desse ruído
em torno dos 1,5 e 3,5 kHz, alargando-se progressivamente até abranger
as baixas frequências, que estão diretamente relacionadas com a perceção
da palavra.

A Figura 7 representa os estádios evolutivos das perdas auditivas


permanentes:

de Sousa, Rui 35
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

0
Audição Normal
10

20
Estádio 1
30
Perda Auditiva (dB)

40 Estádio 2

50

60 Estádio 3

70

80

90
500 1000 2000 3000 4000 6000
Frequência (Hz)

Figura 7 – Estádios de Evolução das Perdas Auditivas Permanentes

Ressalve-se que a perda auditiva pode ser resultado de outros fatores para
além do ruído, nomeadamente, a idade (presbiacusia), fatores hereditários,
contacto com substâncias e medicamentos ototóxicos, doenças do foro
otológico ou infeciosas (como meningite, sarampo ou encefalite) ou traumas
físicos no canal auditivo.

2.2.3.2 Sistema Extra Auditivo

A exposição a níveis elevados de ruído, em particular no local de trabalho,


para além da influência negativa sobre a capacidade de concentração,
perturbação da comunicação (incluindo o mascaramento de sinais de alarme
e mensagens sonoras de aviso de perigo), está também relacionada com o
aparecimento de inúmeras manifestações patológicas extra auditivas. Essas
poderão ser: fadiga geral, transtornos psicofísicos (como a irritabilidade,
ansiedade, depressão, estresse), contração dos vasos sanguíneos,
aceleração da frequência cardíaca e respiratória, alteração da pressão

de Sousa, Rui 36
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

arterial e da função intestinal, contração muscular do estômago e do


abdómen, aparecimento de úlceras gástricas, aumento da produção de
hormonas produzidas pela tireoide, impotência sexual e desequilíbrios
menstruais, tremores, náuseas, vertigens, desmaios, insónias e diminuição
da qualidade do sono, perda de memória, variações de conduta
(especialmente comportamentos antissociais, como a hostilidade,
intolerância e agressividade), entre outras. De acordo com alguns estudos, a
exposição de trabalhadoras grávidas a níveis elevados de ruído
(principalmente de baixas frequências) pode ter repercussões sobre a futura
capacidade auditiva da criança.

Além dos efeitos que essas patologias causam ao trabalhador, existe uma
possível associação causal entre a exposição ocupacional ao ruído e a
ocorrência de acidentes de trabalho, decréscimo do rendimento do
trabalhador, com influência na sua produtividade e qualidade do serviço
prestado.

2.2.4 Enquadramento Legal

O atual diploma legal que regula a exposição ao ruído durante o trabalho,


corresponde ao Decreto-Lei n.º 182/2006, de 6 de Setembro, que
estabelece o valor limite de exposição, os valores de ação superior e inferior
e determina um conjunto de medidas a aplicar quando atingidos ou
ultrapassados esses valores.

Tal diploma transpõe para a ordem jurídica interna a Diretiva n.º


2003/10/CE, do Parlamento Europeu e do Concelho, de 6 de Fevereiro,
relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde em matéria de
exposição dos trabalhadores aos riscos devidos ao ruído.

O Decreto-Lei n.º 182/2006 é aplicável a todas as atividades dos setores


privado, cooperativo e social, da administração pública, central, regional e
local, dos institutos públicos e das demais pessoas coletivas de direito

de Sousa, Rui 37
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

público, bem como a trabalhadores por conta própria.

Os Valores Limite de Exposição (VLE) e Valores de Ação (VA) estão definidos


nas alíneas a), b) e c), do n.º 1, do art.º 3º do DL nº 182/2006, de 6 de
Setembro:

LEX,8h / LEX,8h LCpico


dB(A) dB(C)

Valores limites de exposição


87 140
(VLE)

Valores de ação superiores


85 137
(VAS)

Valores de ação inferiores


80 135
(VAI)

Note-se que, para a aplicação dos VLE na determinação da exposição efetiva


do trabalhador ao ruído é tida em conta a atenuação do ruído proporcionada
pelos protetores auditivos.

Nas atividades suscetíveis de apresentar riscos de exposição ao ruído, de


acordo com o referido Decreto-Lei, o empregador deve avaliar e, se
necessário, medir os níveis de ruído:

 Sempre que ocorram alterações significativas, nomeadamente com a


criação ou modificação de postos de trabalho;

 Sempre que o resultado da vigilância da saúde demonstrar a


necessidade de nova avaliação;

 Com uma periodicidade mínima anual, sempre que seja atingido ou


excedido o valor de ação superior.

de Sousa, Rui 38
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

2.2.4.1 Medidas de Prevenção e Proteção

Com vista à redução dos riscos associados à exposição dos trabalhadores ao


ruído durante o desempenho das suas funções laborais, o Decreto-Lei n.º
182/2006 prevê a atuação e implementação de medidas técnicas de
proteção coletiva, de organização do trabalho e de proteção individual
(algumas das quais obrigatórias e outras facultativas) dependendo dos
níveis sonoros medidos.

Apresenta-se, de seguida, um resumo com as principais medidas previstas


pelo Decreto-Lei n.º 182/2006, de 6 de Setembro, as quais serão
enunciadas pormenorizadamente mais à frente:

Medidas LEX,8h ≥ VAI LCpico ≥ VAS

Caso hajam
alterações
significativas nos
Caso hajam
postos de trabalho
alterações
ou se o resultado da
significativas nos
vigilância da saúde
postos de trabalho
Avaliar os riscos da exposição ao ruído demonstrar a
ou se o resultado da
durante o trabalho necessidade de nova
vigilância da saúde
avaliação ou, caso
demonstrar a
não se verifique
necessidade de nova
nenhuma das
avaliação
anteriores, com
periodicidade
mínima de 1 ano
Colocar em prática um programa de medidas
técnicas e organizacionais para redução da --- Obrigatório
exposição ao ruído
Sinalizar os locais, delimitá-los e estabelecer
--- Obrigatório
limitações de acesso aos mesmos
Informar os trabalhadores sobre os riscos
potenciais para a segurança e saúde derivados Obrigatório Obrigatório
da exposição ao ruído durante o trabalho

de Sousa, Rui 39
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Medidas LEX,8h ≥ VAI LCpico ≥ VAS

Permitir o acesso dos trabalhadores aos


resultados das avaliações individuais e às
Obrigatório Obrigatório
medidas tomadas para eliminar ou reduzir os
riscos resultantes da exposição ao ruído
Consultar aos trabalhadores sobre a seleção
Obrigatório Obrigatório
dos protetores auditivos

Disponibilizar os protetores auditivos Obrigatório Obrigatório

Utilizar protetores auditivos Facultativo Obrigatório

Obrigatório
Verificar a função auditiva ---
(Anualmente)

Obrigatório Obrigatório
Realizar exames audiométricos
(Bianualmente) (Anualmente)

De acordo com o n.º 1, do art.º 6º do DL nº 182/2006, de 6 de Setembro,


“o empregador deve utilizar todos os meios disponíveis para eliminar na
fonte ou reduzir ao mínimo os riscos resultantes da exposição dos
trabalhadores ao ruído, de acordo com os princípios gerais de prevenção
legalmente estabelecidos”.

Tal como mencionado no n.º 2 do mesmo artigo, “o empregador deve


assegurar que os riscos para a segurança e a saúde dos trabalhadores
resultantes da exposição ao ruído sejam eliminados ou reduzidos ao mínimo,
mediante”:

a) Métodos de trabalho alternativos que permitam reduzir a exposição ao


ruído;

b) Escolha de equipamentos de trabalho adequados, ergonomicamente


bem concebidos e que produzam o mínimo ruído possível, incluindo a

de Sousa, Rui 40
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

possibilidade de disponibilizar aos trabalhadores equipamento de


trabalho cuja conceção e cujo fabrico respeitem o objetivo ou o efeito
da limitação da exposição ao ruído;

c) Conceção, disposição e organização dos locais e dos postos de


trabalho;

d) Informação e formação adequada dos trabalhadores para a utilização


correta e segura do equipamento com o objetivo de reduzir ao mínimo
a sua exposição ao ruído;

e) Medidas técnicas de redução do ruído, nomeadamente barreiras


acústicas, encapsulamento e revestimento com material de absorção
sonora para redução do ruído aéreo, e medidas de amortecimento e
isolamento para redução do ruído transmitido à estrutura;

f) Programas adequados de manutenção do equipamento de trabalho, do


local de trabalho e dos sistemas aí existentes;

g) Organização do trabalho com limitação da duração e da intensidade da


exposição;

h) Horários de trabalho adequados, incluindo períodos de descanso


apropriados”.

Nos locais de trabalho onde os trabalhadores possam estar expostos a


níveis de ruído acima dos VAS, o empregador deve estabelecer e aplicar
um programa de medidas técnicas e organizacionais, sinalizar e delimitar o
acesso a esses mesmos locais, sempre que seja tecnicamente possível e
o risco de exposição o justifique.

Em relação aos locais de descanso, estes devem ter um nível de ruído


compatível com o seu objetivo e as condições de utilização.

O empregador deve ainda adaptar as medidas referidas anteriormente a


trabalhadores particularmente sensíveis aos riscos resultantes da exposição
de Sousa, Rui 41
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

ao ruído (como por exemplo o caso das grávidas).

O DL n.º 182/2006, refere também no seu Anexo IV, um conjunto de


medidas indicativas com vista à eliminação ou redução dos riscos
resultantes da exposição ao ruído. Essas medidas encontram-se divididas
nos seguintes grupos:

1 — Medidas de carácter específico para redução do ruído na fonte;

2 — Medidas para a redução da transmissão do ruído;

3 — Medidas de redução da radiação sonora;

4 — Medidas respeitantes à acústica de edifícios;

5 — Organização do trabalho.

A informação e formação dos trabalhadores constituem também uma


obrigação da entidade patronal, devendo ser periodicamente atualizada.

De acordo com o art.º 11º do DL n.º 182/2006, sem prejuízo das


obrigações gerais em matéria de saúde no trabalho, o empregador deve
assegurar uma vigilância adequada da saúde dos trabalhadores em
relação aos quais o resultado da avaliação revele a existência de riscos,
com vista à prevenção e ao diagnóstico precoce de qualquer perda de
audição resultante do ruído e à preservação da função auditiva.

Equipamento de Proteção Individual

Conforme referido no art.º 6º do DL nº 182/2006, sempre que os riscos


resultantes da exposição ao ruído não possam ser evitados por outros
meios, o empregador deve colocar à disposição dos trabalhadores
equipamentos de proteção individual (EPI). Esses EPI devem obedecer à
legislação aplicável e devem ser selecionados, no que respeita à atenuação
que proporcionam, de acordo com o Anexo V do DL nº 182/2006.

de Sousa, Rui 42
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Para a aplicação do disposto no parágrafo anterior, o empregador deve:

a) Colocar à disposição dos trabalhadores protetores auditivos individuais


sempre que seja ultrapassado um dos valores de ação inferiores;

b) Assegurar a utilização pelos trabalhadores de protetores auditivos


individuais sempre que o nível de exposição ao ruído iguale ou
ultrapasse os valores de ação superiores;

c) Assegurar que os protetores auditivos selecionados permitam eliminar


ou reduzir ao mínimo o risco para a audição;

d) Aplicar as medidas que garantam a utilização pelos trabalhadores de


protetores auditivos e controla a sua eficácia.

Os equipamentos de proteção individual auditiva devem ser utilizados


apenas como medida de recurso, nos casos em que as medidas
construtivas ou organizacionais não sejam viáveis ou efetivas.

O critério de seleção dos protetores auditivos, preferencialmente adotado e


em consonância com o DL n.º 182/2006, baseia-se no “Método por Banda
de Oitava”, tendo por base a análise espectral das fontes sonoras a que os
trabalhadores estão expostos ao longo do seu dia de trabalho e o qual deve
ter em conta o desenvolvimento dos seguintes passos:

1- Medição do nível sonoro contínuo equivalente, ponderado A, em cada


banda de oitava, do ruído a que o trabalhador está exposto, em cada
ou tarefa, definindo assim o espectro correspondente;

2- Determinação dos níveis globais, em dB(A) por banda de oitava;

3- Cálculo da atenuação proporcionada pelos protetores auditivos


utilizados pelo trabalhador em cada tarefa e determinação do nível
sonoro contínuo equivalente, ponderado A, correspondente à
exposição efetiva (tendo em conta a atenuação conferida pelos
protetores );
de Sousa, Rui 43
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

4- Comparação dos resultados obtidos com os VLE, VAS e VAI,


indicadores de performance e conforto.

Embora sendo a atenuação acústica o principal fator a considerar para a


seleção e utilização de protetores auditivos, dever-se-ão também ter em
conta outros fatores, tais como: o conforto, a limitação da capacidade de
comunicação (inerente à inteligibilidade da palavra e/ou do reconhecimento
de avisos sonoros), a ação térmica (por exemplo, nos trabalhos de
soldadura), higiene, facilidade de transpiração, entre outros.

de Sousa, Rui 44
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

3 METODOLOGIA

Num espaço temporal de 5 anos (entre 2010 e 2015) foram efetuadas, em


20 pedreiras distribuídas por 20 áreas geográficas de Portugal Continental,
70 ensaios com as medições do nível sonoro contínuo equivalente,
ponderado A (LAeq,T), e do nível de pressão sonora de pico, LCpico para 13
tarefas de trabalho pré-determinadas. Dessas medições resultaram 621
avaliações da exposição pessoal diária ao ruído durante o trabalho.

Posteriormente, para permissão de utilização da informação resultante das


avaliações no presente estudo, os dados foram codificados e foi retirada a
identificação quer das pedreiras, quer dos trabalhadores avaliados.

Tendo em conta a constante mudança verificada nas pedreiras, tanto ao


nível do processo produtivo (com a substituição de máquinas e
equipamentos, diferentes estados de manutenção dos mesmos, regimes de
produção, etc.) como ao nível dos trabalhadores (com despedimentos e
novas admissões, tempos de afetação em cada tarefa e inclusive o tipo de
tarefas que desenvolveram ao longo dos anos, etc.) não foi possível
estabelecer a monitorização de cada pedreira e cada trabalhador ao longo
dos 5 anos.

Uma vez que as variáveis encontradas em cada situação eliminaram a


existência de qualquer padrão, considerou-se que qualquer avaliação a cada
pedreira e a cada trabalhador resultante foi independente e aleatória.

de Sousa, Rui 45
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

As tarefas de trabalho avaliadas foram:

1 - Central de Britagem (Interior da Cabine);


2 - Central de Britagem (Exterior da Cabine);
3 - Central de Areias (Interior da Cabine);
4 - Central de Areias (Exterior da Cabine);
5 - Zona de Produção (Ambiente Geral);
6 - Oficina/ Armazém (Ambiente Geral);
7 - Laboratório;
8 - Escritório/ Balança;
9 - Pá-Carregadora;
10 - Giratória (Martelo);
11 - Giratória (Balde);
12 - Dumper/ Camião;
13 - Perfuradora/ Roc.

3.1 Pesquisa Bibliográfica

No sentido de efetuar o enquadramento e estado de arte do tema do


presente estudo, foi realizada uma pesquisa da bibliografia disponível,
essencialmente nas bases de dados on-line. Foram pesquisados dados de
referência bibliográfica ou de texto integral, editoras de revistas, livros
eletrónicos, teses, artigos publicados e obras de referência.

3.2 Procedimento de Medição

3.2.1 Referências

As medições de ruído foram realizadas de acordo com o Decreto-Lei n.º


182/2006, de 6 de Setembro, que estabelece os valores limite de exposição
e os valores de ação superior e inferior e determina um conjunto de medidas
a aplicar sempre que atingidos ou ultrapassados esses valores.

de Sousa, Rui 46
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Foram também cumpridas as orientações da norma de referência NP EN ISO


9612:2011 – Acústica - Determinação da Exposição de Ruído Ocupacional –
Método de Engenharia e da OEC013 IPAC – “Requisitos Específicos de
Acreditação – Laboratórios de Ensaio de Acústica e Vibrações”.

3.2.2 Equipamentos

Para realização das medições acústicas foram utilizados os seguintes


equipamentos e respetivas características:

- Sonómetro Integrador de Precisão, Classe 1;

- Filtros de banda de oitava;

- Microfone e pré-amplificador;

- Calibrador acústico, Classe 1.

3.2.2.1 Calibração

Para a calibração “in situ”, foi efetuada a verificação acústica do microfone


em cada série de medições, utilizando-se o calibrador acústico, Classe 1. A
verificação acústica foi efetuada antes e depois de cada série de medições. O
valor obtido entre as duas não diferiu mais de 0,5 dB.

3.2.3 Técnica de Medição

Foi utilizada a estratégia de medição baseada em Tarefas, de acordo com a


NP EN ISO 9612, tendo as condições de funcionamento da fonte sido
representativas do ruído em avaliação.

As medições foram efetuadas com uma ponderação A para medição dos


níveis sonoros contínuos equivalentes medidos em oitavas e ponderação C
para medição dos níveis de pico, e um tempo de resposta “Fast”.

de Sousa, Rui 47
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Foi preenchido um Boletim de Ensaio para cada conjunto de medições da


mesma tarefa, tendo sido incluídas todas as contribuições sonoras
importantes tais como: a) Informação detalhada quanto à duração das
atividades, no caso de fontes sonoras com níveis elevados; b) Identificação
das fontes de ruído e atividades de trabalho dos quais resultam picos
elevados de ruído.

3.2.3.1 Seleção da Posição de Medição

As medições foram realizadas no posto de trabalho, sempre que possível na


ausência do trabalhador colocando o microfone na posição em que se
situaria a sua orelha mais exposta.

Quando a presença do trabalhador foi necessária, o microfone foi colocado a


uma distância de entre 0,10m e 0,3m em frente à orelha mais exposta do
trabalhador.

A direção de referência do microfone foi a do máximo ruído (foi efetuado um


varrimento angular do microfone em torno da posição de medição.

3.2.3.2 Intervalo de Tempo de Medição

O intervalo de tempo de medição foi subdividido em intervalos de tempo


parciais que englobaram o mesmo tipo de ruído (medições com base nas
tarefas de trabalho).

Dependeu da variação e tipo de ruído e da seleção da estratégia de medição,


correspondendo a uma parte da duração da atividade e a várias repetições,
considerando válidos os níveis sonoros contínuos equivalentes, ponderados
A, estabilizados a mais ou menos 0,5 dB(A), durante o intervalo de tempo
de medição. De modo geral, a duração de cada medição foi de 5 minutos
após estabilização do nível de pressão sonora.

de Sousa, Rui 48
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

3.2.3.3 Duração das Tarefas de Trabalho

A duração e variação características de cada tarefa foi estabelecida pelo


responsável dos trabalhadores, que forneceu informação quanto ao
funcionamento de fontes de ruído típicas, através de procedimentos de
trabalho, da atividade no local de trabalho e na sua periferia, tipo de
ferramentas de trabalho e sua caracterização. Em complemento, o técnico
observou as tarefas e realizou entrevistas aos trabalhadores e supervisores
para consolidar as informações cedidas pelo cliente.

3.2.3.4 Medição do LAeq,Tk para cada Tarefa de Trabalho

O dia nominal (dos trabalhadores em avaliação) foi dividido em tarefas de


trabalho distribuídas por um ou mais postos de trabalho, consoante
aplicável. O critério usado na seleção de cada tarefa dependeu das variações
existentes no trabalho desenvolvido e do nível representativo e repetitivo do
LAeq,Tk existente.

Todas as variações importantes do nível sonoro, no tempo e no espaço,


foram incluídas nas medições de cada tarefa de trabalho. Foram também
medidos os valores máximo, mínimo e de pico do nível de pressão sonora, a
que cada trabalhador estava exposto durante determinada tarefa de
trabalho.

As medições foram sempre observadas e acompanhadas pelo técnico de


medição.

3.2.3.5 Duração da Amostragem

 Em todas as medições, o tempo de medição foi suficientemente longo


de forma a garantir a representatividade do valor medido.

 Nas tarefas de ruído cíclico, cada medição incluiu a duração de pelo


menos 3 ciclos representativos da tarefa, de duração superior ou igual
a 5 minutos.

de Sousa, Rui 49
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

3.2.3.6 Número de Amostragens

 Para cada tarefa foram obtidas pelo menos 3 medições representativas


de LAeq,Tki.

 Sempre que o resultado dessas 3 medições diferiu em 3 ou mais dB,


foram efetuadas 3 medições adicionais, ou a tarefa foi subdividida em
tarefas mais pequenas, de forma a obter mais condições de ruído
semelhantes, ou foi realizado um novo conjunto de medições com
intervalos de medição mais longos.

Não foram permitidas sobrecargas no aparelho de medição (overload).


Sempre que tal ocorreu, as medições efetuadas foram rejeitadas,
procedendo-se à sua repetição em gama de medição mais apropriada.

3.2.4 Intervalos de Frequência das Medições

As medições dos níveis de pressão sonora foram realizadas usando filtros de


banda de oitava com frequências centrais dos 63 Hz a 8000 Hz, com vista à
seleção de protetores auditivos.

3.2.5 Armazenamento de Dados

Foi criada uma base de dados no sonómetro, com a codificação do ensaio,


onde foram armazenados os valores de LAeq,T característicos das tarefas
medidas. Posteriormente, os dados do sonómetro foram transferidos para o
computador para posterior análise de resultados.

3.2.6 Cálculos, Incertezas e Apresentação dos Resultados

3.2.6.1 Determinação da exposição pessoal diária ao ruído, LEX,8h

1 I 
L Aeq, Tk  10  log
I

10
i1
0,1L Aeq, Tki 

,

em que, LAeq,Tki, representa o nível de pressão sonora contínuo equivalente

de Sousa, Rui 50
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

ponderado A de uma amostra realizada à tarefa k e I o número total de


amostras realizadas a essa tarefa.

 M Tk 
L EX,8h  10  log
 T
 m1 0
10
0,1L Aeq, Tk 

,

Tk representa o tempo de exposição à tarefa, k e T0 a duração de referência


de 8 horas.

3.2.6.2 Determinação da Exposição Pessoal Diária Efetiva,


LEX,8h,efect

 k n 0,1L Aeq, Tk ,efect  


1
L EX,8h, efect 
 10lg   
 8 k 1
Tk 10 

 ,

Em que, LAeq,Tk,efect é o nível sonoro contínuo equivalente a que fica exposto o


trabalhador equipado com protetores auditivos.

3.2.7 Cálculo de Incertezas

O valor da incerteza expandida, U, foi calculado em conformidade com a NP


EN ISO 9612:2011. Este valor resultou do produto entre incerteza expandida
combinada, u, associada aos valores de LAeq,T medidos, por um fator de
expansão k=1,65, a que corresponde um intervalo de confiança unilateral de
95%.

3.2.8 Apresentação de Resultados

De acordo com as práticas metrológicas o valor de [LEX,8h ± U] foi


apresentado arredondado às décimas, bem como o valor de LCpico. A
comparação com os Valores Limite de Exposição ou Valores de Ação
Superior e Inferior foi feita com recurso à soma dos valores de LEX,8h e
incerteza de medição U, arredondada à unidade.

de Sousa, Rui 51
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

3.3 Parâmetros avaliados

Para obter a estimativa da exposição pessoal diária ao ruído, foi


estabelecida, de acordo com a informação recolhida junto dos responsáveis,
uma distribuição de cada trabalhador em cada tarefa de trabalho,
correspondentes a n diferentes tipos de ruído, tendo-se atribuído um
intervalo de tempo de exposição, Tk, correspondente a cada tipo de ruído K.
De seguida calculou-se a estimativa da exposição pessoal diária ao ruído de
acordo com a equação (nº 6 do Anexo II do DL nº 182/2006, de 6 de
Setembro).

No presente estudo, foi considerada a utilização de protetores para todas as


situações de exposição (tipo de ruído K) em que se registaram valores de
LAeq,T superiores a 80dB(A). Os modelos de protetores considerados foram os
referenciados pelos responsáveis dos trabalhadores que os utilizavam.

Nas tarefas em que era legalmente obrigatória a utilização, por parte do


trabalhador, de protetores auditivos, ou em que a entidade empregadora era
legalmente obrigada a facultá-los ao trabalhador, foi calculada a exposição
pessoal diária efetiva, LEX,8h,efect. Este parâmetro foi calculado de forma
semelhante à descrita pelas equações referidas anteriormente, mas em vez
de serem usados os valores de LAeq,TK medidos.

Para o cálculo da exposição diária efetiva de cada trabalhador, a atribuição


de um dado modelo de protetor auditivo a cada tipo de ruído K foi realizada
de acordo com a informação recolhida junto dos responsáveis, de forma a
corresponder o melhor possível à situação real existente e atendendo à
atenuação do ruído proporcionada pelos protetores auditivos selecionados.

O cálculo deste parâmetro foi realizado de acordo com as “Indicações e


orientações para a seleção de protetores auditivos”, conforme o método
descrito no ponto no Anexo V do DL nº 182/2006, de 6 de Setembro.

de Sousa, Rui 52
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

3.4 Critérios de Avaliação

Para avaliação da exposição dos trabalhadores ao ruído durante o trabalho,


foram comparados os resultados obtidos para a Exposição pessoal diária ao
ruído, LEX,8h + U, para a Exposição pessoal diária efetiva, LEX,8h,efect e para o
Nível de pressão sonora de pico, LCpico com os seguintes Valores Limite de
Exposição (VLE) e Valores de Ação (VA), definidos nas alíneas a), b) e c), do
n.º 1, do art.º 3º do DL nº 182/2006, de 6 de Setembro:

 Valores limites de exposição: LEX,8h = 87 dB(A) e LCpico = 140 dB(C);

 Valores de ação superiores: LEX,8h = 85 dB(A) e LCpico = 137 dB(C);

 Valores de ação inferiores: LEX,8h = 80 dB(A) e LCpico = 135 dB(C).

de Sousa, Rui 53
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

4 RESULTADOS

A amostra foi constituída por 20 pedreiras, distribuídas geograficamente por


Portugal Continental. Entre 2010 e 2015, cada pedreira foi alvo de 1 a 5
avaliações, conforme a distribuição constante na figura 8:

Figura 8 - Distribuição Geográfica das Pedreiras Avaliadas e N.º de Ensaios Realizados

de Sousa, Rui 54
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Relativamente à distribuição dos trabalhadores por sexo, constatou-se que a


grande maioria (96%) eram homens, enquanto que as mulheres apenas
completavam 4% do total de trabalhadores.

Gráfico 1 - Distribuição dos Trabalhadores, por Sexo

599

600
Número de Trabalhadores

500 Masculino

400
Feminino
300

200
22
100

0
Sexo

As tarefas desenvolvidas pelos indivíduos do sexo masculino eram


abrangentes a todo o processo produtivo e atividades de apoio. Na
generalidade, os indivíduos do sexo feminino apenas desempenhavam
tarefas fora do processo produtivo, nomeadamente no Laboratório e
Escritório/ Balança, podendo em poucos casos intervir na Zona de Produção
(Ambiente Geral).

Gráfico 2 - Distribuição da Idade, por Trabalhador

110
120 104 100
100 89
Número de Trabalhadores

78
80
53
60
34
40 23
18
20 5 6
0 0 1
0
< 20 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65-69 70-74 > 75 S/ Inf.

Idade (Anos)

A média de idades dos trabalhadores avaliados era de 42 anos. O


trabalhador mais novo tinha 20 anos e o mais velho 75 anos.
de Sousa, Rui 55
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Gráfico 3 - Distribuição do Tempo de Serviço em Ambientes Ruidosos, por Trabalhador

155
149
160
140
Número de Trabalhadores

114
120 97
100
80
53
60
31
40
11
20 1 0 3 3 0 4

0
<5 5-9 10-14 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-55 > 55 S/ Inf.

Tempo de serviço em ambientes ruidosos (Anos)

Em relação ao tempo de serviço desenvolvido ao longo dos anos por cada


trabalhador, verificou-se que o valor médio era de 13 anos. O valor máximo
e mínimo registados foram de zero anos e 54 anos, respetivamente.

O Gráfico 4 mostra a distribuição da atividade/ categoria profissional dos


trabalhadores avaliados:

Gráfico 4 - Distribuição da Atividade/ Categoria Profissional, por Trabalhador

299
300

250
Número de Trabalhadores

200

150

100
51
40
50 24 22
12 16 15 19 21 14
5 6 7 6 9 11 10 7 10 8
2 1 1 3 2
0
Servente
Cabouqueiro
Analista/ Apontador

Outra
Mecânico
Analista/ Auxiliar de Laboratório

Electricista

Operador de Dumper
Encarregado/ Encarregado de Pedreira

Operador de Britagem
Operador de Carro Perfurador/ Roc

Operador de Giratória
Operador da Balança/ Apontador

Técnico de Compras
Téc. Eng. Centro de Prod. de Agregados
Serralheiro/ Mecânico
Arvorado

Gestor de Pedreira

Téc. Administrativo/ Adm. de Produção


Motorista/ Condutor de Pesados

Engenheiro Geólogo/ Geotécnico

Operador de Pá-Carregadora
Resp. Laboratório/ TSHST
Administrativo/ Adjunto do Gestor

Condutor/ Manobrador de Equipamento

Operador de Central de Areias

de Sousa, Rui 56
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

É possível constatar que a maior parte (cerca de 48%) desenvolvia a sua


atividade como Condutor/ Manobrador de Equipamento, seguido da função
de Operador de Britagem com 8% e Técnico Administrativo/ Administrativo
de Produção com 6%.

As tarefas avaliadas foram 13, as quais estão identificadas na tabela 2:

Tabela 2 – Tarefas Avaliadas

N.º da Tarefa Designação

1 Central de Britagem (Interior da Cabine)

2 Central de Britagem (Exterior da Cabine)

3 Central de Areias (Interior da Cabine)

4 Central de Areias (Exterior da Cabine)

5 Zona de Produção (Ambiente Geral)

6 Oficina/ Armazém (Ambiente Geral)

7 Laboratório

8 Escritório/ Balança

9 Pá-Carregadora

10 Giratória (Martelo)

11 Giratória (Balde)

12 Dumper/ Camião

13 Perfuradora/ Roc

Conforme o processo produtivo, equipamentos e máquinas das Pedreiras,


foram avaliadas as diferentes tarefas existentes em cada caso. Por esse
motivo, nem sempre foram avaliadas as 13 tarefas em cada Pedreira.

A percentagem de trabalhadores afetos a cada tarefa, encontra-se


distribuída no gráfico 5:

de Sousa, Rui 57
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Gráfico 5 - Distribuição das Tarefas pela Percentagem de Trabalhadores

121; 14% 1 - Central de Britagem (Interior da Cabine)


34; 4% 2 - Central de Britagem (Exterior da Cabine)
74; 8% 3 - Central de Areias (Interior da Cabine)
15; 2% 4 - Central de Areias (Exterior da Cabine)
146; 16% 18; 2% 5 - Zona de Produção (Ambiente Geral)
6 - Oficina/ Armazém (Ambiente Geral)
120; 14% 7 - Laboratório
47; 5%
8 - Escritório/ Balança
28; 3% 9 - Pá-Carregadora
30; 3%
8; 1% 10 - Giratória (Martelo)
141; 16% 110; 12% 11 - Giratória (Balde)
12 - Dumper/ Camião
13 - Perfuradora/ Roc

Conforme é possível constatar, as tarefas que albergavam o maior número


de trabalhadores eram a Pá-Carregadora e Dumper/ Camião, com 16%
cada, seguidas da Central de Britagem (Interior da Cabine) e Zona de
Produção (Ambiente Geral), com 14% cada. Diversas tarefas estavam
associadas a um número reduzido de trabalhadores, como é o caso da
Perfuradora/ Roc (1%), Central de Areias (Interior e Exterior da Cabine)
(2%), Oficina/ Armazém e Giratória (Martelo), ambas com 3%.

Tendo em conta a estimativa do tempo de exposição diário a cada tarefa, é


possível determinar, em combinação com o respetivo nível sonoro medido,
qual a exposição pessoal diária ao ruído durante o trabalho de cada
indivíduo que desenvolvia a sua atividade nas Pedreiras.

No gráfico 6 encontra-se a distribuição do tempo diário (estimado) de


exposição ao ruído em cada tarefa, de acordo com os dados fornecidos pelos
responsáveis dos trabalhadores.

Pode-se verificar que as tarefas com uma maior taxa de ocupação diária e
consequente tempo de exposição eram a Perfuradora/ Roc, a Giratória
(Martelo), o Escritório/ Balança e a Giratória/ Balde, cada uma com 7h
médias diárias. As que apresentaram menor tempo médio diário de
exposição foram a Central de Britagem (Exterior da Cabine), Central de

de Sousa, Rui 58
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Areias (Exterior da Cabine) e Laboratório, com tempos médios de 1h, 2h e


3h, respetivamente.

Gráfico 6 - Distribuição do Tempo Diário Estimado de Exposição a Cada Tarefa

8 7,1
7 7 6,8
6,5
7 6,2

6 5,4
4,9
Horas (média)

5 4,3
3,8
4
2,9
3
1,7
2 1,1

0
7 - Laboratório

11 - Giratória (Balde)

12 - Dumper/ Camião
4 - Central de Areias (Exterior da Cabine)

13 - Perfuradora/ Roc
1 - Central de Britagem (Interior da Cabine)

10 - Giratória (Martelo)
6 - Oficina/ Armazém (Ambiente Geral)
3 - Central de Areias (Interior da Cabine)

8 - Escritório/ Balança
5 - Zona de Produção (Ambiente Geral)
2 - Central de Britagem (Exterior da Cabine)

9 - Pá-Carregadora

De acordo com o nível sonoro presente em cada tarefa de trabalho os


trabalhadores poderiam dispor e utilizar de equipamento de proteção
individual contra o ruído.

Foi recolhida informação dos protetores auditivos utilizados pelos


trabalhadores avaliados e analisada a atenuação proporcionada por cada
um.

de Sousa, Rui 59
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Gráfico 7 – Atenuação Média dos Protetores Auditivos Utilizados pelos Trabalhadores


Avaliados

50 Protetor A
Protetor B
40 Protetor C
Atenuação Média (dB)

Protetor D
30 Protetor E
Protetor F
20 Protetor G
Protetor H
10 Protetor I
Protetor J
0 Protetor K
63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
Frequência (Hz)

Conforme se pode constatar pelo gráfico 7, a Atenuação Média (dB) por


frequência proporcionada por cada protetor era bastante díspar, sobretudo
nas baixas/ médias frequências (entre 63Hz e 500Hz).

No gráfico 8 podemos ainda verificar a dispersão relativa ao Desvio Padrão


(dB) de cada protetor auditivo, pela análise em frequência.

Gráfico 8 – Desvio Padrão da Atenuação dos Protetores Auditivos Utilizados pelos


Trabalhadores

8 Protetor A
Protetor B
7
Protetor C
6
Desvio Padrão (dB)

Protetor D
5 Protetor E
4 Protetor F

3 Protetor G
Protetor H
2
Protetor I
1
Protetor J
0 Protetor K
63 125 250 500 1000 2000 4000 8000

Frequência (Hz)

de Sousa, Rui 60
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Tabela 3 - Distribuição dos Níveis de Ruído pelas Tarefas

Espectro de Frequência (Hz), por bandas de Oitava,


LAeq,T LCpico
em dB (A)
Tarefas
dB(A) dB(C) 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000

1 - Central de Britagem (Interior da Cabine) 77,5 110,7 57,4 63,7 69,1 72,5 70,9 68,6 62,3 52,6

2 - Central de Britagem (Exterior da Cabine) 94,2 124,5 69,8 78,3 84,7 88,2 88,7 86,5 81,6 72,6

3 - Central de Areias (Interior da Cabine) 72,9 107,0 51,9 58,7 65,4 68,6 65,5 62,5 56,4 48,7

4 - Central de Areias (Exterior da Cabine) 84,2 113,0 61,7 68,0 75,6 78,2 77,8 75,8 72,3 65,0

5 - Zona de Produção (Ambiente Geral) 85,9 113,0 60,6 69,0 74,0 78,9 80,5 79,4 75,5 66,4

6 - Oficina/ Armazém (Ambiente Geral) 74,6 115,5 46,8 52,7 58,7 64,7 66,5 66,3 63,5 57,0

7 - Laboratório 88,1 116,9 40,8 47,0 57,2 67,6 74,8 80,2 84,3 81,5

8 - Escritório/ Balança 61,8 100,1 34,5 42,8 50,4 57,6 54,8 52,8 49,4 43,7

9 - Pá-Carregadora 74,9 115,3 58,5 63,2 64,7 70,3 67,5 64,5 60,5 52,7

10 - Giratória (Martelo) 82,0 126,8 66,4 71,7 73,1 74,8 74,9 74,8 69,4 61,3

11 - Giratória (Balde) 77,1 122,8 62,2 67,8 69,7 71,0 69,2 67,1 62,2 55,3

12 - Dumper/ Camião 76,0 122,3 62,1 65,9 66,6 70,1 68,1 66,4 62,2 56,2

13 - Perfuradora/ Roc 88,5 119,8 58,2 67,2 74,0 79,2 79,9 80,9 78,5 72,7

A tabela 3 resume os valores médios dos níveis sonoros medidos em cada


tarefa, nomeadamente do nível sonoro contínuo equivalente (LAeq,T),
ponderado A, respetivo espectro de frequência e do nível de pressão sonora
de pico (LCpico).

Conforme podemos verificar, a tarefa que apresentou o valor médio de LAeq,T


mais elevado foi a “2 - Central de Britagem (Exterior da Cabine)”, com 94,2
dB(A) enquanto que o valor médio mais alto de LCpico foi registado na tarefa
“10 - Giratória (Martelo)”, com 126,8 dB(C).

Em relação à análise espectral em bandas de 1/1 oitava, verifica-se que os


valores médios mais elevados foram os da tarefa “2 - Central de Britagem
de Sousa, Rui 61
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

(Exterior da Cabine)”, mas apenas até aos 2000 Hz. Para as frequências de
4000 Hz e 8000 Hz o maior nível médio de ruído pertencia à tarefa “7 -
Laboratório”.

De seguida apresentam-se os gráficos do nível sonoro contínuo equivalente


(LAeq,T), ponderado A, médio obtido em cada tarefa e os valores mínimos,
médios e máximos medidos.

Gráfico 9 – Nível Sonoro Contínuo Equivalente (LAeq,T), Ponderado A Obtido nas Diferentes
Tarefas (valor médio)

1 - Central de Britagem (Interior da Cabine)


94
100 88 89 2 - Central de Britagem (Exterior da Cabine)
84 86
90 82 3 - Central de Areias (Interior da Cabine)
78 75 75 77 76
80 73 4 - Central de Areias (Exterior da Cabine)
62 5 - Zona de Produção (Ambiente Geral)
70
6 - Oficina/ Armazém (Ambiente Geral)
60
LAeq dB(A)

7 - Laboratório
50
8 - Escritório/ Balança
40 9 - Pá-Carregadora
30 10 - Giratória (Martelo)
20 11 - Giratória (Balde)
10 12 - Dumper/ Camião
0 13 - Perfuradora/ Roc
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Tarefas

De acordo com o gráfico 9 podemos então constatar que aproximadamente


metade das tarefas apresentava um valor médio inferior a 80 dB(A) e,
consequentemente, para a outra metade os valores estavam acima dos 80
dB(A).

As tarefas (postos de trabalho) mais ruidosas foram a “2 - Central de


Britagem (Exterior da Cabine)”, a “13 – Perfuradora/ Roc” e a “7 –
Laboratório”, enquanto que as que produziam menos ruído foram a “8 –
Escritório/ Balança” (apenas com 62 dB(A)), a “3 – Central de Areias –
Interior da Cabine”, a “6 – Oficina Armazém (Ambiente Geral)” e a “9 – Pá-
Carregadora”.

de Sousa, Rui 62
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

No gráfico 10 conseguimos verificar, por cada tarefa, a dispersão dos valores


de LAeq,T obtidos, entre os valores mínimo, médio e máximo.

Gráfico 10 – Nível Sonoro Contínuo Equivalente (LAeq,T), Ponderado A Obtido nas Diferentes
Tarefas (Valores Mínimos, Médios e Máximos)

Mínimo
110
100
90
80 Média
LAeq dB(A)

70
60
50
40
30 Máximo
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Tarefas

As tarefas que registaram os valores máximos de LAeq,T mais elevados foram


a “2 - Central de Britagem (Exterior da Cabine)” e a “13 – Perfuradora/
Roc”, com 107 dB(A) e 103 dB(A), respetivamente. Ao inverso, a tarefa que
registou o valor mínimo mais baixo foi a “8 – Escritório/ Balança”, com 53
dB(A).

Relativamente à dispersão de valores, entre valores máximos e mínimos, as


tarefas com maior diferencial foram a “6 – Oficina/ Armazém (Ambiente
Geral)”, a “13 – Perfuradora/ Roc” e a “1 - Central de Britagem (Interior da
Cabine)”, com desníveis de 32 dB(A), 31 dB(A) e 29 dB(A), respetivamente.
Tal facto dever-se-á à maior flutuação do nível sonoro inerente às diferentes
atividades realizadas nas oficinas/ armazéns, ao facto de se terem medido
perfuradoras com e sem cabine (denotando-se uma grande diferença
relativa à proteção conferida pela cabine) e, por último, por ter sido medida
uma cabine de britagem com fracas condições de isolamento sonoro.

A menor diferença entre os valores máximo e mínimo foi patente nas tarefas
“7 - Laboratório” e “4 – Central de Areias (Interior da Cabine)”, com apenas
9 dB(A) e 11 dB(A), respetivamente. Este facto deverá estar associado a
duas situações: por um lado, estas tarefas só foram avaliadas por 7 e 9

de Sousa, Rui 63
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

vezes, respetivamente, sendo as que tiveram menos medições; por outro


lado podemos estar perante tarefas mais padronizadas e com condições/
variáveis mais aproximadas entre si (refira-se que no laboratório, os ensaios
medidos são normalizados, devendo ser executados da mesma forma e o
interior da cabine da central de areias era similar, mesmo em estado de
conservação, nas diferente Pedreiras avaliadas).

Seguem os gráficos da análise espectral dos valores de LAeq,T, por bandas de


frequência de 1/1 oitava de cada tarefa avaliada nas diferentes Pedreiras. Os
valores apresentados referem-se às médias obtidas para os valores
mínimos, médios e máximos.

Gráfico 11 – Espectro de Frequência por Bandas de Oitava na Tarefa 1:


Central de Britagem (Interior da Cabine)

Mínimo
110
100
90
80
70 Média
LAeq dB(A)

60
50
40
30 Máximo
20
10
0
63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
Tarefas

A “Central de Britagem (interior da cabine)” apresentava uma distribuição


espectral relativamente homogénea, com ligeira predominância das
frequências centrais de 500 Hz a 2000 Hz.

Gráfico 12 – Espectro de Frequência por Bandas de Oitava na Tarefa 2:


Central de Britagem (Exterior da Cabine)

Mínimo
110
100
90
80
70 Média
LAeq dB(A)

60
50
40
30 Máximo
20
10
0
63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
Tarefas

de Sousa, Rui 64
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

O ruído presente nesta tarefa era proeminente nas frequências médias


agudas, entre os 500 Hz e os 4000 Hz, com máximo de 103 dB(A) na
frequência de 2000 Hz. Este facto está inerente ao ruído provocado pela
percussão do Primário, nomeadamente das suas maxilas em aço que
embatiam contra a pedra para a triturar.

Conforme já referido anteriormente, ao nível espectral, a tarefa “2 -


Central de Britagem (Exterior da Cabine)” era a que apresentava os valores
superiores. Comparando os valores máximos, à exceção da frequência de
8000 Hz, todos os níveis sonoros desta tarefa foram superiores aos das
restantes tarefas.

Gráfico 13 – Espectro de Frequência por Bandas de Oitava na Tarefa 3:


Central de Areias (Interior da Cabine)

Mínimo
110
100
90
80
LAeq dB(A)

70 Média
60
50
40
30 Máximo
20
10
0
63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
Tarefas

No interior da cabine da central de areias o ruído era médio grave,


salientando-se as frequências compreendidas os 250 Hz e os 1000 Hz.

Gráfico 14 – Espectro de Frequência por Bandas de Oitava na Tarefa 4:


Central de Areias (Exterior da Cabine)

Mínimo
110
100
90
80
70 Média
LAeq dB(A)

60
50
40
30 Máximo
20
10
0
63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
Tarefas

de Sousa, Rui 65
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Tal como no interior da cabine da central de areias, também no exterior, a


distribuição do nível sonoro pelo espectro de frequências foi bastante
homogénea mas, neste caso, mais alargada entre as frequências de 250 Hz
e os 2000 Hz (até mesmo os 4000 Hz). O ruído da percussão/ fricção dos
agregados no metal dos crivos foi mais audível no exterior da cabine.

Gráfico 15 – Espectro de Frequência por Bandas de Oitava na Tarefa 5:


Zona de Produção (Ambiente Geral)

Mínimo
110
100
90
LAeq dB(A)

80
70 Média
60
50
40
30 Máximo
20
10
0
63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
Tarefas

Quanto ao ruído geral medido na zona de produção, que contempla as


unidades de transformação como a britagem e a central de areias,
respetivos britadores primários, secundários, crivos, telas transportadoras,
etc., o ruído foi tendencialmente médio agudo, destacando-se as frequências
entre os 500 Hz e os 4000 Hz. Saliente-se que nesta tarefa foi bastante
audível a constante percussão da pedra (agregados britados em geral) nos
metais destes equipamentos.

Gráfico 16 – Espectro de Frequência por Bandas de Oitava na Tarefa 6:


Oficina/ Armazém (Ambiente Geral)

Mínimo
110
100
90
80
70 Média
LAeq dB(A)

60
50
40
30 Máximo
20
10
0
63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
Tarefas

de Sousa, Rui 66
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Caracterizada pela percussão de metais, com martelo, utilização de


rebarbadoras, máquinas de soldar, equipamentos pneumáticos, entre
outros, os trabalhos realizados nesta tarefa originaram um ruído
tendencialmente médio agudo a agudo, com frequências predominantes de
500 Hz a 4000 Hz e com máximos de 77 dB (A) detetados nas frequências
de 1000 Hz, 2000 Hz e 4000 Hz.

Gráfico 17 – Espectro de Frequência por Bandas de Oitava na Tarefa 7:


Laboratório

Mínimo
110
100
90
80
70 Média
LAeq dB(A)

60
50
40
30 Máximo
20
10
0
63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
Tarefas

A tarefa “7 - Laboratório” era, nitidamente, detentora de um ruído agudo,


onde as frequências de 2000 Hz, 4000 Hz e 8000 Hz foram predominantes.
O nível sonoro máximo, de 88 dB(A), foi atingido aos 4000 Hz. Relembre-se
que os valores médios mais elevados para as frequências de 4000 Hz e 8000
Hz pertenceram a esta tarefa.

Este ruído foi marcado pela percussão do agregado britado nos peneiros
metálicos, utilizados no ensaio de “análise granulométrica”. Sendo a
peneiração manual, o trabalhador que executava este ensaio estava muito
perto da fonte de ruído e sujeito a essa exposição excessiva de sons agudos.

de Sousa, Rui 67
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Gráfico 18 – Espectro de Frequência por Bandas de Oitava na Tarefa 8:


Escritório/ Balança

Mínimo
110
100
90
80
Média
LAeq dB(A)

70
60
50
40
30 Máximo
20
10
0
63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
Tarefas

O nível sonoro médio presente na tarefa “8 – Escritório/ Balança” foi o mais


baixo para todas as frequências, comparativamente com as restantes
tarefas. Isto deveu-se ao afastamento do “Escritório/ Balança” da zona de
produção, que foi a mais ruidosa. Por outro lado, as fontes sonoras
presentes nesta tarefa não tinham grande impacto acústico.

De acordo com a classificação deste ruído pela frequência, este era médio,
sendo mais percetíveis as frequências dos 500 Hz aos 200 Hz.

Gráfico 19 – Espectro de Frequência por Bandas de Oitava na Tarefa 9:


Pá-Carregadora

Mínimo
110
100
90
LAeq dB(A)

80
70 Média
60
50
40
30
20 Máximo
10
0
63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
Tarefas

Quanto às pás-carregadoras, verificou-se um ruído bastante uniforme, com


espectro por frequências médio. Repara-se, contudo, na existência de um
valor máximo proeminente na frequência dos 4000 Hz, situação que estará
relacionada com a mensagem sonora de aviso interno da própria máquina

de Sousa, Rui 68
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

(acionamento de marcha-atrás ou outros), que em alguns casos era


bastante elevado.

Gráfico 20 – Espectro de Frequência por Bandas de Oitava na Tarefa 10:


Giratória (Martelo)

Mínimo
110
100
90
80
Média
LAeq dB(A)

70
60
50
40
30 Máximo
20
10
0
63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
Tarefas

A tarefa “10 - Giratória (Martelo)“, de todas, foi a que apresentou um


espetro na frequência, LAeq,T , em dB(A), mais linear. O seu ruído tendeu
contudo para o médio agudo, devido à percussão do martelo hidráulico na
pedra. Apresentava no entanto um nível de graves considerável, devido ao
elevado esforço do motor da máquina proporcionado neste tipo de tarefa.

Gráfico 21 – Espectro de Frequência por Bandas de Oitava na Tarefa 11:


Giratória (Balde)

Mínimo
110
100
90
80
LAeq dB(A)

70 Média
60
50
40
30 Máximo
20
10
0
63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
Tarefas

A giratória, quando equipada com balde, apresentava também um espectro


bastante linear, tendencialmente mais médio grave, com predominância dos
125 Hz a 1000 Hz.

de Sousa, Rui 69
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Gráfico 22 – Espectro de Frequência por Bandas de Oitava na Tarefa 12:


Dumper/ Camião

Mínimo
110
100
90
LAeq dB(A)

80
70 Média
60
50
40
30 Máximo
20
10
0
63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
Tarefas

O “Dumper/ Camião” foi outra das máquinas que manifestou um nível


sonoro considerável nas frequências mais baixas (graves) devido a estar
sujeito a um elevado esforço do motor. No entanto, uma vez que nesta
tarefa estava presente um intenso ruído de percussão da pedra com o metal
(nomeadamente quando era carregada na báscula) as frequências médias e
agudas destacaram-se. Por isso este ruído era médio, tendo máximos a
tender para o médio agudo (2000 Hz).

Gráfico 23 – Espectro de Frequência por Bandas de Oitava na Tarefa 13:


Perfuradora/ Roc

Mínimo
110
100
90
80
Média
LAeq dB(A)

70
60
50
40
30 Máximo
20
10
0
63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
Tarefas

Quanto à tarefa “13 - Perfuradora/ Roc”, a sua distribuição espectral dos


níveis sonoros foi mais significativa entre as frequências de 500 Hz a 4000
Hz. Deve-se salientar, contudo, que os valores máximos foram
marcadamente superiores nos agudos. Esta foi até a tarefa que registou o
valor máximo superior na frequência dos 8000 Hz, devendo-se esta

de Sousa, Rui 70
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

ocorrência à exposição ao ruído proveniente da furação da pedra com varas


metálicas em máquinas não cabinadas.

Gráfico 24 – Nível de Pressão Sonora de Pico (LCpico) Obtido nas Diferentes Tarefas
(Valor Médio)

1 - Central de Britagem (Interior da Cabine)


140 125 127 124 123 2 - Central de Britagem (Exterior da Cabine)
120
112 113 114 116 117 116 3 - Central de Areias (Interior da Cabine)
120 107
101 4 - Central de Areias (Exterior da Cabine)
100 5 - Zona de Produção (Ambiente Geral)
6 - Oficina/ Armazém (Ambiente Geral)
LCPico dB(C)

80 7 - Laboratório
8 - Escritório/ Balança
60
9 - Pá-Carregadora
40 10 - Giratória (Martelo)
11 - Giratória (Balde)
20
12 - Dumper/ Camião
0 13 - Perfuradora/ Roc
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Tarefas

No que respeita à média do nível de pressão sonora de pico, LCpico, o valor


mais elevado correspondeu à tarefa “10 - Giratória (Martelo)”, com 127
dB(C), seguida da tarefa “2 - Central de Britagem (Exterior da Cabine)”, com
125 dB(C) e da “11 - Giratória (Balde)”, com 124 dB(C), seguidas da “12 –
Dumper/ Camião” e da “13 – Perfuradora/ Roc”, com 123 dB(C) e 120
dB(C), respetivamente. Foi nestas tarefas que ocorreram os maiores picos
de pressão sonora, inerente à percussão da pedra com o metal.

O valor de LCpico mais baixo foi registado na tarefa “8 – Escritório/ Balança”,


com 101 dB(C).

Do gráfico 25 podemos constatar que existiu alguma dispersão entre os


valores máximos e mínimos medidos para o parâmetro LCpico. A maior
diferença de LCpico foi na tarefa “6 - Oficina/ Armazém (Ambiente Geral)”,
com 40 dB(C). Esta foi a que apresentou maiores flutuações nos níveis de
pressão sonora de pico, por existirem momentos de trabalho acusticamente
mais “calmos” e outros, como a percussão de um martelo no aço que terá
atingido um valor máximo de LCpico de 133 dB(C).

de Sousa, Rui 71
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Gráfico 25 – Nível de Pressão Sonora de Pico (LCpico) Obtido nas Diferentes Tarefas
(Valores Mínimos, Médios e Máximos)

Mínimo
140
130
120
110
100 Média
90
LAeq dB(A)

80
70
60
50
40 Máximo
30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Tarefas

O valor máximo de LCpico atingido foi de 135 dB(C) e foi na tarefa “12 –
Dumper/ Camião”. Este valor resultou da soma dos seguintes fatores:
dumper antigo, algo degradado no seu estado de conservação e com os
vidros trepidantes por falta de borracha de isolamento; forma “bélica” de
carregar o dumper por parte do operador da giratória, com muitos embates
do balde na báscula do dumper.

Uma vez apresentados os anteriores resultados, estatísticos e acústicos,


segue a apresentação dos resultados relativos à avaliação da exposição dos
trabalhadores ao ruído durante o trabalho.

Conforme enunciado no subcapítulo “3.6 Critérios de Avaliação” foram


comparados os resultados obtidos para LEX,8h + U, LEX,8h,efect e LCpico com os
Valores Limite de Exposição e Valores de Ação, definidos nas alíneas a), b) e
c), do n.º 1, do art.º 3º do DL nº 182/2006, de 6 de Setembro.

de Sousa, Rui 72
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Gráfico 26 - Distribuição da Exposição Pessoal Diária (LEX,8h + U), por Trabalhador

LEX,8h + U ≤ 80 dB(A) - Valor de Acção Inferior


166; 27%
346; 56%
80 dB(A) < LEX,8h + U < 85 dB(A)

LEX,8h + U ≥ 85 dB(A) - Valor de Acção Superior

S/ Inf.
105; 17%

Os resultados da avaliação da exposição pessoal diária ao ruído, revelam


que 346 trabalhadores (56%) se encontravam abaixo do “Valor de Ação
Inferior” (80 dB(A)), 105 trabalhadores (17%) estavam entre o “Valor de
Ação Inferior” (80 dB(A)) e o “Valor de Ação Superior” (85 dB(A)) e 166
trabalhadores (27%) estavam acima do “Valor de Ação Superior” (85
dB(A)).

Gráfico 27 - Distribuição da Exposição Pessoal Diária Efetiva (LEX,8h, efect), por Trabalhador

LEX,8h,efect < 87 dB(A) - Valor Limite de Exposição

LEX,8h,efect ≥ 87 dB(A) - Valor Limite de Exposição

347; 100%

Pela análise gráfico 27 e de acordo com o ponto 2 do artigo 3º do Decreto-


Lei n.º 182/2006, de 6 de Setembro, concluiu-se que nenhum dos

de Sousa, Rui 73
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

trabalhadores avaliados apresentava exposição pessoal diária efetiva


superior ou igual ao “Valor Limite de Exposição” (87 dB(A)). Relembre-se
que este parâmetro foi aplicável apenas aos trabalhadores em cujas
situações de exposição (tipo de ruído K) se registaram valores de LAeq,T
superiores a 80 dB(A).

Gráfico 28 - Distribuição do Nível de Pressão Sonora de Pico (LCpico), por Trabalhador

4
00
0

LCpico ≤ 135 dB(C) - Valor de Acção Inferior

135 dB(C) < LCpico < 137 dB(C)

LCpico ≥ 137 dB(C) - Valor de Acção Superior

LCpico ≥ 140 dB(C) - Valor Limite de Exposição

S/ Inf.
617; 99%

Relativamente aos níveis de pressão sonora de pico, LCpico, medidos nos


locais de trabalho, nenhum excedeu o valor máximo admissível de 140 dB
(C), nem os respetivos valores de ação inferior e superior, definidos na
legislação aplicável. Além disso, todos os trabalhadores se encontravam
expostos a níveis inferiores ao “Valor de Ação Inferior” (135 dB(C)).

de Sousa, Rui 74
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

5 CONCLUSÕES E RECOMEDAÇÕES

A realização deste trabalho permitiu corresponder positivamente aos


objetivos previamente formulados, obtendo-se informação do nível de
exposição a que os trabalhadores das Pedreiras avaliadas estão expostos,
das características das fontes produtoras de ruído e das principais medidas
de proteção e minimização aplicáveis.

Foi então efetuada a avaliação da exposição dos trabalhadores ao ruído


durante o trabalho nas Pedreiras e caracterizadas as principais variáveis
inerentes a essa exposição.

Da análise dos resultados obtidos para uma amostra composta por 20


Pedreiras, nas quais se realizou a avaliação de 621 trabalhadores, conclui-se
que estes eram maioritariamente do sexo masculino (96%), com idade
média de 42 anos e tempo de serviço em ambientes ruidosos, em média, de
13 anos. Quanto à sua atividade, a maior parte (48%) era Condutor/
Manobrador de Equipamento.

Efetuaram-se medições a 13 tarefas distintas e obtiveram-se dados relativos


à percentagem de trabalhadores afetos a cada uma delas, constatando-se
que as que albergavam a maior percentagem de trabalhadores eram a Pá-
Carregadora e Dumper/ Camião (com 16% cada), seguidas da Central de
Britagem (Interior da Cabine) e Zona de Produção (Ambiente Geral), com
14% cada.

Em relação à estimativa do tempo de exposição diário a cada tarefa,


verifica-se que as tarefas que tinham uma maior taxa de ocupação diária e
consequente tempo de exposição eram a Perfuradora/ Roc, a Giratória
(Martelo), o Escritório/ Balança e a Giratória/ Balde, cada uma com 7h
médias diárias.

Pela determinação dos valores médios dos níveis sonoros medidos em cada
tarefa, nomeadamente do nível sonoro contínuo equivalente (LAeq,T),
ponderado A e do nível de pressão sonora de pico (LCpico), verifica-se que a
de Sousa, Rui 75
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Central de Britagem (Exterior da Cabine) foi a tarefa que apresentou o valor


médio de LAeq,T mais elevado, com 94 dB(A), seguida da Perfuradora/ Roc e
Laboratório, enquanto que o valor médio mais alto de LCpico foi registado na
tarefa Giratória (Martelo), com 127 dB(C), seguida da Central de Britagem
(Exterior da Cabine) e da Giratória (Balde).

Em relação à análise espectral em bandas de 1/1 oitava, verifica-se que os


valores médios mais elevados foram os da Central de Britagem (Exterior da
Cabine), mas apenas até aos 2000 Hz. Para as frequências de 4000 Hz e
8000 Hz o maior nível médio de ruído pertenceu à tarefa Laboratório.

Podemos também constatar que aproximadamente metade das tarefas


apresentava um valor médio inferior a 80 dB(A) e, consequentemente, para
a outra metade os valores estavam acima dos 80 dB(A).

Observando as fontes de ruído em cada tarefa, foi possível identificar as


principais origens dos elevados níveis sonoros medidos. Se nalguns dos
casos esse ruído era inerente à natureza do processo produtivo, noutros
estava antes relacionado, sob o ponto de vista acústico, com falhas no
sistema de manutenção, utilização inadequada dos meios ou, por outro lado,
a utilização de meios desajustados/ obsoletos, incorreta planificação e
conceção do ciclo produtivo, estruturas e equipamentos, entre outros.

A exposição dos trabalhadores ao ruído na Central de Britagem (Exterior da


Cabine) era a que apresentava o maior nível sonoro, embora o tempo médio
de exposição diária fosse de apenas 1 hora. No exterior da cabine da Central
de Britagem, junto ao primário, o ruído excessivo resultava da percussão
das maxilas do britador com a pedra. O trabalhador só tinha necessidade de
estar sujeito a essa exposição, basicamente, quando o britador primário
encravava, deslocando-se até ao local para proceder a manobras de
desencravamento. Este processo foi, na maior parte das vezes, manual e
com recurso a cunhas metálicas, tendo o operador que se debruçar sobre o
primário, aumentando a aproximação e, associadamente, o risco de
exposição ao ruído (entre outros). Noutros casos existia um martelo
de Sousa, Rui 76
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

pneumático, acoplado a um braço hidráulico móvel que procedia a essa


operação, mediante o controlo do trabalhador que se encontrava junto do
equipamento. Este sistema era “similar” à lança de uma giratória, equipada
com martelo.

Esta situação seria evitável se, por exemplo, todas as cabines de britagem
fossem dotadas de sistemas de videovigilância (com boa capacidade de
visualização do britador primário) e possuíssem, junto do primário, um
sistema de braço hidráulico, com martelo pneumático acoplado, comandado
remotamente do interior da cabine e capaz de proceder ao desencravamento
da pedra nas maxilas do britador. O trabalhador procederia assim à
operação sem estar exposto ao ruído do exterior da cabine.

Na Central de Britagem (Interior da Cabine) o tempo de exposição médio era


de 5 horas. Apesar do valor médio de LAeq ser inferior a 80 dB(A), em
algumas situações esse valor (médio) foi ultrapassado, tendo-se mesmo
verificado um caso que atingiu os 90 dB(A) – nesse caso a cabine não tinha
janelas e o ruído estrutural era extremo.

As principais fontes de ruído na cabine do primário foram: o britador


primário, os crivos, os sistemas de refrigeração dos componentes elétricos
de comando da central e o ruído estrutural devido à vibração das cabines, as
quais estavam ligadas à instalação do primário.

As cabines de britagem encontravam-se numa posição de topo, permitindo


uma visão privilegiada de toda a britagem e facilitando as operações de
comando e controlo da mesma. Essa localização traduz-se numa maior
vulnerabilidade de exposição ao ruído, dada a sua propensão recetora da
envolvente sonora.

Não sendo praticável afastar a central de britagem da própria britagem e,


em especial, do ruído do primário, seria importante que as cabines fossem
estruturas mais estanques e isoladas do ruído, quer aéreo quer estrutural
(percussão). Vidros partidos, portas e janelas mal fixadas, com mau

de Sousa, Rui 77
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

isolamento ou simplesmente a fechar mal, buracos nas paredes e chão da


estrutura, etc., traduzem-se num isolamento sonoro pouco eficaz.

A agravar esta situação, a abertura frequente de portas e vidros (cuja


necessidade relatada pelos operadores serviria para desembaciar ou renovar
o ar, ou observar melhor o exterior), aumenta o nível sonoro no interior das
cabines. Para melhorar esta situação poderiam, por exemplo, ser instalados
sistemas de entrada com antecâmara nas portas das cabines para que o
operador não ficasse exposto ao ruído exterior sempre que alguém entrasse
ou saísse da cabine. Em relação às superfícies envidraçadas, em muitos dos
casos a visibilidade era reduzida pela existência de vidros danificados,
acumulação de pó (interior e exterior), ou de vapor de água (no interior).
Uma correta e frequente manutenção/ limpeza, associado a um sistema de
climatização/ ventilação eficaz, resolveriam esse problema.

Na Centrais de Areias a situação era similar à britagem, no entanto as


cabines eram mais recentes e melhor equipadas. Para além do ruído
exterior, essencialmente dos moinhos e crivos, estava também presente o
ruído resultante dos equipamentos de climatização e arrefecimento dos
componentes elétricos e algum ruído estrutural. Existia também a
necessidade do trabalhador se deslocar ao exterior para verificar o processo
de tratamento das lamas, ficando mais exposto ao ruído. A abertura de
janelas não era tão frequente e dispunham de melhor manutenção e
limpeza.

Na Zona de Produção (Ambiente Geral), os trabalhadores que executam


trabalhos de limpeza e manutenção na britagem e central de areias estão
expostos cerca de 8 horas do seu dia a níveis excessivos, resultante do ruído
do britador primário, crivos, moinhos, telas transportadoras, movimentação
de máquinas, entre outros. Estes trabalhadores são os mais vulneráveis ao
ruído, uma vez que não estão protegidos por cabines e apenas dispõe de
proteção auditiva. A implementação de rotatividade destes trabalhadores por

de Sousa, Rui 78
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

tarefas menos ruidosas seria uma importante medida de minimização do seu


tempo de exposição ao ruído, mas notou-se ser pouco considerada.

Conforme verificado anteriormente, a operação com equipamentos de


Perfuração/ Roc constituiu uma das tarefas mais ruidosas desenvolvidas
numa Pedreira. Nesta tarefa verificaram-se duas situações particulares: os
equipamentos com e sem cabine, mais ou menos modernos ou equipados. A
exposição do operador de Roc era fortemente influenciada pela sua
permanência no exterior ou no interior de cabine (consoante a sua
existência). As principais fontes de ruído verificadas foram, em ambos os
casos, resultantes da perfuração da rocha com vara metálica (que originou
um ruído médio na ordem dos 100 dB(A), medido a aproximadamente 2
metros), do ruído do motor e funcionamento do equipamento e, trabalhando
na frente de pedreira por vezes em simultâneo com as outras máquinas
(giratórias, com balde e martelo, dumpers/ camiões, etc.) estavam também
sujeitos ao ruído proveniente destes equipamentos e respetivas atividades.

Refira-se que nos Rocs não cabinados, os operadores se encontravam junto


da coluna de perfuração (local onde o ruído era mais intenso), originando
exposição direta ao ruído excessivo. Esta posição era adotada por ser o local
com melhor visibilidade das operações e porque os comandos do
equipamento se encontravam instalados na sua proximidade.

Relativamente aos equipamentos móveis (dumpers/ Camiões, giratórias,


pás-carregadoras e perfuradora) o isolamento sonoro conferido pela cabine
era, de facto, uma das condicionantes de maior relevância, face à exposição
dos operadores ao ruído exterior, bem como do ruído inerente à própria
máquina. Porém, observou-se a existência de alguns problemas relacionados
com a falta de manutenção e estado de degradação de algumas dessas
cabines, traduzindo-se no mau isolamento de portas e vidros (por
empenamento de estruturas, desgaste de borrachas vedantes e
amortecedoras de impacto, folgas, vidros danificados, peças soltas, etc.) que

de Sousa, Rui 79
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

contribuía para a entrada de ruído exterior e até de acréscimo sonoro devido


à vibração e ressonância dessas estruturas.

Tendo em conta que estas máquinas operavam no exterior, expostas às


intempéries (com exposição solar e chuva por vezes intensas), o interior das
mesmas estava também sujeito a condições de temperatura e humidade
variáveis e extremas. Associado a este facto, para proteger o trabalhador da
exposição ao ruído e partículas, entre outros, as cabines das máquinas
deviam permanecer fechadas e isoladas do exterior durante o seu
funcionamento. Assim, os sistemas de ar condicionado desempenhavam um
papel essencial no conforto térmico, como na renovação do ar interior
nesses equipamentos móveis. Mais uma vez, foi detetada a falta de
manutenção (ou manutenção inadequada), traduzindo-se na necessidade de
abertura (total ou parcial) dos vidros (e até portas) para fazer circulação do
ar para arrefecimento do habitáculo ou para desembaciamento dos vidros
(no caso de humidade elevada), com consequente propagação de ruído do
exterior.

Ainda no que concerne à abertura “incómoda” de vidros ou portas das


máquinas, no seio dos ambientes ruidosos, foram detetadas várias
ocorrências, tanto em frente de pedreira como na zona de produção. A
necessidade de comunicação do condutor/ manobrador com outros
intervenientes fez com que alguns destes abrissem sistematicamente os
vidros ou portas em algumas fases do seu trabalho. Por exemplo, na frente
de pedreira alguns manobradores de dumper/ camião abriam os vidros para
ouvir a mensagem sonora da giratória (ou pá-carregadora) assim que a
carga da báscula estivesse pronta. Junto ao primário, alguns dos avisos
indicadores para descarga da pedra eram sonoros, pelo que os condutores
abriam os vidros para poder ouvir essa mensagem, ficando sujeito ao ruído
do primário e britagem. Na zona de estoque da britagem (expedição),
alguns dos manobradores das pás-carregadoras abriam sistematicamente a
porta da máquina para comunicar com os camionistas e receberem “nota de
encomenda” dos mesmos.
de Sousa, Rui 80
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Estas situações poderiam ser evitadas se fosse implementada e instituída


uma política de comunicação e avisos luminosos, complementados com
sistemas internos de comunicação móvel. Por exemplo, se o objetivo fosse o
de comunicar com um trabalhador que opera no interior de uma máquina,
em vez das mensagens sonoras emitirem som no exterior, essa mensagem,
devidamente ajustada (como sinal luminoso, sonoro ou comunicação
verbal), seria visível/ audível no interior de cada máquina de interesse.
Sempre que possível e praticável, seria pertinente substituir as mensagens
sonoras por visuais (sinais luminosos).

Na zona de descarga de pedra no primário, junto à zona de paragem do


dumper, a maior parte das pedreiras dispunha de semáforo luminoso
(verde/ vermelho) para indicação da permissão de despejo do conteúdo da
báscula, evitando assim a necessidade de audição de sinal sonoro exterior.
Apenas em algumas, este equipamento estava avariado ou era sonoro.

Acresce referir que foi observada a utilização de transcetores de mão


(radiocomunicação) em algumas pedreiras. Porém, em certos casos, durante
a sua utilização, o volume e distorção do sinal era de tal forma elevado que
gerava ainda mais ruído. Algumas máquinas (e instalações fixas) dispunham
de autorrádios (ou rádios portáteis) que, quando em volume excessivo,
constituíam mais uma fonte de ruído às quais os trabalhadores estavam
sujeitos.

Outra situação que mereceu atenção, por constituir fonte de ruído


porventura evitável, foi a presença de sistemas pneumáticos de alguns
dumpers que faziam descarga de ar no interior da cabine.

Numa pá-carregadora, a existência de mensagem sonora de aviso (som


agudo) no interior da cabine, de aproximadamente 90 dB(A), submetia
desnecessariamente o trabalhador a essa exposição.

Nas Giratórias, a vibração e colisões do martelo ou balde eram por vezes


elevadas, o que incrementava os níveis de ruído. Às vezes as pás-

de Sousa, Rui 81
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

carregadoras e giratórias eram utilizadas para fazerem pequenas escavações


na própria rocha, com elevado esforço para as máquinas e aumentando a
percussão. Também se verificaram alguns excessos na manipulação dessas
máquinas, provocando ruído de impacto dispensável.

Em algumas circunstâncias, a carregamento da pedra nos dumpers/ camiões


não era efetuado com recurso ao equipamento adequado. Consoante o tipo
de pedra, sua dimensão e localização, existia a necessidade de adotar o tipo
de máquina mais apropriado (giratória ou pá-carregadora), bem como do
balde ou pá a utilizar, para retirar o máximo de rendimento. Por exemplo,
carregar pedra de grandes dimensões e muito compactada, não seria tarefa
ideal para uma pá-carregadora mas sim para uma giratória, e vice-versa.
Evitava-se assim o esforço excessivo das máquinas e consequente ruído.

O ambiente de pedreira é hostil e duro, tanto para os trabalhadores como


para as máquinas, provocando enorme desgaste.

Os caminhos sinuosos, com muito declive e em mau estado forçam as


máquinas ao limite, degradando-as e contribuindo para o aumento de ruído.
Para minimizar esse esforço, evitar a degradação precoce das máquinas e o
ruído que daí advém, devem conceber-se e conservar-se caminhos mais
planos e menos acidentados.

Nos ciclos de carga, transporte e descarga de pedra, o dimensionamento das


bancadas, com maiores ou menores declives e a escolha de percursos
influenciam no esforço dos dumpers e no ruído produzido pelos mesmos.
Também foram várias vezes contabilizados longos tempos de espera dos
dumpers junto do primário, para efetuar a descarga, concentrando mais
ruído (tanto do dumper como do primário).

Se o desmonte for bem dimensionado e resultar de uma boa fragmentação


primária da rocha, existe menor necessidade de recurso à giratória acoplada
com martelo (que é das máquinas mais ruidosas, quer para o trabalhador
que esteja diretamente a operar com ela, quer para a envolvente).

de Sousa, Rui 82
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Nos laboratórios, os ensaios de agregados resultam na percussão da pedra


em peneiros metálicos. Essa metodologia é manual e implica a geração de
níveis elevados de ruído junto dos ouvidos dos técnicos que realizam esses
ensaios. A normalização deste tipo de ensaios deveria, se possível, ser
baseada em métodos de peneiração automatizados, para salvaguarda da
saúde dos trabalhadores.

Nas oficinas, constatou-se a presença comum de compressores de ar sem


qualquer proteção acústica. O ruído gerado por esses equipamentos não era
isolado, possibilitando a sua transmissão até aos trabalhadores que se
encontravam nesse local de trabalho. O afastamento e/ou encapsulamento
dos compressores permitiria a redução ou eliminação dessa exposição.

No Escritório/ Balança, o ruído inerente ao processo produtivo da Pedreira


não é muito significativo dado o afastamento entre ambas as instalações
fixas. Todavia, tendo em conta que a principal fonte de ruído, que chega ao
interior da infraestrutura, resulta da passagem de camiões e sua paragem
na balança, seria pertinente a colocação de uma barreira ou antecâmara
junto da janela/ porta por onde comunicam os camionistas com os
operadores de balança.

Em relação à avaliação da exposição dos trabalhadores ao ruído durante o


trabalho, os resultados da avaliação da exposição pessoal diária ao ruído,
revelam que 105 trabalhadores (17%) estavam entre o “Valor de Ação
Inferior” e o “Valor de Ação Superior” e 166 trabalhadores (27%) estavam
acima do “Valor de Ação Superior”. Ou seja, 44% dos trabalhadores
avaliados apresentavam uma exposição pessoal diária superior a 80 dB(A),
estando consequentemente sujeitos a risco de perda auditiva e demais
efeitos nefastos da exposição a ruído excessivo. No entanto, uma
percentagem superior de trabalhadores (56%) estava exposta, no seu dia-a-
dia, a tarefas com níveis superiores a 80 dB(A).

Todavia, nenhum dos trabalhadores avaliados apresentava exposição


pessoal diária efetiva superior ou igual ao “Valor Limite de Exposição”,
de Sousa, Rui 83
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

concluindo-se que a proteção auditiva utilizada era efetiva no desempenho


da sua função.

Note-se que na comparação com o VLE (já contando com a atenuação dos
protetores auditivos) os níveis foram cumpridos em todas as situações.
Podemos neste caso pressupor que todos os trabalhadores estavam
“protegidos” do ruído. Esta “sensação” generalizada de proteção é muitas
vezes confundida com o afastamento do perigo e, a facilidade com que a
simples utilização de protetores auditivos faz afastar o nível de exposição do
VLE, torna a utilização destes EPIs a medida mais facilmente utilizada.

Pelo facto de os trabalhadores disporem de protetores auditivos, não quer


dizer que sempre os utilizem e, a própria utilização, estado e colocação dos
mesmos pode não ser a mais eficaz. Dada a morfologia de cada individuo e
seu ouvido, por vezes os auriculares não encaixam na perfeição, podendo
até cair momentaneamente e provocar uma exposição de curta duração mas
a níveis muito elevados. A utilização dos protetores auditivos em sobre
proteção pode levar a desconforto ou pode ainda impedir que os
trabalhadores ouçam mensagens sonoras das máquinas, provocando
acidentes, entre outras situações. A inadaptabilidade pode fazer com que o
trabalhador não utilize os EPIs, sempre que os responsáveis/ supervisores
não estejam presentes.

Outra situação relativa aos protetores auditivos consiste na sua correta


escolha e adoção, face à distribuição por frequência dos níveis sonoros a que
os trabalhadores estão sujeitos. Considerando que a atenuação dos
protetores não é linear por frequência e que, por outro lado, os diferentes
tipos de ruído também não apresentam, geralmente, um espectro linear, a
utilização de determinado protetor auditivo poderá conferir proteção
suficiente em algumas frequências e não noutras, consoante o ruído a que o
trabalhador está exposto. Uma vez que o cálculo do LEX,8h,efect é resultante da
soma logarítmica de todas as frequências, o valor final pode ser

de Sousa, Rui 84
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

compensatoriamente inferior a 80 dB(A) e ocorrer a permanência de níveis


superiores em algumas das frequências.

Também podem ocorrer casos em que a proteção auditiva é selecionada


com base no nível sonoro médio de um dia inteiro de trabalho, com
múltiplas tarefas e acusticamente díspares, no qual o trabalhador só estará
efetivamente exposto a ruído excessivo apenas em alguns momentos (ou
tarefas). O EPI é então incorretamente dimensionado e ajustado para um
nível médio (que será a sua exposição pessoal diária), em detrimento de se
verificarem os níveis de cada tarefa de trabalho. Daqui resultará que o
trabalhador, na sua inconsciente utilização do EPI fornecido, estará
protegido por excesso ou defeito nas diferentes tarefas.

Os protetores auditivos devem então ser escolhidos para que a atenuação


proporcionada (descontando o respetivo desvio padrão enunciado pelo
fabricante) mantenha abaixo dos 80 dB(A), não só o valor global do
somatório de todas as frequências, traduzido no parâmetro LEX,8h,efect, mas
também o nível sonoro de cada frequência. Descurar esta circunstância pode
levar a perdas auditivas permanentes nas frequências cuja proteção não é
suficiente.

O recurso aos EPIs, em particular dos protetores auditivos tem vindo a


ser cada vez mais utilizado para minimizar os efeitos nefastos
decorrentes da exposição ao ruído. O baixo custo e a facilidade de
implementação desta medida fizeram que esta tenha vindo a ser a
opção mais escolhida (Arezes, 2002).

Relativamente aos níveis de pressão sonora de pico, LCpico, medidos nos


locais de trabalho, nenhum excedeu o valor limite de exposição, nem os
respetivos valores de ação inferior e superior, definidos na legislação
aplicável.

Repare-se que, mesmo num setor de atividade caracterizado pela intensa e


contínua ação do ruído de percussão, os valores mais elevados não

de Sousa, Rui 85
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

excederam os 133 dB(C), ficando portanto a 2 dB(C) do valor de ação


inferior, que é de 135 dB(C). Esta constatação sugere que os níveis de LCpico
estabelecidos no Decreto-Lei n.º 182/2006, de 6 de Setembro (como valores
de ação inferior, superior ou valor limite de exposição) serão apenas
atingidos em casos de ruído extremo e que, a verificarem-se, bastaria uma
breve exposição do trabalhador a tal ruído para que resultasse num dano
irreversível de surdez. Logo, considera-se que os valores legislados não são
conservativos, de forma a protegerem a saúde auditiva dos trabalhadores,
uma vez que terão sido formulados por excesso.

5.1 Medidas de Minimização da Exposição ao Ruído Ocupacional

Tendo em vista a redução e/ ou eliminação da exposição dos


trabalhadores ao ruído durante o trabalho enumeram-se, de seguida,
algumas medidas de carácter geral, preconizadas no anexo IV do Decreto-
Lei n.º 182/2006, de 6 de Setembro, que devem ser aplicáveis às
pedreiras.

1 — Medidas de carácter específico para redução do ruído na fonte:

a) Utilizar máquinas, aparelhos, ferramentas e instalações pouco


ruidosos;

b) Aplicar silenciadores e atenuadores sonoros;

c) Utilizar chumaceiras, engrenagens e estruturas com menor emissão de


ruído;

d) Evitar valores elevados, como os que aparecem, por exemplo, nos


choques muito fortes ou frequentes (pela utilização de material
resiliente nas superfícies de impacte), quedas de grande altura ou
fortes resistências aerodinâmicas;

e) Assegurar o dimensionamento correto (reforços da estrutura com


blocos de inércia e elementos antivibráticos), acabamentos à máquina

de Sousa, Rui 86
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

(equilibragem e polimento de superfícies) e uma escolha correta dos


materiais;

f) Promover regularmente a manutenção dos equipamentos.

2 — Medidas para a redução da transmissão do ruído:

a) Atenuação da transmissão de ruído de percussão, com reforço das


estruturas;

b) Desacoplamento dos elementos que radiam o ruído da fonte, por


exemplo pela utilização de ligações flexíveis nas tubagens;

c) Isolamento contra vibrações;

d) Utilização de silenciadores nos escoamentos gasosos e nos escapes.

3 — Medidas de redução da radiação sonora:

a) Aumento da absorção da envolvente acústica e barreiras acústicas;

b) Encapsulamento das máquinas;

c) Separação dos locais, por:

i) Limitação da propagação do ruído, por exemplo pela


compartimentação dos locais e pela colocação de divisórias e de
cabinas;
ii) Concentração das fontes de ruído em locais de acesso limitado e
sinalizados.

4 — Medidas respeitantes à acústica de edifícios:

a) Aumento da distância entre a fonte de ruído e a localização dos postos


de trabalho;

de Sousa, Rui 87
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

b) Montagem de tetos, divisórias, portas, janelas ou pavimentos com


elevado isolamento sonoro;

c) Montagem de elementos absorventes do som;

d) Otimização da difusibilidade sonora (aumento das distâncias entre as


superfícies refletoras e o posto de trabalho).

5 — Organização do trabalho:

e) Rotatividade dos postos de trabalho;

f) Execução dos trabalhos mais ruidosos fora do horário normal de


trabalho ou em locais com o menor número de trabalhadores
expostos;

g) Limitação da duração do trabalho em ambientes muito ruidosos.

Como medidas de carácter específico, de forma a minimizar a exposição ao


ruído, recomenda-se a implementação de medidas a ter em conta ao longo
das diferentes etapas do processo produtivo:

Perfuração e Desmonte

 Recurso a equipamentos de perfuração modernos equipados com


silenciadores e com cabines insonorizadas;

 Manutenção periódica e adequada das perfuradoras/ roc.

 Utilização de sistemas hidráulicos de perfuração em detrimento dos


sistemas pneumáticos.

 Realização da operação de perfuração afastada de outras máquinas


e/ou operações ruidosas;

de Sousa, Rui 88
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

 Sensibilização dos operadores de perfuradora em matéria de ruído;

 Acondicionamento adequado do explosivo no furo, para evitar a


presença de espaços vazios entre os cartuchos e as paredes do furo;

 Projeção do diagrama de fogo em função das características do maciço


rochoso a desmontar e das suas especificidades e carregamento dos
furos com quantidades adequadas de explosivo;

 Colocação de todas as pontas de cordão detonante e detonadores


dentro do furo.

Carga, Transporte e Descarga

 Utilização de giratórias, pás-carregadoras, camiões e dumpers


modernos equipados com silenciadores;

 Manutenção periódica e adequada de todos os equipamentos móveis;

 Gestão da operação do ciclo de carga, transporte e descarga de pedra


de modo a minimizar a concentração de equipamentos na frente de
pedreira ou na britagem (zonas de maior ruído).

Britagem e Central de Areias

 Recurso a unidades de britagem ou de lavagem de areias devidamente


blindadas e com cabines insonorizadas;

 Equipamento das zonas de queda dos materiais (tremonhas) com


materiais absorventes de ruído (telas de borracha);

 Manutenção periódica e adequada de todos os equipamentos fixos.

de Sousa, Rui 89
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

6 BIBLIOGRAFIA

ACT – Autoridade para as Condições do Trabalho (2015). Relatórios -


Atividade de Inspeção do Trabalho – Relatório 2013.
http://www.act.gov.pt/%28pt-PT%29/SobreACT/DocumentosOrientadores/
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Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (2009) Perspetival


1 – Novos riscos emergentes para segurança e saúde no trabalho.
Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias.

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massas minerais - pedreiras. Diário da República.

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Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

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Decreto-Lei n.º 340/2007, do Ministério da Economia e da Inovação, que
altera o Decreto-Lei n.º 270/2001, que aprova o regime jurídico da pesquisa
e exploração de massas minerais. Diário da República.

Decreto-Lei n.º 90/90, de 16 de Março - Regime jurídico de revelação e


aproveitamento de bens naturais existentes na crosta terrestre,
genericamente designados por recursos geológicos, integrados ou não no
domínio público, com exceção das ocorrências de hidrocarbonetos. Diário da
República.

Decreto-Lei n.º 112/2003, de 4 de Junho - Prorroga por seis meses o prazo


previsto na alínea a) do n.º 2 do artigo 63.º do Decreto-Lei n.º 270/2001,
que aprovou o regime jurídico da pesquisa e exploração de massas minerais
- pedreiras. Diário da República.

Decreto-Lei n.º 162/90, de 22 de Maio - Aprova o Regulamento Geral de


Segurança e Higiene no Trabalho nas Minas e Pedreiras. Revoga o Decreto-
Lei n.º 18/85, de 15 de Janeiro. Diário da República.

Decreto-Lei n.º 182/2006, de 6 de Setembro - Estabelece os valores limite


de exposição e os valores de ação superior e inferior e determina um
conjunto de medidas a aplicar sempre que atingidos ou ultrapassados esses
valores. Diário da República.

Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de Outubro - Regime jurídico da pesquisa e


exploração de massas minerais-pedreiras, revogando o Decreto-Lei n.º
89/90, de 16 de Março. Diário da República.

Decreto-Lei n.º 317/2003, de 20 de Dezembro - Prorroga por seis meses o


prazo previsto no Decreto-Lei n.º 112/2003, aplicável ao regime jurídico de
pesquisa e exploração de massas minerais. Diário da República.

de Sousa, Rui 92
Exposição Ocupacional ao Ruído nas Pedreiras

Decreto-Lei n.º 340/2007, de 12 de Outubro - Alteração do Decreto-Lei n.º


270/2001, que aprova o regime jurídico da pesquisa e exploração de massas
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