PALAVRAS-CHAVE: ações possessórias; defesa da posse; posse;
TEXTO:
Ação possessória é uma ação judicial destinada a tutelar a posição do possuidor,
violada ou ameaçada violar por outrem. Esta tutela possessória específica visa assegurar a utilização da coisa ao possuidor.
A lei confere ao possuidor diversos meios judiciais de defesa da posse, a saber: a)
ação de prevenção (artigo 1276.º do Código Civil); b) ação de manutenção da posse (artigo 1278.º do Código Civil); c) ação de restituição da posse (artigo 1278.º do Código Civil); d) procedimento cautelar de restituição provisória da posse no caso de esbulho violento (artigo 1279.º do Código Civil), e, por fim, e) embargos de terceiro (artigo 1285.º do Código Civil).
Adicionalmente, além destes meios judiciais, acresce a ação direta, forma de
autotutela da posse (artigos 1277.º e 336.º do Código Civil).
Enquanto as ações de prevenção, manutenção, restituição e o procedimento cautelar
em caso de esbulho violento são mecanismos de reação contra atuações materiais suscetíveis de lesar a posse, os embargos de terceiro são um mecanismo de reação contra uma lesão na posse causada por atos jurídicos (penhora ou diligência ordenada judicialmente). Quanto à legitimidade ativa, pode recorrer às ações possessórias quem detenha a posse da coisa nos termos de um direito real de gozo, de um direito real de garantia suscetível de posse ou de um direito pessoal de gozo que beneficie dessa tutela. As ações possessórias não são aplicáveis à defesa de servidões não aparentes, salvo quando a posse se funde em título provindo do proprietário serviente ou de quem lho transmitiu (artigo 1280.º do Código Civil). Ou seja, as ações possessórias não podem ser usadas para tutela de situações de mera detenção. Em caso de falecimento do possuidor, a legitimidade para instaurar as ações possessórias é transmitida aos seus herdeiros (artigo 1281.º do Código Civil).
Quanto à legitimidade passiva, difere consoante seja uma ação de manutenção ou de
restituição (art. 1281.º do Código Civil).
Apesar de corresponderem a ações distintas no Código Civil, atualmente não lhes
corresponde qualquer forma de processo especial, estando sujeitas ao processo comum.