Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. CONCEITO DE DIREITO
Em uma prova, é necessário entender as questões que podem cair a respeito dos temas.
Nas provas objetivas, por exemplo, se for cobrado que Habermas é um autor que pensa no
conteúdo, estaria falso, pois trata-se de um procedimentalista. Em outras questões, pode ser que
seja atribuído a Habermas o entendimento a respeito do véu da ignorância, mas que diz respeito a
P or outro lado, em uma prova subjetiva, pode ser abordada a ideia de democracia
justiça como um valor universal, político. Nesse sentido, as matérias abordadas nas aulas
Dessa forma, o conceito de direito, assim como a conceituação de justiça, possui muito
juspositivista, ao passo que a justiça também pode ser definida desse modo.
polissêmico.
O direito também ostenta uma polissemia, de modo que há várias formas de observá-lo,
dado que é possível analisar o mesmo fenômeno a partir de diversos critérios. Assim, o direito
pode ser visto sob o aspecto sociológico, filosófico, positivo e nenhuma das visões impede ou
ofusca a outra, visto que são formas diferentes de ver o mesmo, isto é, tais formas não se
anulam.
Uma ideia de direito bastante difundida é a defendida pelo autor Miguel Reale, que afirma,
negócios jurídicos, exercício de voto e prática de crime. Nesse sentido, os fatos sociais são
valorados pelo direito, ou seja, o direito observa os fatos, os valora e os normatiza, prescrevendo
consequências para a realização deles, que devem ocorrer, pois o direito é um dever-ser.
aspecto que pode ser cobrado em provas de concursos públicos, por mostrar
O professor resumiu as informações aqui trazidas a partir do livro de Tércio Sampaio Ferraz,
grande referência.
modo que a palavra direito tem como origem esses dois conceitos. A partir dessa premissa, direito
também deriva da palavra Diké, que diz respeito ao nome da deusa grega da justiça, significando
Dessa forma, direito significa equilíbrio, limites, organização e retidão nas sociedades
primitivas.
aprenderam muito com os gregos, mas aqueles eram muito diferentes destes, uma vez que os
Os romanos seriam, hoje, semelhantes aos americanos, pois eram pragmáticos e não
costumavam desenvolver muitos conceitos. Assim, apesar da ideia de posse e propriedade ter
vindo do C ódigo de Justiniano, foram os glosadores germânicos, observando o direito romano, que
direito, sendo este como um diretivo para a ação. Na antiguidade clássica, o Direito continuava a
o que justifica a deusa Iustitia estar com os olhos vendados e com a balança na mão.
continua com ideia de retidão e equilíbrio, bem como aprimora a compreensão de Aristóteles de
que o direito é uma atividade ética e se relaciona com equilíbrio e ponderação no julgamento.
C omo dito, em Roma, a ética, direito e moral estavam vinculados, e a jurisprudência tinha
dos bárbaros foi mais uma ficção, pois estes já haviam sido romanizados e Roma já tinha sido
destruída depois que houve uma tentativa de reconquista. Desse modo, houve um processo
Depois do período clássico romano, Roma tornou-se cristã e, com a queda do império
romano, veio a Idade Média. Nesta, os bárbaros invadiram Roma e começaram a pensar que o
Foi visto que Roma assimilou o C ristianismo, de modo que o Direito na Idade Média passa
a ser visto como um dogma, que não perde o caráter sagrado, mas possui uma dimensão
Dessa forma, a ideia é que o direito passa a ser visto como um dogma sagrado, cristão.
Os bárbaros se tornaram cristãos, assim como os reis católicos, que depois vão expulsar os
árabes da península ibérica, eram antigos bárbaros, que serão os responsáveis pela perpetuação
do cristianismo. Outrossim, foi a partir das cruzadas que os reis católicos conseguiram conquistar o
mediterrâneo. Se assim não o fosse, os árabes teriam vindo para a América e, muito
uma ordenação racional. O direito, no início da idade moderna, continua jusnaturalista, assim como
na idade média, pois havia a ideia de um Direito sagrado e transcendental. Todavia, com o
renascimento, o Direito passa a ser visto como algo racional ligado a técnica, em que o justo é
compreendido a partir da razão. Desta maneira, o direito passa a assumir um caráter sistemático,
Esse é o elemento motor das revoluções liberais, que passam a perceber que na idade
média, o direito era legitimado pelo poder dos monarcas, fato este que começou a desagradar a
classe dos comerciantes, de modo que estas pessoas começaram a desenvolver a ideia de que o
justo, o direito, deveria ser algo que deriva da razão. Assim, não se concebia a ideia de dominância
jusnaturalista, ligado a concepção de liberdade como um valor maior. Essa visão da liberdade e
também da igualdade começa a ganhar força como uma ordem racional, independentemente do
que está escrito na lei. Nesse sentido, deve prevalecer a liberdade, pois esta é a força motriz da
humanidade.
C umpre destacar que, a partir disso, há o fomento das revoluções liberais, que retiram os
Até esse momento, na Idade Média, existia a preocupação de criar um Jus C omune
europeu pois, quando Roma caiu, o direito romano continuou como inspiração para a Idade Média
e esse Jus C omune referia-se a ideia de que a Europa toda deveria seguir o mesmo direito. Esta
pretensão era vista por alguns juristas, com o surgimento das primeiras universidades ainda na
Idade Média.
poder dão fim ao absolutismo com a Revolução Francesa, Gloriosa, Americana com a C onstituição
de 1787, ocorrerá a positivação do direito no século XIX, haja vista que o direito começa a ser visto
Após a conquista do poder, os liberais difundem a ideia de que a norma deve ser escrita
com a positivação dos valores Jusnaturalistas. Destarte, reafirma a ideia de que todo o
Americana, pois a francesa é o exemplo maior da ideia de separação dos poderes, enquanto que
Dessa forma, na Europa, a ideia é a de que os poderes devem ser bem divididos e que a
norma deve ser escrita, visto que na Revolução Francesa, cultivou-se a ideia de que o juiz deve
apenas aplicar a lei, "boca da lei", não possuindo um papel criativo, pois os juízes do antigo regime,
EXEMPLO: Montesquieu era herdeiro de um juízo, de modo que as varas judiciais eram
passadas para os membros das famílias de forma hereditária, demonstrando, assim, que o poder
Analisando o exemplo acima, pode-se inferir que o francês revolucionário buscava limitar o
judiciário, o que impediu a adoção pela França dos precedentes vinculantes, adotando, assim, uma
separação rígida dos poderes, assim como uma positivação intensa, em razão da desconfiança em
apenas com o estudo das normas, mas abrange também métodos de interpretação, aspectos da
filosofia, sociologia, economia. O Direito, no fim das contas, é uma forma de normatizar a
sociedade por meio de elementos decisórios, de modo que as decisões valem-se, não apenas com
a norma posta, mas também de princípios interpretativos da filosofia, da economia, dentre outros.
Jusnaturalismo e o P ositivismo.
O Jusnaturalismo concebe o direito como algo apriorístico, algo dado e não como algo que é
criado como norma posta, ou seja, diz respeito a uma situação que já existe. Além disso, cumpre
direito deriva de uma ordem natural e divina, ao mesmo tempo, que se valia da razão. Assim, o
ser humano conhecia o Direito por meio da razão. Além disso, a ideia de princípios universais de
justificar a manutenção da aristocracia no poder, que era ligada a Igreja. Nesse sentido, na Idade
sistema anterior, em que havia a manutenção da aristocracia no poder, por meio da criação da
ideia de que o justo se aprende com a razão, de modo que não seria racional utilizar o critério do
nascimento como parâmetro de poder. Na Idade Moderna, há grande referência de Hugo Grotius,
com a concepção de valorização do ser humano, ou seja, o humanismo também racional, com o
que o orienta, de modo que o direito anterior ao positivo é universal, com normas imutáveis.
Nesse sentido, no jusnaturalismo não significa que não haverá leis escritas, pois estas sempre vão
existir, inclusive na antiguidade. Ocorre que o jusnaturalismo assevera que a lei escrita convive
com uma lei não escrita, que é universal, anterior, devendo estar de acordo com uma lei não
escrita.
Algumas críticas são feitas ao jusnaturalismo, como Bobbio e Kelsen, que afirmam que o
jusnaturalismo não existe, pois não existem valores universais imutáveis, uma vez que tudo muda
Dessa forma, Bobbio e Kelsen irão afirmar que o jusnaturalismo acabou se transformando
nos direitos humanos, haja vista que aquele servia como fonte das revoluções. P ortanto, todas as
vezes que alguém pretendia romper com ambientes autoritários e violadores de direito, invocava
os valores do jusnaturalismo.
cortes internacionais de direitos humanos que sempre estão tentando desconstruir ambientes
P orém, a crítica de Kelsen e Bobbio nasce do fato de que o direito natural não existe, pois
não haveriam direitos imutáveis, podendo servir, inclusive, para perpetuar atrocidades. P or
exemplo, o jusnaturalismo da Idade Média era canônico, centrado na ideia divina, tendo sido
fundamento na inquisição. P ortanto, não deve ser defendida a ideia de existência de um direito
imutável.
Situação diferente ocorre com o juspositivismo, que tem por origem o C ódigo de Justiniano
em Roma, assim como o surgimento do Estado Nacional em Tomas Hobbes, com a ideia de que o
Estado surge em razão de teorias contratualistas, derivando de uma vontade, de modo que a
O juspositivismo assevera que não existe uma ordem imutável, com um direito anterior,
consensual e imutável, haja vista que ocorre uma variação. P orém, positivismo varia a depender
do momento, de modo que o seu auge se deu com o C ódigo C ivil de Napoleão e a Escola da
Exegese, sendo que o sistema francês não adotou precedentes obrigatórios, bem como C hecks
and Balances, mas sim a separação rígida de poderes como forma de buscar segurança jurídica.
com a ideia de buscar segurança jurídica. Ocorre que os momentos históricos são diferentes, o que
possibilita que diferentes soluções fossem adotadas, apesar dos americanos e franceses
A França repele a aristocracia judicial e o momento mais forte do positivismo vem após a
Revolução Francesa, com o C ódigo C ivil de Napoleão, com a ideia de que o juiz é o mero aplicador
da lei, assim como o objeto do direito é a lei escrita. Dessa forma, apenas a lei escrita é o objeto
No século XX, Kelsen desenvolve uma ideia mais sofisticada do positivismo jurídico, dizendo
que existe uma função criativa do juiz, mas isso não é o objeto que este objetivava tratar na
ciência dogmática do direito, que tem como objetivo analisar o direito como um sistema, mas
estabelece que existe uma função criativa dos juízes, o que torna Kelsen menos radical do que os
franceses.
Desse modo, o positivismo, em seu auge, não admite nenhum papel criativo ao juiz.
Entretanto, Kelsen possibilita esse papel criativo do juiz, assim como outros autores como Hart,
que afirma que o juiz, muitas vezes, está diante de casos difíceis, em que este pode se valer de
um papel criativo.