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Revista Caderno de Relações Internacionais, vol. 4, nº 7, jul-dez. 2013.

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POR UMA COMPRE- proposta de durabilidade


ENSÃO DA CRISE mecanismo para transmitir às
gerações futuras a capacidade
AMBIENTAL E DO
produtiva, o direito ao bem
PARADIGMA DO estar, ao contribuir para uma
RISCO postura na qual a relação
FOR AN UNDERSTAND- humana com a natureza possa
ING OF ENVIRONMEN- se dar de forma racionalmente
TAL CRISIS AND THE ambiental.
PARADIGM OF RISK
Palavras-chave: meio ambiente; risco; gera-
ções futuras.
Clarissa Marques1 Abstract
Environmental issues represent a crisis in
Resumo civilization, western thoughts, modern
A problemática ambiental rationale and in the economic model,
representaria uma crise de moving away from the concept of ecological
civilização, do pensamento catastrophe and approaching the
realization that nature has been denied. It
ocidental, da racionalidade represents the need to rediscover the place of
moderna, do modelo man in nature and relocate him in the
econômico, afastando-se da world. This paper proposes a discussion
concepção de catástrofe about crisis and environmental risk. It
ecológica e aproximando-se considers the proposal of the durability
mechanism to transmit productive capacity
da constatação de que a to future generations, as well as the right to
natureza foi negada. welfare, by contributing to a position in
Representaria a necessidade which the human relationship with nature
de redescobrir o lugar do can be given in a rational environmental
homem na natureza, de way.
ressituá-lo no mundo. O Keywords: environment; risk; future generations.
presente artigo propõe a
discussão sobre crise e risco
ambiental. Considera a

1 Doutoraem Direito Pela Universi- Programa PDEE-Capes, Professora


dade Federal de Pernambuco – da Faculdade Damas e Advogada.
UFPE, estágio de Doutorado reali-
zado na Universidade de Paris pelo
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1. INTRODUÇÃO Essa antecipação indica uma


das características do direito
Estamos em tempos de novas ao meio ambiente: sua
referências, de novos dimensão prospectiva, tendo
paradigmas para o em vista que se volta a
desenvolvimento, diante do antecipar as consequências
cenário do risco que nos das ações atuais e os riscos
remete à discussão acerca das que elas apresentam no longo
futuras gerações, de uma prazo, inclusive, de forma
responsabilidade trnsfronteiriça. A motivação
(internacional) antecipada no seria a exigência de uma
que concerne à qualidade de postura solidária para com as
vida e ao direito ao meio futuras gerações, uma postura
ambiente ecologicamente de sustentabilidade. O
equilibrado. propósito seria associar o
Diante de uma situação de conceito de necessidade à idéia
incerteza uma espécie de de limitação para atender aos
controvérsia científica se interesses presentes e futuros.
instaura. Não é possível Associar equidade e equilíbrio
identificar o pior cenário. O no cenário global.
que existe é uma pluralidade
de argumentos e a dificuldade 2.1 CRISE GLOBAL E SO-
de hierarquizá-los. Dessa CIEDADE DE RISCO
forma, a partir do momento
em que todas as medidas A modernidade e a
preventivas devem ser racionalidade iluminista
tomadas mesmo diante da teriam provocado o
incerteza do dano ambiental e distanciamento entre o
que seja observada a homem e a ordem natural, a
obrigatoriedade do controle fragmentação da natureza, a
do risco para a vida, a objetivação do mundo (LEFF,
qualidade de vida e o meio 2006, p. 123),
ambiente, fica demonstrado o instrumentalizadas em boa
intuito de limitação do tempo parte pelo pensamento
presente. cartesiano que terminou por
proporcionar um dos grandes
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paradigmas ocidentais: o representam idéias


rompimento entre sujeito e problemáticas se tomadas sem
objeto, a oposição entre a devida cautela.
homem e natureza (MORIN, Diferentemente do processo
1977, p. 26). A formação de de fluidez em que nos
um paradigma científico encontramos, no qual as
voltado para a parte e afastado estruturas e instituições sociais
do todo (AZEVEDO, 2008, enfrentam a liquefação, a
p. 31). modernidade propôs a
Esse paradigma do solidez, por meio da rigidez
afastamento, se é que é das formas e dos meios, do
possível chamá-lo assim, distanciamento entre o
parece persistir até os dias de humano e o natural
hoje. Como diria Morin, a (BAUMAN, 2005, p. 57), o
investigação científica é a afastamento do homem
escola do luto tendo em vista quanto à ordem da natureza, o
que impõe-nos a renúncia ao fortalecimento de que esta
conhecimento: o investigador seria um objeto a ser
é colocado para fazer parte de apropriado, uma categoria a
uma equipe especializada e ser explorada.
nesta realidade o grande feito A modernidade propôs ao
se dá por ser este grupo mundo, assim, o crescimento
especializado e não por ser uma econômico a partir de um
equipe (1977, p. 16). paradigma da negação: a
Com Descartes, marco da negação da natureza, uma
emergência da ciência visão mecanicista (LEFF,
moderna, o homem 2006, p. 133).
representa o centro do mundo O projeto moderno de
(FERRY, 2009, p. 32) e a dominação e de posse da
natureza sofre uma redução de ordem natural surge como
significância (FERRY, 2003, uma das consequências do fim
p. 27) a partir da prevalência da crença misteriosa que até
de comportamentos como então a magia e a religião
domínio e posse (SERRES, exerciam sobre a natureza; o
1992, p. 58), o que, para a fim da natureza como símbolo
discussão ambiental, da ordem divina
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(WHITESIDE, 2008, p. 45). problema meio ambiental – e


Simples matéria bruta sim, antes de tudo, uma
desprovida de valor, a profunda crise institucional da
natureza (moderna) passa a primeira fase (nacional) da
representar objeto de modernidade industrial. (BECK,
exploração, objeto de 2009, p. 51).
consumo ilimitado (FERRY,
2003, p. 28). Beck propõe uma distinção
Pergunta-se, portanto, o que entre primeira e segunda
vem a ser a crise ambiental: modernidade. Segundo ele, na
uma espécie de multiplicidade primeira, ter-se-ia a
de danos, de localidades modernidade baseada nas
poluídas, de riscos sociedades dos estados-nação,
identificados, além de marcadas principalmente pela
catástrofes e ameaças aos territorialidade das
recursos naturais, mas, comunidades, pela ideologia
principalmente, uma do progresso, do pleno
preocupação comum, uma emprego e da exploração da
preocupação natureza.
global?(LARRÈRE; Nesta primeira modernidade,
LARRÈRE, 1997, p. 07) Ou a exploração da natureza,
nas palavras de Ulrich Beck, dentre outras razões, fez
uma sociedade de risco? ressaltar cinco elementos
problemáticos que estariam
A teoria da sociedade de risco relacionados entre si: a
global substitui o discurso globalização, a
sobre a “destruição da individualização, a revolução
natureza” pela seguinte ideia dos gêneros, o subemprego e
chave. A conversão dos os riscos globais, a exemplo
efeitos colaterais invisíveis da das crises ecológica e do
produção industrial em mercado financeiro (BECK,
conflitos ecológicos globais 2009, p. 02).
críticos não é, em sentido Já a segunda modernidade,
estrito, um problema do seria o reconhecimento de que
mundo que nos rodeia – não é a sociedade precisa responder
o que se denomina um aos desafios acima indicados,
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os quais tem em comum o consequência maior foi a


fato de serem consequências provocação dos cinco
da força da primeira elementos antes
modernização. mencionados: a globalização,
Nesse sentido, a sociedade a individualização, a revolução
contemporânea estaria dos gêneros, o subemprego e
passando por uma mudança os riscos globais.
radical, tendo em vista que, Lembra ainda que ideias como
apesar de reconhecer a força controle, certeza e segurança,
que a primeira modernidade as quais eram tão caras à
impunha, se afasta da primeira modernidade,
ideologia iluminista e elege terminaram por entrar em
novas formas. colapso, o que reforçou a
Ressalta o autor, que a década necessidade de uma mudança
de noventa foi marcada por de paradigma, de um novo
amplos debates e propostas de marco de referência para a
análise dessa transição pela segunda modernidade – a
qual passam as sociedades sociedade de risco.
atuais na medida em que Sendo assim, o presente
temas como complexidade, trabalho parte da concepção
contingências e incertezas construída por Ulrich Beck de
destacaram-se. Para alguns, que os conceitos de risco e de
trata-se de uma pós- sociedade de risco terminam
modernidade, conforme propõe por aproximar o que há muito
Bauman, já outros, a exemplo era interpretado de forma
de Giddens, preferem utilizar excludente: sociedade e
o conceito de modernidade tardia natureza e que o regime do
(BECK, 2009, p. 01). risco impõe uma nova ordem,
Beck, por sua vez, apoia-se na agora não mais nacional e sim
ideia de uma modernidade global, um novo paradigma
reflexiva. Essa representa a (BECK, 2009, pp. 03-05).
superação da primeira E é nesse sentido - de que o
modernidade - linear, paradigma da sociedade de
industrial e baseada em um risco exige voltar-se para uma
estado nacional, pela segunda dimensão que ultrapasse a
modernidade, cuja carga individual-subjetivista e
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reconheça os riscos globais e grande potencial de


não limitados no tempo - que desequilíbrio” (GUZMÁN,
o presente artigo trabalha a 1995, p. 233). Soma-se a isso
partir do entendimento de que uma espécie de estado
uma mudança de paradigmas fantástico de consumo e
instaura-se. abundância representado pela
Parte-se, portanto, do multiplicação de objetos, dos
pressuposto de que estamos serviços, dos bens e pela
diante de riscos, de uma fragilização dos laços entre os
sociedade de risco, de uma semelhantes nas relações
ordem de riscos. sociais (BAUDRILLARD,
Quanto às causas dos riscos e 2008, p. 13).
dos perigos, estas possuem as Ressalta-se, contudo, que para
mais variadas origens, a doutrina de direito
contribuindo para a ambiental, enquanto o risco é
dificuldade do controle da resultado de escolhas e
problemática ambiental que decisões tomadas no presente,
terminou por identificar o mas que poderão trazer
modelo chamado de consequências imprevisíveis
sociedade de risco (LEITE; para a qualidade de vida
AYALA, 2002, p. 11), na qual futura, o perigo refere-se às
o limite econômico seria o ocorrências dotadas de
ecológico e a postura humana previsibilidade e delimitadas
em relação à natureza seria de no tempo e no espaço
poder e não de elemento (BODNAR, 2008, p. 544),
integrante desta (AZEVEDO, razão pela qual a postura
2008, p. 150). crítica aqui tomada, por
Dessa forma, convém voltar-se para a dimensão
reconhecer que a crise futura do meio ambiente no
ecológica precisar ser que concerne ao sujeito
analisada em seu sentido mais transgeracional e suas
amplo. A sobrevivência da implicações, utilizará a
humanidade é uma questão perspectiva do risco.
que impõe urgência em sua
análise e que a “não
solidariedade traz em si um
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2.2 O PROBLEMA DO temporal que a ordem


TEMPO FUTURO E NO- ambiental traz consigo.
VAMENTE O PARADI- Afirma, ainda, que o mundo
GMA DO RISCO tem se deparado com
problemas globais, problemas
A degradação ambiental foi que exigem soluções globais
analisada por Boaventura de (GOUGUET, 2007, p. 127)
Sousa Santos como um dos marcadas pela solidariedade
problemas fundamentais que entre as gerações (SANTOS,
envolvem diferentes espaços- 2003, p. 299). Mais uma vez, a
tempo. problemática do tempo por
Apesar de não trabalhar com meio da consideração das
os conceitos de complexidade obrigações intergeracionais foi
sugeridos por Morin, o autor reconhecida por Boaventura.
indicou que a agressão ao Jamais tivemos instrumentos
meio ambiente talvez tão eficazes e universais para
represente o mais intervir no mundo (WEISS,
intrinsecamente transnacional 1989, p. 01). Os poderes
dos problemas mundiais e mudaram de escala, “nós
que, a depender de como for passamos recentemente do
tratado, poderá provocar local ao global sem qualquer
tanto um conflito global, controle conceitual ou
como poderá também ser a prático” (SERRES, 2001, p.
base para a promoção da 13) e além dessa expansão
solidariedade em nível espacial dos poderes, merece
transnacional e intergeracional destaque o fato das
(SANTOS, 2003, p. 296). consequências dessa
O direito ambiental atuaria intervenção humana na ordem
como uma espécie de direito natural possuírem também
de reconciliação ao serviço de um outro poder: a capacidade
finalidades essenciais e de prolongarem-se no tempo.
universais (MORAND-DE- Assim, o destaque concedido
VILLER, 2007, p. 323). Ou à problemática do
seja, teria o autor reconhecido desenvolvimento durável
a complexidade espacial e indica uma certa inquietude
diante da ampliação, no tempo
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e no espaço, das incorporada ao tempo


consequências trazidas pela presente, utilizando-se para
intervenção humana no isso uma outra concepção
mundo (RUMPALA, 2008, p. ética que permita mecanismos
179), ou seja, a extensão, de uma responsabilidade
territorial e ao longo do prospectiva.
tempo, dos efeitos
provocados por tais ações. Mas o que quer dizer risco?
Essa inquietude remete à Risco é o enfoque moderno da
colocação de François Ost ao previsão e controle das
afirmar que a crise ecológica consequências futuras da ação
representa uma crise da humana, as diversas
relação humana com a consequências não
natureza. Segundo o autor, desenhadas pela
trata-se de uma crise de modernização radicalizada. É
paradigma, pois o vínculo um objetivo
com a natureza estaria em (institucionalizado) de
crise (OST, 1995, p. 09). colonizar o futuro, um mapa
Mais uma vez, a crise de cognitivo. Toda sociedade
paradigma é mencionada, com certeza já experimentou
entretanto a análise aqui perigos. Porém, o regime do
desenvolvida opta por risco é uma característica de
compreender essa mudança uma nova ordem: não é
de paradigma não por meio de nacional e sim global (BECK,
uma ótica de crise, mas sim 2009, p. 05).
através do mecanismo do
risco, conforme já Essa nova ordem, portanto,
mencionado. trazida pelo regime do risco
Apesar da sociedade de risco como sugere Beck, traz
ser comumente analisada a naturalmente a discussão
partir do entendimento de que acerca dos efeitos em longo
estamos em um momento de prazo de tais riscos. Isto
crise ecológica, aqui a opção porque estes pertencem à
foi partir da análise do risco dimensão futura, mas apesar
para desenvolver a tese de que de referirem-se às
a dimensão futura precisa ser possibilidades, ou seja, às
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incertezas quanto às por obrigação controlar tais


consequências de perigos (BECK, 1998, p. 07).
determinados atos, impõem Cabe questionar o sentimento
uma necessária atuação na de que a relação entre passado
dimensão do presente: uma e futuro dar-se-ia, em parte,
postura solidária e de em razão de uma herança. É
responsabilidade para com as como se as gerações presentes
futuras gerações. fossem herdeiras não apenas
Mesmo reconhecendo as de bens e patrimônios
implicações espaciais que os (naturais e não naturais), mas,
danos ambientais trazem, ou como sugere Baudrillard, de
seja, dificilmente os impactos um direito natural à
trazidos por danos ao meio abundância (2008, p. 23),
ambiente apresentam-se de exercida por meio da ordem
forma localizada e limitada do consumo.
espacialmente, chegando-se a O autor sugere, ainda, que
falar em efeitos esse estado de abundância
transfronteiriços da poluição teria se tornado simples e
(LEITE; AYALA, 2011, p. banal, mas não em razão de
207), a exemplo da poluição conquistas ou produto de um
atmosférica e dos recursos esforço histórico. A
hídricos, a problemática aqui abundância teria sido
destacada será a temporal. concedida “por uma instância
Beck por exemplo, ao tratar da mitológica benéfica de que
imortalidade da sociedade somos herdeiros legítimos: a
industrial afirma que os Técnica, o Progresso, o
perigos não são limitados Crescimento etc” (2008, p.
espacial, temporal nem 23).
socialmente, chegando a Essa ordem da abundância e
ultrapassar os estados do consumo facilitam a
nacionais, as classes sociais e promoção da satisfação
até mesmo as alianças momentânea, do pensamento
militares. Ressalta ainda que imediato, caracterizado pela
tendo em vista sua magnitude, sensação de certeza e controle,
provocam novos desafios para afastando-se de uma
as instituições que possuem preocupação com o porvir –
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incerto por natureza. Assim, prazo. “O longo prazo, ainda


por que deixar de usufruir e que continue a ser
satisfazer-se agora em nome mencionado, por hábito, é
de um possível benefício uma concha vazia sem
futuro? significado; se o infinito,
A opção pelo presente, pelo como o tempo, é instantâneo,
instante parece cada vez mais para ser usado no ato e
facilmente considerada e descartado imediatamente,
expressões próprias do então ‘mais tempo’ adiciona
universo do consumo e do pouco ao que o momento já
discurso do ter como ofereceu. Não se ganha muito
“descartar, substituir, trocar, com considerações de ‘longo
jogar fora, comprar, ‘atualizar- prazo’” (BAUMAN, 2001, p.
se’, estar em sintonia com o 145).
atual, ‘modernizar-se’” (BER- Para alguns autores,
RÍOS, 2007, p. 98), estaríamos diante de um
demonstram como o momento no qual a escolha
distanciamento quanto à dos valores promove uma
responsabilidade para com a delicada relação entre a
dimensão futura integra relevância do presente e a
facilmente os hábitos do relevância ética do futuro.
presente, das sociedades Em nível individual, é comum
contemporâneas. Estas a escolha por uma experiência
estariam preocupadas em prazerosa agora, em lugar de
gozar os benefícios da herança uma experiência mais
da abundância. prazerosa no futuro, bem
A tendência da como a escolha por não sofrer
instantaneidade torna o no momento mesmo que tal
momento infinito, escolha recaia em um
proclamando o desejo de sofrimento maior no futuro. E
exploração máxima de cada “se isso vale para cada
momento, mesmo que indivíduo, vale também para
brevemente. É como se o uma coletividade” (BI-
provisório assumisse o espaço FULCO, 2008, p. 47).
do permanente. O curto prazo Entretanto, a escolha pelo
assumiu o posto do longo presente, sem a valorização
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dos efeitos futuros, coloca em um obstáculo à precaução


risco a equidade entre enquanto vetor da
gerações no que diz respeito responsabilidade ambiental,
ao direito a um meio ambiente tendo em vista a necessidade
equilibrado. de projeção do futuro como
um dos deveres presentes na
2.3 O MEIO AMBIENTE concepção da ética da
E SUA PERSPECTIVA responsabilidade (JONAS,
TRANSGERACIONAL 1990, p. 98).
A ideia seria uma reação ética
A normatização ambiental por meio de uma nova
tem como um de seus maiores concepção de
objetivos evitar a ocorrência responsabilidade:
de danos ao meio ambiente. “responsabilidade projeto”
Opera naturalmente com o (OST, 1995, p. 19),
horizonte futuro. Ou seja, comprometida com a
apesar da incontestável permanência e não apenas
importância das medidas de com o imediato, voltada a
urgência, capazes em muitos inscrever uma ordem futura
dos casos de mitigar os efeitos razoável.
danosos e presentes, Assim, a limitação da vontade
provenientes de acidentes ou atual de poder e usufruto da
posturas de negligência, o natureza apresentar-se-ia
estado ideal seria a adoção de como condição de
medidas eficazes de possibilidade para preservação
precaução, o que teria a do vínculo com as gerações
condição de evitar a produção anteriores e, principalmente,
de parte dos danos. com as futuras.
A reparação é uma espécie de Analisar os direitos de
alternativa possível diante da gerações futuras requer
constatação do dano, mas necessariamente voltar-se para
deve ser tida como uma saída a ideia de responsabilidade
provisória, e não como um intergeracional, o que por sua
comportamento permanente, vez implica em enfrentar a
caso contrário tal nossa capacidade de prever,
comportamento representará ou não o futuro, bem como a
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postura ética que iremos racionalidade formal por meio


assumir, tendo em vista tais da qual busca a própria
previsões (FERRER, 2008, p. felicidade sem hesitar e
501). prefere os objetos que lhe
Enfrentar tais obstáculos nos proporcionam o máximo de
coloca diante da possibilidade satisfação (BAUDRILLARD,
de estender a responsabilidade 2008, p. 78). Ou seja, estaria
para além do tempo presente vinculado ao presente, ao
em razão de um ato passado. momentâneo e também ao
Não se pretende aqui instantâneo.
questionar o papel do tempo Um exemplo que bem
passado, afinal só é possível demonstra como essa busca
falar em presente e/ou em pela felicidade desprovida de
futuro em razão de existir (de limites ético-ambientais
ter existido) um passado. permanece, bem como a
A responsabilidade por atos disparidade no que diz
praticados também não está respeito à exploração de
sendo aqui negada. No recursos, é a média de
entanto, urge discutir o consumo de energia por cada
comprometimento para com cidadão americano: seis vezes
o futuro, ou melhor, a mais que os mexicanos, trinta
necessidade de responder e oito vezes mais do que os
pelas condições futuras em indianos, quinhentas e trinta e
razão do comportamento uma vezes maior do que um
presente. Questionar, homem da Etiópia, ou seja, se
conforme antes mencionado, boa parte do resto do mundo
a tendência em instituir ações passar a consumir energia
provisórias que muitas vezes tanto quanto os americanos
tornam-se permanentes. consumiam no ano de 2007,
Baudrillard, ao propor a em breve passaremos a
autópsia do homo economicus precisar de vários planetas
indica que o humano, extras (MCKIBBEN, 2007, p.
provocado pela modernidade, 184).
período da conjunção entre Um segundo exemplo: uma
natureza humana e direitos do família americana utilizaria
homem, seria dotado de mais combustíveis fósseis
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durante o período entre a sua economia geral e na


noite de ano novo e o jantar exploração das riquezas
do dia dois de janeiro do que naturais” (BAUDRILLARD,
uma família na Tanzânia 2008, p. 39).
utilizaria durante o ano todo Uma espécie de transição da
(MCKIBBEN, 2007, p. 196). esfera do consumo essencial
Não há como negar que o para a esfera do desperdício
prazer proporcionado pela que termina provocando a
abundância vem deterioração da
acompanhado por prejuízos disponibilidade de recursos
que não são tão prazerosos, naturais, em algumas situações
como, por exemplo, a o próprio esgotamento e o
degradação do quadro aumento considerável do
coletivo em razão das consumo de matérias e energia
atividades econômicas para a transformação em
(BAUDRILLARD, 2008, p. mercadorias (BERRÍOS,
33). 2007, p. 87).
Parece contraditório, mas a Ao lado da tendência em
abundância leva ao atender aos desejos
desperdício. Trata-se de uma momentâneos e instantâneos,
dimensão simplista do em parte por meio do
consumo, levada pelas incentivo ao consumo, cabe
circunstâncias, pelo status de observar também que as
moda, ou seja, pelo grandes concentrações
momentâneo e não pelo urbanas e a formação de
permanente. Postura que parques industriais,
acarreta o desperdício principalmente a partir da
provocado desde o indivíduo, segunda metade do século 20,
que parece negar as trouxeram consigo problemas
considerações acerca do valor referentes ao risco
de uso e da duração dos tecnológico ambiental.
objetos, “até ao desperdício à Trouxeram a necessidade de
escala nacional e internacional dimensionar os efeitos futuros
e até mesmo ao desperdício, das atividades econômicas.
de certa maneira planetário, Após a segunda guerra
típico da espécie humana na mundial, percebeu-se a
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incorporação de práticas em 1994 o número chegava a


baseadas em economia de 4.000. Somados aos números
escala e integração dos setores de mortos durante os dez anos
de produção. A produção em subsequentes, o governo
escala reduziu o custo unitário registrou a ocorrência de pelo
dos produtos através do menos 30.000 casos de
aumento da potência das invalidez permanente (DU-
fábricas e suas máquinas, bem ARTE, 2008, p. 248).
como a integração dos setores O exemplo indica a
proporcionou a formação de dificuldade de controle das
pólos, a aproximação de dimensões espaciais e
indústrias que de alguma temporais dos danos
forma compartilhem ambientais tendo em vista que
fornecedores ou até mesmo evidencia a facilidade
insumos secundários (DU- característica dos danos ao
ARTE, 2008, p. 249). Ambas meio ambiente em
as situações favorecem a estenderem-se por áreas
capacidade destrutiva de vizinhas ao local de origem do
acidentes industriais em razão incidente, bem como a
da concentração de potência. possibilidade dos efeitos
Desse modo, ganha espaço o prolongarem-se no tempo.
debate sobre risco Destaca-se aqui a necessidade
tecnológico, influenciado em de medidas não provisórias, e
grande parte pela ocorrência sim permanentes de
de desastres industriais como acompanhamento dos efeitos
o ocorrido na central nuclear trazidos pelo incidente.
de Chernobil em 1984 e o Convém também ressaltar que
vazamento de gás tóxico em o acidente de Bopal e outros
Bopal na Índia no mesmo ano. provocaram a necessidade em
Neste último, a liberação do avaliar os impactos ambientais
gás atingiu as vilas próximas e de qualquer tecnologia a partir
provocou a morte imediata de de dois critérios: “os impactos
2.000 pessoas. Entretanto, até regulares da implantação e
1986 havia sido registradas as operação normal e os
mortes de mais 1.900 pessoas impactos potenciais dos
feridas durante o acidente e
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acidentes” (DUARTE, 2008, temperatura global. O referido


p. 249). comitê ressaltou que tal
Assim, a potencialidade de elevação, mesmo que
causar impactos presente em reduzida, poderá trazer num
algumas atividades fortalece a primeiro momento, como já
importância da dimensão aconteceu, a ocorrência de
futura no âmbito do direito ao maremotos e outras
meio ambiente tendo em vista catástrofes naturais e, em um
que ganha espaço a avaliação segundo e mais tardio
do risco de uma instalação ou momento, a submersão de tais
atividade, ou seja, a avaliação países (OST, 199, p. 157).
de uma possibilidade futura de Inegável é a necessidade de
dano ao meio ambiente. Tal rever as responsabilidades
avaliação se dá por meio da pelos riscos futuros o que
observação de dois fatores: “a reforçou a conveniência do
frequência ou probabilidade décimo primeiro princípio da
de ocorrência de um evento e Declaração do Rio de Janeiro:
as consequências associadas à o princípio da precaução2.
ocorrência do acidente” (DU-
ARTE, 2008, p. 251). Não era o ‘contrato natural’
Outra situação também ilustra assinado com a natureza, mas
a complexidade jurídica das um novo contrato social,
circunstâncias ambientais ao ampliado às dimensões de
longo do tempo: durante a todo o planeta, integrando as
Reunião da ONU no Rio de gerações futuras na
Janeiro em 1992, destacou-se comunidade política, e
o grupo de pequenos países visando controlar, enfim,
insulares, ameaçados pela nosso domínio da natureza.
elevação do nível dos mares Elaborava-se um novo
em razão do aquecimento da conceito de responsabilidade,

2 O referido princípio prevê: “Para não deve servir como pretexto para
proteger o meio ambiente, medidas postergar a adoção de medidas efeti-
de precaução devem ser ampla- vas, visando prevenir a degradação
mente aplicadas pelos Estados. Em do meio ambiente”.
casos de danos graves ou irreversí-
veis, a ausência de certeza científica
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decididamente voltado para o tempo presente, sofria,


futuro: não mais a portanto, uma espécie de
responsabilidade-imputação presentificação por meio dos
(sanção de uma falta passada), vínculos com os fatos já
mas a responsabilidade no ocorridos. Já a
sentido de missão assumida experimentação do futuro por
coletivamente para o futuro. essas sociedades resta
(OST, 1999, p. 158). questionável, assim como, a
hipótese de que ele estaria
A polarização temporal das escondido nos limites do
ações talvez comece a mudar mundo visível (LUHMANN,
se ocorrer uma tomada de 1985, pp. 166-167).
consciência de que as Essa limitação do pensamento
consequências trazidas pelas arcaico no que diz respeito à
atividades de risco serão visibilidade da dimensão
vivenciadas, em grande parte, futura, ou seja, a consideração
no futuro, e não no presente. do futuro apenas na
O futuro deixaria de ser uma proporção em que se
simples continuidade do apresenta visível, dificultaria o
presente e assumiria um tratamento da ideia de risco,
espaço de relevância na tendo em vista que para esta
medida em que alguns dos última, conforme acima
efeitos previstos para o futuro ressaltado, o risco é resultado
passem a ser analisados sob a de escolhas e decisões
perspectiva da tomadas no presente, mas que
responsabilidade-prospectiva, poderão trazer consequências
tomada no presente - uma imprevisíveis para a qualidade
responsabilidade antecipada. de vida futura.
O Direito nas sociedades Todavia, diante da sociedade
arcaicas era vivenciado a partir de risco o modo passado
da identificação de pessoas ou perde seu poder de determinar
coisas em uma situação o tempo presente, encerra-se e
presente. O passado, inclusive permanece no passado. Seu
em razão da ligação com os espaço é tomado pelo futuro,
mortos, não se encerrava algo ainda não existente,
simplesmente pela chegada do
Revista Caderno de Relações Internacionais, vol. 4, nº 7, jul-dez. 2013. | 91

inventado, fictício (RUM- científico e a natureza tem a


PALA, 2008, p. 180), logo não sua condição de fragilidade
visível. Ao lado disso, a reconhecida, a proposta de
concepção de uma política de proteção
responsabilidade passa a exigir ambiental ganha espaço.
mais que um conjunto de O reconhecimento dos efeitos
obrigações específicas, e sim futuros do risco parte da
um compromisso ético- aceitação de que a
político e jurídico de deveres representação do futuro até
de ordem geral (THUNIS, então adotada, cujo controle
2008, p. 112) a partir do se dava por meio de condições
reconhecimento de que nosso razoáveis de previsibilidade,
poder-fazer é a medida da mostra-se insuficiente para o
nossa nova responsabilidade estado atual.
(LARRÈRE, 2009, p. 238). Além de uma gestão racional
dos recursos naturais, a noção
3. CONSIDERAÇÕES de sustentabilidade impõe
FINAIS refletir sobre o legado a ser
transmitido às gerações
Como um sinal de reação ao futuras. Este não se limitaria a
cenário do risco, a um patrimônio natural de
comunidade internacional qualidade, mas,
volta-se para o conceito de principalmente, permitir a
desenvolvimento sustentável possibilidade de escolha das
ao perceber que a humanidade gerações futuras, ou seja, a não
não mais poderia seguir o criação de situações
modelo de crescimento irreversíveis.
adotado pelo processo de Além da preocupação em
industrialização. Uma forma garantir as escolhas futuras,
de projetar o futuro por meio parece necessário superar o
de uma atuação coletiva. paradigma moderno sujeito-
Assim, quando os problemas objeto, introduzindo uma
ambientais passam a ser vistos concepção dialética homem-
não apenas na qualidade de natureza de modo que o
resultado inevitável do domínio e a exploração de um
crescimento técnico e sobre o outro seja substituído
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por uma lógica sustentável e, vinculam as futuras - uma


assim, o acesso equitativo aos necessidade integrante da
recursos seja garantido para o segunda modernidade.
futuro. Admitir, assim, que estamos
Assim, diante de uma lógica diante de um novo paradigma:
da durabilidade e equidade, a sociedade do risco.
produzir uma mudança de
comportamento representa REFERÊNCIAS
uma tentativa de organizar o
porvir, de encontrar AZEVEDO, Plauto Faraco
elementos de controle das de. Ecocivilização. Ambiente e
consequências futuras dos direito no limiar da vida. São
atos humanos presentes. Paulo: Revista dos Tribunais,
Exige-se assim, o 2008.
compromisso em evitar as
consequências tidas como BAUDRILLARD, Jean. A so-
negativas, principalmente ciedade de consumo. Lisboa: Edi-
aquelas que corresponderiam ções 70, 2008, p. 13.
aos efeitos tidos como
irreversíveis. BAUMAN, Zygmunt. Moder-
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apresenta-se como condição Jorge Zahar, 2001.
da sustentabilidade temporal
do processo econômico. Seria BAUMAN, Zygmunt. Identi-
uma tentativa de responder à dade. Rio de Janeiro: Jorge
razão moderna, tão presente Zahar, 2005.
na primeira modernidade
como sugere Beck, a partir de BECK, Ulrich. Políticas ecológi-
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