Você está na página 1de 30

UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA – UNOESC

ÁREA DAS CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA – ACET


CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA NO
TRABALHO

SEGURANÇA EM LABORATÓRIO

Prof. Ms. José Carlos Azzolini

JOAÇABA, Janeiro de 2007.


SUMÁRIO

1 O LABORATÓRIO...............................................................................................................2
1.1 Introdução ........................................................................................................................2
1.2 Divisão..............................................................................................................................2
1.3 Metodologia de Trabalho..................................................................................................7
2 SEGURANÇA NO LABORATÓRIO..................................................................................9
2.1 Aspectos gerais.................................................................................................................9
2.2 Conduta no laboratório......................................................................................................9
2.3 Limpeza e método em laboratório..................................................................................10
2.4 Estocagem de reagentes químicos...................................................................................10
2.5 Tratamento do lixo laboratorial.......................................................................................10
2.6 Possibilidade de explosão e fogo....................................................................................11
2.7 Explosões e fogo.............................................................................................................12
2.8 Reagentes perigosos pela toxidade e/ou reatividade.......................................................12
2.9 Exemplos de lesões causados por alguns metais pesados...............................................14
2.10 Tratamento de intoxicações e acidentes........................................................................15
2.11 Ingestão de produtos.....................................................................................................15
2.12 Principais antídotos e antagonistas utilizados nas intoxicações por produtos químicos
...............................................................................................................................................17
2.13 Principais normas operacionais de segurança em laboratório químico........................18
2.14 Alguns cuidados especiais............................................................................................19
2.15 Armazenagem...............................................................................................................22
2.16 Materiais de vidros e conexões.....................................................................................22
2.17 Realização de experimentos..........................................................................................22
2.18 Os resíduos....................................................................................................................23
2.19 Acessórios de segurança...............................................................................................25
2.20 Recomendações básicas para segurança no laboratório................................................26
2.21 Procedimentos em caso de incêndios............................................................................27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................28
2

1 O LABORATÓRIO

1.1 Introdução

Conforme Chrispino (1991), o laboratório deve ser visto como o local onde se reúnem
as condições indispensáveis à experimentação científica e a comprovação dos conhecimentos
expostos teoricamente.
No momento, não iremos abordar laboratórios com fins industriais específicos, mas
comentar generalidades que envolvem principalmente laboratórios de qualquer natureza.
Os laboratórios oferecem grande variedade de risco nas áreas de segurança e medicina
do trabalho, pela presença de substâncias neles manuseadas e tipos de equipamentos operados
que podem causar inúmeros acidentes, como: intoxicações, queimaduras, envenenamentos,
contaminações, incêndio e explosões.
Esses tipos de acidentes podem ser controlados pelo uso de equipamentos de proteção
coletiva e individual. Contudo, um dos riscos mais difíceis de controlar é causado pelos
analistas que se recusam a aceitar as normas de segurança por desconhecimento da seriedade
das conseqüências advindas destes atos.

1.2 Divisão

Conforme Crhispino (1991), Em função das diferentes circunstâncias que envolvem os


usuários do laboratório, é necessário realizar estudos criteriosos a fim de organizar os recursos
gerais, obtendo-se, assim, um aproveitamento ótimo da sala de experimento.
Frente a determinados estudos, alguns pontos surgem como generalidades no
planejamento, projeto e realização do laboratório, aos quais devem ser aplicadas as normas
técnicas e especificações de segurança existentes, o bom senso e a imaginação.
Entre estes pontos podemos citar:

Sala

Os fatores que influenciam na construção da sala são:


-O número provável de ocupantes;
-Os objetivos do laboratório (ensino, pesquisa, prestação de serviços ou meramente
industrial);
3

-As possíveis necessidades de adaptações para outros fins;


-Estrutura como: área útil, iluminação, ventilação, etc.;
-A situação econômica da entidade mantenedora;
-O piso deve ser insensível aos agentes químicos, resistente ao desgaste, impermeável à água
e de fácil limpeza. Além disso, deve ter poucas juntas, cor sólida, boas propriedades térmicas
e pouca condutividade elétrica. Sendo assim, recomenda-se utilizar resinas sintéticas, com as
quais se constroem assoalhos (soldados) sem juntas;
-O revestimento das paredes deve ser aplicado sobre a altura total das paredes, e apresentar
as seguintes características (NBR 10335/93):
1. retardante ao fogo;
2. impermeável;
3. de fácil manutenção;
4. de preferência em cores claras e foscas.
-Sobre o teto a norma acima citada, orienta que não deve apresentar reentrâncias e/ou
saliências, evitando-se o acúmulo de sujeira;
-As esquadrias precisam resistir aos ataques químicos e as intempéries, o ideal, é que as
portas possuam revestimento impermeável.

Bancadas

São móveis estáveis, com longo tempo de duração e, por permitirem instalações
permanentes, favorecem, com considerável segurança e rapidez, na execução das tarefas ali
executadas.
As bancadas devem permitir que sejam colocadas sobre elas pequenas prateleiras para
sustentar os frascos contendo as soluções para trabalhos gerais dos usuários (reagentes).
Quando houver bancadas ligadas à parede, esta deverá ser utilizada para sustentar as
prateleiras.
Segundo a NBR 13035/93, a base das bancadas pode ser em alvenaria ou de madeira
tratada. O tampo deve resistir ao ataque de reagentes químicos.
O material empregado nas pias deve resistir aos agentes químicos de uso comum do
laboratório.
Quanto à disposição das bancadas no laboratório, muitas são as variáveis a serem
examinadas:
-Número de ocupantes que utilizarão o laboratório;
4

-Dimensões das mesmas, segundo a opção de trabalho no laboratório (isso irá depender do
número de pessoas ou equipes que farão uso do mesmo);
-Instalações gerais (eletricidade, gás, água, escoamento, etc.);
-Espaço para a circulação;
-Necessidade de construção de armários.
No caso de laboratório de ensino não esquecer o posicionamento da mesa ou bancada
do professor, em função da demonstração geral.

Instalações Gerais

Após escolhida a posição das bancadas, devem ser traçados planos para dotar todas
elas de águas, gás, eletricidade e linha de vácuo. No corpo do laboratório deve ser instalado
um número de pias satisfatório com a necessidade do laboratório, em locais previamente
estudados. Registros gerais de água e gás e chave geral de eletricidade devem estar à vista e
permitir fácil acesso (se possível, esses elementos devem estar divididos em duas fases, cada
uma delas com um registro, para caso de ocorrer dano a uma das peças).

a) Para a água:
A NBR 13035/93 recomenda que sejam utilizados para as instalações de água fria,
tubos de PVC, polipropileno ou aço-carbono galvanizado. Caso sejam empregados condutores
embutidos, estes podem ser de PVC. Entretanto, instalações externas são preferíveis pela
facilidade de que apresentam para a detecção e o conserto de problemas ou falhas. Neste caso
o encanamento deve ser de ferro, pois oferece maior segurança.
Com relação aos esgotos, cada bancada deve ter seu próprio ralo para escoar a água
utilizada.

b)As pias:
Devem ser revestidas de azulejos por dentro e por fora. Conforme a NBR 13035/93,
devem ser fundas (0,50 m de comprimento, 0,40 m de largura e 0,25 m de profundidade), e no
caso de pias para lavagem de vidrarias, a profundidade aumenta para 0,40 m, a fim de
permitirem o manuseio, com relativa facilidade, de peças de vidro de maior extensão.
Os ralos devem estar providos de cruzetas, para evitar que detritos sejam arrastados
para a tubulação. Está última deve apresentar o menor número de curvas possíveis para
facilitar o trabalho de desentupimento, em caso de necessidade.
5

Se o laboratório tiver que trabalhar em grande escala, deverá ser providenciada uma
fonte alimentadora de água no ponto de convecção dos canos de esgoto das pias, para evitar
que vários produtos venham reagir de maneira desagradável.
Obs.: Não devem ser instaladas pias de aço ou mármore.

c) Os efluentes:
Para os efluentes que a NBR 13035/93 orienta são: tubos de PVC marrom rosqueados
ou de polipropileno (parte interna e bancadas), e tubos de ferro fundido centrifugado ou tubos
de aço-carbono.
Creder (1991) cita outros materiais que podem ser empregados:
-Ferro fundido, tipo esgoto, com juntas tomadas com estopa e chumbo derretido e rebatido
após a solidificação;
-Cimento-amianto, tipo esgoto, com juntas tomadas com estopa e asfalto a quente;
-PVC rígido com juntas estanques, de acordo com o tipo de fabricação;
-Cobre com juntas estanques de acordo com o tipo de fabricação;
-Cerâmica vidrada internamente com juntas tomadas com estopa e asfalto a quente, apenas
para tubulações enterradas;
-Concreto com revestimento liso e impermeabilizado internamente com juntas tomadas com
argamassa, cimento e areia, apenas para tubulações enterradas.

d)Os pontos de eletricidade:


Podem ser obtidos através de instalações suspensas, cruzando a área superior do
laboratório (3 m de altura) ou embutidas na parte inferior da bancada, de modo que não
possam ser atingidas por soluções corrosivas.
Utilizando-se eletrodutos, estes devem ser de PVC rígido ou galvanizado, com caixas
de passagem com vedação na tampa.
Conforme Ripper (1995), os eletrodutos são produzidos em duas classes: Classe A,
comum, cor preta; classe B anti-chama, cor branca. Estes são usados principalmente como
embutidos. Para as instalações expostas, são utilizados condutores ou eletrocalhas.

e) A linha de vácuo:
Pode ser criada utilizando-se uma bomba de vácuo. Na impossibilidade de cada
bancada ter sua linha de vácuo, ela pode ser instalada em uma parede e apresentar várias
saídas.
6

f) Gás e ar comprimido:
As tubulações de gás podem ser de cobre trefilado ou de material sintético. As
Instalações de ar comprimido podem ser de cobre trefilado, sem costura e conexões de latão
(NBR 13035/93).
A NBR 13932/97, complementa com outras orientações sobre estas instalações,
permitindo tubos de condução de aço, com ou sem costura preto ou galvanizado, conexões de
ferro fundido maleável, conexões de aço forjado e conexões de cobre ou bronze. Os tubos
pretos, quando na montagem, devem receber tratamento superficial anticorrosivo.
No caso de tubos de aço, os acoplamentos soldados devem ser executados pelo
processo de soldagem por arco elétrico com eletroduto revestido, ou pelos processos que
utilizam gás como atmosfera de proteção, ou ainda, oxiacetileno (NBR 13932/97).
A ligação dos aparelhos de utilização secundária de gás deve ser feita por meio de
conexões rígidas, interrompendo-se por um registro para cada aparelho e a rede, de modo a
permitir isolar-se o aparelho de gás sem interrupção do abastecimento de gás aos demais
aparelhos da instituição interna. (NBR 13932/97).
No caso de instalações internas, a NBR 13932/97, recomenda um registro geral de
corte situado na rede de distribuição, devidamente identificado e instalado em local de fácil
excesso.
A mesma norma, ainda estabelece que a tubulação não pode passar no interior de
dutos de lixo, ar condicionado e águas pluviais; reservatórios de água; compartimentos de
equipamentos elétricos; todo e qualquer local que propicie o acúmulo de gás proveniente de
eventual vazamento.
De acordo com Ripper (1995), em laboratório que contenha elevado teor de poluentes
agressivos ao zinco, os tubos galvanizados devem ser envolvidos com um meio protetor como
argamassa, tintas, vernizes, etc.
As instalações de ar comprimido devem seguir os cuidados de execução previstos para
instalações de gás. É necessário prever registros individuais para cada ponto de utilização e
um registro geral de corte em local visível e de fácil acesso.
Conforme recomendado pelas NBR 13035/93 e NBR 6493/94, quando utilizadas
tubulações aparentes, estas deverão ser pintadas de azul.

g) A capela:
Deve ser construída em parede contígua a vasta área ventilada e de pouca
movimentação. Seu tamanho e do exaustor a ser utilizado dependerá do fluxo de atividades a
7

que se propõe o laboratório. No seu interior devem ser instalados pontos de eletricidade, de
água com saída de gás e registros próprios, e também iluminação.

h)Ventilação:
Uma ventilação eficaz pode ser obtida com o uso de janelas altas ou basculantes
verticais, que dificultam a visão do que se passa. Para uma ventilação artificial, uma boa
alternativa é o uso de exaustores domésticos.

i) Iluminação:
Deve ser dada preferência à iluminação natural, otimizada pelo posicionamento das
janelas. Como alternativas podem ser usadas lâmpadas fluorescentes e/ou de vapor de
mercúrio, ou lâmpadas comuns.

j) - Almoxarifado:
A prática demonstrada não ser adequada a utilização de armários de reagentes e/ou
vidrarias do laboratório, por ficarem, em certas ocasiões, ao alcance de pessoas não
credenciadas. São obtidos ótimos resultados quando se utiliza uma pequena sala com amplas
prateleiras, contígua ao laboratório, para armazenar esses materiais. O almoxarifado também
deve dispor de sistema adequado de ventilação.
Obs. A localização de chuveiros, lava-olhos, caixas de disjuntores, destiladores de
parede etc. Não foi tratada nesta obra por pertencerem aos campos da Engenharia e
Arquitetura.

1.3 Metodologia de Trabalho

Cada laboratório, obrigatoriamente, deverá ter sua metodologia de trabalho própria,


conforme sua finalidade, pois esta decorre do conhecimento e da interpretação das diversas
variáveis existentes em cada sala de experimentação científica ou técnica.
Considerando que problemas físicos foram superados pela escolha ideal da
estruturação do laboratório, devemos considerar os seguintes pontos:

Profissional de laboratório: É indispensável que seja metódico no planejar, minucioso no


realizar e severo na disciplina e na cobrança dos resultados advindos da realização prática, e
8

que conheça aquilo que faz e orienta, pois dele depende, em grande parte, o êxito do trabalho
a ser realizado.

Método de trabalho ou regulamento: Caso seja um único profissional responsável pelo


laboratório, este deve reunir alunos e demais pessoas envolvidas e expor, debater, questionar
e esclarecer as regras básicas de conduta e segurança. Caso haja mais de um profissional, é
necessário que um coordenador estabeleça as diretrizes de trabalho, e após análise das
variáveis existentes, e as faça cumprir com a mesma rigidez e bom senso utilizado no trato
desse assunto com estudantes e auxiliares de laboratório.

Controle: Todo o material existente no laboratório deve estar catalogado segundo divisões
necessárias: aparelhagem geral, peças de metal, vidraria, reagentes e outros. Esse
levantamento deve ser feito, no mínimo, uma vez por ano, para que haja uma estimativa de
quanto se gastou para se executar o programa daquele ano, o controle de perdas e a
necessidade de reposição de material para a realização do próximo ano.

O laboratório na comunidade: O trabalho do laboratório deve estar adaptado à realidade


regional. Por exemplo, se a região é grande produtora de leite o laboratório deve ser
equipado também para essa finalidade.

Segurança na montagem física de um laboratório Químico: A segurança no laboratório


está presente desde a fase da disposição das bancadas e equipamentos, quanto nas instalações
de gás, eletricidade, água, ar comprimido e esgoto.

As tubulações em laboratório devem observar padronização de cores indicativas de


seus respectivos fluidos. As mais usadas em laboratórios de águas e suas respectivas cores,
que devem ser aplicadas em toda a sua extensão são as seguintes (NBR 13035/93 e NBR
6493/94):
1. Água fria: Verde;
2. Esgoto: Marrom;
3. Ar comprimido: Azul
4. Combate a incêndio: Vermelho;
5. Gás liquefeito de petróleo: Amarelo.
9

2 SEGURANÇA NO LABORATÓRIO

2.1 Aspectos gerais

A segurança é uma responsabilidade coletiva que requer a cooperação de todos os


indivíduos do laboratório.
Os acidentes resultam normalmente de uma atitude indiferente dos utilizadores, a
ausência de senso comum ou falha no cumprimento das instruções abaixo:
-O laboratório, ao contrário do que se imagina, não é um lugar perigoso de se trabalhar,
desde que o operador siga as normas rígidas, necessárias à realização do experimento;
-A boa distribuição da equipe de trabalho na área útil de trabalho, evitando sempre
aglomerações perigosas e desnecessárias, é uma regra a ser seguida;
-O conhecimento prévio das características de cada reagente envolvido no processo a ser
executado (e de suas características no meio reacional) evita dissabores e acidentes;
-Em laboratório, não pode haver o receio de procurar ajuda de um químico mais experiente a
fim de obter informações seguras;
-O químico precisa ser muito criterioso no planejar e metódico no realizar;
-O laboratório nunca pode ser considerado como local de lazer ou diversão;
-Em laboratório a disciplina antecede a espontaneidade. Não podemos esperar que estudantes
e profissionais iniciantes possuam conduta coerente com o trabalho prático; espera-se sim
que o orientador incuta nos aprendizes o princípio da austeridade e da disciplina.

2.2 Conduta no laboratório

O item primordial na conduta no laboratório é a calma na realização da prática.


Somente em casos especiais, como acidentes, deve ser permitida a movimentação em
laboratório.
O operador deve trajar avental de cor branca, de preferência comprido e de algodão,
nunca de tecido inflamável. Em casos especiais, aconselha-se o uso de luvas, máscaras e
óculos.
É importante conhecer a posição de extintores, chuveiros de segurança e manta de
material não-inflamáveis. A caixa de materiais de primeiros socorros deve estar em lugar de
fácil acesso, e todo o pessoal envolvido no trabalho de laboratório deve ter noção de
atendimento de emergência.
10

Não se deve comer ou beber em laboratório, pois há risco de ingestão de substâncias


tóxicas. Também não se deve fumar, pois existe a possibilidade de provocar incêndio,
principalmente na sala de estoque de materiais e reagentes.

2.3 Limpeza e método em laboratório

Eis alguns pontos de vital importância em laboratório:


-O assoalho e as bancadas devem ser mantidos limpos. Se algum composto, qualquer que
seja, for derramado, deve-se providenciar imediatamente a limpeza.
-Os espaços úteis entre as bancadas e os corredores de acesso devem estar desobstruídos de
quaisquer mobiliários ou equipamentos.
-Sobre a bancada de trabalho devem estar exclusivamente, os materiais específicos para a
realização da prática de análise. Pois, conhecesse o bom profissional de laboratório pelo
método, organização e limpeza com que desenvolve seu trabalho.
-Não se deve encerar o chão do laboratório, pois há casos de acidentes sérios provocados por
escorregões.

2.4 Estocagem de reagentes químicos

As substâncias químicas devem sempre ser guardadas em lugares determinados


(saletas de estoques, prateleiras afixadas ao longo do laboratório e com uma altura razoável,
armários específicos para tal fim), e nunca amontoadas ao longo dos corredores ou nos cantos
do laboratório.
A capela deve ser mantida desobstinada.
Reagentes incompatíveis entre si devem ser estocados a razoável distância.
As bancadas não devem conter reagentes concentrados em grandes quantidades. São
recomendados frascos de no máximo 200 ml.
Reagentes perigosos devem ser estocados de maneira particular, considerando suas
características. Por exemplo, bromo: em ampolas imersas em água; ácidos fortes: em frascos
fabricados para esse fim, hidretos redutores em caixas com material inerte.
Todo e qualquer reagente sem rótulo, e cuja identificação positiva não seja possível,
deve ser desprezado.
2.5 Tratamento do lixo laboratorial
11

O fato de alguns produtos já servido aos nossos propósitos práticos (reações a ser
observada, obtenção de um determinado produto de reação, etc.) não os isenta de suas
características reacionais; por isso, merecem toda a atenção ao serem desprezados, para que
sejam evitados problemas.
Considerando a impossibilidade de cada laboratório dispor de sistema de tratamento
de lixo, torna-se viável realizar estudos com objetivos de reaproveitar esses resíduos,
principalmente em laboratórios com fins didáticos.
Para facilitar, aconselha-se reunir os refeitos sólidos (mesmas substâncias) em sacos
plásticos e as soluções em recipientes adequados, para servirem à realização de práticas
futuras.
Em hipótese alguma devem ser acumulados, em um mesmo recipiente, refeitos sólidos
variados e materiais de vidro danificados.
Em laboratórios que desenvolvem práticas em grande escala sem sistema de
escoamento condizente com o fluxo de trabalho é conveniente acoplar á linha de despejos
químicos uma linha de água de razoável pressão, que deve ser acionada em caso de
entupimento ou reação não esperada entre os compostos rejeitados na tubulação ou caixa de
esgoto. Nesse caso também é recomendável construir um sistema próprio de tratamento para
os despejos desse tipo de laboratório.

2.6 Possibilidade de explosão e fogo

A possibilidade de ocorrerem explosões, fogo e incêndio generalizado não pode ser


afastada em um laboratório químico, mas ser minorada acentuadamente em suas
probabilidades.
Todo e qualquer acidente dessa natureza em laboratório pode ser atribuído a:
-Falha no material;
-Desconhecimento, por parte do operador, das características do processo executado;
-Imperícia, negligência ou mesmo desatenção.
Nos três casos identificam-se falhas humanas e técnicas, em aspectos variados.
Quando há perigo, é aconselhável:
-Substituir uma substância perigosa por outra mais segura; caso seja impossível, utilizar
menor quantidade, cercando a reação de todos os aspectos de segurança disponíveis;
-Evitar choques ou modificações bruscas de temperatura, bem como o contato com
substâncias combustivas;
12

-Desenvolver a reação em pequena escala até conhecer os limites de segurança a serem


demarcados em escala macro. O uso do tempo, coerentemente, nem sempre é perda;
-Caso haja grande risco para escala macro, repetir o experimento em pequena escala até
obter quantidades desejáveis do produto;
-Não utilizar em reações exotérmicas de compostos perigosos, banhos de resfriamento
acentuado, pois a queda de temperatura pode provocar um acúmulo de reagentes, e os quais
reagirão assim que houver aumento da temperatura. Se o composto é adicionado lentamente,
gota-gota, pode-se até aquecer esse tipo de reação para saber qual reação ocorreu,
consumindo cada gota do composto acrescentado.

2.7 Explosões e fogo

Vejamos alguns compostos que podem explodir espontaneamente, por ação do calor e
do impacto, bem como algumas misturas explosivas de uso comum:
a) Trialogenetos de nitrogênio (utilizá-los somente em último caso);
b) Peróxidos em soluções concentradas;
c) Acetiletos Metálicos ou halogenados, poliacetiletos e o gás acetileno;
d) Nitratos em geral, especialmente de amônio;
e) Óxidos de manganês;
f) Misturas de metais finamente divididos, compostos orgânicos oxidáveis (celulose, pano,
hidrocarbonetos, etc.) enxofre e fósforo, tais como:
- Permanganatos;
- Peróxidos concentrados;
- Percloratos, cloratos e seus ácidos;
- Água-régia;
- Compostos de crômio (III) e (IV).
g) Misturas explosivas, como:
- Peróxidos em éteres;
- Metais em solventes clorados;
- Ácido perclórico com materiais orgânicos;
- Hidretos redutores.

2.8 Reagentes perigosos pela toxidade e/ou reatividade


13

Poucos são os profissionais que conhecem realmente a extensão do perigo de ingerir


ou inalar determinados compostos, e muitas vezes aqueles que conhecem o perigo do próprio
trabalho ficam em silêncio ante a necessidade de permanência no lugar que ocupam,
negligenciando a própria saúde para sobreviverem na profissão.
A intoxicação pode se dar por absorção, contato ou ingestão de líquidos no
laboratório.
Os reagentes que podem ser inalados em forma de vapor ou poeira devem ser
manipulados em capelas que funcionem adequadamente.
Vejamos os compostos tóxicos e perigosos mais comuns e os principais efeitos que
causam no organismo:

O ácido clorídrico e gás cloro e ácido fluorídrico gás flúor. Os dois últimos atacam
violentamente o vidro. O ácido clorídrico e o ácido fluorídrico formam ácidos em contato
com a água. Quando inspirados, todos esses gases atacam os alvéolos pulmonares e as
mucosas. Além disso, o ácido fluorídrico forma sais que podem ser absorvidos pelo sistema
digestivo; quando na corrente sanguínea, íon fluoreto provoca diminuição de eritrócitos,
dificultando também a respiração da célula por bloquear a ação oxidativa das enzimas sobre
os glicídios. Fala-se também da possibilidade de reação do fluoreto com o cátion de cálcio,
contido nos ossos.
Água régia: Corrosiva e libera dióxido de nitrogênio, fatal para os seres vivos, pois, dentro
das células forma nitritos, que recebe o oxigênio e transforma em nitrato que oxida o Fe (II)
da hemoglobina a Fe (III), que recebe o nome de metemoglobina (ou cianose), não
possuindo capacidade de transportar mais o oxigênio para as células, impedindo a respiração
celular e consequentemente a morte das mesmas).
Ozônio (oxidante gasoso): Solúvel em gorduras penetra profundamente nos alvéolos.
Provoca a desnaturação de proteínas, tornando porosas as paredes dos capilares e alvéolos e
retardando a oxigenação, o que, por fim, acare ta edema.
Ácido Nítrico (corrosivo)
Ácido tricloroacético (corrosivo)
Ácido Sulfúrico (corrosivo)
Ácido clorossulfônico (corrosivo)
Solução sulfocrômica (corrosivo)
Ácido Perclórico (explosivo)
Polialogenetos (em geral de semimetais)
14

Asbesto (cancerígeno)
Compostos de crômio (tóxicos)
Compostos de cádmio, chumbo, mercúrio, vanádio (tóxicos)
Amônia (tóxica)
Benzeno (tóxico)
Cianetos (tóxicos)
Sais de tálio (tóxicos)
Metais pesados: crômio, cobre, níquel, zinco e estanho
Metais finamente divididos
Compostos de enxofre
Ácidos Oxálicos e seus sais
Monóxido de carbono
Trifluoreto de bromo
Fosgênio
Fosfina
Arsina
Alcatrão
Buteno
Calcário
Carvão de coque
Cicloparafínico
Dodecano
Fenantreno
Fluoranteno
Formaldeídos
Negro-de-fumo

2.9 Exemplos de lesões causados por alguns metais pesados

Mercúrio: Diminuição da capacidade de concentração, perturbações do sono, paralisação


dos órgãos dos sentidos, fraqueza na memória, distúrbios da fala, irritabilidade, tremores
musculares, lesões renais e morte.
Chumbo: Acumula-se no organismo pelo trato digestivo e pela respiração, afetando os
ossos, músculos, nervos e rins. O chumbo e seus múltiplos compostos provocam problemas
15

cerebrais, epilepsia e paralisia, e inibe a fixação do ferro nos eritrócitos, reduzindo a


capacidade de transporte de oxigênio pelos glóbulos vermelhos, provoca também, nos
pulmões e digestivo.
Cádmio: Diminuição do olfato, formação de anel amarelo no colo dos dentes, ataque à
medula óssea, redução do número de glóbulos vermelhos e remoção do cálcio dos ossos,
causando a diminuição de até 30 cm do esqueleto, além de atacar as funções renais.

Obs.: Os metais pesados agem de duas formas:


1. Bloqueiam as partes da enzima responsável pela execução dos processos metabólicos.
2. Combina-se com as membranas celulares, alterando sua estrutura. Isso impede a troca
iônica indispensável à manutenção dos processos vitais da célula.

2.10 Tratamento de intoxicações e acidentes

Deve-se desenvolver com extrema seriedade e minuciosamente o problema dos


produtos químicos e as possíveis intoxicações causadas por eles. É, sem dúvida, um trabalho
que deve ser lido não só por profissionais da área de saúde ambulatorial e/ou emergencial,
como também por todo profissional que de alguma forma esteja ligado a experimentos de
laboratório.
Segundo o Schvatsman (1980), no atendimento de urgência de um paciente com
intoxicação aguda as seguintes etapas são básicas:
-Diagnosticar e corrigir qualquer manifestação que represente risco de vida;
-Diminuir a exposição do organismo ao tóxico;
-Aumentar a excreção do tóxico já absorvido;
-Administrar antídotos e antagonistas;
-Realizar tratamento sintomático e de manutenção.
Os quatro primeiro itens podem ser realizados no próprio local do acidente. A rapidez
e a segurança no atendimento representam fatores de vital importância no tratamento de
urgência.

2.11 Ingestão de produtos


16

A fim de diminuir o tempo de ação do composto ingerido, são utilizados dois métodos
de esvaziamento gástrico:

Provocação de vômitos
Tem a vantagem de poder ser realizado no próprio local do acidente. Em geral,
utilizamos à excitação da parte posterior da faringe com o auxilio do dedo ou outro objeto.
Embora contestado, é prático e fácil. Utilizam-se eméticos, como o xarope de ipeca a 7% ou a
apomorfina, que é um agente rápido.

Lavagem gástrica
Devido aos riscos, este processo só deve ser empregado em hospitais ou por pessoas
que dominem a técnica.
Em geral é utilizada água como líquido de lavagem, mas é possível usar substâncias
especiais, como:
a) Solução de NaHCO3 a 5% em intoxicações por sais de ferro;
b) Solução de amido a 10% no caso de ingestão de iodo;
c) Solução de lactato glutanato ou CaCl2 no caso de intoxicações por fluoretos ou por
oxalatos;
d) Solução de permanganato de potássio no caso de intoxicações por sais de bário;
e) Soro fisiológico no caso de intoxicações por nitrato de prata;
f) Óleos vegetais no caso de ingestão de cáustico, fenóis e derivados;

Obs.: No caso de ingestão de substâncias corrosivas, cáusticas ou convulsivas ou de


querosene, vômito é contra indicado. Neste caso, deve-se procurar a neutralização:
1. Cáustico: diluir 1:1 de vinagre, sucos de limão ou laranja (ou cítricos em geral);
2. Ácidos: diluir com água lentamente e usar neutralizantes leves com água de
magnésio ou água de cal, administrando, após isso, diluentes, como água albuminosa.
Não devem ser utilizados carbonatos ou bicarbonatos, devido à formação de gás.

Inalação de compostos
A pessoa deve ser removida do ambiente contaminado encaminhada ao hospital, já
que os problemas respiratórios costumam ser sérios.
Produtos tóxicos ou corrosivos em contato com a pele
-Lavar a área atingida com muita água;
17

-Retirar a roupa do acidentado, se esta também foi atingida, enquanto a água é jogada por
baixo da roupa.
Obs.: A neutralização química enérgica deve ser evitada devido á liberação de calor.

Produto tóxico ou corrosivo em contato com os olhos


Neste caso, devemos providenciar:
-A lavagem imediata dos olhos com água corrente a baixa pressão, durante dez minutos, com
as pálpebras abertas;
-O encaminhamento ao serviço de atendimento médico.
Obs. A neutralização química deve ser evitada.

2.12 Principais antídotos e antagonistas utilizados nas intoxicações por produtos


químicos

Ácido ascórbico: Coadjuvante no tratamento de metemoglobinemias tóxicas.


Água albuminosa: Na lavagem gástrica em caso de ingestão de metais pesados (alumínio,
bismuto, cádmio, cromo, ferro, mercúrio, chumbo e tálio).
Água oxigenada: Intoxicação por fósforo branco e permanganato de potássio.
Álcool etílico: Intoxicações por metanol e etilenoglicol.
Amido: Intoxicações por iodo.
Amoníaco: Intoxicações por formaldeído.
Atropina (Sulfato de...): Intoxicação por inseticidas organofosforado e carbamatos.
Azul de Prússia: Intoxicação por tálio.
Azul de metileno: Intoxicações Metemoglobinemias tóxicas.
BAL: Intoxicações por arsênio, mercúrio, chumbo, antimônio, bismuto e ouro. Resultados
discutíveis na intoxicação por tálio, cromo e níquel. Contra indicação: Intoxicação por ferro
e cádmio.
Cálcio: Intoxicação por fluoretos e oxalato.
Desferrioxamina: Intoxicação por sais de ferro.
EDTA cálcio: Intoxicação por chumbo, cádmio, cobalto e cromo.
EDTA sódico: Uso discutível na intoxicação por cobalto, níquel, magnésio e zinco.
Indicado na intoxicação digitálica.
Fitometadiona: Intoxicação por cumarínicos ou indanodiona.
Ipeca: Utilizado como emético em casos de envenenamento.
18

Nitrito de amila: Intoxicação por cianetos.


Nitrito de sódio: Intoxicação por cianetos.
Penicilomina: Intoxicação por cobre, mercúrio, chumbo e ferro.
Pralidoxina: Intoxicação por inseticidas organofosforados.
Tetracemato dicobáltico: Intoxicação por cianetos.

2.13 Principais normas operacionais de segurança em laboratório químico

No texto abaixo estão relacionados itens elementares para a sua segurança no


laboratório químico.
-Use sempre óculos de segurança e avental, de preferência de algodão, e de mangas longas;
-Não use saias, bermudas ou calçados abertos. Pessoas que tenham cabelos longos devem
mantê-los presos enquanto estiverem no laboratório;
-Não trabalhe sozinho, principalmente fora do horário de expediente;
-Não fume, coma ou beba nos laboratórios. Lave bem as mãos ao deixar o recinto;
-Não aplicar cosméticos no laboratório;
-Não respirar vapores ou gases;
-Não misturar substâncias ao acaso;
-Não usar vidrarias trincadas;
-Evitar o contato de produtos com a pele, olhos e mucosa;
-Verificar sempre a toxidez e a possibilidade de inflamar dos compostos químicos a ser
utilizado;
-Nunca deixe frascos contendo substâncias inflamáveis próximos à chama;
-Não use lentes de contato em laboratório;
-Não aqueça substâncias em chama direta, caso seja necessário use o processo de banho-
maria;
-Não trabalhar com produtos químicos sem identificação, ou seja, sem rótulo;
-Caso você tenha alguma ferida exposta, esta deve estar devidamente protegida;
-Manter o rosto sempre afastado do recipiente onde esteja ocorrendo um procedimento
químico;
-É proibido o manuseio de maçanetas, telefones, puxadores de armário e objetos de uso
comum, por pessoas usando luvas durante a execução de atividades que agentes infecciosos
ou materiais corrosivos estão sendo utilizados;
-Ler com atenção os rótulos das substâncias a ser utilizadas;
19

-Lavar o avental no qual tenham ocorrido salpicos de produtos químicos separada da roupa
pessoal;
-Nunca usar ou transportar avental para áreas onde haja alimentos;
-Ao ser designado para trabalhar em um laboratório, é imprescindível o conhecimento da
localização dos acessórios de segurança;
-Não retorne reagentes aos frascos originais, mesmo que não tenham sido usados. Evite
circular com eles no laboratório;
-Não use nem um equipamento em que não tenha sido treinado ou autorizado utilizar.
-Antes de usar reagentes que não conheça, consulte a bibliografia adequada e informe-se
sobre como manuseá-los e descartá-los;
-Certifique-se da tensão de trabalho da aparelhagem antes de conectá-la á eletricidade.
Quando não estiverem em uso, os aparelhos devem pertencer desconectados;
-Use sempre luvas de isolamento térmico ao manipular material quente;
-Nunca pipete líquidos com a boca. Neste caso, use bulbos de borracha (pêra) ou trompa de
vácuo;
-Laboratório não é lugar para brincadeiras! Concentre-se no que estiver fazendo;
-Em caso de acidentes avise imediatamente o responsável pelo laboratório;
-Todos os materiais tóxicos sólidos, líquidos devem ser tratados adequadamente antes do seu
descarte. O material a ser descartado deve ser armazenado em recipientes adequados para
esse tipo de material e cobertos antes do seu transporte.

2.14 Alguns cuidados especiais

a)Cuidados com peróxidos

O que são?
Os peróxidos fazem parte de uma classe de compostos químicos extremamente
instáveis. São substâncias explosivas, daí o cuidado no seu manuseio, procurando-se evitar
choques, atritos e outra fonte de ignição. Os peróxidos são mais sensíveis ao choque do que
alguns explosivos primários como, por exemplo, o TNT (Trinitrotolueno). Os peróxidos têm
uma meia-vida especifica ou um grau de decomposição que varia com as condições de
estocagem.
20

No geral os peróxidos são irritantes ao aparelho respiratório, pele e olhos. Todos os


peróxidos devem ser armazenados em áreas fresca e ventiladas. Isolados de materiais
orgânicos. Os frascos devem ser devidamente identificados.

Compostos formadores de peróxidos: Substâncias tais como: aldeídos, éteres, acetato de


vinila, tetrahidrofurano, etc. Formam peróxidos quando expostos ao ar e à luz.

Cuidados no manuseio de peróxidos: O uso de peróxidos deve ser limitado à quantidade


mínima necessária. Qualquer respingo de peróxidos deve ser imediatamente limpo. Espátulas
de metal não devem ser usadas para manusear peróxidos e sim de madeira ou de cerâmica.
Evite fontes de calor. Soluções de peróxidos devem ser armazenadas em frascos de
polietileno com tampa esmerilhada. Jamais frascos de vidro. Evite qualquer tipo de impacto
como: moagem fricção, etc. Manter sempre em temperaturas baixas.

Descarte de peróxidos: Os peróxidos devem sempre ser descartados na forma diluída e


nunca pura. Pequenas quantidades (25 g ou menos), geralmente são descartadas após a
diluição com água para uma concentração de 2% ou menos e transferidas para um frasco de
polietileno contendo uma solução agente redutor, tal como sulfato ferroso ou bissulfito de
sódio. Dessa forma, o material pode ser manuseado com rejeito químico, mas nunca
misturando com outros rejeito. Quantidades maiores que 25 g requerem manuseio especial,
sendo cada caso considerado separadamente. Obs.: Nunca lançar peróxidos diretamente na
pia!

b)Manuseio de gases

O manuseio de gases sob pressão requer muito cuidado e atenção, pois qualquer
defeito no equipamento pode provocar uma difusão de gases no ambiente. O gás difundido
pode ter efeitos: anestésico, asfixiante, tóxico, formar misturas extremamente explosivas com
o ar. Não devemos esquecer que na grande maioria os gases são inodoros e incolores,
dificultando sua rápida identificação.

Cuidados no manuseio dos gases:


21

-Procurar na literatura, informações sobre o gás em uso, tais como: riscos de explosão,
reatividade, toxidade e outros;
-Jamais utilizar graxa, óleo ou glicerina em cilindros que contenham gases oxidantes, devido
ao risco de explosão (oxigênio, por exemplo);
-Utilizar somente cilindros com válvulas de redução;
-Ao transportar cilindros ter sempre o cuidado de fechar a válvula de saída e nunca esquecer
de usar a proteção e um carrinho apropriado para transporte;
-Nunca esquecer os cilindros soltos no laboratório, pois qualquer tipo de choque pode
provocar danos às válvulas e liberar o gás com violência;
-Nunca colocar cilindros perto de fontes de aquecimentos;
-Quando usar mangueiras para ligações, ter o cuidado de verificar as compatibilidades
químicas com o gás;
-Antes do uso, verificar possíveis vazamentos, utilizando uma solução de sabão nos locais a
serem testados;
-Cilindros vazios devem ser estocados separadamente e devidamente etiquetados com
inscrição: vazio.

Armazenamento de cilindros de gases: Tal como os reagentes, os cilindros de gás não


devem ser armazenados no laboratório. Quando isto for inevitável, os cuidados acima devem
ser observados. O armazenamento correto requer local externo, amplo coberto, naturalmente
ventilado e devidamente protegido. Devem ser observadas as incompatibilidades presentes
entre os diversos tipos de gases.

Cores dos cilindros de gases:


-Nitrogênio: Cinza;
-Acetileno: Bordô;
-Acetileno aa: Bordô com faixa amarela;
-Ar Sintético: Amarelo;
-Gás carbônico: Alumínio;
-Oxigênio: Preto ou verde.
22

2.15 Armazenagem

-Evite armazenar reagentes em lugares altos e de difícil acesso;


-Não estoque líquidos voláteis em locais que recebem luz;
-Éteres, parafinas e olefinas formam peróxidos quando ao ar. Não estoque por tempo
demasiado e manipule-os com cuidado;
-Ao utilizar cilindros de gases, transporte-os em carrinhos apropriados. Durante o seu uso ou
estocagem mantenha-os presos à bancada ou parede. Cilindros com válvula emperradas ou
defeituosas devem ser devolvidos ao fornecedor;
-Consulte a bibliografia indicada para obter informações sobre a estocagem de produtos
químicos, assegurando que reagentes incompatíveis sejam estocados separadamente.

2.16 Materiais de vidros e conexões

-Ao usar material de vidro, verifique sua condição. Lembre-se que o vidro quente pode ter a
mesma aparência que o vidro frio. Qualquer material de vidro trincado deve ser rejeitado;
-Vidros quebrados devem ser descartados em recipientes apropriados para este fim;
-Use sempre um pedaço de pano protegendo a mão quando estiver cortando vidro ou
introduzindo-o em orifícios. Antes de inserir tubos de vidro em tubos de borrachas ou rolhas,
lubrifique-os;
-Nunca use mangueiras de látex velhas. Faça as conexões necessárias utilizando mangueiras
novas e braçadeiras;
-Tenha cuidado especial ao trabalhar com sistemas sob vácuo ou pressão, dessecadores sob
vácuo devem ser protegidos com fita adesiva e colocados grade de proteção própria;
-Antes de iniciar o experimento verifique se todas as conexões e ligações estão seguras.

2.17 Realização de experimentos

-Nunca adicione água sobre ácidos e sim ácidos sobre água;


-Ao testar o odor de produtos químicos, nunca coloque o produto ou frasco diretamente sob
o nariz;
-Quando estiver manipulando frascos ou tubos de ensaios, nunca dirija a sua abertura na sua
direção ou de outras pessoas;
-Fique atento às operações onde for necessário realizar aquecimento;
23

-Cuidado para não se queimar ao utilizar nitrogênio ou CO2 líquidos;


-A destilação de solventes, a manipulação de ácidos e compostos tóxicos e reações que
exalem gases tóxicos são operações que devem ser realizadas em capelas, com boa exaustão;
-As válvulas dos cilindros devem ser abertas lentamente com as mãos ou usando chaves
apropriadas. Nunca force as válvulas, com martelos ou outras ferramentas, nem as deixe
sobre pressão quando o cilindro não estiver sendo usado;
-Sempre que possível, antes de realizar reações onde não conheça totalmente os resultados,
faça uma em pequena escala, na capela;
-Ao trabalhar com reações perigosas (geração de explosão, geração de material tóxico, etc.)
ou cuja a periculosidade você desconheça, proceda da seguinte forma:
a) Avise seus colegas de laboratório;
b) Trabalhe em capela com boa exaustão, retirando todo tipo de material inflamável.
Trabalhe com área limpa.
c) Use protetor acrílico.
d) Detenha um extintor por perto, com o pino destravado.
-Ao se ausentar de sua bancada ou deixar reações em andamento à noite ou durante o fim de
semana, preencha a ficha de identificação adequada. Caso não esteja disponível, improvise
uma e coloque-a em local visível e próximo ao experimento. Nela devem constar
informações sobre a reação em andamento nome do responsável e de seu superior imediato,
com endereço e telefone para contato, além de informações de como proceder em caso de
acidente;
-O último usuário, ao sair do laboratório, deve desligar tudo e desconectar aparelhos da rede
elétrica.

2.18 Os resíduos

Os resíduos de solventes de reações e de evaporadores rotativos devem ser colocados


em frascos apropriados para descarte, devidamente rotulados. Evitar misturar os solventes.
Sugere-se a seguinte separação: solventes cloradas, hidrocarbonetos, álcoois e cetonas, éteres,
acetatos e aldeídos. Sempre que possível indique também os componentes percentuais
aproximadamente, pois este tipo de resíduo costuma ser incinerado por empresas
especializadas que exigem uma descrição minuciosa do material que recebem. Verifique se é
viável recuperar estes resíduos no laboratório.
24

Os resíduos aquosos ácidos ou básicos devem ser neutralizados na pia antes de


descarte, e só então descartados. Para o descarte de metais pesados alcalinos e de outros
resíduos, consulte antecipadamente a bibliografia adequada.
O uso de soluções sulfocrômica para limpeza vem sendo proibido na maioria dos
laboratórios. Caso precise utilizá-la, nunca faça o descarte diretamente na pia.
Conforme Cupido (2004) pode-se classificar os resíduos baseando-se na
incompatibilidade química e riscos de exposição por inalação e dérmica. A seguir apresenta-
se tal classificação:
a) Regras Gerais: os resíduos sólidos, luvas contaminadas, vidros e papéis, devem ser
coletados em caixa de papelão com dois sacos de plástico. Os líquidos devem apresentar
a descrição da natureza de solutos e solventes e concentrações.
b) Classificação: um resíduo químico é considerado de risco quando listado especificamente
em publicações dos órgãos oficiais de controle, nacionais e internacionais ou se ele se
enquadra em uma das quatro características a seguir:
-Resíduos que possam servir como fonte de ignição: líquidos que tenha o ponto de
fulgor menor que 140ºC. Um sólido capaz de causar fogo por fricção ou absorção de
umidade ou sofre mudanças químicas espontâneas que resultem em queima vigorosa
e persistente;
-Resíduos reativos: soluções aquosas de materiais instáveis que sofram mudanças
químicas violentas sem detonação, possam reagir violentamente com água formando
misturas potencialmente explosivas ou que possam gerar gases perigosos ou
possivelmente letais;
-Resíduos corrosivos: soluções aquosas de pH menor ou igual a 2 ou maior ou igual a
12,5;
-Resíduos tóxicos: contém concentrações iguais ou maiores que os valores das
tabelas de concentração máxima de resíduos tóxicos.

Os efluentes do laboratório podem ser misturados com esgotos domésticos, para então
receber um tratamento eficiente e econômico. Porém, podem ser removidos desses resíduos as
substâncias de valor comercial, bem como aquelas que possam prejudicar o sistema. Devem
ser removidos do sistema: sais de cobre, arsênico, cianetos, cromo, os quais inibem o
tratamento biológico e a digestão do lodo (IMHOFF, 2000).
25

2.19 Acessórios de segurança

Equipamentos de Proteção Individual (EPI):


-Pipetadores mecânicos e automáticos;
-Jalecos e/ou aventais;
-Luvas de proteção;
-Botas de seguranças;
-Óculos de proteção facial;
-Protetores auriculares;
-Mantas a prova de fogo;
-Máscara de proteção respiratória.

Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC):


-Capelas com exaustão;
-Chuveiros de emergência;
-Lavador de olhos.

Quando estiver trabalhando em laboratório, você deve:

-Localizar os extintores de incêndio e verificar a que pertence e que tipo de fogo pode
apagar.
-Localizar as saídas de emergência.
-Localizar a caixa de primeiros socorros e verificar os tipos de medicamentos existentes.
-Localizar a caixa de máscara contra gases. Se precisar usá-las, lembre de verificar a
existência e qualidade dos filtros adequados á sua utilização.
-Localizar a chave geral de eletricidade do laboratório e aprender a desligá-la.
-Localizar o cobertor anti-fogo.
-Localizar a caixa de areia.
-Localizar o lava-olhos mais próximo e verificar se está funcionando adequadamente.
-Localizar o chuveiro e verificar se este está funcionando adequadamente.
-Informar-se quanto aos telefones a serem utilizados em caso de emergência (hospitais,
ambulâncias, bombeiros, etc.).
26

Importante: além de localizar estes equipamentos, você deve saber utiliza-los


adequadamente. Assim, para referência rápida, consulte a pessoa responsável pela segurança
do laboratório ou manuais especializados no assunto.

2.20 Recomendações básicas para segurança no laboratório

a) No caso de manipulação com amostras tóxicas:


-Obter maior quantidade possível de informações sobre a amostra, origem, possível
composição química e riscos microbiológico;
-Usar equipamento de proteção individual (luvas, óculos), capela e não usar a boca para
pipetar alíquotas;
-Estar vacinado e receber acompanhamento médico periódico.

b) Armazenamento, emprego e descarte de produtos químicos:


-Conhecer o produto: riscos, toxidade; como manipular, armazenar e descartar;
-Pedir orientação ao chefe sobre eventuais dúvidas.

c) Operação com fontes térmicas (muflas, estufas, vapor, chama):


-Utilizar equipamentos de proteção individual adequado (pinças, luvas, óculos, avental);
-Cuidado na queima e evaporação de amostras e reativos;
-Cuidado especial com chamas abertas para evitar queima, fogo e explosão.

d) Operação contra gases comprimidos e/ou inflamáveis:


-Consultar fornecedores;

-Cuidados na instalação e transporte dos cilindros.

e) Utilização e operação com vidraria:


-Maiores riscos com corte e quebras com derramamento do conteúdo;
-Empregar equipamento de proteção individual adequado.

f) Operação com instrumental elétrico:


-Cuidados com tensões correta, terra e isolação;
-Treinamento para operação.
27

g) Trabalho fora de hora normal:


-Trabalhar, no mínimo, com duas pessoas para assistência mútua;
-Pedir visitas periódicas dos elementos de segurança para certificar que tudo está normal.

h) Pessoal não treinado (estagiários e visitas):


-Não circular nos laboratórios sozinhos;
-Não mexer nos equipamentos e/ou reagentes sem prévia autorização;
-Fornecer equipamentos de proteção individual se necessário.

2.21 Procedimentos em caso de incêndios

CLASSE A

Material de fácil combustão e que deixa resíduos como: tecidos, madeiras, papéis,
fibras. Combater utilizando água e espuma. Quando o fogo está no inicio utilize pós químicos
secos ou gás carbônico.

CLASSE B

Produtos que queimam somente na superfície como: vernizes e solventes. Combater


com abafamento, pós químicos, gás carbônico e espuma.

CLASSE C

Equipamentos elétricos energizadores. Combater com gás carbônico, pós químicos.


Quando cortar a energia combater como classe A e B.

CLASSE D

Produtos como magnésio, zircônio, titânio. Combater com abafamento com limalha de
ferro fundido ou areia.
28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5413: Iluminação de interiores.


Rio de janeiro: ABNT, 1992.

______. NBR 13035: Planejamento e instalações de laboratórios para análise e controle


de águas. Rio de janeiro: ABNT, 1993.

______. NBR 13932: Instalações internas de gás liquefeito de petróleo (GLP)-Projeto de


execução. Rio de janeiro: ABNT, 1997.

CHRISPINO, Álvaro. Manual de química experimental. São Paulo: Ática S.A., 1991.

CUPIDO, Luiz Roberto. Resíduos de laboratório. São Paulo. Disponível em:


http:www.profcupido.hpg.ig.com.br/laboratorio.htm. Acesso em: 23 de nov. 2004.

CREDER, Hélio. Instalações Hidráulicas e Sanitárias. 5 ed.. Rio de Janeiro: LTC, 1991.

IMHOFF, Karl. Manual de Tratamento de Água Residuárias. São Paulo: Edgar Blucher
Ltda., 2000.

TURRA, Marilene; AZZOLINI, José Carlos. Projeto de Construção Civil. Monografia de


Estágio do Curso de Engenharia Civil. UNOESC, 2004.

Você também pode gostar