Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Enfim, o que é uma pessoa alfabetizada? Quando podemos dizer que a pessoa
está alfabetizada? Quais são as ações que o alfabetizador deveria ter para
contribuir com a melhoria da educação?
Algumas crianças copiam textos com uma letra muito bonita, mas não
conseguem ler o que escrevem; outras leem, mas não conseguem escrever;
há as que recitam letras de A a Z, mas não conseguem ler ou escrever, sem
falar no nível de compreensão de um texto.
1
Fonte: ANDES-SN, 14/11/2006.
Será que o ler e o escrever são um ajuntamento de letras? É fazer a
correspondência entre grafemas e fonemas? É fazer cópias ou descrever letras
até memorizá-las? O que garante a alfabetização é a transmissão dos
conteúdos pelos professores? É a cobrança dos conteúdos pelos professores?
O professor não pode parar de ser um pesquisador. Ele precisa estudar o seu
aluno, saber como a criança pensa e aprende, os conhecimentos que traz, sua
realidade, para que possa atuar nesse contexto. Não há receitas prontas,
fórmulas de sucesso a serem transplantadas numa realidade multifacetada,
rica e diversa da outra, com pessoas distintas e diferentes.
1.1.2 O alfabetizador
Piaget: sua preocupação foi explicar como a criança pensava e interagia com
o mundo, com as pessoas, para adquirir conhecimento. Definiu que o
conhecimento é construído a partir da interação do sujeito com o objeto de
aprendizagem.
Até o início do século XX, acreditava-se que a crianças eram miniadultos e que
após crescerem é que chegariam ao nível dos adultos, considerados superiores
mentalmente. Acreditava-se também que seus processos cognitivos eram
iguais aos do adulto, mas em proporção menor por serem pequenas. Piaget
concluiu, por meio de suas pesquisas, que as crianças pensavam muito
diferente dos adultos, que o que faltava para elas eram certas habilidades.
Sua contribuição foi explicar a maneira como a criança interage com o mundo
e com as pessoas para chegar ao conhecimento. É, portanto, a interação do
sujeito com o objeto de aprendizagem que produz o conhecimento.
Para Vygotsky (2001, p. 127), a relação do homem com o mundo não é direta,
mas mediada . O professor é um mediador entre o aluno que aprende e o
conhecimento.
• pictórico: desenho;
Numa sala de aula, existem crianças com experiências muito diferentes umas
da outras.
Para as crianças que vivem em famílias de classe média ou alta, que convivem
com a leitura de vários tipos de textos, que ganham livros e gibis, que
observam os adultos manusearem livros e jornais para buscar informações, e
que presenciam adultos receberem correspondências, o repertório de suas
experiências e hipóteses de leitura é muito maior, porque seus contatos são
frequentes e significativos, com diferentes tipos e utilização de textos, como,
por exemplo, os textos nas marcas de produtos, títulos de histórias, escritos de
placas etc.
São nessas experiências iniciais que encontramos muitas crianças que
acreditam que a palavra está ligada ao tamanho do objeto representado. A
essa reação, chamamos de realismo nominal: quando a criança acredita que
a palavra boi não representa o boi porque é uma palavra pequena. Se a
entregamos uma palavra como formiga, é capaz de relacioná-la ao animal boi
devido ao tamanho da palavra.
A professora pode intervir nessa fase e criar oportunidades para que a criança
atinja o conhecimento do sistema alfabético da escrita e rompa com o realismo
nominal.
Ainda não conseguem entender por que algumas crianças aprendem e outras
não, e permanecem na aprendizagem da cartilha.
Fase pictórica: é o registro feito pela criança com garatujas, desenhos sem
figuração e, mais tarde, desenhos com figuração. Inicia-se aos dois anos de
idade se a criança vive num ambiente urbano que a estimula desde cedo ao
uso de caneta e papel.
Nível 2 – Intermediário I
Essa fase é a de conflitos, em que a criança não tem resposta para alguns
questionamentos e diz que “não sabe escrever”. Apresenta e usa alguns
valores sonoros convencionais como, por exemplo, diz que o seu nome começa
com determinada letra e a conhece pelo som, mas não sabe onde fica na
palavra que escreve.
Nível 3 – Silábico
A criança conta os “pedaços sonoros” (sílabas) e os associa com um símbolo
(letra). Essa associação pode acontecer com ou sem valor sonoro
convencional. Aceita palavras monossílabas, palavras com uma ou duas letras
com certa hesitação. Escreve uma frase utilizando uma letra para cada
palavra.
Nível 5 – Alfabético
1.3.1 Textos
• caminhada da leitura;
• leitura de obra de arte;
• atividades com rótulos;
• corre-cotia;
• texto coletivo;
• texto memorizado;
• notícias;
• jogos de rimas;
• procura de palavras;
• músicas;
• bilhetes.
2. acesso a textos diversificados:
• textos práticos;
• textos informativos;
• textos literários;
• textos extraverbais.
A criança tem maior contato com a letra de fôrma devido ao seu uso frequente
por jornais, revistas, letreiros, informes de supermercado etc. Seu traçado é
fácil e as letras são separadas uma das outras, o que possibilita a identificação
da letra pela criança e a sua percepção das regras de combinação do código
linguístico.
O professor não deve esquecer o trabalho com frases e textos, e, aos poucos,
diminuir o trabalho com palavras apenas.
1.3.4.2 Autocorreção
1.3.4.3 Pontuação
Não se fala mais em ensinar pontuação nessa ou naquela série ou ano em que
a criança estuda, mas sim na fase em que se encontra na hipótese linguística.
Ensina-se, portanto, pontuação quando o aluno é alfabético e escreve textos.
Cócco e Hailer (1996) explicam que o erro costuma ser “desconfortante” para
quem o comete porque é visto como algo negativo, portanto, ninguém deve
cometê-lo. Porém, segundo Piaget, os conceitos são construídos num processo
de autorregulação, quando as pessoas corrigem as ações consideradas erradas
por não alcançarem os objetivos propostos e estabelecidos.
O que deve ser ressaltado é a atitude que se toma a partir do erro: o reforço
de hipóteses equivocadas, não adequadas, ou a construção e o
aperfeiçoamento de novas hipóteses, contribuindo-se para o desenvolvimento
cognitivo do aluno.
Temos crianças que copiam muito bem um texto, têm a letra bonita, mas nada
do que escrevem tem sentido ou significado. Não fazem uso da leitura e da
escrita habitualmente e nem as têm como instrumento de expressão de suas
ideias e seus sentimentos, ou como uma forma de comunicação com os outros
e de leitura de mundo.
Alguns professores aplicam muitos conteúdos e acreditam estar executando
uma “boa atividade”.
Torna-se necessário, portanto, que a criança leia na sala de aula por meio de
cartazes ou prateleiras com caixas e suas respectivas identificações em latas,
embalagens e rótulos de produtos variados.
O ato de ler significa compreender o que está escrito com as letras e o que se
quis dizer com as letras; é muito mais do que decodificar os códigos
linguísticos.
Para entender o texto lido, o leitor utiliza vários esquemas cognitivos, e como
as pessoas têm esquemas cognitivos diferentes, podem entender o mesmo
texto de formas diversas.
• Há palavras desconhecidas?
• A quem escrever?
Exemplo
Exemplo
De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu
canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu
contentamento.
Eu possa (me) dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é
chama Mas que seja infinito enquanto dure.
Fonte: <http://www.secrel.com.br/jpoesia/vm2.html#sonetodafidelidade>.
Textos extraverbais: existem textos escritos não com palavras, mas com
outros códigos linguísticos e não linguísticos. Por exemplo, os textos escritos
com figuras, ilustrações, arquitetura, história em quadrinhos, quadro de arte,
música, gesto etc.
Exemplo
O ciclo da água
Fonte:
<http://www.tvcultura.com.br/aloescola/infantis/chuachuagua/ciclo.htm>.
O professor pode trabalhar com vários textos em sala de aula e com três
enfoques diferentes.
Referências bibliográficas
ARANHA, Maria Lúcia A. Filosofia da educação. 1a. ed. São Paulo: Moderna,
1989.
KATO, Mary A. A concepção da escrita pela criança. São Paulo: Pontes, 1994.