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RESUMO
Neste trabalho, investigou-se de forma sistemática a vazão volumétrica do efluente no
Restaurante Universitário do Campus Básico da Universidade Federal do Pará (RU-
UFPa), objetivando-se determinar o consumo médio per capita de efluente do RU-UFPa,
assim como o coeficiente de retorno de esgoto (C), fundamentais na determinação da
carga poluidora dos efluentes líquidos gerados no RU-UFPa. As medidas de vazão do
efluente foram realizadas ao longo do horário de funcionamento do RU-UFPa, de 07:00
horas às 20:00 horas, com intervalos de tempo de 10,0 minutos, no período de novembro
de 2013 (26, 28, e 29/11/2013) a março de 2014 (13 e 14/11/2014), utilizando-se um
vertedor triangular medidor. Os dados experimentais foram analisados estatisticamente,
sendo descritos na forma de hidrogramas/histogramas da vazão do efluente, assim como
Box-plot da vazão de efluente. Os valores das médias, medianas e modas apresentaram,
praticamente em todos os dias, valores muito próximos, demostrando uma distribuição de
dados uniforme e próxima dos valores centrais. Em função da chuva, os dias 28 de
novembro e 13 de março apresentaram os maiores valores e os maiores intervalos entre a
vazão máxima e mínima. Destaca-se a significativa diferença gerada pela ocorrência de
chuva, uma vez que a diferença entre a vazão média e a máxima do dia 28 de novembro
foi de 0,52 L/s, enquanto que a diferença do dia 13 de março foi de 0,64 L/s, um valor
quase 20% maior. O coeficiente de retorno entre a vazão de água de consumo/lavagem e
a vazão do efluente variou entre 76% e 81%, sendo o valor calculado para o consumo per
capita igual a 18,05 L/Refeição*dia. O vertedor projetado/construído mostrou ser
eficiente, robusto e flexível, ao mesmo tempo em que, obteve-se ótimos ajustes em
relação à precisão.
ABSTRACT
In this work, the volumetric flow rate of effluent systematically investigated in the
University Restaurant of the Basic Campus of the Federal University of Pará (RU-UFPa),
aiming to determine the pollution load per capita of the RU-UFPa, as well as the sewage
return coefficient (C), and fundamental in determining the polluting load of the liquid
effluents generated in the RU-UFPa. The measurements of effluent flow rate were carried
out during the time of operation of RU-UFPa, from 7:00 am to 8:00 pm, with time
intervals of 10.0 minutes, in the period of November 2013 (26, 28, and 11/29/2013) to
March 2014 (13 and 11/14/2014), using an V-Notch weir flow meter. The experimental
data were analyzed statistically, being described in the form of hydrograms/histograms
of effluent flow rate, as well as using the Box-plot of effluent flow rate. The values of
means and medians and showed, almost every day, very close values, showing a uniform
distribution of data, close to the central values. Due to the rain, November 28th and March
13th presented the highest values and the largest intervals between the maximum and
minimum flow rates. The significant difference generated by the occurrence of rain is
noteworthy, since the difference between the average and the maximum flow on the 28th
November was 0.52 L / s, while the difference on the 13th of March was 0, 64 L / s, almost
20% higher. The return coefficient between the consumption/washing water flow and the
effluent flow varied between 76% and 81%, with the calculated value for per capita
consumption equal to 18.05 L / Meal * day. The designed/built V-Notch weir flow meter
proved to be efficient, robust and flexible, showing great precision.
Keywords: RU-UFPa, V-Notch weir flowmeter, Effluent, Return coefficient, Per capita
consumption.
1 INTRODUÇÃO
Os restaurantes universitários, os denominados RU’s, foram criados para atender
prioritariamente o público acadêmico, sendo este formado por universitários e servidores,
no entanto, estes restaurantes também atendem ao público externo. Além disso, os RU’s
têm por finalidade fornecer uma alimentação nutricionalmente equilibrada e com baixo
custo para este público.
Grande parcela dos RU’s existentes no Brasil tem como grande desafio a gestão
da capacidade de atendimento, uma vez que ocorre nos últimos anos o crescimento do
público acadêmico [1]. O ambiente alimentar organizacional propiciado pelas
universidades constitui um cenário estratégico para a promoção de uma alimentação
saudável, pois exerce forte influência nos comportamentos alimentares dos indivíduos
que frequentam esse ambiente. Sendo assim, o campus universitário merece atenção
especial visto que, durante o período da universidade, os alunos adquirem hábitos
alimentares que podem persistir na vida adulta, representando assim uma oportunidade
única [2].
Apesar de os RU’s serem um grande avanço para comunidade acadêmica e
científica, um dos problemas enfrentados por esses tipos de restaurante são alternativas
adequadas para a quantificação e tratamento de efluentes gerados nestas unidades.
No Brasil, segundo dados do Sistema Nacional de Informações Sobre
Saneamento, o índice de cobertura total de esgoto no Brasil é de apenas 54,1% [3]. Este
para o consumo per capita igual a 18,05 L/Refeição*dia. Em seguida, foram analisados
os parâmetros físico-químicos, incluindo temperatura, pH, DQO, DBO, NTK, nitrogênio
amoniacal, nitrogênio orgânico, fósforo total, sólidos totais, sólidos suspensos, sólidos
fixos e voláteis, sólidos sedimentáveis, e óleos e graxas, determinando a carga poluidora
de todos os parâmetros físico-químicos analisados.
Neste contexto, investigou-se neste trabalho a vazão volumétrica do efluente no
Restaurante Universitário do Campus Básico da Universidade Federal do Pará (RU-
UFPa), utilizando-se o método do vertedor triangular, objetivando-se determinar o
consumo médio per capita de efluente do RU-UFPa, assim como o coeficiente de retorno
de esgoto (C).
2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 LOCALIZAÇÃO ESPACIAL DO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DO
CAMPUS BÁSICO DA UFPa
Finalmente todos os esgotos gerados nas áreas citadas, após as unidades descritas,
são despejados, numa canaleta de águas pluviais, a qual tem a função de direcioná-los
para o corpo receptor, neste caso o Rio Guamá, conforme descrito na Figura 3.
O vertedor foi confeccionado dentro de uma caixa que funcionava como canal de
afluente e efluente. A definição das dimensões da caixa e do vertedor foi baseada em
determinação teórica da vazão dos efluentes do RU-UFPA, feita através do quantitativo
de refeições produzidas por dia, sendo a esse valor adicionado 20% do valor da vazão
máxima (VMAX), como margem de segurança, conforme descrito na equação (1).
(𝑃𝐶∗𝑅𝑆) (𝑃𝐶∗𝑅𝑆)
𝑉𝑀𝐴𝑋 = + ∗ 0.2 (1)
𝑇 𝑇
Onde, o consumo per capita (PC) é igual a 25 l/refeição*dia [15], onde (RS) são
as refeições servidas, igual a 3500 refeições/dia (Planilhas do RU-UFPA), e o (T) o tempo
de funcionamento do RU-UFPA, igual a 15 horas, obtendo-se um valor igual a 1.94 l/s.
O conjunto vertedor e caixa foram confeccionados em madeira impermeabilizada
para evitar vazamentos e pintada para proteção contra intempéries. Tendo em vista que o
local onde o vertedor foi instalado é um talude, foram feitos dois suportes móveis e
reguláveis, permitindo o correto alinhamento do equipamento com a tubulação de saída
e o posterior ajuste da inclinação do vertedor, conforme descrito em detalhes na Figura 5.
Figura 5: Vertedor instalado no ponto de medição, a) vista lateral; b) vista superior; c) réguas de controle
de nível; d) vista frontal o vertedor.
A C
B D
de aproximadamente 0,8 L/s e o segundo com vazões de até 2,0 L/s. Estabeleceu-se um
intervalo de tempo de 10 minutos, entre cada medição. Os dados foram anotados em
planilhas contando, além da carga hidráulica, os horários das medições e interferências
na medição como a chuva. As vazões foram calculadas utilizando-se a equação (2).
5
𝑄 = 2,45 𝐻 2 (2)
Onde Q é a vazão em L/s, e H a carga hidráulica em mm.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 CALIBRAÇÃO DO VERTEDOR
Os dados de vazão volumétrica obtidos pelas medições com o vertedor, foram
correlacionados com resultados das medidas com método volumétrico [4], conforme
descrito na Figura 6. O coeficiente de correlação igual a 0,9985, indica forte correlação
linear entre as variáveis analisadas e, por conseguinte, validando o método.
Figura 6: Correlação entre as vazões medidas com o vertedor e do método volumétrico (Medidor
Ultrasônico).
2,5
Vazoes [L/s]
Regreção Linear [L/s]
2,0
Volumétrico [L/s]
1,5
1,0
0,5
0,0
Vertedor [L/s]
0,9
0,8
0,7
0,6
Q [L/s]
0,5
0,4 Q [L/s]
Menor
0,3
Maior
0,2 Média
0,1
0,0
07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00
Horario [h]
1,1
1,0
Q [L/s]
0,9 Menor
0,8
Maior
Média
0,7
Q [L/s]
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00
Horario [h]
0.9
0.8
0.7
0.6
Q [L/s]
0.5
0.4
Q [L/s]
0.3
Menor
Maior
0.2 Média
0.1
07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00
Horario [h]
1,4
1,3
1,2 Q [L/s]
1,1 Menor
1,0 Maior
Média
0,9
Q [L/s]
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00
Horario [h]
0,9
0,8 Q [L/s]
Menor
0,7
Maior
Média
0,6
Q [L/s]
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00
Horario [h]
70
60
Frequência Relativa [%]
50
40
30
20
10
0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
Q [L/s]
40
35
30
Frequência Relativa [%]
25
20
15
10
0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
Q [L/s]
50
40
Frequência Relativa [%]
30
20
10
0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
Q [L/s]
35
30
Frequência Relativa [%]
25
20
15
10
0
0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6
Q [L/s]
60
50
Frequência relativa [%]
40
30
20
10
0
0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
Q [L/s]
1,6 1,6
1,4 1,4
Max
1,2 1,2
Max
1,0 1,0
90%
Vazao(L/s)
Max
0,8 90% 75% 0,8
Max Max 90%
90% 75% 75%
90%
50%
0,6 75%
75%
50% 0,6
50% 50%
50% 25% 25%
25%
0,4 25% 25%
10% 0,4
10% 10% 10% 10%
0,0 0,0
Datas
A Figura 17, apresenta o box-plot com os dados de vazão do efluente gerado pelo
RU-UFPa. Observa-se a amplitude das vazões em cada dia. Todos os dias tiveram vazões
mínimas bem próximas, mas quando se verifica as vazões máximas, fica claro mais uma
vez a influência gerada pelas chuvas na medição, pois os dias 28 de novembro e 13 de
março apresentaram uma amplitude significativamente maior que a dos demais dias.
Quando são analisados os dias que não choveram, pode se verificar uma distribuição mais
uniforme em todos os dias.
equivalente a menos de 60% do valor estabelecido pela norma. Essas diferenças podem
ser justificadas em função de que os valores referenciados são estabelecidos para
restaurantes de forma geral, sem levar em consideração as proporções do
estabelecimento. O RU-UFPa é um restaurante que dispõem de equipamentos modernos,
ao mesmo tempo em que, utiliza processos de produção que minimizam a geração de
perdas, assim como insumos, gerando uma carga de efluentes menor.
4 CONCLUSÕES
O vertedor projetado para a medição de vazão teve ótimos ajustes em relação à
precisão, logo pode ser aplicado em trabalhos futuros, sendo ajustado de acordo com a
vazão do efluente. O fato do per capita de esgoto (14,7 L/s) apresentar um valor inferior
(60% menor) ao valor estabelecido pela NBR 7.229 para restaurantes, se destaca como
um ponto positivo ao funcionamento do RU-UFPa. No entanto, devem ser guardadas as
devidas proporções e levar em conta que o RU-UFPa é um restaurante pequeno e não há
uma variedade no cardápio, o que se traduz em uma geração menor de efluente.
Apesar da medição com vertedor ter sido eficiente, nota-se a grande interferência
que a chuva exerce na aferição das vazões de efluente, ocasionando amplitudes maiores
nos dias em que ocorreram as chuvas. Os hidrogramas de vazão dos efluentes do RU-
UFPa, mostraram que, a vazão do efluente segue um comportamento semelhante à de
consumo de água.
Para elaboração de uma série histórica de dados para vazão do efluente se
apresenta como uma alternativa viável de baixo custo em virtude dos bons resultados
apresentados. Apesar da influência da chuva nas medições do período chuvoso, a
tendência é que a longo prazo esses possíveis erros sejam minimizados visando a
construção de uma série histórica.
Os coeficientes de retorno encontraram dentro das faixas referenciados pela
literatura de 50% a 90% [19] e o valor médio se encontrou bem próximo do valor
recomendado em norma de 80% [20]. O valor per capitas de efluente foi determinado
através dos valores médios de vazão e quantitativo médio de refeição servidas por dia nos
anos de 2013 e 2014, sendo o valor do consumo per capita de efluente igual a
𝟏𝟒, 𝟕𝟒 𝑳/𝒓𝒆𝒇. 𝒅𝒊𝒂.
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