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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA (UNIPÊ)


PRÓ-REITORIA ACADÊMICA (PROAC)
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

ANDRESSA ISABELLE DO NASCIMENTO DE OLIVEIRA

ANÁLISE TÉCNICA DO PROJETO DA BARRAGEM CONCEIÇÃO NO MUNICÍPIO


DE MAMANGUAPE - PB

JOÃO PESSOA
2018
1

ANDRESSA ISABELLE DO NASCIMENTO DE OLIVEIRA

ANÁLISE TÉCNICA DO PROJETO DA BARRAGEM CONCEIÇÃO NO MUNICÍPIO


DE MAMANGUAPE - PB

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)


apresentado ao Centro Universitário de João
Pessoa – UNIPÊ, como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel em Engenharia civil.

Orientador(a): Profª. MSc. Virgiane da


Silva Mélo Amaral

JOÃO PESSOA
2018
2

O48a Oliveira, Andressa Isabelle do Nascimento de.


Análise técnica do projeto da Barragem Conceição no
município de Mamanguape - PB /
Andressa Isabelle do N. de Oliveira. - João Pessoa, 2018.
65f.

Orientador (a): Profª. Msc. Virgiane da S. Mélo Amaral.


Monografia (Curso de Engenharia Civil) –
Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ.

1. Engenharia Civil. 2. Barragem. I. Análise técnica do


projeto da Barragem Conceição no município de
Mamanguape - PB.

UNIPÊ / BC CDU - 627:82


3

ANDRESSA ISABELLE DO NASCIMENTO DE OLIVEIRA

ANÁLISE TÉCNICA DO PROJETO DA BARRAGEM CONCEIÇÃO NO MUNICÍPIO


DE MAMANGUAPE - PB

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)


apresentado ao Centro Universitário de
João Pessoa – UNIPÊ, como requisito
parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Aprovada em............/............/...............

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________
Profª. MSc. Virgiane da Silva Mélo Amaral
Orientadora – UNIPÊ

_________________________________________
Profª. MSc Vanessa Negreiros de Medeiros
Examinadora – UNIPÊ

_________________________________________
Prof. Dr. Antônio da Silva Sobrinho Júnior
Examinador – UNIPÊ
4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, à Deus, meu Senhor e meu Salvador, por me despertar a minha


verdadeira vocação profissional e me capacitar durante toda essa trajetória
acadêmica, me sustentando nos momentos de franquezas e se alegrando em cada
conquista obtida.
Aos meus pais, Dinaldo e Linalda, por sempre me proporcionarem os melhores
estudos possíveis, por me apoiarem nessa decisão de uma segunda graduação,
impulsionando ‘voos’ mais altos.
Ao meu pastor e sua esposa, Pr. Evandro e Missionária Vanessa, por todas as
orientações, orações, cuidado, apoio, por se permitirem ser usados pelo Criador em
minha vida.
À Maria Eduarda, minha filha amada, minha companheira, um presente do Pai
para mim, que veio trazendo leveza e amor, ensinando com coisas simples e gestos
carinhosos.
Aos meus irmãos, em especial a Alicia (minha sobrinha-irmã), por sempre
torcer por essa vitória.
À Thais, minha amiga-irmã, por me apoiar e me ajudar sempre que necessário.
À Jessica, babá de minha filha, amiga, que nos meus momentos de ausência
cuida tão bem do meu maior tesouro, e por vezes, até de mim mesma.
Ao meu tio, Denilson, pela sua contribuição na realização dessa pesquisa.
A minha orientadora, Prof. MSc. Virgiane, por toda sua atenção e paciência nas
inúmeras orientações, me guiando para atingir o melhor resultado possível.
A examinadora, Prof. MSc. Vanessa, pelo seus apontamentos na pré banca
que enriqueceu a produção desse estudo.
Ao examinador, coordenador do curso, amigo, Prof. Dr. Antônio Sobrinho
Júnior, por todo seu empenho em nos ofertar o que tem de melhor no meio acadêmico.
Aos meus amigos que a graduação proporcionou, Ana Márcia, Helânyo
Patrício, Henrique Neves, Isabelly Nobre, Leonardo Valverde e Romualdo Neto, por
sermos uma equipe, sustentando uns aos outros quando necessário, buscando
sempre o melhor.
Obrigada a todos que contribuíram não apenas para elaboração dessa
pesquisa, mas, também, me apoiaram por toda essa trajetória. Muito Obrigada!
5

OLIVEIRA, Andressa Isabelle do N. de. Análise técnica do projeto da Barragem


Conceição no município de Mamanguape – PB. 2018. 65p. Trabalho de Conclusão
de Curso (Graduação em Engenharia Civil). Centro Universitário de João Pessoa
(UNIPÊ).

RESUMO

Com a percepção que a água é um bem finito e escasso, o homem, para melhor
aproveitar os recursos hídricos, passou a construir represas, denominadas barragens.
O presente trabalho tem como objetivo constituir diretrizes para o dimensionamento
de uma barragem de terra homogênea, inicialmente, apresentando conhecimentos
necessários para embasar tal feito, como, por exemplo, conceitos, classificações,
critérios de escolha, elementos constituintes. Por conseguinte, expôs-se as
orientações para calcular uma barragem de terra, aplicando o que foi explanado,
redimensionando a Barragem Conceição, e, procedendo uma análise técnica sobre a
mesma, onde observou-se resultados discrepantes que caracteriza um
superdimensionamento e acarreta elevação do custo da obra, finalizando a pesquisa
com a apresentação gráfica da barragem em estudo já redimensionada, respeitando
a segurança e a relação custo benefício.

Palavras-chave: Engenharia Civil. Barragem. Dimensionamento. Custo.


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OLIVEIRA, Andressa Isabelle do N. de. Technical analysis of the Conceição Dam


project in the municipality of Mamanguape - PB. 2018. 65p. Final paper
(Graduation in Civil Engineering). Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ).

ABSTRACT

With the perception that water is a finite and scarce good, man started building barriers,
so-called dams, to better harness water resources. This work aims to constitute
guidelines for design of a homogeneous earth dam, initially, presenting necessary
knowledge to support this approach, such as, concepts, classifications, selection
criteria, constituent elements. Therefore, the orientations to calculate an earth dam
were exposed, applying what was explained, resizing Conceição Dam and proceeding
a technical analysis about it, in which discrepant results were observed characterizing
an oversizing and increasing work cost, finalizing the research with the graphic
presentation of the resized dam, respecting security and the cost-benefit relation.

Keywords: Civil Engineering. Dam. Sizing. Cost.


7

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Elementos constituintes de uma barragem de terra homogênea ............19


FIGURA 2 - Croqui da garganta de uma barragem e respectivas lâminas de água ...24
FIGURA 3 - Perfil longitudinal de uma barragem ........................................................26
FIGURA 4 - Perfil transversal de uma barragem ........................................................29
FIGURA 5 - Especificação da proteção do talude de jusante .....................................32
FIGURA 6 - Especificação da proteção do coroamento .............................................33
FIGURA 7 - Rebaixamento da linha freática ..............................................................36
FIGURA 8 - Elementos da espessura do tapete drenante .........................................39
FIGURA 9 - Localização da barragem ........................................................................42
FIGURA 10 - Detalhamento da proteção do talude de jusante e do coroamento ........53
FIGURA 11 - Redimensionamento da barragem em estudo ......................................53
8

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Tabela de Ryves. Coeficientes hidrométricos: U, K,C ...........................21


TABELA 2 - Consumo médio de água em diferentes usos ........................................23
TABELA 3 - Sistema Unificado de Classificação do Solo ..........................................28
TABELA 4 - Coeficientes de Hazen-Willians .............................................................35
9

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Inclinação dos taludes de barragens homogêneas ...............................29


QUADRO 2 - Espessura da rocha baseada no fetch .................................................31
QUADRO 3 - Espessura da rocha baseada na altura da onda ..................................31
QUADRO 4 - Quadro comparativo de valores ............................................................43
10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 14
2.1 Objetivo geral .................................................................................................... 14
2.2 Objetivos específicos........................................................................................ 14
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 15
3.1 Conceito de barragem....................................................................................... 15
3.2 Critério para escolha do tipo de barragem ..................................................... 15
3.3 Principais tipos de barragens .......................................................................... 16
a) Barragens de terra ................................................................................................ 16
b) Barragens de enrocamento ................................................................................... 17
c) Barragens de concreto .......................................................................................... 17
3.3.1 Barragens de terra homogênea ........................................................................ 17
3.4 Elementos constituintes de uma barragem de terra homogênea ................. 18
3.5 Roteiro do dimensionamento de uma barragem de terra homogênea ......... 20
3.5.1 Rendimento pluvial da bacia ............................................................................ 20
3.5.2 Cálculo do volume afluente .............................................................................. 20
3.5.3 Capacidade do reservatório ............................................................................. 22
3.5.4 Vazão máxima secular ou Cheia máxima de projeto ....................................... 22
3.5.5 Vazão de demanda .......................................................................................... 22
3.5.6 Volume útil (cota-área-volume) ........................................................................ 24
3.5.7 Área da bacia hidráulica ................................................................................... 25
3.5.8 Altura total da barragem ................................................................................... 25
3.5.9 Folga (f) ............................................................................................................ 26
3.5.10 Largura da crista (LC)..................................................................................... 27
3.5.11 Inclinação dos taludes .................................................................................... 27
3.5.12 Largura da base (b) ........................................................................................ 30
3.5.13 Proteção do talude de montante: Rip-Rap ..................................................... 30
3.5.14 Proteções do talude de jusante ...................................................................... 32
3.5.15 Proteção do coroamento ................................................................................ 33
3.5.16 Extravasador .................................................................................................. 34
3.5.17 Descarga de fundo ......................................................................................... 34
3.5.18 Tomada d’àgua .............................................................................................. 35
11

3.5.19 Tapete drenante ou Filtro horizontal ............................................................... 36


a) linha freática .......................................................................................................... 36
b) vazão de infiltração ............................................................................................... 37
c) altura capilar .......................................................................................................... 37
d) comprimento tapete drenante ............................................................................... 38
e) espessura do tapete drenante............................................................................... 38
3.5.20 Enrocamento-de-pé ........................................................................................ 39
4 METODOLOGIA .................................................................................................... 41
4.1 Caracterização da pesquisa ............................................................................. 41
4.2 Campo da pesquisa........................................................................................... 41
4.3 Instrumento para coleta de dados ................................................................... 42
4.4 Análise dos dados ............................................................................................. 42
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 43
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 54
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 56
APÊNCIDE A – DIMENSIONAMENTO DA BARRAGEM ........................................ 57
12

1 INTRODUÇÃO
A engenharia civil é uma ciência responsável por buscar soluções aos
impasses surgidos na vida dos seres humanos, principalmente, quando se relaciona
a questões cruciais como sobrevivência e melhoria de práticas que beneficie a
coletividade, proporcionando uma otimização no aproveitamento dos recursos
existentes no planeta.
A Terra, também conhecida como “Planeta Água”, possui cerca de 72% da sua
extensão coberta por esse líquido precioso que está presente em múltiplas atividades
do ser humano, tal como, o abastecimento doméstico e público, as aplicações
agrícolas e industriais e a produção de energia elétrica, sem mencionar que o homem
necessita de ingerir água numa quantidade diária de dois a quatro litros para
manutenção do corpo (ALVES, 2010).
Apesar de cobrir cerca de 2/3 da superfície do planeta, a maior parte da água
não se encontra disponível para utilização humana. Para a sua sobrevivência e
suporte das suas atividades, o homem conta com apenas 0,62% da água do mundo,
a que está associada aos rios, lagos de água doce e aquíferos subterrâneos (ALVES,
2010).
Desde o princípio, o homem procura habitar próximo às fontes de água
existentes, para suprir suas necessidades. Quando o líquido é em excesso ou falta,
os indivíduos buscam racionalizá-los através da construção de diques, que, quando
se destinam à acumulação do recurso hídrico, constituem-se nas barragens
(CARVALHO, 1983).
Portanto, a insuficiência de água para atender as demandas da população fez
com que as primeiras obras visando a retenção da substância líquida fossem
executadas, pesquisas apontam construções de barramento por volta de 5.000 anos
A.C., com as mais diversas finalidades, de modo que o aproveitamento fosse o maior
possível (CARVALHO, 1983).
A barragem de Jawa construída na Jordânia, há cerca de 5.600 anos, é a mais
antiga que se tem notícia. Já no território brasileiro, o barramento mais remoto foi
construído onde atualmente é a área urbana do Recife, em Pernambuco,
possivelmente no final do século XVI, conhecida nos dias de hoje como açude
Apipucos, já aparecia em um mapa holandês de 1577. A barragem original foi alargada
e reforçada para permitir a construção de uma importante via de acesso ao centro da
cidade (MELLO, 2011).
13

Acredita-se que não foi coincidência as primeiras barragens brasileiras terem


sido executadas no Nordeste, uma região atingida por crises climáticas, caracterizada
por períodos de prolongados estios, cujos efeitos se processam de modo calamitoso,
fazendo-se necessário acumular água para suprir as deficiências observadas nos
períodos de extrema aridez (CARVALHO, 1983).
A partir de 1887, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS)
iniciou a construção de barragens no Nordeste Brasileiro, onde teve um papel
importante com a criação de açudes para irrigação, abastecimento de água das
cidades e pequenos núcleos populacionais, visando a permanência do sertanejo no
seu ambiente natural, amenizando os processos de migração para a região sudeste
do país (MELLO, 2011).
Logo, pode-se afirmar que as barragens, são, basicamente, estruturas
construídas transversalmente aos vales, podendo ter diversos objetivos, sejam eles:
abastecimento humano e animal, abastecimento industrial, irrigação, fornecimento de
energia elétrica, piscicultura, controle de cheias, regularização dos rios, navegação,
entre outros (CARVALHO, 1983).
Vale ressaltar que a implantação de uma barragem exige a utilização de
técnicas de várias áreas do conhecimento, independentemente do objetivo da obra.
Sempre são necessários os conhecimentos geotécnicos, utilizados na escolha do
local de implantação e na construção do maciço compactado, e também os
conhecimentos hidrológicos (CARVALHO, 2011).
O presente trabalho tem seu assunto abordado no âmbito de Barragens, cujo
tema é uma análise técnica comparativa do projeto da Barragem Conceição,
localizada no município de Mamanguape, na Paraíba. Trata-se de uma barragem
particular, com o objetivo de acumular água para irrigação, tendo foco principal na
aguagem da plantação de cana-de-açúcar, além do aproveitamento para a piscicultura
e fruticultura.
O estudo tem como objetivo constituir diretrizes para o dimensionamento de
uma barragem de terra, especificando as correntes teóricas sobre o tema, analisando
os cálculos do projeto e apresentando as possíveis divergências encontradas.
14

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral


O objetivo geral deste trabalho é constituir diretrizes para o dimensionamento
de uma barragem de terra homogênea, através da análise técnica comparativa entre
o projeto sintético apresentado no cálculo de uma barragem no município de
Mamanguape e o projeto analítico desenvolvido.

2.2 Objetivos específicos


Desdobrando-se nos seguintes objetivos específicos:
 Estudar as correntes teóricas que abordam o tema;
 Identificar os modelos de cálculo adequado para o tipo de barragem abordada;
 Compor diretrizes para dimensionar a estrutura;
 Analisar o dimensionamento e avaliar os resultados divergentes.
15

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Conceito de barragem


Represar água é uma prática comum na região Nordeste, onde a população é
atingida por crises climáticas, tendo a construção da barragem como alternativa viável
e eficaz para suprir a escassez de um dos bens mais precioso do planeta.
Como descreve Matos (2000), “barragem é o elemento estrutural construído
transversalmente à direção do escoamento de um curso d’água, formando um
reservatório artificial, com a finalidade de acumular água ou elevar seu nível”.
De acordo com Carvalho (1983) barragem é “toda e qualquer barreira artificial
que se interpõe a um curso hídrico para interromper o trânsito das águas”.
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH (2012), consideram
barragem como “qualquer estrutura em um curso permanente ou temporário de água
para fins de contenção ou acumulação de substâncias líquidas ou de misturas de
líquidos e sólidos, compreendendo o barramento e as estruturas associadas”.
Logo, pode-se delimitar barragem como sendo um item estrutural, artificial,
permanente ou temporário, formado por maciço de concreto ou de terra, oblíquo ao
sentido natural do curso d’água ou de substâncias líquidas, com a finalidade inicial de
retê-las, para, posteriormente, promover a destinação desejada, podendo ser
abastecimento hídrico para uma população, irrigação, geração de energia elétrica,
contenção de sedimentos, entre outros.

3.2 Critério para escolha do tipo de barragem


A escolha dos tipos de obras que integram um complexo de barramento
depende de uma série de fatores, e é de responsabilidade do geólogo de engenharia
a análise desses fatores e a orientação sobre os tipos de obras mais adequadas
(COSTA, 2012).
Segundo Marangon (2004), são aspectos relevantes:

1) Segurança da Obra – ligada às características inerentes do próprio local:


condições geológicas, configuração do vale e dimensões da obra.
2) Custo da obra – em função do preço e disponibilidade do material. A
ausência, por exemplo, de rocha resistente do tipo granito, gnaisse, basalto
ou diabásio, para ser usada como agregado para concreto, “rip-rap” ou
enrocamento, ou de cascalho, para os mesmos fins, pode causar alterações
profundas no custo da obra.
16

Além desse critérios, deve ser considerada uma série de fatores físicos que
governam a seleção do tipo de barragem.

No Brasil, a atenção deve ser especial no quesito de segurança de barragens,


pois, as consequências de um rompimento são, normalmente, trágicas em termos de
perdas, humanas, ambientais e econômicas. Nos últimos anos ocorreram mais de 400
acidentes em obras hídricas, reforçando a necessidade de uma precaução redobrada
nesse critério (CARVALHO, 2011).
Logo, faz-se necessário a realização dos seguintes estudos para ter
embasamento apropriado na escolha do tipo mais adequado: estudo socioeconômico;
estudo hidrológico; estudo climático; estudo topográfico; estudo geológico; estudo
geotécnico (CARVALHO, 1983).
Portanto, a escolha do tipo de barragem a ser projetada para determinada
seção do rio depende de uma série de fatores, tais como: solo da fundação, forma do
vale, condições climáticas, fatores hidráulicos, meios de transporte, equipamento
disponível, materiais de construção existentes, vertedouro, finalidade da obra, custo
da obra, entre outros (CARVALHO, 1983).

3.3 Principais tipos de barragens


Os principais tipos barragens podem ser divididos em três grupos: de terra, de
enrocamento e de concreto, conforme será visto a seguir.

a) Barragens de terra
- Homogêneas:
As barragens homogêneas são constituídas predominantemente por um único
material, excluindo-se as proteções dos taludes e coroamento. Nesse caso, trata-se
de um material suficientemente impermeável, com taludes inclinados suavemente,
para uma estabilidade adequada. Se prestam para qualquer tipo de fundação, desde
a rocha compacta até terrenos construídos de materiais inconsolidados (MARANGON,
2004).
- Zoneadas:
As barragens zoneadas trata-se de um núcleo central com um melhor solo, e
solos mais fracos para aterros estabilizadores. Ocorre quando não existem solos
apropriados, em quantidade suficiente, para todo o maciço (TOMAZ, 2011).
17

b) Barragens de enrocamento
- com núcleo impermeável:
Na barragem de enrocamento, o material rochoso é predominante e a vedação
da água, nesse caso, é feita por um núcleo argiloso que pode ficar centralizado ou
inclinado para montante (COSTA, 2012).
- com face impermeável:
Nesse tipo, a vedação da água é garantida pela impermeabilização da face de
montante da barragem, podendo ocorrer por uma camada de asfalto, por uma placa
de concreto, ou ainda, por uma chapa de aço (COSTA, 2012).

c) Barragens de concreto
- gravidade:
São barragens maciças de concreto, com pouca armação, caracterizada por ter
sua estrutura trabalhando apenas à compressão. É o tipo de barragem mais resistente
e de menor custo de manutenção, contudo, sua altura é limitada pela resistência das
fundações (COSTA, 2012).
- arco:
São aquelas em que a curvatura ocorre em duplo sentido, tanto na horizontal,
quanto na vertical, podendo ser arcos simples ou múltiplos (COSTA, 2012).
- em contraforte:
Trata-se de uma estrutura mais leve, com pequena área de fundação, exigindo
uma maior armação. Das três barragens, é a que apresenta menor volume de concreto
(COSTA, 2012).

3.3.1 Barragens de terra homogênea


As barragens de terra homogênea constituíssem de um único material,
impermeável. São estruturas usadas desde os primórdios para aprisionar e desviar
água.
São o tipo de barragem mais comum encontrado em todo o globo, tratam-se de
estruturas compactadas que dependem da sua massa para resistir ao deslizamento e
tombamento, e métodos modernos de transporte e desenvolvimentos no campo da
mecânica dos solos tem aumentado a segurança e vida destas obras (STEPHENS,
2011).
18

Pode-se citar como principais vantagens de construir pequenas barragens de


terra: a utilização dos materiais naturais locais; procedimento simples de projeto;
fundação mais simples em relação aos outros tipos de barragens; melhor resistência
ao assentamento e movimentos (STEPHENS, 2011).
Contudo, esse tipo de barramento também tem suas desvantagens, como por
exemplo: é mais fácil de ser danificada ou destruída pela água corrente; requer uma
compactação adequada para evitar infiltrações; necessita de uma manutenção
contínua de forma a evitar erosão, crescimento de árvores, sedimentação
(STEPHENS, 2011).

3.4 Elementos constituintes de uma barragem de terra homogênea


Conforme Carvalho (2011), a barragem de terra homogênea tem os seguintes
elementos constituintes principais:
a) Crista ou coroamento → é a espessura do topo do maciço, destina-se ao tráfego
de pessoas e/ou veículos, devendo ter largura mínima de 3 metros e um sistema de
drenagem, objetivando-se evitar erosões e empoçamento de água, sendo necessário
uma inclinação de 3,0%;
b) Talude de montante → é a parte do maciço que vai ficar diretamente em contato
com a água do reservatório, deve ser protegido contra erosão, logo, vai exigir
considerações especiais na fase de projeto, no cálculo de sua estabilidade, e cuidados
especiais para sua manutenção durante a fase de operação do reservatório;
c) Talude de jusante → deve ser protegido contra a erosão, causada pela água da
chuva. Geralmente, utiliza-se grama para a proteção, e deve ter canaletas de
drenagem, para coletar adequadamente a água;
d) Borda livre → é a distância vertical entre a crista da barragem e o nível das águas
do reservatório e objetiva a segurança contra o transbordamento, que pode ser
provocado pela ação de ondas formadas pela ação dos ventos, evitando danos e
erosão;
e) Rip-rap → é uma camada protetora do talude de montante, deve cobrir todo o trecho
do talude, podendo ser de rocha, solo-cimento, concreto, determinado pelas jazidas
próximas existentes;
f) Filtros → drenos localizados no corpo do maciço com a finalidade de captar a
umidade do solo, evitando ruptura;
19

g) Filtro vertical → podem ser verticais ou inclinados, conhecidos como filtros em


chaminé, proporcionam uma distribuição de tensões no maciço;
h) Filtro horizontal → também conhecido como tapete drenante, recebe toda a água
captada pelo filtro chaminé e que percolam através da fundação, e as conduzem para
o dreno de pé;
i) Dreno de pé → capta as águas que percolam através dos filtros e do tapete
drenante, chegando ao pé de jusante, conduzindo-as de volta ao rio, à jusante da
barragem;
j) Cortina de vedação → visa a interrupção do fluxo sob o corpo de uma barragem,
pode ser construída de diversas maneiras, das quais destacam-se: cortina preenchida
com material argiloso compactado, conhecida como trincheira de vedação (“cut-off”);
e, cortina de injeção;
k) Poço de alívio → são furos de drenagem abertos no terreno, com a finalidade de
reduzir as subpressões desenvolvidas pela percolação de água na fundação. Os
diâmetros mais usuais dos poços de alívio são entre 75 e 150 mm.
A figura 1 demonstra a disposição dos elementos acima elencados em uma
barragem de terra homogênea:

FIGURA 1: Elementos constituintes de uma barragem de terra homogênea

FONTE: CARVALHO (2011)


20

3.5 Roteiro do dimensionamento de uma barragem de terra homogênea


Na literatura brasileira sobre o tema, quem mais se destacam são Carvalho
(1983 e 1984) e Matos (2000), que foram utilizados como base para este tópico, onde
será detalhado a sequência do cálculo de uma barragem de terra homogênea.

3.5.1 Rendimento pluvial da bacia


É a porcentagem da precipitação ocorrida no período de um ano, e foi
estabelecido pelo engenheiro Francisco Aguiar apud Carvalho (1983) a partir das
equações abaixo:

a) para precipitações compreendidas entre 500 e 1.000 mm:

H2 −(400H)+230.000
R% = (1)
55.000

Onde:
H = precipitação pluviométrica local anual (mm);
R = Runoff (porcentagem).

b) para alturas de chuvas superiores a 1.000 mm/ano:

Rmm = 28,53H – 112,95H2 + 351,91H3 – 118,74H4; ou (2)

R% = 0,285 – 1,13H + 3,52H2 - 1,19H3 (3)

Onde:
H = precipitação pluviométrica local anual medida em metros (m).

3.5.2 Cálculo do volume afluente


Representa o volume médio que anualmente escoa para o reservatório, tendo
por elementos dados coletados em observações meteorológicas e fluviológicas.
Aguiar apud Carvalho (1983) desenvolveu um método a ser adotado neste cálculo,
utilizando os coeficientes hidrométricos contidos na tabela 1, aplicados nas equações
a seguir:
21

a) para 500mm < H < 1.000 mm:

Vafl = R%HUA (4)

Onde:
R% = rendimento pluvial da bacia (em casas decimais);
H = altura da chuva (m), é a precipitação pluviométrica local anual dividida por
100;
U = coeficiente de correção do rendimento superficial, extraído da tabela de
Ryves (tabela 1);
A = área da bacia hidrográfica (m2).

b) para H > 1.000 mm:

Vafl = RmmUA (5)

Onde:
Rmm = rendimento pluvial da bacia (mm);
U = coeficiente de correção do rendimento superficial, extraído da tabela de
Ryves (tabela 1);
A = área da bacia hidrográfica (m2).

TABELA 1: Tabela de Ryves. Coeficientes hidrométricos: U, K,C.


TABELA DE RYVES
COEFICIENTES HIDROMÉTRICOS: U, K, C.
Características da bacia TIPO U K C
(n)
1,3 a
Pequena, íngreme e rochosa 1 1,40 0,123 0,85
Acid. s/ depressões evaporativas 2 1,20 0,156 0,95
Média 3 1,00 0,204 1,00
Ligeiramente acidentada 4 0,80 0,278 1,05
Ligeiramente acidentada c/ depressões
evaporativas 5 0,70 0,400 1,15
Quase plana, terreno argiloso 6 0,65 0,625 1,30

Quase plana, terreno variável ou ordinário 7 0,60 1,111 1,45


Quase plana, terreno arenoso 8 0,50 2,500 1,60
FONTE: CARVALHO (1983)
22

3.5.3 Capacidade do reservatório


Caracteriza o volume total acumulado no reservatório quando o nível da água
encontra-se na cota da soleira do seu sangradouro. Segundo Carvalho (1983) “supõe-
se para o caso da Região Nordestina, que a bacia poderá ficar 18 meses sem
realimentação pluviométrica, no caso de um ano seco”, logo, dimensiona-se através
da expressão:

Vac = 2Vafl (6)

Onde:
Vafl = volume afluente anual, numa determinada seção da bacia hidrográfica,
num ano (m3).

3.5.4 Vazão máxima secular ou Cheia máxima de projeto


Corresponde a vazão máxima provável que pode ocorrer na região, e a partir
desse valor realiza-se o dimensionamento técnico-econômico do sangradouro. Tal
vazão é encontrada utilizando a equação:

1.150 A
Q= (7)
(√LC)(120+(KLC))

Onde:
A = área da bacia hidrográfica (km2);
L = comprimento do talvegue principal (km);
C = fator de variação da veloc. média do escoamento superficial (tabela 1);
K = coeficiente em função da ordem dos rios que existem na bacia (tabela 1).

3.5.5 Vazão de demanda


Está relacionada com as necessidades a serem atendidas e a vazão disponível
do curso d’água, considerando o período mais crítico do ano, e devem ser
considerados, no momento do cálculo, os aspectos abaixo (MATOS, 2000):

a) Necessidades para abastecimento doméstico e de criatórios para animais: o cálculo


do consumo total é feito com a soma de todas as vazões consumidas nos diferentes
23

usos, contidas na tabela 2, acrescida de, no mínimo, 25% para suprir as deficiências
nos meses mais secos.

TABELA 2: Consumo médio de água em diferentes usos


Forma de uso Consumo médio (m3ano-1unid-1)
Residencial (por morador) 75
Equinos ou muares 20
Bovinos 25
Suínos 4
Ovinos 3
Caprinos 2
Coelhos (por 100 animais) 54
Poedeiras ou frangos (por 1.000 aves) 135
Perus (por 1.000 aves) 83
Valores extraídos de várias fontes.

FONTE: MATOS (2000)

b) Necessidades médias de água para irrigação: baseada na forma de aguagem que


será utilizada.
- aspersão: 2 a 3 mm.dia-1;
- superfície: 3 a 4 mm.dia-1; e
- inundação: 2 a 3 L.ha-1.

VAA = Xmm.dia-1 x Yha (8)

Onde:
X = parâmetro de irrigação;
Y = representa a área que deseja-se irrigar em hectares (ha).

Segundo Stephens (2011) em “barragens para irrigação, incluirá necessidades


de rega, outros usos (gado/fornecimento doméstico), perdas por percolação e
evaporação e armazenamento inactivo/volume morto”.

c) Necessidades para psicultura:


Para a manutenção das condições mínimas de sobrevivência dos cardumes,
deve-se reservar pelo menos 1/3 da altura da lâmina d’água no reservatório.
24

d) Considerações das perdas inevitáveis: percolação, evaporação e infiltração.

3.5.6 Volume útil (cota-área-volume)


É a diferença entre o volume acumulado na cota da altura da lâmina de água
represada e o volume acumulado na cota da altura da descarga de fundo. Com os
dados do levantamento planialtimétrico da área a ser inundada pelo reservatório
determina-se o volume da bacia de acumulação, capaz de armazenar a água. Para
tanto, faz-se necessário calcular o volume parcial conforme fórmula a seguir (MATOS,
2000):

a) Volume parcial – é o volume referido a cota-área em estudo.


Vn = (Sn-1 + Sn) 2 (9)

Onde:
Sn-1 = área relativa à altura da lâmina de água anterior ao que está calculando;
Sn = área correspondente à altura da lâmina de água que está determinando;
h = altura da lâmina de água em análise.

A figura 2 representa um perfil longitudinal de um curso d’água com as


respectivas lâminas:

FIGURA 2: Croqui da garganta de uma barragem e respectivas lâminas de água

FONTE: MATOS (2000)


25

De posse das informações obtidas através do cálculo acima, elabora-se a


tabela cota-área-volume com a seguinte disposição: primeiro nomeia-se as alturas,
iniciando-se de 0; na ordem coloca-se as cotas, que são a distância que o ponto está
em relação ao nível do mar; por seguinte, a área (em metros quadrados) de cada cota;
o volume parcial calculado, e por fim, o volume acumulado, que nada mais é que a
soma acumulativa dos volumes parciais.

b) Volume útil:

Vútil = Var – Vdf (10)

Onde:
Var = volume acumulado na cota da altura da lâmina de água represada;
Vdf = volume acumulado na cota da altura da descarga de fundo.

3.5.7 Área da bacia hidráulica


Conforme Costa (2012), bacia hidráulica é a “bacia formada pelo reservatório
criado pela barragem”. Na prática, é a área encontrada na cota da altura da lâmina de
água represada, esse valor é extraído da tabela cota área volume, e tem como
referencial a capacidade do reservatório.

3.5.8 Altura total da barragem


Retrata a diferença de cotas existentes entre o coroamento da barragem e o
leito do rio, no ponto mais baixo do talvegue. A determinação da altura total pode ser
obtida por (MATOS, 2000):

H = Hn + He + f (11)

Onde:
Hn = altura da lâmina de água represada (m), denominada altura normal;
He = altura máxima da lâmina de água que atravessa o extravasor (m), por
ocasião das cheias máximas;
f - folga = diferença entre a lâmina máxima de enchente e a crista da barragem
(m).
26

Abaixo, na figura 3, segue o perfil longitudinal de uma barragem, onde é


possível distinguir cada altura especificada acima:

FIGURA 3: Perfil longitudinal de uma barragem

FONTE: MATOS (2000)

3.5.9 Folga (f)


De acordo com Carvalho (1983), folga pode ser conceituada como sendo “a
diferença de cota entre a cota do coroamento da barragem e a cota máxima de
sangria”, e é calculada de modo a evitar o transbordamento das águas por sobre o
maciço.
Para pequenas barragens, tem-se adotado, na prática, uma folga de 1,0 a 1,5m.
No caso de grandes reservatórios, torna-se importante considerar a altura das ondas
formadas por ocasião de chuvas e ventos fortes, utilizando as seguintes equações
(MATOS, 2000):

4
h = 0,75 + 0,34√𝐿 – 0,26 √𝐿 (12)

Onde:
h = altura da onda (m);
L = comprimento do talvegue principal (km).

V = 1,5 + 2h (Fórmula de Gaillard) (13)

Onde:
V = velocidade da onda (m/s);
h = altura da onda (m).
27

𝑉²
f = 0,75h + (Fórmula empírica de Stevenson) (14)
2𝑔

Onde:
V = velocidade da onda (m/s);.
g = aceleração da gravidade (m/s²).

3.5.10 Largura da crista (LC)


É a largura do topo de uma barragem, sua dimensão está diretamente ligada
com o tipo de trânsito a que se destina, a estabilidade e a altura da barragem, a
natureza dos materiais compactados para confecção do maciço. Pode ser calculada
através da fórmula de E.F. Preece (CARVALHO, 1983):

LC = 1,1 √H + 1,0 (15)

Onde:
H = altura total da barragem (m).

Outra expressão que se sobressai para o cálculo da largura do coroamento de


uma barragem é a de T.T. Knappen (CARVALHO, 1983):

LC = 1,65 √H (16)

Onde:
H = altura total da barragem (m).

3.5.11 Inclinação dos taludes


Conforme Matos (2000) “a inclinação do talude da barragem pode ser expressa
pelo ângulo que a linha deste faz com a horizontal ou pela relação entre a projeção
horizontal e a vertical (Z:1), o que indica quantas vezes a projeção horizontal do talude
é maior que a projeção vertical”.
A partir dos dados dos ensaios geotécnicos, identifica-se o solo, com o auxílio
da tabela 3, Sistema Unificado de Classificação do Solo, a seguir:
28

TABELA 3: Sistema Unificado de Classificação do Solo


Procedimentos de identificação
Símbolos
do campo (excluindo partículas
Divisões principais dos Nomes típicos
maiores que 8mm e baseando
grupos
frações sobre estimados).
1 2 3 4 5
Ampla variedade em tamanhos de

(poucos ou nenhum finos (quanti- (poucos ou nenhum


grossos é maior que a peneira nº 4

Areias limpas - Cascalhos com Cascalhos limpos


Cascalhos de granulometria
Mais da metade do material é maior que a peneira nº

Mais da metade da fração de grãos e quantidades substanciais


GW favorável, misturas cascalho-
de todos tamanhos de partículas
areia, poucos ou nenhum finos

finos)
intermediárias
CASCALHOS

em tamanho (++)
Cascalhos de granulometria Predominantemente um tamanho
desfavorável, misturas ou variedade de tamanhos com
GP
cascalho-areia, poucos ou alguns tamanhos intermediários
nenhum finos faltando
Finos não plásticos ou finos com
dade apreciá-
vel de finos) Cascalhos siltosos, misturas
GM baixa plasticidade (para
200 (+)

cascalho-areia-silte
identificação veja ML - abaixo)
Solos de granulometria grossa

Finos plásticos (para


Cascalhos argilosos, misturas
GC procedimento de identificação
cascalho-areia-argila
veja CL - abaixo)
Ampla variedade em tamanhos de
Mais da metade da fração de grossos

Areias de granulometria
grãos e quantidades substanciais
SW favorável. Areias c/ cascalho,
é menor que a peneira 4, em

de todos tamanhos de partículas


poucos ou nenhum finos
finos)

intermediárias
Areias de granulometria Predominantemente um tamanho
tamanho (++)

desfavorável. Areias com ou variedade de tamanhos com


AREIAS

SP
cascalho, poucos ou nenhum alguns tamanhos intermediários
finos faltando
Finos não plásticos ou finos c/
Areias c/ finos

apreciável de

Areias siltosas, misturas areia- baixa plasticidade - (para


(quantidade

SM
silte procedimento identificação veja
finos)

ML abaixo)
Finos plásticos (para
Areias argilosas, misturas
SC procedimentos de identificação
areia-argila
veja CL abaixo)
Procedimento de identificação
para frações menores que a
peneira de tamanho 40
SILTES E ARGILAS

Tensão a seco
Limite líquido menor que 50

(característica

próxima a PL)
s de esmaga-

(consistência
(Reação a
Dilatância

agitação)
Mais da metade do material é menor que a peneira nº 200 (+)

Dureza
mento)

Siltes inorgânicas e areias


Nenhuma
muito finas, pó fino de pedra,
a Rápida a
ML areias finas siltosas ou argilo- nenhuma
bastante lenta
sas ou siltes argilosos com
baixa
plasticidade bastante baixa
Argilas inorgânicas de baixa a
média plasticidade, argilas Nenhuma
Média a
CL com cascalho, argilas areno- a muito Média
alta
sas, argilas siltosas, argilas lenta
Solos de granulometria fina

magras
Siltes orgânicos e argilas Bastante
Bastante
OL siltosas orgânicas de baixa baixa a Lenta
Limite líquido maior que 50

baixa
plasticidade média
Siltes inorgânicos, solos
Bastante Bastante
SILTES E ARGILAS

arenosos ou siltosos micá- Lenta a


MH baixa a baixa a
ceos ou diatomáceos finos, nenhuma
média média
siltes elásticos
Argilas inorgânicas de alta Alta a
CH Nenhuma Alta
plasticidade, argilas gordas muito alta
Argilas orgânicas de Nenhuma Bastante
Média a
OH plasticidade média a alta, a muito baixa a
alta
siltes orgânicos lenta média
Prontamente identificados pela
Turfa e outros solos altamente cor, odor, sensação esponjosa e
Solos altamente orgânicos Pt
orgânicos frequentemente pela textura
fibrosa
(+) O tamanho da peneira nº 200 é próximo da menor partícula visível a olho nú.
(++) Para classificação visual, o tamanho 1/4 pol. pode ser usado como equivalente ao tamanho da peneira nº 4.
FONTE: BRASIL (1981)
29

Depois de classificar o tipo de solo, identificar o símbolo do grupo que ele se


enquadra, e analisar as características de esvaziamento, consulta-se o quadro 1, de
inclinação dos taludes de barragens homogêneas sobre fundações estáveis, e obtém-
se a inclinação recomendada tanto do talude de montante como do talude de jusante.

QUADRO 1: Inclinação dos taludes de barragens homogêneas

Sujeitas a Símbolo do grupo do


Montante Jusante
esvaziamento rápido solo

GW, GP, SW, SP Não adequado (permeável)


GC, GM, SC, SM 2,5:1 2,0:1
NÃO
CL, ML 3,0:1 2,5:1
CH, MH 3,5:1 2,5:1
GW, GP, SW, SP Não adequado (permeável)
GC, GM, SC, SM 3,0:1 2,0:1
SIM
CL, ML 3,5:1 2,5:1
CH, MH 4,0:1 2,5:1
FONTE: CARVALHO (1983)

A figura 4 apresenta o perfil transversal de uma barragem, onde é possível


observar o grau de inclinação que será proporcionado aos taludes, bem como, cada
divisão que compõe a largura da base, apresentada no tópico seguinte.

FIGURA 4: Perfil transversal de uma barragem

FONTE: MATOS (2000)


30

3.5.12 Largura da base (b)

Pode-se calcular a largura da base, em metros, pela equação (MATOS, 2000):

b = c + (Zm + Zj) H (17)

Onde:
c = LC = largura da crista (m);
Zm = projeção horizontal no talude de montante;
Zj = projeção horizontal no talude de jusante;
H = altura da barragem (m).

A largura da base tem correlação com a linha de saturação dentro do maciço,


onde o ideal é que a linha alcance a fundação, atingindo uma condição de segurança
considerada ótima, no caso de posiciona-se anterior a mesma, deduz-se que a largura
calculada foi maior que a necessária, bem como, caso ultrapasse o talude de jusante,
deve-se aumentá-la, desse forma, é possível verificar se o valor encontrado satisfaz
as necessidades (MATOS, 2000).

3.5.13 Proteção do talude de montante: Rip-Rap


O talude de montante, em uma barragem de terra, deve ser protegido contra as
ações das intempéries das águas da chuva, bem como das pequenas ondulações das
águas do reservatório.
O tipo de proteção utilizada terá influência da disponibilidade de materiais
existentes na região, podendo distinguir-se os principais: Rip-Rap lançado; Rip-Rap
arrumado; Placas de concreto; Pedras rejuntadas; e, Asfalto (CARVALHO, 1983).
Em conformidade com Carvalho (1983) Rip-Rap lançado é descrito como
sendo:

O “Rip-rap” consistirá de uma camada dimensionada de blocos de pedra,


lançada sobre um filtro de uma ou mais camadas de modo que este atue
como zonas de transição granulométrica servindo como obstáculo à fuga dos
materiais mais finos de que é constituído o maciço.
A rocha a ser utilizada deve possuir dureza, o bastante para resistir a ação
dos fatores climáticos. Assim é que, são imprescindíveis ensaios prévios em
laboratórios, de modo a assegurar à mesma qualidade aceitável.
31

O dimensionamento dos blocos de pedras se fará de modo que seu peso seja
compatível com a energia oferecida pelas ondas da represa.
A espessura da camada de blocos de pedras que se constituirá o “Rip-Rap”
é função do “Fetch”, maior comprimento tomado, de um ponto qualquer na
barragem, medido sobre o espelho d’água formado pela represa, já utilizado
no cálculo da folga.

O U.S. Bureau of Reclamation apud Carvalho (1983) adota para pequenas


barragens com taludes em torno de 3:1, com Rip-Rap constituído de pedras
angulosas, os valores do quadro 2. Vale lembrar que, no caso de taludes com
inclinação de 2:1, recomenda-se o aumento de 15 cm nas espessuras, com exceção
do último valor.

QUADRO 2: Espessura da rocha baseada no fetch

PORCENTAGEM DOS BLOCOS EM PESO


FETCH ESPESSURA (ton) (103 Kgf)
(km) (m) Dmáx D25 D45 a 75 D25
(m) (m) (m)
1,5 0,45 0,50 0,15 0,05 - 0,15 0,05
3,0 a 4,0 0,60 0,75 0,30 0,15 - 0,30 0,15
8,0 a 10,0 0,75 1,25 0,50 0,25 - 0,50 0,25
15,00 0,90 2,5 1,00 0,50 - 1,00 0,50
FONTE: CARVALHO (1983)

Em que, Dn = diâmetro do bloco correspondente a n% na distribuição


granulométrica da pedra utilizada.
Outra forma de dimensionar o Rip-Rap é através da altura das ondas como
preconiza U.S. Army Corps apud Carvalho (1983), utilizando os valores do quadro 3:

QUADRO 3: Espessura da rocha baseada na altura da onda


ALTURA DA ESPESSURA MÁXIMA
D50 MÍNIMO
ONDA DO "RIP-RAP"
(m) (m) (m)
0 - 0,30 0,30 0,20
0,30 - 0,60 0,40 0,25
0,60 - 1,20 0,45 0,30
1,20 - 1,80 0,55 0,40
1,80 - 2,40 0,70 0,45
2,40 - 3,00 0,80 0,55
FONTE: CARVALHO (1983)
32

Em que, D50 = diâmetro representativo de 50% do bloco de pedra a ser utilizado


no enrocamento.
Sabendo-se a altura da onda, obtém-se uma espessura e o diâmetro mínimo.
Já no Rip-Rap arrumado, como o próprio nome diz, as pedras são arrumadas,
a camada de blocos é bem definida, preenchendo-se os vazios com pedras menores.
O dimensionamento da espessura das pedras é feito igualmente a do Rip-Rap
lançado, em alguns casos, pode-se reduzir em até 50% a dimensão encontrada,
entretanto, há divergências sobre a questão (CARVALHO, 1983).
O mais recomendado e utilizado é o Rip-Rap lançado, o Rip-Rap arrumado
também é usado, porém, com menos frequência. Já as placas de concreto, as pedras
rejuntadas e o asfalto, tem caído no desuso, devido a necessidade de uma constante
manutenção, isso decorre da baixa elasticidade do material que não acompanha os
recalques diferenciais que soem ocorrer no maciço.

3.5.14 Proteções do talude de jusante


Para proteger o talude de jusante, normalmente, utiliza-se grama plantada por
hidro-semeadura ou em placas, com a finalidade de salvaguardar contra os efeitos
erosivos de enxurradas, e constrói-se um sistema drenante, como é possível observar
na figura 5 (CARVALHO, 1983):

FIGURA 5: Especificação da proteção do talude de jusante

FONTE: CARVALHO (1983)


33

Sobre o sistema drenante, Carvalho (1983) ensina que é “constituído por calhas
coletoras que descarregam em bermas, que por sua vez desaguam em novas calhas
e assim por diante, até o dreno de pé, daí, sendo as águas encaminhadas para o
antigo leito do rio”.
Para pequenas barragens, costuma-se dar um espaçamento de 30 m para o
primeiro lance das canaletas, 20 m para os demais lances. As calhas são situadas a
cada diferença de cota igual a 10 m, como já exposto na figura 5 (CARVALHO, 1983).
Com auxílio do projeto eletrônico, utilizando um software adequado, é possível
extrair os quantitativos de gramas e calhas coletoras.

3.5.15 Proteção do coroamento


Deve ser realizada com a construção de dois meio-fios, um sistema drenante e
a proteção da pista, como é possível verificar na figura 6:

FIGURA 6: Especificação da proteção do coroamento

FONTE: CARVALHO (1983)

O sistema drenante deve permitir o escoamento das águas da chuva de


maneira segura, objetivando-se evitar erosões e empoçamento das águas. Já a
proteção da pista vai variar conforme o tráfego a que se destina, não havendo
circulação de automóvel, pode-se cobrir com plantação de grama, entretanto,
ocorrendo trânsito de veículos, faz-se necessário a construção de um pavimento.
34

3.5.16 Extravasador
Tem a finalidade de eliminar o excesso de água que chega na barragem,
oriundas tanto de vazão normal como de enchentes. Também é denominado de
sangradouro, vertedouro, vertedor, descarregador de superfície. Pode ocorrer de três
formas: por canal lateral, sobre o corpo da barragem e, por dispositivos especiais
(MATOS, 2000).
No caso de extravasamento em canal lateral por declividade, o vertedouro é
dimensionado como um canal qualquer, podendo-se usar equações como a de
Manning para o seu dimensionamento:

Qmáx
Ls = (18)
1,77 x He x √He

Onde:
Ls = largura do canal (m);
Qmáx = vazão máxima secular (m³/s);
He = altura máxima da lâmina de sangria.

3.5.17 Descarga de fundo


Para eliminação dos depósitos do fundo e, ou, esvaziamento do reservatório,
além de aliviar, quando necessário, a barragem por ocasião de cheias, usa-se o
desarenador, cujas dimensões vão depender do tempo que deseja gastar no
esvaziamento ou na eliminação do material depositado no fundo (MATOS, 2000).
Para calcular o diâmetro do conduto de descarga, pode-se utilizar a equação
de Hazen-Willians:

10,641×𝑄1,85 1/4,87
𝐷=[ ] (19)
𝐶 1,85×𝐽

sendo, J = Hn/2b (20)

Onde:
D = diâmetro do desarenador (m);
Q = vazão escoada (m³/s);
35

C = coeficiente de Hazen-Willians (tabela 4);


J = perda de carga unitária (m.m-1);
Hn = altura da lâmina acima do desarenador.
b = base da barragem.

A tabela 4 apresenta os coeficientes de Hazen-Wilians, indispensáveis para o


cálculo da descarga de fundo e tomada d’água.

TABELA 4: Coeficientes de Hazen-Willians


Coeficientes de Hazen-Willians
Material Valor
Cimento-amianto 140
Concreto (bom acabamento) 130
Concreto (acabamento comum) 120
Ferro fundido novo 130
Ferro fundido usado 90
Manilhas 110
Tijolos com bom acabamento 100
Plástico 140
FONTE: MATOS (2000)

3.5.18 Tomada d’àgua


De acordo com Matos (2000), “para captação da água do reservatório, uma
instalação hidráulica deverá ser projetada, de forma a propiciar o aproveitamento da
água armazenada”. O diâmetro da tubulação de tomada de água pode ser calculado
pela seguinte equação:

10,641×𝑄1,85 1/4,87
𝐷=[ ] (21)
𝐶 1,85 ×𝐻𝑙/𝐿

Onde:
D = diâmetro da tomada d’água (m);
Q = vazão de demanda (m3/s);
C = coeficiente de Hazen-Willians (tabela 4);
Hl = diferença de altura entre as cotas do nível d’água no reservatório e do local
de saída de água da tubulação (m);
L = comprimento da tubulação de condução da água (m).
36

3.5.19 Tapete drenante ou Filtro horizontal


De acordo com Carvalho (1984) “a construção de tapetes filtrantes no interior
dos maciços de terra, tem como objetivo principal o rebaixamento da linha freática e
consequente redução do peso da parte de jusante do maciço, melhorando-se sua
estabilidade”, como pode-se verificar na figura 7.

FIGURA 7: Rebaixamento da linha freática

FONTE: CARVALHO (1983)

O projeto de um filtro deve ter como base fundamental a granulometria do


material a ser empregado, de modo que a água que surge a jusante do filtro se
apresenta límpida e isenta de material sólido, evitando assim a formação de erosão
regressiva, também conhecida como piping (CARVALHO, 1984).

a) linha freática
Segundo Carvalho (1983) “chama-se de linha freática à linha que, na seção
transversal da barragem, limita a área em que há um escoamento constante d’água
através do maciço”. E seu cálculo é feito por meio das equações abaixo:

Y0 = √H² + d² – d (22)

Onde:
H = altura da barragem;
d = LC = largura da crista.
37

𝒀𝒐 𝜶
𝐚=( ) × (𝟎, 𝟓 + 𝟑𝟔𝟎° ) (23)
𝟏−𝒄𝒐𝒔(𝜶)

Onde:
∝ = ângulo do talude de jusante.

O objetivo de se obter a linha freática é para calcular a vazão de infiltração no


talude de jusante.

b) vazão de infiltração

Q = K x a x [sen (∝)]2 (24)

sendo, K = √Kv . Kh (25)

Onde:
Q = vazão de infiltração (m³/s/m);
KV = permeabilidade vertical do solo da barragem (m/s);
Kh = permeabilidade horizontal do solo da barragem (m/s);
a = linha freática;
∝ = ângulo do talude de jusante.

c) altura capilar
A exata previsão da ascensão capilar ocorrida num solo é muito complexa,
notadamente nos solos coesivos face à variação estrutural que ocorre, ainda que nos
de mesma origem, logo, com a finalidade de facilitar o cálculo, Bowles indicou a
determinação do diâmetro médio do tubo capilar, que insere na fórmula da altura
capilar (CARVALHO, 1984):

0,297
ℎ𝑐 = (26)
𝑑

1
sendo, d = D10 (27)
5
38

Onde:
d = diâmetro médio do tubo capilar (mm);
hc = altura capilar (mm);
D10 = diâmetro correspondente a 10% do material que passa no ensaio de
granulometria do material da base (mm).

d) comprimento tapete drenante


O comprimento do filtro tem por finalidade precípua, o rebaixamento da linha
freática, de modo que a linha freática, aliada a ascensão capilar não atinja a face de
jusante do maciço, logo a equação desenvolvida para este cálculo segue abaixo
(CARVALHO, 1984):

𝟏 𝒉𝒄 𝒉𝒄 𝟐 𝒉² 𝟏 𝒉²
𝑳𝒕 = × [𝒃 + − √(𝒃 − ) − 𝒌²] + 𝟒 × ( ) (28)
𝟐 𝒌 𝒌 𝟏 𝒉𝒄 𝒉𝒄 𝒉²
[𝒃− {{𝒃+ −√(𝒃− )²− }]
𝟐 𝒌 𝒌 𝒌²

Onde:
Lt = comprimento do tapete filtrante (m);
b = largura do talude de jusante mais o coroamento (m);
k = vertical/horizontal - relação de inclinação do talude de montante;
hc = altura capilar (m);
h = altura máxima da lâmina de água (m).

e) espessura do tapete drenante


De acordo com Carvalho (1984) “a espessura deve ser dimensionada de modo
a dar vazão à descarga freática nas condições mais críticas. Seja na seção máxima,
ou naquela em que, por razões topográficas, vier coletar maior volume d’água”.
Um tapete filtrante, na parte de jusante do maciço de uma barragem de terra,
tem sua delimitação pelas letras ACDF, e apresenta seus elementos representados
conforme figura 8:
39

FIGURA 8: Elementos da espessura do tapete drenante

FONTE: CARVALHO (1984)

Sabendo que Q é uma descarga freática afluente à AB; l é o comprimento total


do filtro; l’ é o comprimento do filtro que descarregará a descarga Q b; h é o tirante
d’água de jusante (valor desconsiderado no cálculo por ser nulo ou muito pequeno); e
é a espessura do filtro capaz de dar a vazão necessária (CARVALHO, 1984).
A partir da Lei de Darcy, e adotando, por medida de segurança, a espessura
do tapete igual a duas vezes a calculada, pode-se encontrar a fórmula abaixo para
determinar a espessura:

2 𝑙 𝑄𝑏
e=2√ (29)
𝑘𝑓

Onde:
e = espessura do filtro (m);
l = comprimento do filtro (m);
Qb = vazão de descarga freática (m³/s/m);
Kf = coeficiente de permeabilidade do material do filtro (m/s).

3.5.20 Enrocamento-de-pé
Rock-fill, como conhecido, constitui-se de um dreno de pé, com a finalidade de
baixar a linha freática, e, consequentemente, evitar a saturação da face de jusante da
barragem (CARVALHO, 1984).
40

De acordo com Carvalho (1984) “para pequenas barragens, um bom “rock-fill”


deverá atingir a 30% da altura máxima da barragem. O DNOCS adota como norma
tomar a altura do “rock-fill” igual a 1/3 hmax, com base em indicações do U.S. Bureau
of Reclamation.” Portanto, pode ser calculado pela seguinte equação:

H
Rf = (30)
3

Onde:
H = altura da barragem (m).
41

4 METODOLOGIA

4.1 Caracterização da pesquisa


O trabalho foi realizado, inicialmente, através de uma pesquisa bibliográfica,
cuja classificação da natureza da vertente metodológica é a qualitativa, pois,
desenvolver-se-á a partir de uma série de leituras sobre o assunto, para assim
elaborar a parte conceitual e o embasamento do tema proposto. Em seguida,
desenvolveu-se um memorial de cálculo da barragem em estudo, para comparar com
os dados do projeto.
O método de abordagem utilizado foi o dedutivo, pois parte de questões mais
gerais, como, por exemplo, dimensionamento de uma barragem de terra homogênea,
para depois adentrar-se em considerações mais específicas, análise comparativa dos
dados de projeto com os dados obtidos com o cálculo.

4.2 Campo da pesquisa


A pesquisa foi realizada utilizando os projetos da Barragem Conceição, uma
barragem de terra homogênea, que será construída no município de Mamanguape,
localizado na Mesorregião da Zona da Mata Paraibana, mais precisamente na
Microrregião do Litoral Norte, que desde o ano de 2003 faz parte da Região
Metropolitana de João Pessoa.
O município é considerado uma cidade histórica devido à sua importância na
colonização da capitania da Paraíba, marcada pela exploração do Pau-Brasil e, anos
depois, pelo plantio da cana-de-açúcar em seu vasto território. Conta com uma
população de 45.005 habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) referente a estipulação para o ano de 2017 (IBGE, 2018).
A região da bacia hidrográfica da barragem é caracterizada por apresentar um
relevo predominantemente plano, com áreas de tabuleiros e vales em forma de ‘U’,
ocupadas por lavouras de cana de açúcar, e, a rede de drenagem é perene, com
ocorrências de ausência de água de superfície nos meses mais secos (GUEDES,
2017).
A figura 9, apresenta o mapa do Brasil, evidenciando e reproduzindo o mapa
Paraíba, e, por conseguinte, demarcando a localização do município de Mamanguape
e ressaltando em forma de imagem a localização da área que será construída a
barragem, com a marcação do eixo do barramento, na estaca zero (0), onde tem as
42

seguintes coordenadas: N 247.585,02 e E 259.152,87, com o alinhamento na direção


leste oeste.

FIGURA 9: Localização da barragem

FONTE: elaborado pelo autor (2018)

4.3 Instrumento para coleta de dados


A pesquisa bibliográfica foi realizada através de uma revisão literária,
consultando as referências relevantes sobre o tema, já a pesquisa de campo, foi
desenvolvida através da análise dos projetos existentes que foram disponibilizados
pelo engenheiro responsável da obra.

4.4 Análise dos dados


Realizou-se uma análise técnica comparativa dos cálculos desenvolvidos com
os dados do projeto da barragem, demonstrando as alterações existentes com base
na literatura vigente sobre o assunto.
43

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nesse tópico será apresentado os valores que constam nos projetos da
Barragem Conceição e os valores desenvolvidos, tal dados serão expostos através
do quadro 4, que servirá de base para análise técnica comparativa que realizar-se-á:

QUADRO 4: Quadro comparativo de valores

PARÂMETRO: VALOR DE PROJETO: VALOR CALCULADO:


Vazão máxima de projeto 16,78 m³/s 9,28 m³/s
Vazão de demanda 260 l/s 55,56 l/s
Área da bacia hidráulica 83.631,26 m² 83.474,0 m²
Altura total da barragem 14,0 m 14,0 m
Revanche 2,0 m 2,0 m
4 m (proj. de engenharia)
Largura da crista 5,0 m
5 m (memorial descritivo)
Inclinação do talude de montante 3 : 1 3:1
Inclinação do talude de jusante 2,5 : 1 2,5 : 1
Largura da base 92 m (proj. de engenharia) 82 m
Proteções: ― ―

0,35 m espessura - 0,45 m espessura -


Rip-Rap todo talude de todo talude de
montante montante

Calha de drenagem Valor não informado 300 m


Grama Valor não informado 3.845 m²
Paralelepípedo Valor não informado 373 m
Cascalhinho Valor não informado 85,8 m³
Vertedouro 10,0 m 5,5 m
Tomada d’água 250 mm 150 mm
FONTE: elaborado pelo autor (2018)
44

 Vertedouro ou Sangradouro
O primeiro parâmetro apresentado foi a vazão máxima de projeto, que
corresponde a cheia máxima provável que pode ocorrer na região. Para esse cálculo
leva-se em consideração as características hidrográficas do local que deseja-se
construir o barramento, sendo elas a área da bacia hidrográfica, o comprimento do
talvegue principal e os aspectos da bacia através dos coeficientes hidrométricos
desenvolvidos por Ryves.
A bacia em estudo é do tipo 4, caracterizada como ligeiramente acidentada, e
seus coeficientes hidrométricos são U = 0,80, K = 0,278 e C = 1,05, conforme a tabela
1, de Ryves, já exposta anteriormente. Essas grandezas foram consideradas tanto
para o memorial descritivo da barragem como para os cálculos desenvolvidos para
realizar a análise técnica.
Na determinação da vazão, ambos os cálculos utilizaram o mesmo método, a
equação 7 supramencionada, contudo, a área da bacia hidrográfica e o comprimento
do talvegue foram diferentes.
Para efetuar os cálculos da barragem extraiu-se os quantitativos do projeto de
levantamento topográfico planialtimétrico obtendo uma área da bacia hidrográfica
igual a 1,22 km2 e um comprimento de 1,5 km do talvegue principal, alcançando uma
vazão de 9,28 m3/s, como exposto a seguir:

1.150 A
Q= = 9,28 m³/s (31)
(√LC)x (120+(KLC))

Onde:
A = área da bacia hidrográfica = 1,22 km²;
L = comprimento do talvegue principal = 1,5 km;
C = fator de variação da velocidade média do escoamento superficial = 1,05;
K = coeficiente em função da ordem dos rios que existem na bacia = 0,278.

No memorial, considerou-se uma área de 5,9 km2 e um comprimento de 4,0


km, demonstrando como resultado o valor de 16,78 m3/s, como reproduzido abaixo:

1.150 A
Q= = 16,78 m³/s (32)
(√LC)x (120+(KLC))
45

Onde, mencionar ter empregado os parâmetros abaixo:


A = área da bacia hidrográfica = 5,90 km²;
L = comprimento do talvegue principal = 4,0 km;
C = fator de variação da velocidade média do escoamento superficial = 1,05;
K = coeficiente em função da ordem dos rios que existem na bacia = 0,278.

Contudo, faz-se necessário algumas observações. Primeiro, ao substituir os


valores supracitados na fórmula indicada, chega-se a vazão de 27,32 m3/s, divergente
da apontada. E, vale salientar também que, no resumo geral da barragem, na parte
das características gerais, está descrita a área da bacia hidrográfica sendo de 1,22
km2, e não 5,9 km2 como foi utilizado, bem como, para dimensionar a folga do
barramento, empregou-se um fetch de 2,0 km, havendo uma incompatibilização do
próprio memorial descritivo.
Comparando a vazão de 9,28 m³/s calculada com a de 16,78 m3/s apresentada
no memorial descritivo, observa-se uma majoração de 81% em relação a cheia
máxima estimada, tendo em vista que a calculada, utilizando os parâmetros extraídos
dos projetos fornecidos, caracterizar apenas 55,3% da vazão adotada em projeto,
configurando uma estipulação superior a necessária.
Logo, é de extrema relevância apontar a importância de obter corretamente a
vazão máxima de projeto, valor este que está relacionado diretamente com o
dimensionamento do sangradouro, dispositivo que objetiva-se a eliminar o excesso de
água que chega na barragem, provenientes tanto da vazão normal como de
enchentes.
Consequentemente, o cálculo equivocado do vertedouro, quando estimado a
menor, pode comprometer a segurança do barramento, podendo vir a verter por cima
do maciço, e, quando mensurado a mais, venha majorar os gastos da obra,
comprometendo sua fiel execução, tendo em vista que é uma construção de grande
porte financeiro.
Como é possível prever, houve divergência no dimensionamento do
sangradouro. Nos cálculos elaborados utilizando a equação 18 supracitada, de
Manning, obteve-se uma largura de 5,24 m, arredondando-se para 5,5 m
considerando a realidade de execução in loco, como apresentado a seguir:
46

Qmáx
Ls = = 5,24 m ≅ 5,5 m (33)
1,77 x He x √He

Onde:
Qmáx = vazão máxima secular = 9,28 m³/s;
He = altura máxima da lâmina de sangria = 1,0 m.

Já o memorial descritivo da barragem designa como dimensão do vertedouro a


grandeza de 10 m, a partir dos cálculos transcritos abaixo:

Qs
L= = 10 m (34)
mH x √2gH

Onde:
QS = descarga máxima de enchente = 16,78 m³/s;
m = coeficiente = 0,385;
H = lâmina de sangria = 1,0 m;
g = aceleração da gravidade = 9,81 m/s².

Portanto, pode-se concluir que a discordância do cálculo da vazão acarretou


um dimensionamento muito discrepante do extravasor, uma diferença de 4,5 m no
elemento em estudo, que corresponde a um superdimensionamento de 81,8%,
acarretando um aumento inoportuno no custo da obra, tendo em vista que seria
utilizado quase o dobro de volume de concreto necessário para execução de um
sangradouro que satisfaça o escoamento máximo esperado.

 Tomada d’água
A vazão de demanda, um dos parâmetros para o cálculo da tomada d’água,
trata-se da quantidade de água que será necessária extrair do reservatório para
empregar na finalidade projetada, que no caso da barragem em estudo é, como alvo
principal, o armazenamento de água para irrigação, mais especificamente da cana-
de-açúcar, logo, calcula-se a vazão levando-se em consideração o tipo de aguagem
que deseja-se aplicar e a área que pretende-se beneficiar.
47

Para os cálculos, utilizou-se os dados fornecidos pelo engenheiro agrônomo


responsável da obra, onde objetiva-se irrigar 160 hectares de terra com a utilização
de aguagem por aspersão, verificando uma vazão de 55,56 l/s, conforme apuração a
seguir:

VAA = Xmm.dia-1 x Yha = 0,05556 m³/s = 55,56 l/s (35)

Onde:
X = parâmetro de irrigação = aspersão de 3 mm.dia-1;
Y = área a beneficiar = 160 ha.

No memorial descritivo, no resumo geral das características da tomada d’água,


apontam uma vazão de demanda de 350 l/s, o mesmo documento, na parte do
dimensionamento do dispositivo mencionado, quantifica a vazão como sendo de 260
l/s, em ambos os casos sem apontar os critérios que foram designados para alcançar
tais grandezas, entretanto, deixando bem nítida a própria divergência de valores.
Como a vazão empregada na apuração do diâmetro foi de 260 l/s, a análise
comparativa realizar-se-á tendo esse valor como parâmetro, que já é bem superior a
encontrada, de 55,56 l/s, representando apenas 21,37% da utilizada no projeto, ou
seja, os 260 l/s comparado aos 55,56 l/s, significa um aumento de 367,96% em relação
a este.
Portanto, se faz necessário ratificar a ligação da vazão de demanda com o
dimensionamento do diâmetro da tomada d’água, uma instalação hidráulica que se
destina a captar a água do reservatório para realizar seu aproveitamento, onde, para
seu dimensionamento, leva-se em consideração a vazão de demanda, o coeficiente
de Hazen-Willians, o comprimento que será necessário para a tubulação e a altura da
diferença de cota solicitada.
Para o cálculo, utilizando os parâmetros obtidos, alcançou-se o resultado de
136,8 mm, contudo, adotou-se como diâmetro o valor de 150 mm, por ser a dimensão
de diâmetro comercializada no mercado, como exposto a seguir:
:
10,641×𝑄1,85 1/4,87
𝐷=[ ] = 0,136804 m = 136,8 mm = 150 mm (36)
𝐶 1,85 ×𝐻𝑙/𝐿
48

Onde:
Q = vazão de demanda = 0,05556 m3/s;
C = coeficiente de Hazen-Willians = 120;
Hl = diferença de altura entre as cotas do nível d’água no reservatório e do local
de saída de água da tubulação = 10 m;
L = comprimento da tubulação de condução da água = 86 m.

O memorial descritivo adota uma vazão de demanda de 260 l/s e estabelece


um diâmetro de 250 mm para a tubulação da tomada d’água, sem mencionar como
obteve tal valor, apenas informando que é a medida necessária para atender a
demanda total do riacho.
Entretanto, vale salientar que os cálculos elaborados foram fiéis aos
quantitativos dos critérios cedidos pelos responsáveis, ratificando o valor obtido. Ao
realizar a análise comparativa, pode-se verificar que a grandeza de 250 mm
representa um superdimensionamento na ordem de 67% em relação os 150 mm
calculado, acarretando custos desnecessários.

 Área da bacia hidráulica


É a área da bacia que se formará a partir da construção do barramento, leva-
se em consideração o relevo existente e a cota que pretende-se instalar a obra. Como
as cotas consideradas foram idênticas, os valores foram próximos, devendo ter
divergidos com relação ao ponto que considerou-se o limite para realizar a extração
do quantitativo no software, apresentando uma alteração de apenas 157,26 m2,
contudo, a diferença é tão pequena em relação ao montante de mais de 83 mil metros
quadrados que torna-se insignificante a nível de cálculo.

 Altura total da barragem


Esse parâmetro consiste na altura final atingida para construção da obra, é a
cota em que será assentado o coroamento. Para encontrar esse valor observa-se a
altura da lâmina de água represada, bem como, a altura máxima da lâmina de água
que atravessa o extravasor e a folga.
Em ambos os cálculos foi considerada a altura normal na cota 63, e uma
revanche que 2 metros, atingindo como altura total do barramento a medida de 14
metros, como pode-se observar a seguir:
49

H = Hn + He + f = 14m (37)

Onde:
Hn = 12m;
He = 1m;
f = 1m.

 Largura do coroamento
A largura do coroamento trata-se do tamanho do topo da barragem, para seu
dimensionamento tem-se como parâmetro a altura total do barramento, valor esse que
foi idêntico tanto no memorial descritivo como nos cálculos realizados para análise
técnica comparativa.
Na determinação da largura da crista, ambos os cálculos consideraram o
mesmo método, a equação 15 supracitada, como exposto a seguir:

LC = 1,1√H+ 1,0 = 5,11 m ≅ 5,0 m (38)

Onde:
H = 14m.

Logo, tanto o memorial descritivo como os cálculos elaborados, embasados na


doutrina, adotaram uma largura de 5,0 m, entretanto, o projeto de engenharia da
barragem apresenta uma cota de 4,0 m para o coroamento, indo em desencontro com
o que foi deliberado, sendo uma redução de 20% do que foi estimado.
Por conseguinte, faz se necessário mencionar que a dimensão do topo da
barragem tem ligação direta com estabilidade da obra, devendo ser suficiente para
fazer com que a linha freática se mantenha no interior do maciço quando o reservatório
se encontrar cheio, evitando possíveis infiltrações, bem como, tem que ser suficiente
para resistir aos choques decorrentes do embate das ondas. Além de influenciar na
altura da barragem e no tipo de trânsito a que se destina.
Vale ressaltar que a barragem em estudo atravessa um engenho, também
produtor de cana-de-açúcar, logo, terá trânsito de treminhões para transportar o
50

insumo, e esse tipo de veículo costuma oscilar de um eixo para outro, sendo
recomendado uma folga na via para evitar possíveis acidentes.
E outra questão relevante para se analisar sobre esse tópico é que o memorial
descritivo está conforme os cálculos e a doutrina, o que divergiu foi a largura
encontrada no projeto executivo, documento este utilizado por quem executa a
construção, onde raramente consulta-se os cálculos por acreditar está conforme o
memorial descritivo, tendo em vista que este deveria ser uma extensão do outro. No
mínimo, pode-se mencionar que não houve compatibilização do memorial com o
projeto de engenharia da barragem.

 Inclinação dos taludes de montante e jusante


Para determinar a inclinação, que indica quantas vezes a projeção horizontal
do talude é maior que a projeção vertical, utiliza-se como critério o tipo de solo que
será empregado para a construção do maciço.
Os solos foram classificados como sendo do tipo CL, solos de granulometria
fina, categorizados com argila, e essa informação foi manuseada tanto para alcançar
os valores do memorial descritivo como para os cálculos elaborados, logo, obteve-se
o mesmo resultado, inclinação do talude de montante igual a 3:1 e do talude de jusante
igual a 2,5:1, como é possível verificar no quadro 4 comparativo acima.

 Largura da base
Para se estimar a base de uma barragem, emprega-se como parâmetros a
largura do coroamento, a altura do barramento e as projeções dos taludes. Tais
critérios foram aplicados na equação 17 supracitada, onde obteve-se uma largura da
base na ordem de 82 m, conforme demonstração a seguir:

b = c + (Zm + Zj) H = 82 m (39)

Onde:
c = LC = 5 m;
Zm = 3;
Zj = 2,5;
H = 14 m.
51

O memorial descritivo não expressa nenhuma menção sobre esse tópico, nem
no detalhamento dos cálculos nem em seu quadro de resumo geral, logo, buscou-se
essa informação no projeto executivo para realizar tal comparação, onde foi possível
extrair uma largura de 92 m da base, 10 m a mais do que o cálculo proposto,
representando um acréscimo de 12% na dimensão necessária.
Apesar de não saber como tal valor foi obtido, o que causa uma indagação é
que o memorial descritivo apresenta os mesmos quantitativos nos critérios que foram
utilizados nos cálculos elaborados, um coroamento de 5 m (a divergência do valor é
no projeto executivo), inclinações de taludes idênticas tanto de montante, 3:1, como
de jusante, 2,5:1, e uma altura do barramento de 14 m, que com a simples substituição
na fórmula mencionada iria alcançar a largura de 82 m, como foi apresentado.
Por conseguinte, vale ressaltar que o superdimensionamento da largura da
base acarreta gastos consideráveis no custo total da obra, tendo em vista que o
volume de aterro do maciço movimenta um aporte relevante das despesas na parte
de terraplanagem, bem como, influencia no comprimento das obras acessórias:
sangradouro, descarga de fundo e tomada d’água, encarecendo ainda mais os custos.
Na questão da descarga de fundo a influência é maior, tanto no cálculo do
diâmetro, que a largura da base é utilizada como parâmetro para o cálculo, como no
comprimento, tendo em vista que o dispositivo atravessa todo o maciço para eliminar
a água a jusante do barramento.

 Proteções
A barragem de terra é uma obra que requer atenção nesse tópico de proteções,
onde se faz necessário proteger seu maciço contra as intempéries das águas da
chuva, das pequenas ondulações das águas do reservatório, bem como, do tipo de
tráfego a que si destinará.
O primeiro critério para determinar os tipos de proteções é averiguar a
disponibilidade de materiais próximos, pois, a distância das jazidas vão definir a
viabilidade do que pretende-se empregar.
A proteção do talude de montante dá-se, normalmente, por Rip-Rap, que foi o
tipo de proteção adotada tanto pelos cálculos elaborados como pelo memorial
descritivo. O Rip-Rap consiste de uma camada dimensionada de blocos de pedra,
servindo de obstáculo à fuga dos materiais mais finos da composição do maciço.
52

Existem várias formas de calcular o Rip-Rap, para efetuar os cálculos utilizou-


se como parâmetro o fetch em um método e a altura da onda por outro, ambos
apontaram como resultado a espessura de 0,45 m.
Já o memorial descritivo, inicialmente, prevê um enrocamento de pedras
jogadas com espessura média de 0,45 m, entretanto, conclui o tópico da proteção do
talude de montante adotando uma espessura de 0,35m.
Por se tratar de uma barragem pequena, sem ondulações consideráveis,
acredita-se que a diferença de espessura calculada com a adotada não acarrete
prejuízo a nível de segurança, ratificando apenas que os cálculos elaborados teve seu
respaldo na doutrina vigente, buscando o melhor garantia possível para o maciço.
Outra proteção necessária é a do talude de jusante, que sofre as intempéries
da chuva, sendo indispensável a cobertura do maciço, podendo ser executada através
de brita corrida ou plantação de grama, nesse último caso faz-se essencial a criação
de um sistema drenante constituído por calhas coletoras que descarregam no dreno
de pé.
Optou-se pela plantação de grama e a implantação de um sistema drenante,
onde, com o auxílio dos software AutoCad e Revit, foi possível precisar um montante
de 3.845,0 m2 de grama e 300 m de calhas coletoras para a proteção do talude de
jusante.
O memorial descritivo menciona que o talude de jusante deve ser protegido
com gramíneas e canaletas para escoamento das águas, conforme foi adotado nos
cálculos propostos, entretanto, não especifica quantitativos, valores que são
relevantes para a real composição de custo do barramento.
No caso da proteção do coroamento, definiu-se a construção do meio fio com
abertura para saídas d’água pluviais, e o uso do material denominado cascalhinho
para cobrir sua extensão, pela ciência de jazidas próximas, bem como, por não ter
grande fluxo de veículo sobre a barragem.
Com ajuda dos software AutoCad e Revit, extraiu-se do projeto a quantidade
de 85,8 m3 de cascalhinho para cobrir a dimensão do coroamento (considerando uma
camada de 0,10 m) e 373 m de paralelepípedo para executar o meio fio.
O memorial descrimina que deve haver uma camada de 0,10 m de piçarra sobre
o coroamento, bem como, deve-se construir um meio fio em toda a extensão,
entretanto, novamente, não aponta os quantitativos necessários para tal proteção, e,
53

como dito anteriormente, valores que são indispensáveis para a composição de custo
da obra.
A figura 10 apresenta o detalhamento da proteção do talude de jusante e do
coroamento, especificação necessária para os gestores que irão administrar a
construção da obra.

FIGURA 10: Detalhamento da proteção do talude de jusante e do coroamento

FONTE: elaborado pelo autor (2018)

Por fim, apresenta-se, na figura 11, a barragem redimensionada com base nos
cálculos propostos elaborados:

FIGURA 11: Redimensionamento da barragem em estudo

FONTE: elaborado pelo autor (2018)


54

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa objetiva-se constituir diretrizes para o dimensionamento de uma
barragem de terra homogênea, tendo em vista a escassez da literatura sobre tal
assunto, que contemple de maneira sequencial e completa os procedimentos
necessários a serem considerados para obter êxito no cálculo de um barramento que
atenda aos critérios de segurança e custo benefício.
Inicialmente, explanou-se sobre a importância da água para manutenção da
vida humana, de forma direta e indireta, mostrando que é um bem finito e cada dia
mais escasso, evidenciando que, desde os primórdios, o homem busca aproveitar da
melhor forma possível o líquido precioso, seja habitando próximo as fontes existentes,
seja construindo reservatórios para acumulá-la.
A partir daí, apresentou-se conceitos de barragem, suas classificações, os
critérios de escolha que devem ser considerados para determinar o tipo a ser adotada,
e os elementos constituintes do barramento, que são informações relevantes para o
dimensionamento que expôs-se a seguir.
Buscou-se dissertar de maneira sucinta e objetiva os cálculos necessários para
estimar uma barragem de terra homogênea, e destarte, contribuir com o meio
acadêmico na elaboração de instruções a serem seguidas para obter as dimensões
do barramento.
Como as diretrizes descritas, refez-se os cálculos da Barragem Conceição, e,
procedeu-se uma análise técnica dos projetos que foram cedidos pelos responsáveis,
onde foi possível observar algumas lacunas.
O projeto da barragem foi elaborado sem a execução dos ensaios geotécnicos,
acredita-se que utilizaram como base algumas barragens que já foram executadas
nas redondezas, entretanto, vale ressaltar a importância desses ensaios em um
momento preliminar ao projeto, tratando de forma particular cada terreno e não
generalizando a região, podendo vir a comprometer a segurança e/ou o custo da obra,
devido a características inesperadas que distanciam-se ao que já foi ensaiado em
localidades próximas.
É de grande relevância a conscientização da individualidade de cada projeto,
respeitando suas particularidades, visando dimensionar de modo a minimizar os
gastos da construção e atendendo a segurança, sem minorá-la, nem
superdimensionar por ausência de estudos preliminares indispensáveis que
proporcionam melhor custo benefício, como também, não projetar de maneira
55

repetitiva, e de certo modo até negligente, apenas por ser uma barragem particular,
que muitas vezes não são nem computadas como existentes.
Nos resultados e discussões, verificou-se a incompatibilização dos projetos de
engenharia da barragem com seu próprio memorial descritivo, onde o projeto
executivo tinha medidas divergentes das que foram calculadas no memorial, e, como
dito, os gestores tomam como parâmetro as plantas no momento da construção da
obra, remetendo-se ao documento escrito apenas em caso de dúvidas.
Como também, observou-se um superdimensionamento de alguns elementos
da barragem, como, por exemplo, o sangradouro, a tomada d’água, a largura da base,
que acarreta uma elevação desnecessária no gasto final da obra, bem como, ausência
de quantitativos dos materiais das proteções do maciço, que são relevantes para a
composição dos custos finais do barramento.
Por fim, o trabalho finaliza atendendo aos objetivos a que se propôs, tanto geral
como específicos, apresentando diretrizes capazes de dimensionar uma barragem de
terra homogênea e expondo os cálculos que permitiram o redimensionamento da
barragem em estudo, embasado na doutrina vigente sobre o tema e nas informações
verídicas cedidas pelos responsáveis técnicos.
Como continuação da pesquisa, sugere-se a elaboração da planilha detalhada
de custo da barragem redimensionada e sua análise técnica comparativa com a
planilha de quantitativos e preços constante no memorial descritivo da barragem em
estudo.
56

REFERÊNCIAS

ALVES, Célia. Tratamento de águas de abastecimento. 3. ed., revista e aumentada.


PORTO: Publindústria, 2010.

BRASIL. Ministério do Interior - Departamento Nacional de Obras Contra as Secas.


Instruções gerais a serem observadas na construção das barragens de terra. 2.
ed., revista e ampliada. Fortaleza, 1981.

______. Ministério do Meio Ambiente - Conselho Nacional de Recursos Hídricos.


Resolução nº 143, de 2012.

CARVALHO, David de. Barragens: uma introdução para graduandos. São Paulo:
FEAGRI, 2011.

CARVALHO, L. Hernani de. Curso de barragens de terra: com vistas ao Nordeste


Brasileiro. Fortaleza: Ministério do Interior – Departamento Nacional de Obras Contra
as Secas, 1983. V.1.

______. Curso de barragens de terra: com vistas ao Nordeste Brasileiro. Fortaleza:


Ministério do Interior – Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, 1984. V.2.

COSTA, Walter Duarte. Geologia de barragens. São Paulo: Oficina de textos, 2012.

GUEDES, José Aécio Olímpio. Projeto: barragem Conceição [mensagem pessoal].


2017. Mensagem recebida por <marcio18areia@hotmail.com> em 16 out. 2017.

IBGE. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pb/mamanguape


/panorama>. Acesso em: 08 jun. 2018.

MARANGON, D. Sc. Unidade 05: barragens de terra e enrocamento. In: Tópicos em


Geotecnia e Obras de Terra – 2004. Disponível em:
<http://www.ufjf.br/nugeo/files/2009/11/togot_unid05.pdf>. Acesso em: 14 out. 2017.

MATOS, Antônio Teixeira de; SILVA, Demetrius David da; PRUSKI, Fernando Falco.
Barragens de terra de pequeno porte. Viçosa: UFV, 2000.

MELLO, Flávio Miguez de. A história das Barragens no Brasil – CBDB: 2011.
Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgEhMAG/a-historia-das-
barragens-no-brasil-cbdb?part=2>. Acesso em: 20 abr. 2018.

STEPHENS, Tim. Manual sobre pequenas barragens de terra: guia para a


localização, projecto e construção - 2011. Disponível em: <http://www.fao.org/3/a-
ba0081o.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2018.

TOMAZ, Plínio. Capítulo 88: pequenas barragens de terra. In: Curso de manejo de
águas pluviais - 2011. Disponível em:
<http://www.pliniotomaz.com.br/downloads/livro_calculos/capitulo88.pdf>. Acesso
em: 18 out. 2017.
57

APÊNCIDE A – DIMENSIONAMENTO DA BARRAGEM

Parâmetros utilizados para desenvolver os cálculos:

- Posto pluviométrico: Mamanguape/PB;


- Precipitação pluviométrica local anual: 1.100,10 mm (informação extraída no site da
AESA – chuvas acumuladas no ano 2016);
- Comprimento do rio principal: 1,5 km;
- Tipo de solo do maciço: CL (argilas inorgânicas de baixa a média plasticidade, argilas
com cascalho, argilas arenosas; argilas siltosas, argilas magras);
- Tipo da bacia: tipo 4 – ligeiramente acidentada (U = 0,80; K = 0,278; C = 1,05);
- Área da bacia hidrográfica: 1.226.619,72 m² = 122,66 ha = 1,22 km²;
- Altura da sangria máxima: 1,0 m;
- Tomada d’água e descarga de fundo em uma única estrutura, localizada na cota 53;
- O solo que será utilizado para o maciço apresenta uma permeabilidade horizontal de
3,3 x 10-7 m/s e vertical de 2,2 x 10-7 m/s (valores hipotéticos cedidos pela professora)
- O reservatório após construído irá irrigar 160 hectares de cana-de-açúcar por
aspersão;
58

Dimensionamento (Memória de cálculo):

- Rendimento Pluvial da bacia


Optou-se por utilizar a fórmula para precipitações compreendidas entre 500 e
1.000 mm, justificando-se pela precipitação encontrada não ser muito superior ao
limite máximo proposto pela equação:

H2 −(400H)+230.000
R% = = 18,19% = 0,1819
55.000

Onde: H = 1.100,10 mm.

- Cálculo do volume afluente


Prosseguiu o padrão de cálculo com precipitações até 1.000 mm:

Vafl = R%HUA = 196.347,47 m³

Onde: R% = 0,1819;
H = 1,1 m;
U = 0,8;
A = 1.226.619,72 m².

- Capacidade do reservatório

Vac = 2Vafl = 392.694,943 m³

Onde: Vafl = 196.347,47 m³.

- Vazão máxima secular ou Cheia máxima de projeto

1.150 A
Q= = 9,28 m³/s.
(√LC)x (120+(KLC))

Onde: A = 1,22 km²;


59

L = 1,5 km;
C = 1,05;
K = 0,278.

- Vazão de demanda

VAA = Xmm.dia-1 x Yha = 0,05556 m³/s = 55,56 l/s

Onde: X = aspersão de 3 mm.dia-1;


Y = 160 ha.

- Volume útil (tabela e gráfico cota-área-volume)

TABELA COTA-ÁREA-VOLUME
VOLUME VOLUME
ALTURA COTAS ÁREA (m²)
PARCIAL (m³) ACUMULADO (m³)
0 51 23,97 11,99 11,99
1 52 866,40 445,19 457,17
2 53 2.746,06 1.806,23 2.263,40
3 54 5.525,11 4.135,59 6.398,99
4 55 10.271,95 7.898,53 14.297,52
5 56 18.366,23 14.319,09 28.616,61
6 57 25.122,78 21.744,51 50.361,11
7 58 32.357,56 28.740,17 79.101,28
8 59 41.415,83 36.886,70 115.987,98
9 60 50.082,92 45.749,38 161.737,35
10 61 60.263,19 55.173,06 216.910,41
11 62 71.290,66 65.776,93 282.687,33
12 63 83.474,00 77.382,33 360.069,66
13 64 99.795,16 91.634,58 451.704,24
14 65 118.328,15 109.061,66 560.765,90
15 66 136.473,92 127.401,04 688.166,93
16 67 155.431,17 145.952,55 834.119,48
FONTE: elaborado pelo autor (2017)

Onde:
= cota da altura da lâmina de água represada;
= cota que foi posicionada a descarga de fundo.
60

Vútil = V63 – V53 = 357.806,26 m3.

Onde: V63 = 360.069,66 m3;


V53 = 2.263,40 m3.

GRÁFICO: CURVA COTA – ÁREA – VOLUME

900.000,00 Curva: Cota - Área - Volume


834.119,48
800.000,00

700.000,00 688.166,93

600.000,00
Volume Acum.(m³)

560.765,90
500.000,00
451.704,24
400.000,00
360.069,66
300.000,00
282.687,33

200.000,00 216.910,41
161.737,35
100.000,00 115.987,98
79.101,28
50.361,11
28.616,61
14.297,52
0,00 457,17
11,99 6.398,99
2.263,40
50 55 60 65 70
Altura Lâmina da àgua (m)

FONTE: elaborado pelo autor (2017)

- Área da bacia hidráulica


Encontrou-se, anteriormente, a capacidade do reservatório, no valor de
392.694,943m³, um volume acumulado superior a esse está na cota 64, entretanto,
optou-se por considerar a altura da lâmina de água represada na cota 63, logo, a área
da bacia hidráulica é igual a 83.474,00 m² = 8,34 ha.

- Atura total da barragem

H = Hn + He + f = 14 m
61

Onde:
Hn = 12 m;
He = 1 m;
f = 1 m.

- Folga (f)

4
h = 0,75 + 0,34√𝐿 – 0,26 √𝐿 = 0,88 m

Onde: L = 1,5 km.

V = 1,5 + 2h = 3,26 m/s

Onde: h = 0,88 m.

𝑉²
f = 0,75h + = 1,2 m
2𝑔

Onde: g = 9,81 m/s².

Para pequenas barragens, tem-se adotado, na prática, uma folga de 1,0 a 1,5
m. Neste cálculo, considerou-se uma folga de 1,0 m.

- Largura da crista (LC)

LC = 1,1√H+ 1,0 = 5,11 m ≅ 5 m.

Onde: H = 14 m.

- Inclinação dos taludes


O tipo de solo é CL (argilas inorgânicas de baixa a média plasticidade; argilas
com cascalho; argilas arenosas; argilas siltosas; argilas magras), logo, pode-se fixar
com segurança o talude de montante em 3 :1, e o talude de jusante 2,5 :1.
62

- Largura da base (b)

b = c + (Zm + Zj) H = 82 m

Onde: c = LC = 5 m;
Zm = 3;
Zj = 2,5;
H = 14 m.

- Proteção do talude de montante: Rip-Rap


O U.S. Bureau of Reclamation utiliza o fetch como parâmetro para encontrar a
espessura da rocha do Rip-Rap, logo, levando-se em consideração o fetch de 1,5 km,
encontra-se uma espessura de 0,45 m para as pedras angulosas.
Já U.S. Army Corps considera a altura das ondas como referencial para
descobrir a espessura da rocha, sabendo-se que a altura da onda é de 0,88m, obtém-
se uma espessura de 0,45 m, com diâmetro mínimo de 0,30 m.
Portanto, como o valor foi reincidente pelos dois métodos, determina-se 0,45 m
como a espessura a ser utilizada.

- Proteções do talude de jusante e coroamento


Com base no projeto, é possível extrair os quantitativos, com auxilio dos
softwares AutoCad e Revit:
- Calha de drenagem (com 50 cm de largura e 30 cm de profundidade): 300 m;
- Grama: 3.845,00 m2;
- Paralelepípedo, no meio fio do coroamento: 373 m;
- Cascalhinho: 85,8 m3 (sabendo-se que a área do coroamento é 858 m², considerou-
se uma camada de 0,10 m)

- Extravasador

Qmáx
Ls = = 5,24 m ≅ 5,5 m
1,77 x He x √He

Onde: Qmáx = 9,28 m³/s;


63

He = 1,0 m.

- Descarga de fundo

10,641×𝑄1,85 1/4,87
𝐷=[ ] = 1,09148 ≅ 1,0 m = 1.000 mm
𝐶 1,85×𝐽

J = Hn/2b = 0,061 m/m.

Onde:
Q = 9,28 m³/s;
C = 120;
Hn = 10 m;
b = 82 m.

- Tomada d’água
Como trata-se de uma barragem pequena, será considerada uma mesma
estrutura para tomada d’água e descarga de fundo, situada na cota 53, a 2 m de altura.

10,641×𝑄1,85 1/4,87
𝐷=[ ] = 0,136804 m = 136,8 mm = 150 mm (diâmetro comercial)
𝐶 1,85 ×𝐻𝑙/𝐿

Onde:
Q = 0,05556 m3/s;
C = 120;
Hl = 10;
L = 86.

- Tapete drenante

a) linha freática:

Y0 = √H² + d² – d = 9,86 m.
64

Onde: H = 14 m;
d = LC = 5 m.

𝒀𝒐 𝜶
𝐚 = (𝟏−𝒄𝒐𝒔(𝜶)) × (𝟎, 𝟓 + 𝟑𝟔𝟎° ) = 75,98 m.

Onde: ∝ = 22º;

b) vazão de infiltração:

Q = K x a x [sen (∝)]² = 28,68 x 10-7 m³/s/m.

sendo, K = √Kv x Kh = 2,69 x 10-7 m/s.

Onde:
KV = 2,2 x 10-7 m/s;
Kh = 3,3 x 10-7 m/s;
a = 75,98 m;
∝ = 22°.

Observação: em Kv e Kh foram utilizados valores hipotéticos pela ausência dos


ensaios geotécnicos.

c) altura capilar:

0,297
ℎ𝑐 = = 99 mm
𝑑

1
sendo, d = D10 = 0,003 mm
5

Onde: D10 = 0,015 mm

Observação: em D10 foi utilizado valor hipotético pela ausência dos ensaios
geotécnicos.
65

d) comprimento tapete drenante:

𝟏 𝒉𝒄 𝒉𝒄 𝟐 𝒉² 𝟏 𝒉²
𝑳𝒕 = × [𝒃 + − √(𝒃 − ) − 𝒌²] + 𝟒 × ( )≅5m
𝟐 𝒌 𝒌 𝟏 𝒉𝒄 𝒉𝒄 𝒉²
[𝒃− {{𝒃+ −√(𝒃− )²− }]
𝟐 𝒌 𝒌 𝒌²

Onde:
b = 40 m;
k = 1:3;
hc = 0,099 m;
h = 12 m.

- Rock Fill

𝐻
Rf = = 4,67 ≅ 5 m
3

Onde: H = 14 m.

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