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TMEC-053 Fundamentos de

Aerodinâmica
Cap. 04: Escoamento
incompressível sobre aerofólios

1
Introdução
• A análise de asas de aviões apresentou um
grande progresso no período de 1912 a 1918
quando Ludwig Prandtl e seus colegas em
Göttingen mostraram que a aerodinâmica
sobre asas pode ser dividida em duas partes:
– O estudo da seção da asa (aerofólio).
– A modificação feita sobre as propriedades desse
aerofólio para levar em consideração uma asa
completa (e finita).

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Introdução
• Um aerofólio pode ser visto como qualquer
seção transversal de uma asa.

3
Introdução
• A proposta deste capítulo é a de apresentar
métodos teóricos de cálculo para propriedades
de um aerofólio.
• Dentre essas propriedades, estão a sustentação
e os momentos sobre o aerofólio, resultantes
principalmente da distribuição de pressões,
que, para condições abaixo do estol, podem ser
modeladas pelo escoamento invíscido.

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Nomenclatura de aerofólios
• Primeira patente de aerofólios: 1884, por
Horatio F. Phillips.
• Até os anos 1930, o projeto de aerofólios era
basicamente customizado e personalizado.
• Na década de 1930, a NACA (National
Advisory Committee for Aeronautics) realizou
uma série de experimentos com aerofólios,
para sua construção de modo racional e
sistemático.
5
Nomenclatura de aerofólios

6
Nomenclatura de aerofólios
• Linha de curvatura média: lugar geométrico
dos pontos localizados na metade da distância
entre as superfícies superior (extradorso) e
inferior (intradorso).
• Bordo de ataque: ponto mais a montante
(primeiro ponto) da linha de curvatura média.
• Bordo de fuga: ponto mais a jusante (último
ponto) da linha de curvatura média.

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Nomenclatura de aerofólios
• (Linha de) Corda: linha reta que conecta os
bordos de ataque e de fuga. A corda (c),
também designa o comprimento dessa linha.
• Flecha: máxima distância entre a linha de
curvatura média e a corda, medida
perpendicularmente à corda.
• Espessura máxima: máxima distância entre o
extradorso e o intradorso, medida
perpendicularmente à corda.
8
Nomenclatura de aerofólios
• O formato de um aerofólio na região da borda
de ataque é normalmente circular, com um raio
de aproximadamente 0,02 c.
• Os diferentes formatos de aerofólios foram
identificados pela NACA através de um
sistema de numeração lógica.
• A primeira família de aerofólios NACA,
desenvolvido na década de 1930, é a série de 4
dígitos
9
Nomenclatura de aerofólios
• Série de 4 dígitos:
– O primeiro dígito refere-se à flecha (em
centésimos da corda).
– O segundo dígito fornece a localização da flecha
sobre a corda, em décimos da corda, a partir do
bordo de ataque.
– Os últimos dois números fornecem a espessura
máxima do aerofólio, em centésimos da corda.

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Nomenclatura de aerofólios
– Por exemplo, para o aerofólio NACA 2412, tem-se
os seguintes dados:
• A flecha máxima é de 0,02c, localizada a 0,4c a partir
da borda de ataque.
• A espessura máxima é de 0,12c (12%).
– Um aerofólio sem flecha, ou seja, no qual a linha
de curvatura média coincide com a corda, é um
aerofólio simétrico. Neste caso, a designação é
NACA 00xx, em que xx é o valor da espessura
máxima em centésimos da corda.

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Nomenclatura de aerofólios
• Série de 5 dígitos:
– Nesta série, o primeiro dígito multiplicado por 3/2
fornece o coeficiente de sustentação de projeto, em
décimos.
– O coeficiente de sustentação de projeto é o
coeficiente de sustentação teórico para um
aerofólio quando o ângulo de ataque é tal que a
inclinação da linha de curvatura média no bordo de
ataque é paralela à velocidade do escoamento livre.

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Nomenclatura de aerofólios
– Os próximos dois dígitos, quando divididos por 2,
fornecem a localização da flecha máxima em
centésimos da corda.
– Os últimos dois dígitos se referem à espessura
máxima do aerofólio, em centésimos da corda.
– Por exemplo, para o aerofólio NACA 23012:
• O coeficiente de sustentação de projeto é de 0,3.
• A flecha máxima é de 0,15c.
• A espessura máxima do aerofólio é de 12%.

13
Nomenclatura de aerofólios
• Uma das famílias mais empregadas de
aerofólios NACA é a série 6 (6-series),
composta por aerofólios de escoamento
laminar, desenvolvidos durante a Segunda
Guerra Mundial.
• Nesta série, tem-se que:
– O primeiro dígito simplesmente identifica a série.

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Nomenclatura de aerofólios
– O segundo dígito fornece a localização da mínima
pressão, em décimos da corda a partir da borda de
ataque.
– O terceiro dígito fornece o coeficiente de
sustentação em décimos.
– Os últimos dois dígitos fornecem a espessura
máxima em centésimos da corda.

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Nomenclatura de aerofólios
– Por exemplo, para o perfil NACA 65-218, tem-se:
• O número 6 designando a série.
• A pressão mínima ocorrendo a 0,5 c para a distribuição
básica de espessuras, considerando-se sustentação nula.
• O coeficiente de sustentação avaliado em 0,2.
• A espessura máxima alcançando 18%.

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Características de aerofólios
• Durante as décadas de 1930 e 1940, a NACA
realizou diversas medições relacionadas aos
coeficientes de sustentação, de arrasto e de
momentos sobre aerofólios padrão NACA.
• Esses experimentos foram realizados em
túneis de vento subsônicos, de forma que se
tivessem estruturas basicamente
bidimensionais.

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Características de aerofólios
• Variação típica do coeficiente de sustentação
com ângulo de ataque de um aerofólio:

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Características de aerofólios
• Para ângulos de ataque pequenos a moderados,
cl varia linearmente com α.
• A inclinação dessa reta é denotada por a0 e é
chamada de coeficiente angular da
sustentação.
• Na região linear, o escoamento se move
suavemente sobre o aerofólio e permanece
conectado à superfície do corpo em grande
parte de sua extensão.
19
Características de aerofólios
• Para maiores valores de α, o escoamento tende
a descolar do extradorso do aerofólio, criando
uma esteira de recirculação, em que o
escoamento ocorre de modo reverso.
• Devido a esse descolamento, há uma rápida
queda da sustentação e um grande incremento
do arrasto; tem-se, assim, a condição de estol.

20
Características de aerofólios
• O valor de cl que é verificado logo antes do
estol é denotado por cl,max. Este é um mais
importantes aspectos do desempenho de um
aerofólio, por determinar a velocidade de estol
de um avião. Quanto maior é o valor de cl,max,
menor é a velocidade de estol.
• Um tópico importante na pesquisa envolvendo
aerofólios é em busca do aumento de cl,max.

21
Características de aerofólios
• Observando-se novamente a curva do
coeficiente de sustentação, observa-se que
para α = 0, o valor da sustentação é finito.
• Nota-se, assim, que a sustentação é nula
apenas se o ângulo de ataque é negativo.
• O valor do ângulo de ataque para o qual a
sustentação é nula é chamado de ângulo de
ataque de sustentação nula, denotada por α L=0.

22
Características de aerofólios
• Para um aerofólio simétrico, αL=0 = 0,
enquanto para o um aerofólio com
arqueamento positivo (com a linha de
curvatura média acima da corda) α L=0 ocorre
para ângulos negativos, em geral na faixa de -2
a -3º.
• A seguir são apresentados os coeficientes de
sustentação e de momento par ao perfil NACA
2412.
23
Características de aerofólios
• Nesse caso, o coeficiente de momento é
avaliado a um quarto da corda.

24
Características de aerofólios
• Os resultados apresentados são fornecidos para
dois valores de Reynolds. Nota-se que a0 não
depende de Reynolds, enquanto cl,max é
dependente do mesmo.
• Isto se deve ao fato de cl,max ser governado por
efeitos viscosos, enquanto o parâmetro de
similaridade Re relaciona as forças de inércia e
as viscosas presentes em um escoamento.

25
Características de aerofólios
• O coeficiente de momento também é
insensível ao número de Reynolds, exceto para
grandes valores de α.
• O aerofólio NACA 2412 possui características
típicas de um aerofólio, com valores de α L=0 =
-2,1º, cl,max ≈ 1,6 e estol ocorrendo para ângulo
de ataque α ≈ 16º.

26
Características de aerofólios
• Coeficiente de arrasto:

27
Características de aerofólios
• As fontes do arrasto são: o arrasto viscoso
(devido ao atrito entre o ar e a superfície do
aerofólio) e o arrasto de pressão devido ao
descolamento do escoamento.
• Na mesma figura é apresentado o coeficiente
de momento em relação ao centro
aerodinâmico, cm,ac. Para esse ponto, o
momento é independente do ângulo de ataque.

28
Superfícies de vórtices
• Generalizando-se o conceito de escoamento
em vórtice, de intensidade Γ:

29
Superfícies de vórtices
• Considerando-se, nesse caso, um filamento no
qual existem vários pontos ao redor dos quais
ocorrem escoamentos em vórtices de
intensidade Γ.
• Se diversos desses filamentos forem agrupados
um ao lado do outro, forma-se então uma
superfície de vórtices.

30
Superfícies de vórtices
• Superfície de vórtices:

31
Superfícies de vórtices
• Considerando-se, então, que a intensidade da
superfície de vórtices, por unidade de
comprimento ao longo de s, seja γ = γ(s). Neste
caso, para uma porção infinitesimal ds da
superfície, tem-se que a intensidade será γ ds.
• Ao se considerar, então, um ponto P no
escoamento, localizado a uma distância r de
ds, tem-se que γ ds induz uma velocidade
infinitesimal dV no ponto P.
32
Superfícies de vórtices
• Tal velocidade será dada por
 ds
dV  
2 r
• Nota-se que tal velocidade é perpendicular a r.
A velocidade em P induzida por toda a
superfície de vórtices é a soma de todas as
contribuições infinitesimais de um ponto a até
um ponto b.

33
Superfícies de vórtices
• Considerando-se a velocidade potencial
induzida no ponto P, tem-se:
 ds
d   
2
• E ao se considerar toda a superfície de vórtices
1 b
  x, z       ds
2 a

• Importante para o método dos paineis.


34
Superfícies de vórtices
• Recordando-se que a circulação Γ ao redor de
um ponto de vórtice é igual à intensidade do
vórtice, tem-se que, a circulação ao redor de
uma superfície de vórtices é a soma de todas
as intensidades dos vórtices elementares, ou
seja, b
    ds
a

35
Superfícies de vórtices
• Recorda-se, aqui, que uma superfície de fontes
apresenta uma variação descontínua na direção
da componente normal da velocidade através
da superfície, enquanto a componente
tangencial da velocidade é igual acima e
abaixo da superfície de fontes.
• Com relação à superfície de vórtices, ocorre
uma variação descontínua da componente
tangencial da velocidade.
36
Superfícies de vórtices
• Nesse caso, a componente normal é preservada
através da superfície.
• A variação da velocidade tangencial através da
superfície de vórtices está relacionada à sua
intensidade.

37
Superfícies de vórtices
• Considerando-se um caminho retangular que
inclua uma seção da superfície de vórtices,
com comprimento ds. As componentes
tangencial da velocidade, nas porções superior
e inferior desse retângulo são u1 e u2, enquanto
as componentes tangenciais nas porções
esquerda e direita são v1 e v2, respectivamente.
• As porções superior e inferior estão separadas
por uma distância dn.
38
Superfícies de vórtices
• Nesse caso, a circulação será
   v2 dn  u1ds  v1dn  u 2 ds 
• Ou seja,
   u1  u 2  ds   v1  v2  dn
• Contudo, uma vez que a intensidade da
superfície de vórtices contida dentro do
caminho é γ ds, tem-se
   ds
39
Superfícies de vórtices
• Nesse caso, tem-se
 ds   u1  u 2  ds   v1  v2  dn
• Se as superfícies superior e inferior se
aproximarem da superfície de vórtice, ou seja,
quando dn → 0, tem-se que as velocidades u1 e
u2 tornam-se as componentes tangenciais à
superfície de vórtices imediatamente acima e
abaixo da mesma.

40
Superfícies de vórtices
• Tem-se, desta forma,
 ds   u1  u 2  ds
• Ou seja,
  u1  u 2
• Esse resultado informa que a descontinuidade
local na velocidade tangencial através de uma
superfície de vórtices é igual à intensidade
local da superfície.

41
Superfícies de vórtices
• Considerando-se um aerofólio de geometria e
espessura arbitrárias em um escoamento cuja
velocidade é V∞. Substitui-se, então, a
superfície do aerofólio por uma superfície de
vórtices de intensidade variável γ(s).

42
Superfícies de vórtices
• A variação de γ em função de s deve ser tal
que o campo de velocidades induzida pela
superfície de vórtices seja tal que, adicionada
ao escoamento uniforme de magnitude V∞
tenha-se a superfície de vórtices como uma
linha de corrente do escoamento. Neste caso, a
circulação ao redor do aerofólio será dado por
    ds

43
Superfícies de vórtices
• Então, a sustentação resultante dada pelo
Teorema de Kutta-Joukowski é dada por
L   V 
• Esta filosofia de solução foi inicialmente
proposta por Ludwig Prandtl e seus colegas de
Göttingen (Alemanha) entre 1912 e 1922.
• No entanto, como não há solução analítica
para se determinar γ = γ(s) para um aerofólio
de formato e espessura arbitrários.
44
Superfícies de vórtices
• Por esse motivo, a intensidade da superfície de
vórtices precisa ser obtida numericamente, o
que fez com que a implementação de tal
filosofia só pôde ser realizada na década de
1960.
• Além de ser um dispositivo matemático, a
substituição da superfície do aerofólio por uma
superfície de vórtices possui um significado
físico.
45
Superfícies de vórtices
• Em condições reais, existe uma camada fina
junto à superfície do aerofólio, chamada de
camada-limite, na qual os efeitos viscosos são
dominantes e existe um grande gradiente de
velocidades, que produz uma grande
vorticidade, ou seja, tem-se que   V é finita
dentro da camada-limite.

46
Superfícies de vórtices
• Assim, na realidade existe uma distribuição de
vorticidade ao longo das superfícies de um
aerofólio devido aos efeitos viscosos e a
filosofia de substituir a superfície do aerofólio
por uma superfície de vórtices é um meio de
modelar os efeitos viscosos em um
escoamento invíscido.

47
Superfícies de vórtices
• No caso de um aerofólio fino, o extradorso e o
intradorso são quase coincidentes.

48
Superfícies de vórtices
• Nesse caso, uma aproximação possível é
substituir o aerofólio fino por uma única
superfície de vórtices sobre a linha de
curvatura média. Esse caso particular possui
solução analítica, tendo sido estudado
inicialmente por Max Munk em 1922.

49
Condição de Kutta
• O escoamento com sustentação sobre um
cilindro foi realizado anteriormente, tendo-se
visto que existe um número infinito de
escoamento potenciais possíveis, que
correspondem a um número infinito de
circulações Γ.
• A mesma situação se aplica ao escoamento
potencial sobre um aerofólio.

50
Condição de Kutta
• Para um dado aerofólio, com um dado ângulo
de ataque, existem infinitas soluções teóricas,
correspondentes a um infinito número de
escolhas de Γ.

51
Condição de Kutta
• No entanto, sabe-se que para um dado ângulo
de ataque, um aerofólio na prática fornece um
único valor de sustentação.
• Desta forma, é necessário que seja fornecida
uma condição adicional que fixe Γ para um
dado aerofólio com um determinado ângulo de
ataque α.

52
Condição de Kutta
• Desenvolvimento do escoamento sobre um
aerofólio: início do experimento.

53
Condição de Kutta
• Desenvolvimento do escoamento sobre um
aerofólio: tempo intermediário.

54
Condição de Kutta
• Desenvolvimento do escoamento sobre um
aerofólio: escoamento em regime permanente.

55
Condição de Kutta
• Pelas fotos anteriores, nota-se que inicialmente
o escoamento apresenta a tendência a circular
ao redor do bordo de fuga do aerofólio. Esse
comportamento, no entanto, vai se
modificando e, ao final, ao atingir regime
permanente, as linhas de corrente tendem a se
mover suavemente sobre o extradorso e o
intradorso do aerofólio.

56
Condição de Kutta
• Observa-se, assim, que a saída do escoamento
pelo bordo de fuga é feito de forma suave.
• Tal condição é favorecida pela natureza e foi
inicialmente observada e utilizada em análises
teóricas pelo matemático alemão M Wilhelm
Kutta em 1902. Por essa razão, tal condição é
chamada de Condição de Kutta.

57
Condição de Kutta
• Para se aplicar a Condição de Kutta, deve-se
ser, contudo, mais preciso sobre a natureza do
escoamento no bordo de fuga.
• Dois formatos principais são utilizados para o
bordo de fuga: um com ângulo finito e outro
em cúspide.

58
Condição de Kutta
• Denotando-se a velocidade ao longo do
extradorso por V1 e a velocidade ao longo do
intradorso por V2, e o ponto a correspondente
ao bordo de fuga.
• Nessa situação, se o bordo de fuga apresentar
um ângulo finito, as velocidades V1 e V2
apresentariam duas direções diferentes em um
mesmo ponto, o que é fisicamente impossível.

59
Condição de Kutta
• Desta forma, é necessário que as velocidades
V1 e V2 sejam nulas em a, ou seja, o bordo de
fuga se constitui em um ponto de estagnação
se o mesmo apresentar um ângulo finito.
• Já no caso de um bordo de fuga em cúspide, as
velocidades V1 e V2 apresentam uma mesma
direção no ponto a e com isso, ambas podem
apresentar valores finitos.

60
Condição de Kutta
• Tem-se, no entanto, que a pressão nesse ponto
deve apresentar um valor único. Empregando-
se, então, a equação de Bernoulli, tem-se
1 1
pa   V1  pa   V22
2

2 2
• Ou seja,
V1  V2

61
Condição de Kutta
• Dessa forma, para um bordo de fuga em
cúspide, as velocidades no extradorso e no
intradorso devem apresentar um valor finito,
sendo iguais em magnitude e em direção.
• Dessa forma, a condição de Kutta pode ser
resumida da seguinte forma:
– Para um aerofólio com um dado ângulo de ataque,
o valor da circulação Γ ao redor do aerofólio deve
ser tal que o escoamento seja suave no bordo de
fuga.
62
Condição de Kutta
– Se o bordo de fuga possuir um ângulo finito, então
esse ponto será um ponto de estagnação.
– Se o bordo de fuga for em cúspide, então as
velocidades no extradorso e no intradorso são
finitas e iguais em magnitude e em direção.
• A intensidade da superfície de vórtices, em
função da condição de Kutta, é dada por
  TE     a   V1  V2

63
Condição de Kutta
• Observa-se, que tanto no caso de um bordo de
fuga com ângulo finito quanto para um bordo
de fuga em cúspide, tem-se que γ(TE) = 0.
Desta forma, a condição de Kutta pode ser
expressa em termos da intensidade da
superfície de vórtices como
  TE   0

64
Teorema de circulação de Kelvin
• A condição de Kutta requer que a circulação
ao redor de um aerofólio seja tal que no bordo
de fuga do mesmo o escoamento apresente
características suaves.
• No entanto, deve-se também avaliar como é
gerada tal circulação ou mesmo se tal
circulação é conservada de algum modo para
todo o campo de escoamento.

65
Teorema de circulação de Kelvin
• Considerando-se um escoamento invíscido
arbitrário e que todas as forças de corpo sejam
nulas.

66
Teorema de circulação de Kelvin
• Ao se escolher uma curva fechada C1,
identificam-se os elementos de fluido que
estão no interior dessa curva no instante de
tempo t1. Define-se, também, a circulação ao
redor de tal curva como
1    V  ds
C1

67
Teorema de circulação de Kelvin
• Em um instante de tempo posterior t2, as
partículas de fluido escolhidas formarão uma
outra curva C2, ao redor da qual a circulação
será
2    V  ds
C2

• Para as condições citadas, verifica-se que


1  2

68
Teorema de circulação de Kelvin
• Aplicando-se, então, o conceito de derivada
substantiva, que fornece a variação temporal
de uma propriedade ao se estabelecer um dado
elemento de fluido, tem-se
D
0
Dt

69
Teorema de circulação de Kelvin
• Assim, a taxa de variação da circulação ao
redor de uma curva fechada, constituída
sempre pelos mesmos elementos de fluido, é
nula. Tal resultado é conhecido como Teorema
da circulação de Kelvin.
• Tal teorema auxilia na explicação da geração
de circulação ao redor de aerofólios.

70
Teorema de circulação de Kelvin
• Considera-se, inicialmente, um aerofólio em
um fluido em repouso.

71
Teorema de circulação de Kelvin
• Como a velocidade inicial é nula, a circulação
ao redor da curva C1 é nula também.
• Ao se iniciar o escoamento sobre o aerofólio,
há a formação de um vórtice no bordo de fuga.
• Nessas condições, teoricamente, a velocidade
no bordo de fuga apresentaria um valor
infinito (que na prática é um valor bastante
elevado, mas finito).

72
Teorema de circulação de Kelvin
• Dessa forma, há a formação de uma região
fina de alto gradiente de velocidades (e
consequentemente de vorticidade) no bordo de
fuga. Tal região de alta vorticidade, no entanto,
está relacionada aos mesmos elementos de
fluido iniciais e apresenta movimento relativo
para trás com o passar do tempo.

73
Teorema de circulação de Kelvin
• Ao se mover para trás, essa superfície de
vórtices intensos é instável e tende a se
agrupar em um ponto de vórtice. Tal estrutura
é então denominada de vórtice de partida.
• Quando o escoamento ao redor do aerofólio se
estabiliza, alcançando a condição de Kutta, os
gradientes de velocidade no bordo de fuga
desaparecem e a vorticidade não é mais
produzida.
74
Teorema de circulação de Kelvin
• Nota-se, no entanto, que o vórtice de partida
formado move-se a jusante ao longo do tempo.
• Considerando-se a curva fechada inicial C1 e
que após um intervalo de tempo os elementos
que a formam tenham se movimentado
originando a curva fechada C2, tem-se que, ao
se empregar o teorema da circulação de
Kelvin, a circulação é nula:
2  1  0
75
Teorema de circulação de Kelvin
• Subdivide-se, então, a curva C2 em duas
curvas fechadas C3 e C4, na qual C3 engloba o
vórtice de partida e C4 engloba o aerofólio.
• A circulação Γ3 ao redor da curva C3 deve-se
ao vórtice de partida e, por inspeção visual,
possui sentido anti-horário.
• A circulação Γ4 ao redor do aerofólio é
avaliada sobre a curva C4.
76
Teorema de circulação de Kelvin
• Como C3 e C4 compartilham de uma face bd, a
soma de ambos é simplesmente a circulação ao
redor de C2, ou seja,
3  4  2
• Mas como
2  0

• Tem-se então
4  3
77
Teorema de circulação de Kelvin
• Verifica-se, assim, que a circulação ao redor
do aerofólio é igual e oposta à circulação ao
redor do vórtice de partida.
• O escoamento sobre o aerofólio, pode, assim,
ser descrito nos seguintes termos:
– Ao se iniciar um escoamento sobre um aerofólio,
um grande gradiente de velocidades se forma no
bordo de fuga, o que provoca a formação de uma
região de intensa vorticidade.

78
Teorema de circulação de Kelvin
– Tal região de vorticidade contribui na formação de
um vórtice de partida, que apresenta circulação em
sentido anti-horário.
– Dessa forma, uma reação igual e oposta é gerada
sobre o aerofólio, provocando uma circulação em
sentido horário.
– Com o passar do tempo, ainda em regime
transiente, a vorticidade do bordo de fuga é
alimentada pelo vórtice de partida, fortalecendo-a
e consequentemente também a circulação horária
sobre o aerofólio.
79
Teorema de circulação de Kelvin
– Esse efeito aproxima as condições do escoamento
àquelas previstas pela condição de Kutta,
enfraquecendo a esteira de vórtices no bordo de
fuga.
– Na sequência, o vórtice de partida se separa do
aerofólio e se enfraquece, de modo que sua reação,
a circulação sobre o aerofólio também diminui,
enquanto o escoamento se suaviza no bordo de
fuga, atendendo à condição de Kutta.

80
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Nesta seção, será estudado o caso de aerofólios
finos, para os quais a geometria do aerofólio
pode ser substituída por uma superfície de
vórtices ao longo da linha de curvatura média.
• Deve-se avaliar a variação de γ(s) de modo que:
(1) a linha de curvatura média se torne uma
linha de corrente do escoamento e (2) a
condição de Kutta seja satisfeita no bordo de
fuga, ou seja, γ(TE) = 0.
81
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Uma vez que γ(s) seja obtida, pode-se avaliar a
circulação total Γ sobre o aerofólio,
integrando-se a distribuição de γ(s) desde o
bordo de ataque até o bordo de fuga.
• Além disso, a sustentação pode ser avaliada
através do valor de Γ através do teorema de
Kutta-Joukowski.

82
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Considere uma superfície de vórtices
posicionada sobre a linha de curvatura de um
aerofólio. A velocidade de escoamento livre é
V∞ e o ângulo de ataque é α. O eixo x é
orientado ao longo da corda, sendo o eixo z
perpendicular à mesma. O formato da linha de
curvatura é dada por z = z(x) e a corda é c.

83
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Considera-se, também, w′ como sendo a
componente da velocidade normal à linha de
curvatura média induzida pela superfície de
vórtices, ou seja, w′ = w′(s).
• Para aerofólios finos, a distribuição de uma
superfície de vórtices sobre a superfície do
aerofólio é praticamente a mesma obtida ao se
posicionar a superfície de vórtices sobre a
linha de curvatura média.
84
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Por outro lado, se o aerofólio é fino, a linha de
curvatura média se encontra próxima à corda.
• Desse modo, pode-se também imaginar que a
superfície de vórtices esteja posicionada sobre
a corda. Nesse caso, tem-se γ = γ(x).
• Assim, calcula-se γ(x) de tal modo que a
condição de Kutta satisfeita, bem como a linha
de curvatura média (e não a corda)
corresponda a uma linha de corrente.
85
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Posicionamento da superfície de vórtices para
a análise de aerofólios finos

86
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Para que a linha de curvatura média seja uma
linha de corrente, a componente da velocidade
normal à linha de curvatura média deve ser
nula em todos os pontos ao longo da mesma.
• A velocidade em qualquer ponto do
escoamento é a soma da velocidade uniforme
do escoamento livre e a velocidade induzida
pela superfície de vórtices.

87
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Deve-se, nesse caso, verificar para todo ponto
ao longo da linha de curvatura média:
V ,n  w( s )  0
• Para todo ponto P sobre a linha de curvatura
média, no qual a derivada seja dz/dx, tem-se
 1  dz 
V , n  V sin   tan   
  dx 

88
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Determinação da componente da velocidade
em escoamento livre normal à linha de
curvatura média

89
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Para aerofólios com pequeno ângulo de
ataque, tanto α quanto tan‒1(‒dz/dx) possuem
valores pequenos.Utilizando-se a aproximação
sin    tan    
• Obtém-se
 dz 
V , n  V    
 dx 

90
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Deve-se, também, desenvolver uma expressão
para a avaliação de w′(s) em função da
intensidade da superfície de vórtices.
• Considera-se, nesse caso, que a superfície de
vórtices esteja posicionada sobre a corda e que
w′(s) seja a componente da velocidade normal
à linha de curvatura média.

91
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Seja w(x) a componente da velocidade normal
à corda, induzida pela superfície de vórtices.
Se o aerofólio for fino, a linha de curvatura é
muito próxima à corda de modo que
w( s )  w( x )
• Nesse caso, deve-se obter uma expressão para
w(x) em termos da intensidade da superfície de
vórtices.

92
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Considera-se, então, um elemento de vórtice
de intensidade γ dξ localizado a uma distância
ξ da origem ao longo da corda:

93
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• A intensidade da superfície de vórtices γ varia
com a distância ao longo da corda, γ = γ(ξ).
Nesse caso, a velocidade induzida dw, por um
elemento de vórtice localizado em ξ, será
 ( ) d
dw  
2  x   

94
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Por sua vez, a velocidade induzida w(x) por
todos os elementos de vórtice ao longo da
corda será
c  ( ) d
w( x)   
0 2  x   

• Tem-se, desse modo que


 dz  c  ( ) d
V       0
 dx  0 2   x   

95
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Ou seja,
1 c ( ) d  dz 
2 0 x    V   dx 
• Esta é a equação fundamental da teoria de
aerofólios finos. Dela provém que a linha de
curvatura média é uma linha de corrente do
escoamento.

96
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• O grande problema enfrentado pela teoria de
aerofólios finos é determinar γ(ξ), sujeita à
condição de Kutta, γ(c) = 0.
• Considerando-se um aerofólio simétrico, a
flecha é nula, de modo que dz/dx = 0. Assim:
1 c ( ) d
2 0 x    V

97
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Em essência, sob a ótica da teoria de
aerofólios finos, um aerofólio simétrico é
tratado da mesma forma que uma placa plana.
• Para avaliar a integral, será feita uma
transformação de variáveis dada por
c
  1  cos  
2

98
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Uma vez que para a avaliação da integral a
posição x é fixa, tem-se que θ apresentará um
valor particular θ0, ou seja,
c
x  1  cos 0  
2
• Além disso,
c
d  sin   d
2

99
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Deste modo, a equação integral pode ser
reescrita como
1   ( ) sin   d
2 
0 cos   cos0 
 V

• Cuja solução é

    2 V
1  cos  
sin  

100
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Pode-se então avaliar o coeficiente de
sustentação para um aerofólio simétrico fino.
Para tanto, tem-se que a circulação ao redor do
aerofólio é
       d
c

• Que pode ser transformada em


c 
      sin   d
2 0

101
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• De onde se obtém
   c V  1  cos   d    c V

• Aplicando a circulação ao teorema de Kutta-


Joukowski, obtém-se a sustentação por
unidade de comprimento:
L    V     c   V2

102
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• O coeficiente de sustentação será
L   c   V2
cl  
q S 1  V 2 c (1)
 
2
• Ou seja,
cl  2  
• E o coeficiente angular da sustentação será
dcl
 2
d 103
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Comparação entre resultados teóricos e
experimentais (sustentação e momento):

104
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• O momento ao redor do bordo de ataque pode
ser avaliado considerando-se um elemento de
vórtice de intensidade γ dξ localizado a uma
distância ξ do bordo de ataque:

105
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Nesse caso, a circulação associada a esse
elemento de vórtice será
d       d
• E o incremento de sustentação associado é
dL   V d 
• Tal incremento cria um momento ao redor do
bordo de ataque dado por
dM    dL
106
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Assim, o momento total ao redor do bordo de
ataque (LE), por unidade de comprimento,
devido à toda superfície de vórtices será
      dL     V       d
c c
M LE
0 0

• Ao se fazer a mesma transformação feita para


a sustentação e integrar a equação, obtém-se

   q c
M LE 2

2
107
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Dessa forma, o coeficiente de momento será

M LE
cm , le 
q S c
• O que resulta em

M LE 
cm,le  2

q c 2
• Verifica-se, contudo, que
cl
 
2 108
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• E desse modo,
cl
cm , le 
4
• Aplicando-se o coeficiente de momento a um
quarto do comprimento da corda, tem-se
cl
cm , c / 4  cm ,le 
4

109
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• E, desse modo, tem-se como resultado
cm, c / 4  0
• Isto significa que o centro de pressão, para um
aerofólio simétrico, está posicionado a um
quarto do comprimento da corda.
• Observa-se, também, que o momento é nulo
para qualquer valor de α, de modo que esse
ponto também é o centro aerodinâmico do
aerofólio.
110
Teoria clássica de aerofólios finos: o
aerofólio simétrico
• Tem-se, assim, que os resultados teóricos mais
importantes para aerofólios simétricos são:
– Coeficiente de sustentação:
cl  2  
– Coeficiente angular da sustentação:
a0  2 
– Os centros de pressão e aerodinâmico estão
localizados a um quarto do comprimento da corda.

111
Aerofólios arqueados ou assimétricos

• A teoria de aerofólios finos é uma


generalização do método para um aerofólio
simétrico. Para se estudar um aerofólio
arqueado (ou assimétrico), deve-se utilizar a
expressão geral
1 c ( ) d  dz 
2 0 x    V   dx 

112
Aerofólios arqueados ou assimétricos

• Para um aerofólio arqueado, dz/dx apresenta


um valor finito, o que torna a análise mais
elaborada, uma vez que para o aerofólio
simétrico tem-se dz/dx = 0.
• Novamente recorrendo-se à transformação
c
  1  cos  
2

113
Aerofólios arqueados ou assimétricos

• Tem-se que a equação geral pode ser reescrita


como
1   ( ) sin   d  dz 
2 
0 cos   cos 0 
 V    
 dx 

• Para essa equação, deseja-se determinar uma


solução γ(θ) que atenda à condição de Kutta,
γ(π) = 0. Essa solução fará com que a linha de
curvatura média coincida com uma linha de
corrente do escoamento.
114
Aerofólios arqueados ou assimétricos

• A solução de tal equação será

 1  cos   
    2V  A0  An sin  n  
 sin   n 1 

• Os valores de An dependem do formato da


linha de curvatura média dz/dx, enquanto A0
depende de dz/dx e de α.

115
Aerofólios arqueados ou assimétricos

• Pode-se, então, mostrar que


1  dz
A0     d 0
 0 dx
2  dz
An   cos n 0  d 0
 0 dx
• Nota-se que A0 depende de α e do formato da
linha de curvatura (através de dz/dx), enquanto
An depende apenas do formato da linha de
curvatura.
116
Aerofólios arqueados ou assimétricos

• Deve-se, também, avaliar as expressões para


os coeficientes aerodinâmicos de um aerofólio
arqueado ou assimétrico. Assim, a circulação
total devido à toda superfície de vórtices, entre
os bordos de ataque e de fuga será
c 
       d      sin   d
c

0 2 0

117
Aerofólios arqueados ou assimétricos

• Tal expressão fornece


  
  c V   A0  A1 
 2 
• E a sustentação por unidade de comprimento
será
  
L  V    V c   A0  A1 
 
2

 2 

118
Aerofólios arqueados ou assimétricos

• Desse modo, o coeficiente de sustentação será


 1  dz 
cl  2     cos 0   1 d 0 
  0 dx 
• E o coeficiente angular da sustentação
dcl
 2
d
• Nota-se, contudo, que a expressão para cl
difere entre os aerofólios simétrico e arqueado.
119
Aerofólios arqueados ou assimétricos

• Avaliando-se o ângulo de sustentação nulo,


denotado por αL = 0, tem-se
dcl
cl     L  0   2    L  0 
d
• Que fornece
1 dz
 cos0   1 d0

 L 0 
 
0 dx

120
Aerofólios arqueados ou assimétricos

• Avaliando-se o coeficiente de momento em


relação ao bordo de ataque, tem-se
 A2 
cm ,le    A0  A1  
2 2 
• Já o coeficiente de momento avaliado a um
quarto da corda, tem-se como resultado

cm, c / 4   A2  A1 
2

121
Aerofólios arqueados ou assimétricos

• Desse modo, observa-se que o momento a um


quarto da corda, cm,c/4 é independente do
ângulo de ataque α.
• A localização do centro de pressão é dada por

M LE cm, le c
xcp   
L cl
• Ou seja,
c  
xcp  1   A1  A2  
4  cl  122
Aerofólios arqueados ou assimétricos

• Observa-se que o centro de pressão em um


aerofólio arqueado varia com o coeficiente de
sustentação. Assim, quando o ângulo de ataque
muda, o centro de pressão também muda.
• Como quando o coeficiente de sustentação
tende a zero o centro de pressão deixa de
pertencer ao aerofólio. Nesse caso, um ponto
mais conveniente é o centro aerodinâmico.

123
Aerofólios arqueados ou assimétricos

• Coeficientes de sustentação e de momento


para o aerofólio NACA23012, para ângulo de
ataque α = 4°.
Valor calculado Experimental

 L 0 -1,09° -1,1°

cl para   4 0,559 0,55

cm ,c / 4 -0,0127 -0,01

124
Aerofólios arqueados ou assimétricos

• Aerofólio NACA 23012

125
Centro aerodinâmico: considerações
adicionais
• Por definição, o centro aerodinâmico é o ponto
do corpo sobre o qual o momento gerado
aerodinamicamente é independente do ângulo
de ataque.
• No caso de aerofólios finos simétricos,
observa-se que esse ponto corresponde a um
quarto do comprimento da corda.

126
Centro aerodinâmico: considerações
adicionais
• No caso da maioria dos aerofólios
convencionais, esse ponto é próximo mas não
necessariamente localizado a um quarto da
corda. Designando-se a posição do centro
aerodinâmico por c xac medido a partir do bordo
de ataque e considerando-se o momento ao
redor desse ponto, tem-se
  L c xac  c 4  M c / 4
M ac

127
Centro aerodinâmico: considerações
adicionais
• Dividindo-se a expressão anterior por q∞Sc,
obtém-se
cm, ac  cl  xac  0,25  cm, c / 4
• Diferenciando-se, então, essa expressão em
relação ao ângulo de ataque α, tem-se
dcm, ac
dcl dcm, c / 4
  xac  0,25 
d d d

128
Centro aerodinâmico: considerações
adicionais
• Por definição do centro aerodinâmico, tem-se
dcm, ac
0
d
• Considerando-se aerofólios para ângulos de
ataque abaixo do estol, as inclinações dos
coeficientes de sustentação e de momento são
constantes, podendo ser designadas por
dcl dcm, c / 4
 a0  m0
d d
129
Centro aerodinâmico: considerações
adicionais
• Obtém-se, assim, que
m0
xac    0,25
a0
• Observa-se, assim, que para um corpo que
possua curvas de momento e sustentação
lineares, ou seja, com a0 e m0 fixos, tem-se que
o centro aerodinâmico existe como um ponto
fixo no aerofólio.

130
Método dos paineis de vórtices
• A teoria de aerofólios finos fornece expressões
fechadas para coeficientes aerodinâmicos com
boa acurácia em relação a dados experimentais
para aerofólios de até 12% de espessura e
pequenos ângulos de ataque.
• No entanto, para ângulos de ataque maiores ou
corpos de maior espessura, outras técnicas
devem ser utilizadas.

131
Método dos paineis de vórtices
• O método de paineis de vórtices é uma técnica
numérica que se espalhou a partir da década de
1970, sendo análogo ao método dos paineis
anteriormente apresentado.
• Deve-se encontrar γ(s) de tal modo que a
superfície do corpo possa ser modelado como
uma linha de corrente do escoamento.

132
Método dos paineis de vórtices
• Para isso, deve-se substituir a superfície de
vórtices por uma série de paineis planos.

133
Método dos paineis de vórtices
• Em cada painel, considera-se que a intensidade
dos vórtices por unidade de comprimento, γ(s),
é constante. Nesse caso, é necessário
determinar γ1, γ2, ..., γj, ... γn, de modo que a
superfície do corpo se torne uma linha de
corrente do escoamento e que a condição de
Kutta seja satisfeita.

134
Método dos paineis de vórtices
• Deve-se, então, garantir que no centro de cada
painel a velocidade normal do escoamento é
nula (condição de contorno).
• Considerando-se um ponto P localizado no
escoamento em (x, y) e seja rij a distância entre
qualquer ponto do j-ésimo painel e P. Então a
velocidade potencial induzida em P pelo
painel j é dado por
1
 j   
2 j
 pj j ds j
135
Método dos paineis de vórtices
• Nesse caso, o ângulo θpj é dado por
 y  yj 
 pj  tan 
1 
 xx 
 j 

• O potencial em P devido a todos os paineis é


dado por
n n j
 ( P)    j     pj ds j
j 1 2
j
j 1

136
Método dos paineis de vórtices
• Uma vez que o ponto P é um ponto qualquer
do escoamento, pode ser posicionado no i-
ésimo painel, de modo que
 yi  y j 
ij  tan 1 

 xi  x j 
n j
  xi , yi     ij ds j
j 1 2
j

137
Método dos paineis de vórtices
• Nos pontos de controle, a componente normal
da velocidade é nula; tal velocidade é
composta pela superposição da velocidade de
um escoamento uniforme com a velocidade
induzida por todos os paineis de vórtice.
Assim, a componente normal de V∞ ao i-ésimo
painel é
V , n  V cos i 

138
Método dos paineis de vórtices
• A componente normal da velocidade induzida
pelos paineis de vórtices é

Vn    xi , yi  
ni
• Desse modo
n j  ij
Vn    ds j
j 1 2 ni
j

• E o somatório é feito sobre todos os paineis.


139
Método dos paineis de vórtices
• A condição de contorno requer que
V , n  Vn  0
• Ou seja,
n  j ij
V cos i     ds j  0
j 1 2
j n
i

• Se Ji,j for o valor da integral avaliado quando


o ponto de controle está sobre o i-ésimo
painel, tem-se n 
V cos  i   
j
J i, j  0
j 1 2 140
Método dos paineis de vórtices
• Deve-se, também, satisfazer a condição de
Kutta. Para isso, pode-se considerar a
distribuição de paineis de vórtices no bordo de
fuga

141
Método dos paineis de vórtices
• Considerando-se dois pequenos paineis i e i−1
no bordo de fuga. Para que a condição de
Kutta seja aplicada exatamente deve-se ter que
γ(TE) = 0. Numericamente, se i e i−1 forem
suficientemente próximos ao bordo de fuga
 i   i 1
• Isto significa que as intensidades de ambos
paineis de vórtices são idênticas e se cancelam
no bordo de fuga.
142
Método dos paineis de vórtices
• Ao se considerar a equação anterior junto às
demais equações, o sistema passa a ser
indeterminado, por apresentar n+1 equações e
n incógnitas.
• Nesse caso, prefere-se utilizar n −1 equações
sobre os paineis de vórtices e a condição de
Kutta.

143
Método dos paineis de vórtices
• A velocidade tangencial à superfície do corpo
pode então ser obtida diretamente de γ. Para
tanto, será considerado que todo ponto no
interior do corpo tenha velocidade nula.

144
Método dos paineis de vórtices
• Isto corresponde a u2 = 0, de modo que a
velocidade imediatamente fora da superfície
de vórtices será
  u1  u2  u1
• Na qual u corresponde à velocidade tangencial
à superfície de vórtices. Assim, no ponto a
tem-se Va = γa; no ponto b, tem-se Vb = γb.

145
Método dos paineis de vórtices
• Tem-se, assim, que as velocidades tangenciais
à superfície do aerofólio são iguais aos valores
locais de γ. A distribuição de pressões pode ser
obtida pela equação de Bernoulli.
• A circulação total pode ser avaliada a partir do
somatório do produto da intensidade sj de cada
painel j:
n
   js j
j 1

146
Método dos paineis de vórtices
• A sustentação por unidade de comprimento é
n
L  V   j s j
j 1

• Diversas variantes do método de paineis são


encontradas na literatura desde a década de
1970. Como apresentado aqui, o método
apresenta primeira ordem de acurácia.

147
Método dos paineis de vórtices
• Uma vez que muitos métodos apresentam
oscilações numéricas e resultados não
acurados, métodos de ordem mais elevada
foram desenvolvidos.
• Por exemplo, um método dos paineis de
segunda ordem assume uma variação linear de
γ em um dado painel. Nesse caso, os valores
de γ nos vértices de cada painel é uma
incógnita a ser determinada.
148
Método dos paineis de vórtices
• Distribuição linear de γ sobre cada painel, para
um método de segunda ordem

149
Método dos paineis de vórtices
• Coeficiente de pressão sobre um perfil NACA
0012 utilizando um método de segunda ordem

150
Aerofólios modernos de baixa velocidade

• Durante a década de 1970, a NASA projetou


uma série de aerofólios de baixa velocidade
com desempenho superior aos aerofólios
NACA.
• Enquanto os aerofólios NACA foram baseados
em quase que exclusivamente dados
experimentais das décadas de 1930 e 1940, os
novos aerofólios da NASA foram projetados
com uso de ferramentas computacionais.
151
Aerofólios modernos de baixa velocidade

• Um dos projetos foi o do perfil NASA LS(1)-


0417, que possui uma borda de ataque com
raio maior (0,08c em contraste com o valor
padrão de 0,02c), de modo a diminuir picos no
coeficiente de pressão próximos ao nariz.
Outro ponto é o bordo de fuga em cúspide.

152
Aerofólios modernos de baixa velocidade

• Ambos os aspectos tendem a reduzir a


separação do escoamento no extradorso para
maiores ângulos de ataque.
• Pode-se, assim, alcançar maiores valores para
o coeficiente de sustentação, conforme pode
ser visto ao se comparar o perfil NASA LS(1)-
0417 com o perfil NACA 2412.

153
Aerofólios modernos de baixa velocidade

154
Aerofólios modernos de baixa velocidade

• O aerofólio NASA LS(1)-0417 possui flecha


máxima de 17% e um coeficiente de
sustentação de projeto de 0,4. Utilizando a
mesma linha de curvatura média, a NASA
estendeu esse perfil para uma família de
aerofólios de baixa velocidade de diferentes
espessuras.

155
Aerofólios modernos de baixa velocidade

• Em comparação com os aerofólios NACA


padrão, de mesma flecha máxima, os
aerofólios NASA LS(1)-04xx possuem:
– Valor de cl,max cerca de 30% maior.
– Aumento de cerca de 50% na razão
sustentação/arrasto (L/D) para um coeficiente de
sustentação de 1,0. O valor de cl = 1,0 é típico para
a decolagem e um maior valor de L/D melhora
grandemente o desempenho da decolagem e
ascensão.
156
Escoamento viscoso: arrasto sobre
aerofólios
• A sustentação sobre um aerofólio deve-se
essencialmente à distribuição de pressão sobre
a superfície do mesmo. As forças de
cisalhamento, quando integradas sobre a
superfície, em geral apresentam sustentação
desprezível.
• Assim, a sustentação pode ser avaliada por
meio da teoria de escoamentos invíscidos
associada à condição de Kutta no bordo de
fuga. 157
Escoamento viscoso: arrasto sobre
aerofólios
• Ao se utilizar o mesmo procedimento para
avaliar o arrasto, no entanto, obtém-se um
resultado nulo, o que é conhecido como
paradoxo de d’Alembert.
• Tal paradoxo desaparece quando a viscosidade
(e o atrito a ela associado) é incluído no
escoamento. A viscosidade é totalmente
responsável pelo arrasto sobre um aerofólio.

158
Escoamento viscoso: arrasto sobre
aerofólios
• Dois mecanismos são responsáveis pelo
arrasto sobre um corpo:
– O arrasto de superfície, devido às forças de
cisalhamento atuantes sobre a superfície do corpo.
– O arrasto de pressão, devido à separação do
escoamento (formação de esteira viscosa).

159
Escoamento viscoso: arrasto sobre
aerofólios
• Arrasto de superfície: escoamento laminar
– Em uma primeira análise, assume-se que o arrasto
de superfície seja essencialmente o mesmo obtido
para uma placa plana com ângulo de ataque nulo.
– No caso de um escoamento laminar, existe uma
solução analítica para a camada-limite sobre uma
placa plana, para a qual
5,0 x

Re x

160
Escoamento viscoso: arrasto sobre
aerofólios
– Nesse caso, δ é a espessura da camada-limite e Rex
é o número de Reynolds baseado na distância x medida a
partir do bordo de ataque:
 e V x
Re x 


– As tensões de cisalhamento locais, integradas sobre as


superfícies superior e inferior de uma placa plana,
conduzem a um arrasto total Df, sobre a placa, composto
por duas parcelas, Df,top e Df,bottom, correspondente às
superfícies superior e inferior, nessa ordem.
161
Escoamento viscoso: arrasto sobre
aerofólios
– Desse modo, o arrasto de superfície total será
D f  2 D f , top  2 D f ,bottom
– Coeficiente de arrasto de superfície sobre uma
superfície da placa plana:
D f ,top D f ,bottom
Cf  
q S q S

– Que pode ser avaliada em função do número de


Reynolds por 1,328
Cf 
Rec
162
Escoamento viscoso: arrasto sobre
aerofólios
– Para a qual
  V c
Re c 

– Sendo c o comprimento da corda do aerofólio.
• Arrasto de superfície: escoamento turbulento.
– Não existe solução analítica para escoamentos
turbulentos. Nesse caso, toda a análise de
escoamentos turbulentos requer alguma quantidade
de dados empíricos, de modo que as análises são
sempre aproximadas. 163
Escoamento viscoso: arrasto sobre
aerofólios
– Assim, para o escoamento turbulento sobre uma
placa plana tem-se:
0,37 x
 15
Re x

– E o coeficiente de sustentação pode ser avaliado


por
0,074
Cf  15
Rec

164
Escoamento viscoso: arrasto sobre
aerofólios
• Transição
– Todo o escoamento se inicia, no bordo de ataque,
como laminar.
– Em algum ponto a jusante do bordo de ataque, a
camada-limite laminar se torna instável e pequenos
vórtices começam a se formar ao longo do
escoamento.
– Após um dado comprimento, chamado de região
de transição, chega-se a um escoamento em que a
camada-limite se torna totalmente turbulenta.
165
Escoamento viscoso: arrasto sobre
aerofólios
– Do bordo de ataque até o ponto de transição, tem-
se uma camada-limite laminar, que cresce
parabolicamente. A partir do ponto de transição, a
camada-limite torna-se turbulenta, com
crescimento da ordem de x4/5. A posição x na qual a
transição ocorre é denominada de posição crítica,
xcr e o número de Reynolds associado é o número
de Reynolds crítico
 V xcr
Re xcr 

166
Escoamento viscoso: arrasto sobre
aerofólios
• Separação do escoamento
– O arrasto de pressão sobre um aerofólio é causado
pela separação do escoamento (ou formação de
esteira viscosa).
– Para um escoamento completamente aderido à
superfície do aerofólio, a pressão atuante sobre a
porção posterior do corpo fornece uma força que
se contrapõe perfeitamente à força atuante sobre a
porção anterior do corpo, resultando em um arrasto
de pressão nulo.
167
Escoamento viscoso: arrasto sobre
aerofólios
– Caso o escoamento seja descolado (haja a
formação de uma esteira viscosa), ocorrerá um
desbalanço de forças, originando um arrasto de
pressão sobre o aerofólio.
– Tomando-se o escoamento sobre um aerofólio,
como o NASA LS(1)-0417, partindo-se do ponto
de estagnação sobre o bordo de ataque, que para
um escoamento incompressível apresenta Cp = 1,0,
tem-se o seguinte comportamento:

168
Escoamento viscoso: arrasto sobre
aerofólios
• Inicialmente, o escoamento se expande rapidamente
sobre o extradorso. A pressão então se reduz
dramaticamente, alcançando um mínimo em uma
posição igual a cerca de 10% da corda, a partir do bordo
de ataque.
• A partir desse ponto, a pressão começa a aumentar
gradualmente, atingindo um valor ligeiramente superior
ao do escoamento livre no bordo de fuga. Essa região de
pressão crescente é chamada de região de gradiente
adverso de pressão.

169
Escoamento viscoso: arrasto sobre
aerofólios

170
Escoamento viscoso: arrasto sobre
aerofólios
• Por definição, um gradiente adverso de pressão é uma
região na qual a pressão aumenta na direção do
escoamento, ou seja, em que dp/dx é positiva.
• Para gradientes adversos de pressão moderados, dp/dx é
pequena e o escoamento permanece aderido à superfície
do corpo, exceto por uma pequena porção próxima ao
bordo de fuga.
• Se o aerofólio apresentar um valor muito elevado para o
ângulo de ataque, seria verificada uma queda de pressão
muito mais acentuada na porção frontal do aerofólio.
Assim, o gradiente adverso de pressão assumiria valores
elevados também.
171
Escoamento viscoso: arrasto sobre
aerofólios
• Nessa situação, no caso de um escoamento real, o valor
do gradiente adverso de pressão é suficiente para que o
escoamento se separe da superfície do corpo.
• Assim, o perfil de pressões real não apresenta um
mínimo e a pressão no bordo de fuga não tende ao valor
da pressão do escoamento não-perturbado p∞.
• O descolamento do escoamento em relação ao aerofólio
possui duas grandes consequências.
• A primeira está relacionada à perda de sustentação. Isto
se deve ao fato de que há uma mudança substancial no
perfil de pressões no extradorso do aerofólio. Esse
efeito é conhecido como estol.
172
Escoamento viscoso: arrasto sobre
aerofólios

173
Escoamento viscoso: arrasto sobre
aerofólios
• A segunda consequência está relacionada ao aumento
do arrasto. Isto se deve ao fato de que, na porção
próxima ao bordo de ataque, verifica-se um aumento da
pressão. A força resultante nesse caso apresenta uma
grande componente horizontal, que acaba
desbalanceada, uma vez que na porção correspondente
ao bordo de fuga, a pressão verificada é menor.

174
Escoamento real sobre um aerofólio

• Escoamento sobre o perfil NACA 4412

175
Escoamento real sobre um aerofólio

• Escoamento sobre o perfil NACA 4412

176
Escoamento real sobre um aerofólio

• Escoamento sobre o perfil NACA 4412:


– Pequenos ângulos de ataque, como α = 2°: as
linhas de corrente praticamente não são afetadas e
cl é pequeno.
– Com o aumento de α, começa a haver deflexão do
escoamento, especialmente para cima, no bordo de
ataque e em menor escala para baixo, no bordo de
fuga. O valor de cl aumenta linearmente com α.

177
Escoamento real sobre um aerofólio

• Escoamento sobre o perfil NACA 4412:


– Se o ângulo de ataque for superior a 15°, nota-se a
separação do escoamento a partir do bordo de
ataque e o coeficiente de sustentação se reduz
bruscamente.
– Este fenômeno é conhecido como estol de bordo
de ataque, característico de aerofólios finos com
razões de espessura/corda da ordem de 10 a 16%.

178
Escoamento real sobre um aerofólio

• Escoamento sobre o perfil NACA 4421:

179
Escoamento real sobre um aerofólio

• Escoamento sobre o perfil NACA 4421:


– Para um perfil de aerofólio mais espesso, a
deflexão do escoamento ocorre principalmente
para baixo, no bordo de fuga, e em menor grau
para cima, no bordo de ataque.
– Com o aumento de α, há um gradual e crescente
movimento de separação do escoamento junto ao
bordo de fuga. Tem-se nesse caso o chamado estol
de bordo de fuga.

180
Escoamento real sobre um aerofólio

• Curvas de sustentação para três configurações


de aerofólios:

181
Escoamento real sobre um aerofólio

• No caso do estol de bordo de ataque, a queda


do coeficiente de sustentação se faz de modo
abrupto, logo após atingir o valor cl,max.
• No estol de bordo de fuga, a queda do
coeficiente de sustentação se faz de modo mais
suave; o valor alcançado de cl,max, no entanto, é
menor que o observado no caso do estol de
bordo de ataque.

182
Escoamento real sobre um aerofólio

• Os perfis dos aerofólios NACA 4412 e NACA


4421 possuem o mesmo formato de linha de
curvatura média. Nesse caso, o coeficiente
angular de sustentação (a0) e o ângulo de
ataque de sustentação nula (αL=0) são os
mesmos, fato comprovado experimentalmente.
O maior efeito da espessura do aerofólio está
no valor de cl,max, sendo tal efeito relacionado
ao estol de bordo de ataque (menor espessura)
e ao estol de bordo de fuga (maior espessura).183
Escoamento real sobre um aerofólio

• Um terceiro tipo de estol está associado a


perfis de espessura muito pequena, sendo por
vezes chamado de estol de aerofólios finos. O
caso extremo de um aerofólio fino seria a
placa plana.
• Nesse caso, a teoria para escoamentos
invíscidos e incompressíveis prevê que a
velocidade se torna infinitamente elevada em
quinas convexas pontiagudas.
184
Escoamento real sobre um aerofólio

• Estol de aerofólio fino

185
Escoamento real sobre um aerofólio

• No escoamento real, verifica-se a tendência de


separação do escoamento no bordo de ataque,
mesmo para pequenos ângulos de ataque.
• Para α = 3°, observa-se a formação de uma
pequena região de escoamento descolado no
bordo de ataque. Esse escoamento se adere
novamente à superfície em um ponto a jusante,
formando uma bolha de recirculação.

186
Escoamento real sobre um aerofólio

• Com o aumento de α, o ponto de adesão se


move à jusante, em direção ao bordo de fuga.
• Assim, para um ângulo α = 9°, a bolha de
separação se estende por quase toda a
superfície da placa.
• Da observação dos valores de cl,max, verifica-se
que a placa plana apresenta um estol bastante
gradual e suave.

187
Escoamento real sobre um aerofólio

• Da análise dos resultados anteriores, verifica-


se que existe uma grande dependência de cl,max,
e consequentemente, do estol, em relação à
flecha máxima (espessura) do aerofólio.
• Esse resultado foi primeiramente entendido e
utilizado durante a Primeira Guerra Mundial.

188
Escoamento real sobre um aerofólio

• Existem dois parâmetros primários para julgar


a qualidade de um dado aerofólio:
– A razão sustentação/arrasto, L/D: um aerofólio
eficiente produz sustentação com o mínimo de
arrasto.
– O coeficiente de sustentação máximo, cl,max: um
aerofólio eficiente produz um alto valor de cl,max,
muito maior que o observado para uma placa
plana.

189
Escoamento real sobre um aerofólio

• Como o coeficiente de sustentação máximo,


CL,max determina a velocidade de estol (Vstall) de
uma aeronave, busca-se o aumento de seu
valor, para garantir tanto menores velocidades
de estol quanto maiores capacidades de carga,
um vez que Vstall pode ser avaliada como
2W
Vstall 
  S CL , max

190
Escoamento real sobre um aerofólio

• Observa-se, contudo, que a manobralidade de


uma aeronave depende de maiores valores de
CL,max. Por outro lado, para um aerofólio com
dado número de Reynolds, o valor de cl,max
depende principalmente de seu formato.
• Deste modo, o aumento de cl,max é realizado
através do uso de elementos conhecidos como
flaps e slats de bordo de ataque, chamados de
elementos de hipersustentação
191
Escoamento real sobre um aerofólio

• Um flap de bordo de fuga é simplesmente uma


porção da seção do bordo de fuga do aerofólio
que pode ser defletido para cima ou para
baixo. Quando o flap é defletido para baixo
(ângulo δ positivo), o coeficiente de
sustentação aumenta devido a um aumento
efetivo da linha de curvatura média.

192
Escoamento real sobre um aerofólio

• Efeito da deflexão do flap

193
Escoamento real sobre um aerofólio

• Dispositivos de hipersustentação podem


também ser aplicados ao bordo de ataque de
aerofólios, como os slats, flaps e droops.
• Os slats se constituem em superfícies finas e
curvas que são antepostas ao bordo de ataque.
Com isso, além do escoamento primário sobre
o aerofólio, surge um escoamento secundário
através do espaço entre o slat e o bordo de
ataque do aerofólio.
194
Escoamento real sobre um aerofólio

• Efeito de dispositivos de hipersustentação no


bordo de ataque

195
Escoamento real sobre um aerofólio

• Efeito de slats de bordo de ataque para o


NACA 4412

196
Escoamento real sobre um aerofólio

• O escoamento secundário que surge por causa


do slat modifica a distribuição de pressão
sobre o extradorso do aerofólio, reduzindo o
gradiente adverso de pressão que ocorre nessa
superfície. Assim, a separação do escoamento
é retardada e alcança-se um maior ângulo de
ataque de estol.

197
Escoamento real sobre um aerofólio

• Dispositivos de hipersustentação normalmente


empregados são uma combinação de slats (ou
flaps) de bordo de ataque com flaps compostos
de bordo de fuga.

198

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