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módulo
FÍSICA professor
Blaidi  •  Glorinha  •  Hugo  •  Spinelli

Aplicações das
leis de Newton e a
gravitação universal

the bridgeman / keystone


Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Representação esquemática do lixo espacial. Estima-se que cerca de 12 mil objetos não identificados orbitam o nosso planeta. A maior
parte do lixo espacial rastreado (aproximadamente 96%) está na chamada baixa órbita da Terra, cuja altitude é de 2.000 km.

1
CAPÍTULOs

Aplicações das leis de Newton


2 Dinâmica do movimento circular
3 Leis de Kepler
4 Gravitação universal

1 • 2 • 3 • 4 • 5 • 6 • 7 • 8 • 9 • 10 • 11 • 12 • 13 • 14 • 15 • 16 • 17 • 18 • 19 • 20 • 21 • 22 • 23 • 24
1
Gravitação universal
Neste módulo vamos aprender que as leis de Newton podem
ser aplicadas para descrever quase todos os movimentos que
observamos no nosso cotidiano. Do ônibus que nos leva à escola
ao satélite que nos garante a transmissão dos jogos de futebol
ao vivo, do carro que pode derrapar em uma pista molhada
ao foguete que consegue vencer a gravidade – os fenômenos
ligados ao movimento não poderiam ser entendidos se não
fossem as leis de Newton. Compreender como se dão suas
aplicações em alguns movimentos é o objetivo deste módulo.

“Em 4 de outubro de 1957, a


União Soviética lançou sem alarde o

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Sputnik 1 e deu início oficialmente à
corrida com os Estados Unidos pela
FALTA MONTAGEM
supremacia espacial. O primeiro
satélite artificial era apenas uma
esfera de metal, pouco maior que
uma bola de basquete, com antenas
que transmitiam sinais de rádio,
mas carregava com ela 40 anos de
pesquisa aeroespacial soviética e as
primeiras linhas de um novo capítulo
da história da humanidade.
O feito teve repercussão em
todo o mundo, inclusive no Brasil.
A população seguiu atentamente
notícias e análises veiculadas pela
Ria novosti / spl–latinstock

imprensa durante a transmissão.


Radioamadores acompanharam o
bip bip emitido pelo satélite por 22
dias, tempo que durou sua bateria.”

Cristina Amorim,
O Estado de S. Paulo,
30 de setembro de 2007.

2
Professor: Consulte o Plano de Aulas. As orientações pedagógicas
Objetivos e sugestões didáticas facilitarão seu trabalho com os alunos.
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
■ identificar aplicações fundamentais das Leis de Newton;

■ reconhecer a resultante centrípeta como responsável pela


alteração do vetor velocidade nos movimentos circulares;
■ descrever o movimento dos corpos celestes com base nas três Leis
de Kepler;
■ relacionar a Lei da Gravitação Universal de Newton a situações
envolvendo corpos em órbita e campos gravitacionais.
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FALTA MONTAGEM

RIA Novosti / akg–latinstock

3
CAPÍTULO 1 Aplicações das
leis de Newton

1 Plano inclinado
ou: como suspender um piano utilizando
apenas uma das mãos?
Planos inclinados permitem que corpos sejam elevados mecanicamente por for-
ças de menor intensidade do que se os mesmos corpos precisassem ser elevados
diretamente na vertical.
Para elevar o corpo da figura 1 para o alto do plano inclinado de um ângulo a,

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desprezando o atrito entre as superfícies, precisamos fazer uma força F na direção
do plano. Essa força precisará vencer outra, de mesma direção e sentido contrário, a
fim de que o corpo suba o plano. Que força é essa?
1
Desprezando inicialmente a interferência do
atrito, a força que puxará o corpo para baixo é a
componente de seu peso na direção do plano, que
F
chamaremos de Px. Para entender como podemos
calcular Px, é preciso analisar a decomposição veto-
? rial do peso do corpo.
Vamos destacar, da figura 2, o triângulo retângulo
que tem hipotenusa P e catetos Px e Py (figura 3).
a
P
​  x ​   ]  Px 5 P 3 sen a
sen a 5 __
P
Py
Figura 1 • Para o corpo subir o plano inclinado é preciso vencer a cos a 5 __
​   ​   ]  Py 5 P 3 cos a
força que o puxa para baixo, na direção do plano. P

2 3

a
Px
Py
a
Py P

a P

Px
Figura 2 • A decomposição da força peso em direções perpen-
diculares permite avaliar o módulo da força que puxa o corpo
plano abaixo. Figura 3 • Componentes Px e Py da força peso.

4
Assim, levar um corpo cujo peso é 200 N para o topo de 4
um plano inclinado de 30w, desprezando o atrito entre as su- F
perfícies, requer vencer a componente Px do peso do corpo,
de módulo igual a 100 N, de acordo com o cálculo:
Px
Px 5 200 3 sen 30w
Px 5 200 3 0,5 30°
Px 5 100 N
Figura 4 • O corpo poderá subir o plano, se não houver atri-
to, quando F > Px.

Reflita
Balanças devem estar niveladas, isto é, a superfí-
cie sobre a qual se coloca a massa a ser medida
tem de estar paralela ao plano horizontal, onde
a balança é apoiada.
Por que as balanças devem estar horizontalmen-
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te niveladas a fim de registrar corretamente o pe-


so de um corpo?
A balança registra a força com que o corpo

comprime o seu apoio, que é igual à força normal.

A força normal tem módulo igual ao do peso apenas

quando a balança está em posição horizontal e


Uma balança sobre um piso inclinado marca va-
lores diferentes do peso dos objetos colocados
nenhuma outra força atua sobre o corpo. sobre ela.

Na situação mais comum, em que existe atrito entre o plano e o corpo nele apoia-
do, será preciso considerar o sentido do movimento, isto é, considerar se o corpo
desce ou se ele sobe o plano, uma vez que o atrito fará resistência ao movimento. Por
exemplo, vamos supor o caso de um corpo de 10 kg apoiado em um plano inclinado
de um ângulo a, de tal forma que sen a 5 0,6 e cos a 5 0,8 (figura 5). Para elevar
esse corpo no plano inclinado, precisaremos vencer a componente Px do peso do
corpo e também a força de atrito Fat..

O módulo da força F deverá ser igual à soma dos módulos 5


de Px e de Fat. para que o corpo suba o plano com velocidade N
F
constante. Já sabemos calcular o módulo de Px:
Px 5 P 3 sen a 5 100 3 0,6  ]  Px 5 60 N Px

Fat.
Qual é o módulo de Fat.?
Py
O módulo da força de atrito é resultado do produto entre a
o coeficiente de atrito cinético (μ) e a força normal, reação da
compressão que o corpo faz no plano. Nesse caso, a força nor-
mal tem módulo igual à componente Py do peso do corpo: Figura 5 • Para que o corpo possa subir o plano inclinado,
a força F deve se opor tanto à componente do peso na di-
reção do movimento quanto à força de atrito decorrente
Py 5 P 3 cos a 5 100 3 0,8  ]  Py 5 80 N do movimento.

5
Considerando, por exemplo, o coeficiente de atrito cinético entre as superfícies
igual a 0,5, o valor da força de atrito será, então:
Fat. 5 μ 3 N 5 0,5 3 80  ]  Fat. 5 40 N
A soma das intensidades de Px e Fat. resulta em 60 N 1 40 N 5 100 N.
Assim, para que o corpo suba o plano em movimento uniforme (MU), a for-
ça F deve ter módulo igual a 100 N. Se o módulo de F for maior do que 100 N, o
corpo acelera.
Nesse mesmo plano inclinado, vamos supor agora que o corpo
6 seja abandonado no alto do plano e, dessa forma, tenda a descer.
N
Como será seu movimento, sabendo que, agora, a força de atrito
Fat. tem o sentido invertido em relação ao caso anterior (figura 6)?
v Se Px 5 60 N e Fat. 5 40 N, a resultante de forças sobre o siste-
Px ma é igual à diferença 60 N 2 40 N 5 20 N. Assim, o corpo desce
o plano inclinado acelerando a 2 m/s2, de acordo com a segunda
Py lei de Newton:
a
FR 5 Px 2 Fat. 5 m 3 a
Figura 6 • A direção da força de atrito é sempre 60 2 40 5 10 3 a  ]  a 5 2 m/s2
oposta ao sentido do movimento.

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2 Polias
Para elevar verticalmente um corpo qualquer é preciso que atue sobre ele uma
força vertical para cima (F) capaz de vencer o peso (P) desse corpo.
Se o corpo tem grande massa ou se devemos elevá-lo acima de nossa altura, é
comum invertermos o sentido da força que exercemos, ou seja, levantarmos o corpo
fazendo uma força vertical para baixo, em vez de vertical para cima, como se obser-
va nas casas ou prédios em construção. Como fazemos isso? A resposta é: usando
cordas e polias ou roldanas (figura 7).
Com uma única polia fixada no alto de um pequeno edifício, por exemplo, um
pedreiro consegue elevar baldes cheios de argamassa (figura 8). Para essa tarefa, o
pedreiro passa uma corda pela polia, amarra uma de suas extremidades à alça do
balde e puxa a outra para baixo.
fotos: eduardo santaliestra

7 8

T
P F

Figura 7 • Alguns modelos


de polias ou roldanas.
Figura 8 • Polias são muito
utilizadas em construções,
principalmente para erguer
objetos pesados.

6
A força que o pedreiro deve fazer, nesse caso, é de 9
mesma intensidade que ele faria se lhe fosse possível ele-
var o balde do chão ao teto utilizando apenas as mãos.
T
A diferença está apenas no sentido da força, pois com o
auxílio da polia a força vertical que o pedreiro aplica é di-
rigida para baixo. Assim, a pessoa puxa a corda, que, por T
sua vez, levanta o corpo. Desse modo, é a tração na corda
que iça o corpo (figura 9).
F
Mas polias não servem apenas para mudar o sentido da
força aplicada para movimentar um corpo. Combinando-as P
devidamente com pedaços de cordas, polias também ser-
vem para diminuir a intensidade dessa força.
Pendurando um corpo de peso cujo módulo é P no
Figura 9 • A pessoa puxa a corda para baixo com uma força que
gancho de uma roldana móvel, cada parte da corda, a par- é transmitida ao corpo por meio da corda.
tir da roldana, será tensionada com uma força de módulo
@  #
igual à metade do peso do corpo ​ __ ​ P  ​  ​(figura 10).
2
10

Se fixarmos uma roldana no teto, passarmos a corda


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por ela e levarmos a extremidade até a mão de uma pes- P P


2— 2—
soa, qual será a força que essa pessoa precisará fazer para 2 2
manter o corpo em repouso? Ela precisará fazer uma força
de módulo igual à metade do peso do corpo. Dessa for-
ma, com a combinação de duas roldanas, uma fixa e uma
móvel, é possível sustentar um corpo de peso P com uma P P
força igual à metade de P. —
2
É possível construir sistemas com mais de um par
de roldanas e, assim, sustentar corpos de grande massa
com valores de força bem menores do que seu peso (fi-
Figura 10 • Graças à roldana móvel é possível sustentar um cor-
gura 11). po de peso P com uma força de módulo igual à metade de P.

11

P
2—–
32

P

4

P
Figura 11 • A associação
P de roldanas permite erguer
corpos aplicando forças mui­
to menores que seu peso.

7
Professor: Peça aos alu-
nos que comparem os 3 Resistência do ar
valores de cx para as se-
miesferas. Em algumas situações, além do atrito de arrastamento, é preciso considerar outra
força de oposição ao movimento. Trata-se da força de resistência do ar. Consequência
da interação entre as moléculas do ar com a superfície do corpo em movimento, essa
força depende da velocidade do objeto em contato com o ar. Quanto maior o módulo
da velocidade, maior será a oposição exercida pelo ar. Além disso, a resistência do ar
depende do formato do corpo, relacionado ao coeficiente de arrasto aerodinâmico,
cx. Um maior valor de cx indica um formato menos aerodinâmico, isto é, que oferece
maior resistência ao ar. Na tabela 1, podemos notar por que os carros de passeio atuais
têm formas mais arredondadas. A forma aerodinâmica ideal é a de uma gota.

Tabela 1. Valores médios dos coeficientes de arrasto


aerodinâmico (cX) para corpos com diferentes formatos.
Formato Descrição cX Formato Descrição cX

Gota
formato mais 0,08 Caminhão 0,90

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aerodinâmico

Ciclista em
Carro esporte 0,25 0,90
competição

Placa
Esfera 0,47 1,20
quadrada

Carro de Semiesfera
0,40 face plana 1,42
passeio frontal

Semiesfera
face plana 0,38 Motociclista 1,80
traseira

Seção
Ônibus 0,70 2,30
côncava

GREF: Grupo de Reelaboração do Ensino de Física. Leituras de física: MECÂNICA.


Disponível em: <www.fep.if.usp.br/~gref/mecanica.htm>.
Acesso em: 18 set. 2008.

8
Outros fatores influenciam o módulo da força de resistência do ar: 12
a área ortogonal A do objeto voltada para o movimento (figura 12) e a
densidade do ar d. Em um local onde o ar é menos denso, a resistência
do ar será menos intensa. Maior área em contato com o ar caracteriza
maior dificuldade de passagem do corpo e, portanto, maior resistência.
A expressão a seguir nos fornece o módulo da resistência do ar para um
corpo se movendo com velocidade v e relaciona essas grandezas.
Área (A)

1
Rar 5 __
​   ​  cx 3 d 3 A 3 v2
2 Figura 12 • Representação da área de um obje-
to voltada para o movimento.

Reflita
Cortando o ar Área
“Vencer a resistência do ar ao deslocamento do carro é função da aerodinâmica. A forma ideal de qualquer modelo
seria a criada pela natureza na gota d’água”, explica o chefe de Design da Volkswagen do Brasil, Luiz Alberto Veiga.
A gota d’água: aerodinamicamente perfeita Em busca do modelo ideal
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Modelos hatch têm mais problemas de aerodinâmica, por-


que criam áreas de maior turbulência atrás ­– o efeito “de-
sentupidor de pia”, que dificulta o avanço.

O desenho dos sedãs e cupês permite que o ar flua com


mais facilidade ao longo da carroceria, reduzindo a turbu-
lência e, portanto, o repuxo.

A forma ideal de carro seria a de uma gota cortada lon-


gitudinalmente: isso não provocaria turbulência na parte
traseira do automóvel, facilitando o deslocamento.

De acordo com as informações contidas nos textos e figuras, analise as figuras abaixo e identifique qual dos veícu-
los possui o maior valor para o coeficiente de arrasto aerodinâmico. Justifique.
O veículo vermelho tem o maior coeficiente de arrasto aerodinâmico, pois, de acordo com o texto, sua forma propicia o surgimento de

uma região de turbulência mais intensa do que a forma do veículo prateado.


cláudio teixeira/aE
andré lessa/Ae

O Estado de S. Paulo, São Paulo, 12 de maio de 2000. Adaptado para o vestibular da PUC-SP.

9
13 Por meio das relações estabelecidas na expressão apresentada, podemos entender
por que paraquedistas, apesar de saltarem de uma grande altura em relação ao solo,
conseguem aterrissar com segurança, na maior parte das vezes.
Rar
Ao saltar, a velocidade inicial do paraquedista é nula e, portanto, ainda não há
resistência do ar sobre ele. Ao iniciar sua queda, à medida que cai, fica sujeito à força
de resistência do ar variável, que depende do valor da velocidade. Quanto maior o
P
valor da velocidade, maior o valor da resistência do ar. Isso causa uma diminuição
do módulo da força resultante sobre o paraquedista e, em consequência, a acelera-
Rar ção de queda se torna cada vez menor (figura 13).
Com o passar do tempo, a resistência do ar poderá atingir a mesma intensidade
da força peso, o que representará um equilíbrio dinâmico. Em outras palavras, o
módulo da velocidade terá atingido seu valor máximo ou limite. No caso de uma
P
queda em que o paraquedas não é aberto, esse valor é aproximadamente 200 km/h,
muito elevado para uma aterrissagem segura.
Rar Ao abrir o paraquedas, a força de resistência torna-se bruscamente muito
maior devido ao aumento da área de contato com o ar e do efeito do formato
côncavo. Durante alguns instantes após a abertura do paraquedas, a força de
resistência do ar tem intensidade maior do que o peso do paraquedista, causan-

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do diminuição no valor da velocidade de descida (figura 14). Posteriormente,
P
a resistência do ar diminui de intensidade, equilibrando novamente o peso do
sujeito, tornando a velocidade-limite significativamente menor do que a ante-
Figura 13 • Ao cair, duas rior, sem paraquedas. A queda é suave, com velocidades em torno de 10 km/h,
forças atuam sobre o para-
quedista: o peso, que não garantindo uma chegada segura ao solo.
muda no decorrer da que-
da, e a força de resistência
do ar, que aumenta com 14 15
a velocidade adquirida. v
Logo, para cada um dos a
momentos representados, Velocidade
teremos um módulo dife- limite sem
rente de FR 5 P 2 Rar. paraquedas
Figura 14 • Gráfico da va-
riação da velocidade de um g
paraquedista, incluindo
os momentos anteriores e
posteriores à abertura do Velocidade
paraquedas. limite com
paraquedas
Figura 15 • O gráfico repre-
senta a diminuição da acele-
Abertura do t
ração de queda em relação
ao tempo, devida ao aumen- paraquedas t
to da resistência do ar.

VoCê precisa saber!


Para baixas velocidades, a força de resistência do ar deixa de ser proporcional ao
quadrado da velocidade (v2) e passa a ser proporcional à velocidade v. Sendo assim,
para corpos em baixa velocidade, teremos:

Rar 5 k 3 v ,

onde k é a constante de proporcionalidade que contém informações sobre a densi-


dade do ar, a área de contato e o formato do corpo. Geralmente, os problemas pro-
postos sobre resistência do ar informam qual das expressões deve ser utilizada.

10
BISBILHOTANDO
A física da bola de futebol, ou o gol que Pelé quase fez
Quando um jogador de futebol chuta a bola, imprimindo nela
4
grande velocidade, talvez ele não saiba, mas a chance de a bo-
la atingir o objetivo inicialmente desejado depende da força

Força de arrasto (N)


de resistência do ar, ou força de arrasto. 3
A figura mostra como varia a força de arrasto sobre uma bola
de futebol, em função de sua velocidade. 2
Analisando o gráfico, percebemos que a força de resistên-
cia do ar aumenta com a velocidade, até aproximadamen-
1
te 60 km/h, quando diminui abruptamente, e só volta a subir
após os 80 km/h. Essa redução drástica da resistência do ar
é a chamada crise do arrasto. Uma vez que, em um jogo de 0
40 80 120 160
futebol, os chutes mais fortes dão à bola velocidades em tor- Velocidade (km/h)
no de 120 km/h, a crise do arrasto é atingida várias vezes du-
Gráfico da resistência do ar sobre a bola de futebol em função
rante uma partida. da velocidade.
Uma bola, lisa ou não, ao deslocar-se, provoca várias correntes
de ar. As turbulências criadas por essas correntes dificultam a
movimentação; forma-se uma camada de ar em torno da bola,
que tem origem na aderência das moléculas do ar à sua super-
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fície. Quando a velocidade atinge certo valor, essa camada de


ar separa-se da parte posterior da bola, gerando uma esteira.
Em altas velocidades, o fluxo de ar em torno da bola torna-se
turbulento, e a corrente principal move-se mais para trás da
bola, diminuindo a resistência do ar. Nesse momento, ocor-
re a crise do arrasto. Com menor resistência do ar, a bola vai
mais longe.
Além da resistência do ar, o movimento de rotação em tor-
no do centro faz com que uma força de sustentação denomi- Camada de ar formada ao redor da bola.
nada força de Magnus, de direção perpendicular à do vetor
velocidade, aja sobre a bola. O chamado “efeito” com que al-
gumas jogadas são executadas provoca na bola um desvio da
sua trajetória original, produzindo o efeito Magnus. No fute-
bol, alguns gols memoráveis foram resultados de jogadas com
“efeito”, surpreendendo os goleiros por causa de curvas brus-
cas executadas pela bola. A superfície áspera da bola aumenta
a quantidade de ar que ela arrasta enquanto gira. Além disso, a
grande velocidade de rotação, em relação à velocidade de voo,
aumenta o efeito Magnus, pois provoca diferenças nas veloci-
dades com que o ar passa ao redor da bola. O fato de o ar ser
mais rápido na parte superior da bola e mais lento na inferior
provoca o desvio. Camada de ar turbulenta (crise do arrasto).

Movimento Força
Força de
Magnus Baixa pressão: o ar
é acelerado aqui por
causa do rodopio

Fluxo de ar

Pressão
mais alta

A rotação da bola gera uma força responsável pelo “efeito”, a força de Magnus.

11
Na Copa do Mundo de 1970, na partida Brasil versus Tchecos­ Z (m)
lováquia, Pelé pegou a bola no meio de campo, viu o goleiro 10
tcheco adiantado e arriscou um chute em direção ao gol (veja a Meio de Linha
figura abaixo). No início do lance, a bola possuía uma velocidade 8 campo do gol
de 105 km/h, e girava a aproximadamente 7 rotações por segun-
do (no sentido anti-horário de quem olha a figura). Três segun- 6
dos depois a bola passava rente à trave, para alívio do assustado
4
goleiro. O gol não aconteceu, mas o lance entrou para a história
do futebol mundial. 2
O interessante nessa história é que, se a bola chutada por Pelé
não sofresse a crise do arrasto e a força de Magnus, ou mesmo 0
–10 0 10 20 30 40 50 60 X (m)
numa situação impossível, se houvesse vácuo no estádio, ela cai-
ria bem antes do gol, e não causaria nenhum susto ao goleiro Representação no plano cartesiano da trajetória da bola no
chute com “efeito” desferido por Pelé na partida Brasil ver-
(veja figura abaixo). sus Tchecoslováquia, durante a Copa do Mundo de 1970.

A figura representa o que aconteceria com a A figura representa o que aconteceria com a A figura representa o que aconteceria com a bo-

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bola chutada por Pelé se não houvesse a crise bola chutada por Pelé sem o efeito Magnus. la chutada por Pelé se ela estivesse no vácuo.
do arrasto.

Adaptado de AGUIAR, C. E.; RUBIM, G. A aerodinâmica da bola de futebol. Revista Brasileira de Ensino de Física,
São Paulo: Sociedade Brasileira de Física, n. 4, v. 26, 2004.

Já sabe responder?
Como suspender um piano utilizando
apenas uma das mãos?
Um sistema de roldanas poderá permitir que o homem levante o

piano com uma força bem menor do que o peso do instrumento.

EXERCíCIOs resolvidos

R1 Um corpo de massa 10 kg está em repou-


so apoiado em um plano inclinado de 30w
e preso a uma corda conforme representa-
do na figura.
Se não houver atrito entre o corpo e o pla-
no, qual será o valor da força de tração na
30°
corda?

■ Resolução
A força de tração na corda deve igualar-se ao
valor da componente Px do peso do corpo, T
pois ele encontra-se em repouso. Assim,
T 5 Px 5 P 3 sen 30w Px

T 5 100 3 0,5  ]  T 5 50 N 30°

12
R2 Uma criança de massa 30 kg desce um escorregador de madeira em movimento
uniforme. Sendo a inclinação do escorregador em relação ao chão igual a 40w,
pergunta-se: (Dados: sen 40w 7 0,64 e cos 40w 7 0,77)
a) Há ou não atrito entre a criança e o piso do escorregador? Por quê?

■ Resolução
Há, com certeza, atrito entre a criança e o escorregador, uma vez que, para exis-
tir movimento uniforme, nesse caso, é preciso que a componente Px do peso
que a puxa plano abaixo seja compensada por alguma força de mesma inten-
sidade. Essa é a força de atrito.

b) Qual é o valor da força de atrito entre a criança e Fat.


o piso do escorregador?
■ Resolução
Para haver movimento uniforme no sentido
Px
descendente do plano é preciso que a resul-
tante das forças que atuam sobre a menina
seja nula. Assim, é preciso que a componente
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Px do peso da garota seja de mesmo módulo 40°


que a força de atrito Fat.:

Px 5 Fat.  ]  P 3 sen 40w 5 Fat.  ]  Fat. 5 300 3 0,64  ]  Fat. 5 192 N

R3 Um corpo de massa 80 kg está apoiado em um plano liso inclinado de um ângulo d


com a horizontal, cujo seno é igual a 0,6 e o cosseno é igual a 0,8. Uma corda une o
corpo a uma pessoa colocada no alto do plano, conforme representado na figura.

Em determinado instante a pessoa solta e segura a corda, em movimentos rápi-


dos e ritmados, e o corpo desce o plano em movimento retilíneo e uniforme. Nes-
sas condições, qual é a força de tração na corda enquanto a pessoa a segura?

■ Resolução
Sobre o corpo descendo o plano na situação descrita agem, na direção do plano,
duas forças: Px e T, respectivamente, componente do peso e da tração na corda.
Para que ocorra MRU é preciso que Px 5 T:

Px 5 T  ]
P 3 sen d 5 T  ] v T
800 3 0,6 5 T  ]
Px
T 5 480 N
d

13
R4 O esquema ao lado representa um sistema
formado por dois corpos unidos por intermé-
dio de uma corda que passa por uma polia.
Sendo as massas de A e B, respectivamente,
4 kg e 2 kg, e o coeficiente de atrito cinéti- A B

co entre B e o plano igual a 0,1, determine a


aceleração do sistema. (Adote g 5 10 m/s2 e a

despreze o atrito na polia.) Dados: sen a = 0,6 e cos a = 0,8

■ Resolução
O peso dos corpos A e B são, respectiva- T
mente, 40 N e 20 N. Sendo assim, o corpo
A tende a descer puxando o corpo B para T
N
cima do plano. As componentes do peso do
corpo B são: A B
Px
Fat.
Px 5 P 3 sen a 5 20 3 0,6  ]  Px 5 12 N Py
a
Py 5 P 3 cos a 5 20 3 0,8  ]  Py 5 16 N
PA
A força de atrito que atua em B é igual a:

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Fat. 5 j 3 N  ]  Fat. 5 0,1 3 Py 5 0,1 3 16  ]  Fat. 5 1,6 N
A força resultante sobre o sistema é:
FR 5 PA 2 Fat. 2 Px  ]  FR 5 40 2 1,6 2 12  ]  FR 5 26,4 N
A aceleração do sistema pode ser assim calculada:

FR 5 (mA 1 mB) 3 a  ]  26,4 5 6 3 a  ]  a 5 4,4 m/s2

F R5 Um corpo de massa m 5 40 kg está sendo mantido em repouso por uma força F


de módulo 50 N conforme ilustrado na figura à esquerda. O borrão do desenho
esconde um sistema com roldanas móveis.
Como pode ser esse esquema? Desenhe uma possibilidade.

■ Resolução
P
Se o peso de 400 N é erguido por uma for- 2— (50 N)
8
m
ça oito vezes menor, de 50 N, é possível que
o borrão esconda um sistema formado por P
2— (100 N)
três roldanas móveis, conforme o seguinte 4
desenho.

P
2— (200 N)
2

P (400 N)

14
R6 Uma gota de chuva de massa 2 3 1022 g desprende-se de uma nuvem situada a
1.500 m da superfície da Terra, ficando sujeita a uma força de resistência do ar
dada, em newtons, por: Rar 5 1024 3 v. Considere g 5 10 m/s2.

a) Qual é a velocidade da gota ao atingir o solo, em km/h, caso não haja resistên-
cia do ar, ou seja, para a gota em queda livre?

■ Resolução
Se a gota está em queda livre, a aceleração do movimento vale 10 m/s2 e po-
demos supor que ao se desprender da nuvem sua velocidade é nula. Sendo
assim, temos:
v 2 5 v02 1 2 3 a 3 Ss, então:
P

v 2 5 02 1 2 3 10 3 1.500  ]  v 7 173 m/s 7 623 km/h

Note que com essa velocidade a gota causaria um grande estrago ao se cho-
car com o solo.
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

b) Qual a aceleração da gota, considerando-se a resistência do ar, quando sua


velocidade vale 1 m/s?

■ Resolução
Em uma queda na qual a resistência do ar não é desprezada, a gota sofre a
ação da força peso e da força de resistência do ar. Rar
Sendo assim, a força resultante será:
FR 5 P 2 Rar
m 3 a 5 m 3 g 2 1024 3 v
P
sendo m 5 2 3 1022 3 1023 kg, temos:

2 3 1025 3 a 5 2 3 1025 3 10 2 1024 3 1  ]  a 5 5,0 m/s2

Note que a aceleração encontrada é menor que a da gravidade apesar de a


gota estar em baixa velocidade.

c) Qual é a velocidade-limite da gota?

■ Resolução
A gota atinge a velocidade-limite quando o módulo da força resultante sobre Rar
ela for nulo. Nessa situação teremos:

P 5 Rar  ]  2 3 1025 3 10 5 1024 3 vlimite  ]  vlimite 5 2 m/s ou 7,2 km/h

Observe que esse valor é aproximadamente 85 vezes menor do que aquele P


encontrado no item a. Com este valor de velocidade, podemos tomar chuva
sem receio de nos machucar.

15
Exercícios dos conceitos
1 Imagine que o esquema representado na figura acaba de ser monta-
do. As massas dos corpos A e B são, respectivamente, 10 kg e 2 kg, e o coe-
ficiente de atrito estático entre A e o plano inclinado é igual a 0,4. Sendo
A 3 4
B
sen a 5 __​   ​  , cos a 5 ​ __ ​  e g 5 10 m/s2:
5 5
a
a) calcule o módulo das componentes Px e Py do peso do corpo A;
Px 5 60 N e Py 5 80 N.
b) calcule o módulo da força de atrito estático máximo sobre o corpo A;
Fat. 5 32 N

c) compare o peso de B com a componente Px de A e responda: se houver movi-
mento, o corpo A subirá ou descerá o plano?
Ele descerá o plano.

d) qual é a direção e o sentido da força de atrito que atua sobre A?

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


É a direção do plano inclinado, sentido para o topo do plano.

2 Um goleiro chuta uma bola em um campo de futebol localizado numa cidade


que está 800 m acima do nível do mar. Nessa situação, a bola atinge o gramado
a 50 m do local do chute. O mesmo goleiro chuta a mesma bola em um campo
situado a 3.600 m acima do nível do mar exercendo a mesma força sobre a bola.
Dessa vez, a bola atinge o gramado a 65 m do local do chute. Explique a diferença
entre as distâncias percorridas pela bola.

O ar mais rarefeito na cidade situada a 3.600 m acima do nível do mar impõe uma

resistência muito menor ao movimento da bola do que na cidade situada a 800 m

acima do nível do mar. Por isso, o alcance da bola é maior na cidade situada a

3.600 metros acima do nível do mar.

3 Um esquiador de massa 70 kg desce uma encosta bastante longa de inclinação


igual a 45w. O coeficiente de atrito entre os esquis e a neve é 0,1. O atrito devido à
resistência do ar depende da velocidade v do esquiador e é dado por: Rar 5 b 3 v2,
sendo b 5 0,25 N 3 s2/m2. Determine a velocidade-limite atingida pelo esquiador
durante o percurso. Use: sen 45w 5 cos 45w 5 0,7.
vlimite 5 42 m/s

4 Um bloco de 2,0 kg foi colocado sobre uma prancha de madeira


de 4,0 m de comprimento, como mostra o desenho.
O coeficiente de atrito cinético entre o
bloco e a madeira é igual a 0,5 e o coefi-
ciente de atrito estático não é conhecido.
Levantando-se a ponta da prancha em que
está o bloco, verifica-se que ele começa a
escorregar quando o ângulo de inclinação
da prancha em relação ao chão chega a um
valor cujo seno é igual a 0,6 e o cosseno 0,8.
Considere g 510 m/s2.

16
Calcule:
a) o valor do coeficiente de atrito estático entre o bloco e a rampa de madeira;

j 5 0,75

b) o tempo que o bloco demora para descer a rampa, inclinada segundo o mes-
mo ângulo anterior.

t52s

5 Dois operários mantêm suspenso um corpo de 400 kg


por intermédio de um sistema de roldanas, conforme
representado na figura. Desprezando as massas das
cordas e das roldanas, qual é o módulo da força que
cada pessoa faz para manter o corpo em equilíbrio?
(Use g 510 m/s2.)

A pessoa posicionada na parte de cima exerce sobre a

corda uma força de 2.000 N. A outra pessoa exerce uma


Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

força de 1.000 N.

6 A caixa representada no desenho


tem mas­sa de 40 kg e sobe um pla-
no inclinado perfeitamente liso pu-
xada por uma corda amarrada a um
pequeno motor. Se a caixa se des-
loca com aceleração de 4 m/s2, qual
a
é o módulo da força que o motor
desenvolve nessa tarefa? Dados: sen a = 0,8 e cos a = 0,6

F 5 480 N

7 Um corpo A de peso 120 kgf é amarrado a um corpo B de peso 80 kgf que está
apoiado em um plano inclinado de 53w.

53°

Supondo o coeficiente de atrito entre B e o plano igual a 0,2; e entre o corpo A e


o plano igual a 0,3; determine:
(Dados: sen 53w 5 0,8; cos 53w 5 0,6; g 5 10 m/s2; não há atrito na polia)
a) o módulo da aceleração do sistema;

a 5 0,92 m/s2

b) o módulo da força de tração na corda que une os dois corpos.

T 5 470,4 N

17
8 Uma pessoa puxa o corpo A de massa 4 kg, que, por sua vez, puxa o corpo B de
massa 10 kg, conforme representado no desenho.

Há atrito entre o piso e os corpos que são puxados, mas o atrito na polia pode ser
desprezado. Se o sistema percorre 8 metros em 2 segundos, partindo do repou-
so, calcule o módulo da força:
(Dados: jc 5 0,2, sen a 5 0,8 e cos a 5 0,6, g 5 10m/s2)

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a) com que a pessoa puxa o sistema;

F 5 156 N

b) de tração na corda que une A e B.

T 5 132 N

Professor: As resoluções destes exercícios estão dis-


poníveis no Plano de Aulas deste módulo. Consulte

Retomada dos conceitos também o Banco de Questões e incentive os alunos


a usar o Simulador de Testes.

1 Uma caixa de 200 kg, com pequenas rodas na parte 2 Mário lançou um bloco de 5 kg na subida de uma ram-
inferior, é empurrada plano inclinado acima por uma pa de 20w de inclinação, rampa esta que termina em
pessoa, que exerce sobre a caixa uma força na dire- uma região plana. A velocidade inicial do bloco foi de
ção do plano inclinado. 20 m/s e a distância percorrida no trecho inclinado,
de 4 m. Considere g 5 10 m/s2, o coeficiente de atrito
cinético entre o bloco e o piso igual a 0,4, o seno do
ângulo de inclinação aproximadamente igual a 0,3 e
o cosseno aproximadamente igual a 0,9. Calcule:
a) a aceleração do bloco no trecho de subida;
b) a velocidade do bloco ao atingir o ponto mais alto
do plano inclinado;
c) a aceleração do bloco durante seu percurso hori-
zontal;
d) a distância percorrida pelo bloco no trecho hori-
zontal até parar;
e) faça um esboço do gráfico v versus t de todo o per-
curso do bloco até parar.
Supondo que a caixa sobe o plano com velocidade
constante e que é possível desprezar os atritos nos
rolamentos das rodas, qual é o módulo da força que a
3 (UFPE) Um objeto de massa m 5 0,25 kg, em queda
na atmosfera terrestre, tem aceleração constante. Sua
pessoa exerce sobre a caixa?
velocidade aumenta 2 m/s a cada segundo. Saben-
Dados: do que g 5 10 m/s2, calcule o módulo da força F, em
sen 30w 5 0,5 e cos 30w 5 0,86 newtons, da resistência do ar que atua no objeto.

18
4 O gráfico mostra a velocidade de um corpo lançado 7 O corpo apoiado no plano inclinado representado
de baixo para cima em um plano inclinado de um na figura tem massa de 40 kg, e o coeficiente de atri-
ângulo a. Qual é o valor do coeficiente de atrito ciné- to cinético entre ele e o plano é igual a 0,4.
tico entre o corpo e o plano?
(Dados: sen a 5 0,6; cos a 5 0,8 e g 5 10 m/s2)
v (m/s)
16

45°

2 t (s)
a) 0,5 c) 0,25 e) 0,4 Qual é o módulo da força que a pessoa deve fazer
b) 0,17 d) 0,75 para que o corpo:
a) suba o plano com velocidade constante?
5 (PUC-RS) Sobre uma gota de chuva atuam, principal- b) desça o plano com velocidade constante?
mente, duas forças: o peso e a força de resistência do c) suba o plano acelerando a 0,5 m/s2?
ar, ambas com direções verticais, mas com sentidos
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opostos. A partir de uma determinada altura h em re-


lação ao solo, estando a gota com velocidade v, essas 8 (UFPE) Um sistema de polias, composto de duas po-
duas forças passam a ter o mesmo módulo. lias móveis e uma fixa, é utilizado para equilibrar os
Considerando a aceleração da gravidade constante, corpos A e B. As polias e os fios possuem massas des-
é correto afirmar que: prezíveis, e os fios são inextensíveis. Sabendo-se que
o peso do corpo A é igual a 340 N, determine o peso
a) o módulo da força devido à resistência do ar não do corpo B, em newtons.
se altera desde o início da sua queda.
b) o módulo do peso da gota varia durante a sua
queda.
c) durante a queda, a aceleração da gota aumenta.
d) a velocidade com que a gota atinge o solo é v.
e) a partir da altura h até o solo, a velocidade da gota
vai diminuir.

6 Alguém lançou horizontalmente um corpo de 20 kg B


sobre o ponto A de um piso, imprimindo-lhe uma
velocidade inicial de 20 m/s. Depois de percorrer os
18 metros da distância AB, o corpo desliza pelo pla- A
no inclinado representado no desenho.
9 (UFRJ) A figura adiante mostra um sistema constituído
por fios inextensíveis e duas roldanas, todos de massa
A B
desprezível. A roldana A é móvel, e a roldana B é fixa.

a C

Observe os dados e calcule: B

(Dados: AB 5 18 m; j 5 0,4; BC 5 10 m; sena 5 0,6 e


cosa 5 0,8) A
a) o tempo que o bloco demorou para percorrer a
distância AB;
b) a velocidade do corpo ao atingir o ponto B;
c) a aceleração do corpo na sua descida do plano in- 2 kg m1
clinado;
d) a velocidade do corpo na saída do plano inclina-
do, supondo que demorou 0,5 segundos para per- Calcule o valor da massa m1 para que o sistema per-
correr a distância BC. maneça em equilíbrio estático.

19
CAPÍTULO 2 Dinâmica do
movimento circular

1 A resultante centrípeta
ou: o que nos assegura que a Lua não sairá
naturalmente de sua órbita?
Quando vamos a um parque de diversões, sabemos que grandes emoções estão
associadas aos brinquedos que giram. Seja nos que se movem com baixa velocidade,
como o carrossel e a roda-gigante, seja nos brinquedos ditos mais “radicais”, a sen-
sação de perigo pode ser associada ao fato de que executam movimentos circulares.

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


Por que isso ocorre?
Sabemos que a tendência natural dos corpos em movimento é permanecer na ve-
locidade em que se encontram e em movimento retilíneo. Ao realizar o movimento
circular, força-se o corpo a executar um círculo, quando naturalmente ele tende, por
inércia, a permanecer na trajetória em linha reta (figura 1).
1
v1

v3
v2

Figura 1 • Nos movimentos v2


v3
circulares, o vetor veloci-
dade está constantemente
v1
mudando de direção.

Para que carros consigam executar curvas, para que possamos nos divertir nos brin-
quedos dos parques, ou ainda para que uma pedra presa a um barbante possa girar, é
indispensável que a direção do vetor velocidade varie, alterando, assim, a direção do
movimento (figura 2). E, para que essa mudança da direção do vetor velocidade se reali-
ze, é necessário que sobre o móvel atue uma força resultante na direção diferente daque-
la do movimento. Essa força é denominada resultante centrípeta Rcp, tem direção radial,
ou seja, perpendicular ao vetor velocidade e sentido para o centro da circunferência.
Figura 2 • A resultante cen- 2
trípeta é responsável por
mudar a direção do vetor Rcp
velocidade.

Rcp

20
Pela 2a lei de Newton, a força resultante provoca no corpo em que está sendo
aplicada certa aceleração. No caso de movimentos circulares, isso também ocorre. A
diferença é que se trata da aceleração centrípeta. Como FR 5 m 3 a, temos:

Rcp 5 m 3 acp

Atente para o fato de que a resultante centrípeta tem a mesma natureza das re-
sultantes de forças que estudamos. Ela não é uma nova categoria de força. Para
obtermos a resultante centrípeta devemos considerar a soma vetorial das forças
na direção radial, lembrando que o sentido deverá estar, necessariamente, dirigido
para o centro da circunferência.

Aplicar, esclarecer, imaginar

acp N
T
Rcp = T v
v1 Fat.
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acp P

Rcp = Fat.
v2

Rcp = P + N

N v
v N P
v
N N
Terra Rcp = N Rcp = N
P
Lua P N
Rcp = P v v
v
C

Rcp = P – N
P
Rcp = N – P

Em qualquer movimento circular, a força resultante responsável por alterar a direção do vetor velocidade é denominada resultante centrípeta (Rcp).

VoCê precisa saber!


A aceleração centrípeta, responsável pela variação da direção do vetor velocidade
em movimentos circulares, é expressa por:

v2
acp 5 __
​   ​ 
R

Sv
A aceleração definida como a 5 ___
​   ​ , cuja direção é a mesma do vetor velocidade, é de-
St
nominada aceleração tangencial, termo usado, sobretudo, em movimentos circulares.
Observe que, se o movimento circular é uniforme, ou seja, se apenas a direção do
vetor velocidade varia e não seu módulo, temos a 5 0, apesar de termos acp % 0.

21
Você se lembra?
Período (T): tempo para uma repetição do fenômeno. No SI, mede-se em segundos (s).
Frequência (f): número de repetições por unidade de tempo. No SI, mede-se em hertz (Hz).
1 1
Relação entre T e f: são inversamente proporcionais, T 5 __
​   ​ ou f 5 __​   ​ .
T
@ 
f
Velocidade angular (h): mede a rapidez com que o móvel se desloca angularmente ​ h 5 ___
Sa
#
​   ​   ​. No SI, mede-se em
St
rad/s. Para uma volta completa, o ângulo “varrido” é 2s, e o tempo é o período, ou seja, T.
2s
Então temos: h 5 ___
​   ​. 

@ 
T
#Ss
Velocidade linear (v): mede a rapidez com a qual o móvel percorre um arco de circunferência ​ v 5 ​ ___ ​   .​ No SI, me-
St
de-se em m/s. Em uma volta completa, o móvel percorre o comprimento do círculo, ou seja,
2sR
2sR em um período, T. Logo, temos: v 5 ____ ​   ​. 
T
Relação entre v e h : comparando as duas expressões ​ v 5 ____
2sR
@ 
​   ​ e h 5 ___
T
2s
#
​   ​   ​, vem: v 5 h 3 R.
T

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


2 A resultante centrípeta
em alguns movimentos
Ao substituirmos a expressão de acp na equação Rcp 5 m 3 acp , temos:

m 3 v2
Rcp 5 _____
​   ​   
R

Assim, verificamos que, mantendo a massa e a velocidade constantes, quanto


maior o raio da trajetória, menor será a intensidade da força centrípeta necessária
para manter o corpo em movimento circular. Isso pode ser explicado quando per-
cebemos que um arco de um círculo de grande raio assemelha-se a um traçado pra-
ticamente retilíneo. Essa é a razão pela qual os pilotos de fórmula-1, por exemplo,
fazem as curvas utilizando a trajetória de maior raio possível. Nesse caso, a resul-
tante centrípeta será menor, exigindo menos força de atrito e permitindo ao piloto
desenvolver maior velocidade (figura 3).
james squire-allsport/getty images sport

Figura 3 • Quanto maior o


raio da trajetória, menor a
resultante centrípeta. Por
esse motivo, os pilotos de
corridas procuram fazer as
curvas abertas.

Há alguns circuitos de corrida de automóveis, sobretudo naqueles cujo traçado é


oval, em que as pistas são sobrelevadas, ou seja, inclinadas em relação à horizontal.

22
Nesses casos, quanto maior for o ângulo de inclinação, maior poderá ser a velo-
cidade desenvolvida pelo carro (figura 4). Isso pode ser verificado ao admitirmos
que sobre o carro atuam somente as forças peso (P) e a reação (N) do piso da pista,
desconsiderando os efeitos das forças de resistência sobre a resultante centrípeta
(figura 5).

jeff fross/getty images sport


4 5
N

Rcp
C a
N
P
P
a

R
Rcp

Assim, a resultante centrípeta aponta para um centro imaginário da curva, Figura 5 • Esquema das
forças que atuam sobre o
que se encontra acima do solo. Logo, considerando a o ângulo de inclinação da
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

automóvel em uma curva


inclinada.
pista, temos:
Rcp m 3 v2
tg a 5 ___
​   ​   ]  tg a 5 _______
​    ] 
  ​  v 5 d​ lllllllll
R 3 g 3 tg a ​ 
P R3m3g

PARA SABER MAIS


O pêndulo cônico
Quando um corpo suspenso por um
a
fio oscila em um plano horizontal, ele L T
a
é chamado de pêndulo cônico. Se des-
prezarmos a resistência do ar, atuarão R T
sobre o corpo que oscila somente a tra- P
ção e o peso. Observe, pela figura ao v
lado, que a resultante centrípeta deve P
ser a soma vetorial dessas duas forças.
Rcp
O pêndulo de Foucault
Em 1851, o astrônomo francês Jean Características do pêndulo cônico e forças que atuam sobre ele.
Foucault realizou uma bela e simples
antonio Ribeiro/gamma-other images

experiência capaz de demonstrar a ro-


tação da Terra.
A dificuldade em confirmar esse mo-
vimento reside no fato de que se tra-
ta de uma rotação muito lenta (0,0007
rotação por minuto-rpm). Com uma
corda de 67 m, fixa no teto do Panteão
de Paris, ele suspendeu uma esfera de
ferro de 28 kg e imprimiu-lhe um mo-
vimento pendular.
Na sequência, o plano do pêndulo pas-
sou a apresentar uma lenta rotação no
sentido horário. Esse movimento foi facil-
mente explicado a partir da suposição de
que a Terra gira em torno de seu eixo. Pêndulo de Foucault, em Paris.

23
Já sabe responder?
o que nos assegura que a
Lua não sairá naturalmente
de sua órbita?
A Lua tem velocidade e, portanto, por inércia,

tende ao movimento retilíneo. O fato de existir

uma força de atração da Terra sobre ela garante

a resultante centrípeta que a mantém em órbita.

EXERCíCIOs resolvidos

R1 Uma pedra de massa 200 g é amarrada a um cordão de 30 cm de comprimento e


posta a girar em um plano vertical com velocidade de 6 m/s. Dado: g 510 m/s2.

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


a) Determine a tração no fio no ponto mais baixo.

■ Resolução
Observando a figura, temos as forças de tração e peso atuando na pedra no
ponto mais baixo. Para que o movimento circular continue a ser executado, é
necessário que haja uma resultante centrípeta. Isso quer dizer que a força que
aponta para o centro, no caso a tração, deve ter maior intensidade que a força
que aponta no sentido contrário, no caso o peso. Sendo assim, temos:
T
m 3 v2
Rcp 5 T 2 P  ]  _____
​   ​   5 T 2 m 3 g
P R
0,2 3 62
Logo, T 5 0,2 3 10 1 ​ ______   ]  T 5 26 N
 ​ 

0,3

b) Determine a tração no fio no ponto mais alto.

■ Resolução
P
T No ponto mais alto, tanto o peso da pedra quanto a tração apontam para o
centro da trajetória. Logo, a resultante centrípeta terá intensidade equivalen-
te à soma dos módulos das duas forças. Sendo assim, temos:
m 3 v2
Rcp 5 T 1 P  ]  _____
​   ​   5 T 1 m 3 g
R
0,2 3 62
Logo, T 5 ​ ______ ​ 
 2 0,2 3 10  ]  T 5 22 N
0,3

Os valores da tração no fio diminuem conforme a pedra atinge o ponto mais


alto da trajetória. Para a velocidade dada no problema, o menor valor de tra-
ção é 22 N, quando o peso da pedra atua inteiramente no sentido do centro
da trajetória.

c) Determine a velocidade mínima da pedra no ponto mais alto da trajetória


para que ela continue a descrever o movimento circular.

24
■ Resolução
Conforme a velocidade diminui, a tração no ponto mais alto também fica me- P
nor. A trajetória ainda se manterá circular enquanto tivermos alguma tração
no fio. No limite, se a tração for nula, a pedra ficará na iminência de cair e es-
tará na sua velocidade mínima. Note que a velocidade mínima não pode ser
nula. Se assim fosse, a pedra pararia no ponto mais alto e certamente cairia.
No ponto mais alto temos: Rcp 5 P 1 T.
Na velocidade mínima, T 5 0. Logo:
m 3 v2
Rcp 5 P  ]  _____
​   ​   5 m 3 g  ]  v 5 ​dllll   ]  v 5 d​ llllll
R 3 g ​  0,3 3 10 ​  
]  v 7 1,7 m/s
R

R2 Os ciclistas da figura estão competin-

richard wareham fotografie /


alamy-other images
do em um velódromo que tem um
trecho da pista sobrelevada. Qual a
velocidade máxima que os ciclistas
podem imprimir à bicicleta, sabendo
que o ângulo de inclinação da pista é
30w e o raio da curva circular é 50 m?
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Considere tg 30w 5 0,57.

■ Resolução
Nos ciclistas atuam as forças peso e normal, cuja soma vetorial é a resultante
centrípeta. Há também a força de atrito entre os pneus e a pista garantindo o
movimento da bicicleta. No caso de pistas sobrelevadas, os competidores não
dependem apenas do atrito para fazer as curvas e, por isso, conseguem fazê-las
com mais segurança.
N
Pela figura, temos:
m 3 v2
_____
Rcp ​   ​   
___ R
______
tg a 5 ​   ​   ]  tg a 5 ​   ]
 ​ 

P m3g Rcp C
N J
P
2 2
v v P
tg a 5 ____
​     ​   ]  0,57 5 ​ ______
   ​ 
 ]
R3g 50 3 10
Rcp
v2 5 285  ]  v 7 17 m/s 7 61 km/h a

R3 Em um parque de diversões, um trecho


david wall / alamy-other images

da montanha-russa possui um looping


de raio igual a 8 m, que é percorrido
pelo carrinho com uma velocidade an-
gular constante de 1,5 rad/s. Determine
a intensidade da compressão que um
passageiro de massa 80 kg exerce sobre
o banco do carrinho quando ele está
no ponto mais baixo e quando está no
ponto mais alto do looping.

■ Resolução
■ No ponto mais alto do looping, a resultante centrípeta sobre o passageiro será:
m 3 v2
■  Rcp 5 N 1 P  ]  _____
​   ​   5 N 1 m 3 g
R

25
■  Lembrando que a velocidade angular h se relaciona com a velocidade linear v,
por meio de v 5 h 3 R, temos:
■  v 5 1,5 3 8  ]  v 5 12 m/s
■  Então:
80 3 (12)2
■  N 5 ________
​   ​   2 80 3 10  ]  N 5 640 N
8
■ No ponto mais baixo do looping, a resultante centrípeta sobre o passageiro será:
m 3 v2
  Rcp 5 N 2 P  ]  _____
■ ​   ​   5 N 2 m 3 g
R
■ Como a velocidade linear é constante, temos:

80 3 (12)2
■  N 5 ​ ________
 ​   1 80 3 10  ]  N 5 2.240 N
8
■ Observe que, no ponto mais baixo, a pessoa comprime o assento com uma for-
ça de intensidade maior do que o seu peso e, por isso, sente-se “espremida” no
assento. No ponto mais alto, a sensação é de diminuição do peso, pois a força
normal tem intensidade menor do que o peso.

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Exercícios dos conceitos
1 Um carro de massa m 5 1.500 kg percorre, ace-
lerando, um trecho de uma estrada em formato
de arco de circunferência cujo raio de curvatura é
R 5 250 m.
Considere g 5 10 m/s2 e despreze o atrito entre a
pista e o carro.

@ 
​ Dados: sen 60w 5 ___
3 ​ 
​dll 1
#
​   ​ e cos 60w 5 ​ __ ​   ​
2 2
A

60°

a) Qual a velocidade máxima que o carro pode


atingir no ponto A, sem perder o contato com
a pista?

v 5 50 m/s

b) Calcule a força que a pista exerce no carro, na


direção perpendicular à sua trajetória, no ins-
tante em que ele passa pelo ponto B com ve-
locidade tangencial constante de 25 m/s.

N 5 3.750 N

26
2 O rotor é uma atração presente em alguns parques de diver- h
são. O brinquedo é um cilindro oco, com o piso removível R
e que pode rotacionar em torno do seu eixo vertical. Uma
pessoa entra no rotor, de raio R 5 10 m, e posiciona-se de
pé, contra a parede; o brinquedo então começa a girar até
atingir determinada velocidade linear, quando o piso é reti-
rado e a pessoa fica em contato apenas com a parede, sem
cair ou escorregar.
Calcule a menor velocidade linear que deve ser imposta ao
rotor para que a pessoa fique na iminência de escorregar.
Considere g 5 10 m/s2 e o coeficiente de atrito entre a pa-
rede do brinquedo e a pessoa igual a 0,25.
v 5 20 m/s

3 Dois blocos de massa m 5 500 g, ligados por


fios inextensíveis e de massas desprezíveis, es-
tão girando com velocidade angular h 5 6 rad/s
num plano horizontal, sem atrito, em torno do
ponto P.
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Sabe-se que cada fio mede 30 cm. Determine a in-


tensidade da tração em cada fio.
T15 16,2 N e T2 5 10,8 N.

4 (UFG-GO) O chapéu mexicano, representado na


figura, gira com velocidade angular constante.

Cada assento é preso por quatro correntes, que


formam com a vertical um ângulo de 30w. As cor-
rentes estão presas à borda do círculo superior,
cujo diâmetro é de 6,24 m, enquanto o compri-
mento das correntes é de 6 m. A massa de cada
criança é de 34 kg, sendo desprezíveis as massas
dos assentos e das correntes. Dados g 5 10 m/s2
3 ​ 5 1,7, calcule:
e ​dll
a) a velocidade delas ao longo da trajetória circular;

v 7 6 m/s

27
b) a tensão em cada corrente.

T 5 100 N

5 (Puc-sp) A figura representa em plano verti-


cal um trecho dos trilhos de uma montanha-
-russa na qual um carrinho está prestes a rea-
lizar uma curva. r

Despreze atritos, considere a massa total


dos ocupantes e do carrinho igual a 500 kg
e a máxima velocidade com que o carrinho
consegue realizar a curva sem perder contato com os trilhos igual a 36 km/h. O
raio da curva, considerada circular, é, em metros, igual a:
a) 3,6 b) 18 c) 1,0 d) 6,0 e) 10

6 (UFSCar-SP) A figura ao lado representa um

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pêndulo cônico, composto por uma peque-
na esfera de massa 0,10 kg, que gira presa
por um fio muito leve e inextensível, descre-
vendo círculos de 0,12 m de raio num plano
horizontal, localizado a 0,40 m do ponto de
suspensão. Adote g 5 10 m/s2.
0,40 m

a) Represente graficamente as forças que


atuam sobre a esfera e nomeie-as. De-
termine o módulo da resultante dessas 0,12 m

forças.

F 5 0,30 N

T = força de tração
P = força peso = mg

b) Determine o módulo da velocidade linear da esfera e a frequência do movi-


mento circular por ela descrito.

v 5 0,60 m/s e f 7 0,80 Hz.

28
Professor: As resoluções destes exercícios estão dis-
poníveis no Plano de Aulas deste módulo. Consulte
também o Banco de Questões e incentive os alunos
a usar o Simulador de Testes. Retomada dos conceitos
1 (UFPel-RS) Considere um satélite artificial que está TEXTO PARA AS QUESTÕES 4, 5 e 6
em órbita circular ao redor da Terra. Supondo que ele
(FGV-SP) Vendedores aproveitam-se da morosidade
execute um movimento circular uniforme (MCU), é
do trânsito para vender amendoins, mantidos sempre
correto afirmar que:
aquecidos em uma bandeja perfurada encaixada no
a) seu vetor velocidade, vetor aceleração centrípeta topo de um balde de alumínio; dentro do balde, uma
e seu período são constantes. lata de leite em pó, vazada por cortes laterais, contém
b) seu vetor velocidade varia, seu vetor aceleração carvão em brasa (figura 1). Quando o carvão está por se
centrípeta e seu período são constantes. acabar, nova quantidade é reposta. A lata de leite é en-
c) seu vetor velocidade e seu vetor aceleração centrí- ganchada a uma haste de metal (figura 2) e o conjunto é
peta variam e seu período é constante. girado vigorosamente sob um plano vertical por alguns
d) seu vetor velocidade e seu período são constan- segundos (figura 3), reavivando a chama.
tes e seu vetor aceleração centrípeta varia.
(Dados: s 5 3 e g 5 10 m/s2)
e) seu vetor velocidade, seu vetor aceleração centrí-
peta e seu período variam.

2 (UFU-MG) Em uma corrida de automóveis, um dos


trechos da pista é um pequeno morro com a forma
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de um arco de circunferência de raio R, conforme in-


dicado na figura a seguir.

??? A
Figura 1
B
R

O carro A, que segue na frente do carro B, ao pas-


sar pelo ponto mais alto do morro fica na iminência
de perder o contato com o solo. O piloto do carro B
observa o carro A quase perdendo o contato com o
solo e fica impressionado com a habilidade do piloto
do carro A. Assim, o piloto do carro B, sabendo que
seu carro tem massa 10% maior do que a massa do
Figura 2 Figura 3
carro A, tenta fazer o mesmo, isto é, passar pelo pon-
to mais alto do morro da pista também na iminência
de perder o seu contato com o solo. Para que isso 4 Ao girar a lata com carvão, fazendo-a descrever ar-
ocorra, a velocidade do carro B, no topo do morro, cos de circunferência de raio 80 cm, o vendedor
deve ser: concentra-se em fazer com que sejam dadas duas
a) 10% menor do que a velocidade de A no topo do voltas completas no tempo de um segundo. Nessas
morro. condições, a velocidade escalar média com que o ar,
b) 10% maior do que a velocidade de A no topo do que relativamente ao chão está em repouso, toca o
morro. corpo da lata, em m/s, é, aproximadamente:
c) 20% maior do que a velocidade de A no topo do a) 8 d) 6
morro. b) 12 e) 10
d) igual à velocidade de A no topo do morro. c) 14

3 (PUC-RJ) Um carro de massa m 5 1.000 kg realiza 5 Mantendo o movimento circular de raio 80 cm, a
uma curva de raio R 5 20 m com velocidade angular menor velocidade que a lata deve possuir no ponto
h 5 10 rad/s. A força centrípeta atuando no carro, mais alto de sua trajetória para que o carvão não caia
em newtons, vale: da lata é, em m/s:
a) 2,0 3 106 d) 2,0 3 105 a) 2 d) ​dll
2 ​ 
b) 3,0 3 10 6
e) 4,0 3 105 b) 4 e) 2​dll
2 ​ 
6
c) 4,0 3 10 c) 4​dll
2 ​ 

29
6 No momento em que o braseiro atinge o ponto mais Em repouso Em rotação
baixo de sua trajetória, considerando que ele descre- Centro do rotor
ve um movimento no sentido anti-horário e que a Homogeneizado
trajetória é percorrida com velocidade constante, dos
vetores indicados, aquele que mais se aproxima da
direção e sentido da força resultante sobre a lata é:
Tubo de Solução de NaCl
a) d) equilíbrio

Considere as seguintes massas médias para algumas


organelas de uma célula eucariota:
■  mitocôndria: 2 3 1028 g;
210
■  lisossoma: 4 3 10 g;
26
■  núcleo: 4 3 10 g.
Durante a centrifugação do homogeneizado, em
b) e)
um determinado instante, uma força centrípeta de
5 3 1024 N atua sobre um dos núcleos, que se desloca
com velocidade de módulo constante de 150 m/s.
Nesse instante, a distância desse núcleo ao centro do
rotor da centrífuga equivale, em metros, a:
a) 0,12 b) 0,18 c) 0,36 d) 0,60

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c) 8 (OBF) Um cachorro está preso por uma corda num
poste quando vê um gato e decide ir atrás dele. O
cachorro, porém, por mais força que faça, não conse-
gue romper a corda, que suporta uma tração de até
7 (Uerj) A técnica de centrifugação é usada para se- 1.000 N. Sendo ele o cachorro de um cientista, ele
parar os componentes de algumas misturas. Pode sabe que pode tentar romper a corda girando em
ser utilizada, por exemplo, na preparação de frações torno do poste. Supondo que o tamanho da corda
celulares, após o adequado rompimento das mem- seja 1 m, a massa do cachorro 5 20 kg, e o movimento
branas das células a serem centrifugadas. Em um seja circular uniforme, determine:
tubo apropriado, uma camada de homogeneizado a) qual deve ser a velocidade linear mínima que o ca-
de células eucariotas rompidas foi cuidadosamente chorro deve ter para que consiga romper a corda.
depositada sobre uma solução isotônica de NaCl. b) quanto tempo o cachorro demora para dar uma
Esse tubo foi colocado em um rotor de centrífuga, volta completa, em torno do poste com esta ve-
equilibrado por um outro tubo. locidade. De posse destes resultados, comente se
O esquema a seguir mostra o rotor em repouso e em é possível supor que o cachorro conseguirá arre-
rotação. bentar a corda (Considere s 5 3).

30
CAPÍTULO 3 Leis de Kepler

1 Olhar o passado
compreendendo o presente
ou: O que é preciso para um ASTRO ser considerado
um planeta do sistema solar?
Os primeiros modelos propostos para explicar as observa- 1
ções sobre o céu foram apresentados pelos gregos. Quase
todas as concepções de universo da Antiguidade se ba-
seiam em um modelo geocêntrico, isto é, que mantém
a Terra imóvel no centro da esfera celeste. Um dos
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modelos mais importantes e que vigorou durante


séculos foi concebido por Aristóteles no século IV
a.C. Nessa época, os gregos conheciam sete corpos
celestes: Lua, Sol, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter
e Saturno, que supunham orbitar ao redor da Terra
presos a superfícies de esferas. A última esfera era a das
estrelas fixas, que marcava o fim do Universo e continha
o restante dos astros e estrelas que conhecemos hoje (figura
1). No modelo aristotélico, os planetas gravitavam ao redor da
Terra em movimentos circulares uniformes. A forma esférica sem- Figura 1 • Modelo grego
pre foi cultuada pelos gregos como a forma perfeita. Nesse sentido, um universo de universo, conhecido co-
mo a “Taça esférica”. Para
circular, com os planetas se movendo sempre com a mesma velocidade, traduzia os gregos, a esfera era con-
parte do modo de viver dos gregos. A estrutura proposta para o Universo era or- siderada a forma perfeita.

denada e hierarquizada tal qual a sociedade da época. Por isso, o movimento dos
corpos celestes era uniforme – para eles o movimento perfeito, sempre idêntico a
si mesmo e, portanto, imutável e eterno. A trajetória, sendo circular, indicaria algo
sem início ou fim, movimento sem mudança.
Ainda na Grécia, exceção à crença no geocentrismo foi o modelo de Aristarco,
no século III a.C. Neste modelo, o Sol estava no centro da esfera celeste no lugar da
Terra, caracterizando uma visão heliocêntrica do Universo. Esse modelo foi pro-
posto para tentar explicar os movimentos aparentes de avanço e regressão que os
planetas, notadamente Marte, executam quando observados da Terra, assim como
para justificar as variações de seus brilhos. No entanto, apesar de apresentar uma Glossário
explicação física dos movimentos planetários, esse modelo tirava a Terra da imobili- Geocentrismo. An-
tiga teoria segundo
dade, situação inimaginável na época e, portanto, foi abandonado. a qual a Terra era o
Por volta de 150 d.C., na Alexandria, o astrônomo Cláudio Ptolomeu sistema- centro do sistema
tizou o conhecimento adquirido dos gregos em um sistema que explicava razoa- planetário, em torno
do qual todos os as-
velmente o movimento retrógrado dos planetas. Segundo Ptolomeu, cada planeta tros girariam.
orbitava em torno da Terra segundo uma trajetória resultante da composição de Heliocentrismo.
dois movimentos circulares associados. O movimento do planeta descreveria um Sistema cosmológico
epiciclo no céu (figura 2). Esse modelo de universo foi aceito durante 13 séculos, que considera o Sol
o centro do Sistema
orientando as grandes navegações da Idade Moderna por meio de tábuas astronômi- Solar.
cas baseadas nessa disposição dos astros.

31
2 P 4 1
Epiciclo Leste
C 2 3

T T 4 2 3 1

Figura 2 • O modelo dos


epiciclos de Ptolomeu foi Leste Leste 4 2 3 1
aceito durante 13 séculos
como a explicação correta (a) Modelo de Ptolomeu (b) Composição dos (c) Trajetória do planeta
das “laçadas” dos planetas, sendo P, planeta e T, a Terra. movimentos: trajetória resultante. (P) vista da Terra.
em um modelo de universo
geocêntrico.

VoCê precisa saber!


As “laçadas” de Marte
O movimento de avanço e regressão de Marte percebido por um observador na Ter-
ra é causado pela diferença das velocidades de Marte e da Terra ao redor do Sol. A Terra
tem aproximadamente o dobro da velocidade média de Marte e percorre uma órbita cujo
comprimento é praticamente metade daquele da órbita de Marte. Em consequência,
quando a Terra passa entre o Sol e o planeta, ela o ultrapassa, pois tem maior velocidade,

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e a órbita aparente do planeta, projetada sobre a esfera celeste, mostra um movimento
retrógrado. Isso ocorre quando o planeta está mais próximo da Terra, e, portanto, um
observador na superfície de nosso planeta observará Marte mais brilhante.

O movimento retrógrado de Marte.

3 Esfera das estrelas fixas As sensíveis mudanças sociais e intelectuais da


Renascença (século XVI) abriram caminho para
grandes inovações em diversos campos do conhe-
cimento. Nessa época, a expansão do comércio exi-
giu maior precisão das cartas celestes. Os problemas
Lua Marte náuticos suscitaram um grande interesse pela astro-
Terra nomia, pois as navegações eram guiadas pelo movi-
mento dos astros. O sistema de mundo de Ptolomeu
Mercúrio começou a exigir correções em relação ao que era
Sol
observado no céu. É nesse contexto histórico que o
Júpiter polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) retoma as
Vênus ideias de Aristarco sobre uma disposição heliocêntri-
ca para o Universo. Entretanto, apesar de revolucio-
nário, seu modelo ainda mantinha as esferas sobre as
Saturno quais os planetas girariam ao redor do Sol, que esta-
ria imóvel no centro do Universo. Além disso, con-
servava o movimento circular uniforme para os pla-
Figura 3 • Modelo heliocêntrico do Universo, segundo Copérnico. netas e, embora ao se utilizar o modelo copernicano,

32
algumas observações celestes pudessem ser mais facilmente associa-

royal astronomy society/spl–latinstock


4
das, havia ainda muitas discrepâncias em relação às posições previstas
para os planetas. O modelo de Copérnico foi considerado um atentado
às teorias científicas vigentes na época. A Igreja considerou absurda a
ideia de que o homem, obra-prima do Criador, não ocupasse o centro
do Universo.
A aceitação do heliocentrismo copernicano teve de esperar o apare-
cimento, no cenário científico, de dois outros homens: Johannes Kepler
e Galileu Galilei.
Galileu (1564-1642) morava na cidade italiana de Pádua e ouviu falar
de um instrumento holandês que permitia aproximar objetos distantes.
Construiu, ele próprio, sua luneta, apontou-a para o céu e observou ca-
racterísticas dos planetas que não haviam sido vistas até então. Galileu
percebeu que havia satélites girando em torno de Júpiter, tal qual a Lua
em torno da Terra. Verificou também que Vênus apresentava fases em
virtude de seus movimentos, que ele supôs serem ao redor do Sol. Apon-
tou sua luneta para a Lua e constatou que sua superfície não era perfei-
tamente lisa mas sim cheia de buracos, planícies, vales e montanhas. A
luneta de Galileu foi chamada de “instrumento do demônio” pelos reli-
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giosos da época, que se recusaram a olhar através dela e constatar o que


posteriormente se tornou evidente: a Terra não era o centro do Universo
e este não estava repleto de astros perfeitos, esféricos e sem manchas.
Enquanto Galileu apontava sua luneta para o céu e sofria a persegui-
ção religiosa, o alemão Johannes Kepler (1571-1630) já era assistente
do grande astrônomo dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601), que,
em seu castelo, montara um fabuloso laboratório astronômico, o mais
completo desta época de que se tem notícia. Figura 4 • Esta imagem, re-
produzida da obra Sidereus
Estudando os dados obtidos por Tycho em mais de vinte anos de observações extre- Nuncius, datada de 1610,
mostra desenhos da Lua
mamente precisas para a época, Kepler, já convertido ao heliocentrismo, verificou que feitos por Galileu, a partir
nenhuma combinação de círculos poderia resultar nas trajetórias aparentes observadas. de observações realizadas
com a sua famosa luneta.
Um estudo profundo e paciente, realizado ao longo de muitos anos, possibilitou a Ke- A primeira observação da
pler propor suas três leis sobre os movimentos celestes, válidas até hoje. Essas leis foram Lua feita por Galileu data,
segundo ele próprio, de
propostas para explicar os movimentos no Sistema Solar, mas são verificadas em quais- 30 de novembro de 1609.
Comparando os padrões
quer sistemas de corpos que se movem em torno de outro. Por exemplo, são válidas para de luz e sombra que ob-
a Terra, que tem satélites artificiais gravitando ao seu redor, para planetas gravitando em servava na vizinhança do
terminador (a linha que
torno de uma estrela ou para os muitos satélites que orbitam ao redor de Júpiter. divide a metade iluminada
da metade que se encon-
tra à sombra), nas fases de
quarto crescente e quar-
to minguante, Galileu foi
2 As leis de Kepler convicente ao defender a
existência de montanhas e
vales na superfície da Lua.

2.1 1a lei de Kepler ou lei das órbitas As suas observações iam


claramente contra a doutri-
na aristotélica que reinava
naquela época, segundo a
Foi com certa angústia e relutância que Kepler abandonou a forma esférica para qual todos os corpos celes-
a trajetória planetária. Geômetra dedicado, ele também acreditava que os movi- tiais eram perfeitamente
lisos e esféricos. (Adaptado
mentos cósmicos se baseavam na órbita mais perfeita: a órbita circular. Percebeu de: <www.portaldoastro-
que o problema do traçado das órbitas só poderia ser resolvido se confrontado com nomo.org>. Acesso em: 7
jul. 2008.)
as observações do céu. Examinando seus mapas celestes, tentou órbitas relaciona-
das com um formato em que o centro estivesse deslocado lateralmente. Uma alte-
ração mínima e o modelo heliocêntrico foi definitivamente comprovado. De fato,
era ao redor do Sol e não da Terra que os planetas gravitavam, não em órbitas
circulares como proposto no sistema copernicano, mas em trajetórias elípticas.

33
Esta é a primeira lei de Kepler:
Glossário
Afélio. Ponto da ór-
bita de um planeta Os planetas movem-se ao redor do Sol descrevendo órbitas elípticas nas quais o Sol ocu-
em que este alcança pa um dos focos.
a sua distância máxi-
ma do Sol.
Periélio. Ponto da ór­ 5
bita de um planeta Planeta
mais próximo do Sol,
em seu movimento
de translação.
Sol
Periélio Afélio
Foco

Figura 5 • Representação
da trajetória elíptica de um
planeta ao redor do Sol.

PARA SABER MAIS

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


Elipse é uma forma geométrica que pertence ao
grupo das cônicas. Um cone cortado por planos po-
derá gerar uma elipse na intersecção com o sólido
como na figura A.
A elipse é uma trajetória fechada descrita por um
ponto que se move de maneira que a soma de
suas distâncias até dois pontos fixos, chamados
de focos, é constante. Em um sistema de corpos que
Figura A • Uma elipse obtida
orbitam ao redor de uma estrela, um dos focos é o na intersecção entre um plano
lugar onde a estrela tem seu centro e o outro foco e uma superfície cônica.
pode estar dentro dela (no caso de a distância en- y
tre os focos ser menor que o raio da estrela) ou fora
dela, no espaço. P
Na figura B, a distância OA1 1 OA2 5 2a é o chama-
do eixo maior da elipse, e a distância OF1 1 OF2 5 2c
a
é a distância entre os focos F1 e F2 da elipse. Uma c
PF1 + PF2 = 2a e = —
das características da elipse é sua excentricida- A2 F2 O F1 A1 x a
c
de, relacionada com a distância entre seus focos.
c
A excentricidade pode ser obtida pela razão e 5 __ ​   ​.
a Figura B • Representação das
Perceba que, se a distância 2c entre os focos é pe- grandezas que caracterizam
uma elipse.
quena, tendendo a zero, temos um foco pratica-
mente coincidindo com o outro, o que representa
uma cônica de um só centro, ou seja, uma circun-
ferência. Nesse caso, a excentricidade será pratica- Marte
mente nula.
As órbitas dos planetas ao redor do Sol são pratica-
mente circulares. A elipse descrita pela trajetória da
Terra tem excentricidade aproximadamente igual a Sol
0,02, ou seja, é quase uma circunferência, perden-
do somente para as órbitas de Vênus e Netuno,
cujos valores são respectivamente 0,007 e 0,01.
O planeta do Sistema Solar de órbita mais excên-
Terra
trica é Mercúrio, com excentricidade aproximada-
mente igual a 0,2.

34
2.2 2a lei de Kepler ou lei das áreas
Permanecia na época de Kepler a falta de uma explicação para o movimento re-
trógrado de Marte. Isso impedia os astrônomos de calcularem com antecedência as
posições dos planetas. Kepler interpretou a questão supondo que os planetas não
executam movimentos uniformes. Suas velocidades aumentam ao se aproximarem
do Sol e diminuem ao se afastarem. Os planetas se movem de tal maneira que uma
linha imaginária, ligando o Sol ao planeta (raio vetor), “varre” áreas iguais em tem-
pos iguais. Esta é a 2a lei de Kepler:

As áreas “varridas” pelo raio vetor que liga o planeta ao Sol são iguais em intervalos de
tempo iguais durante o movimento do planeta.

Observe na figura 6 que as áreas A1 e A2 são iguais e, no 6


entanto, estabelecem arcos diferentes a serem percorridos pe- t3

los planetas. O arco ∆s1 é maior do que o arco ∆s2. Para que os
t2
tempos gastos para percorrer os dois arcos sejam os mesmos, r
Sol Raio veto
Ss1 Ss2
como estabelece a 2a lei de Kepler, é necessário que o planeta A1 A2
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acelere ao aproximar-se do Sol, atingindo velocidade máxima t1


(30,3 km/s para a Terra) no periélio e retarde seu movimento ao
t4
afastar-se do Sol, adquirindo sua velocidade mínima (29,3 km/s
para a Terra) no afélio.
Figura 6 • Em intervalos
de tempo iguais, as áreas
“varridas” pelo raio vetor
2.3 3a lei de Kepler ou lei dos períodos que liga o planeta ao Sol
(em um dos focos) tam-
bém são iguais. St 5 t2 2
A busca de Kepler por descobrir uma conexão entre os tamanhos das órbitas t1 5 t4 2 t3
planetárias e os seus períodos de revolução ao redor do Sol teve êxito somente dez
anos após a formulação da lei das áreas. Em sua 3a lei, Kepler utiliza mais uma vez
os dados das observações de Tycho Brahe e enuncia a lei que se tornaria essencial
para que Newton, algumas décadas depois, compreendesse os fenômenos ligados à
gravitação universal. Esta é a 3a lei de Kepler:

Os quadrados dos períodos de revolução dos planetas ao redor do Sol são diretamente
proporcionais aos cubos dos raios médios de suas órbitas. Algebricamente,
T2
__
​  3 ​ 5 constante
R

A 3a lei de Kepler estabelece que, quanto mais distante do Sol o planeta esti-
ver, maior será o tempo para percorrer a órbita. Isso significa que cada órbita tem
um tempo único para ser descrita. Uma mesma órbita não poderá ser percorrida
nem em mais nem em menos tempo. O período de revolução não depende da massa
ou do tamanho do corpo que gravita. Um grão de poeira cósmica gravitando ao re-
dor do Sol, na mesma órbita que Mercúrio, levará os mesmos 88 dias que o planeta
gasta para completar uma volta. Além disso, os planetas mais afastados, cujas órbitas
são maiores, têm períodos maiores não só porque o raio da órbita é maior, mas tam-
bém porque têm velocidades menores.
Na tabela a seguir estão relacionados os oito planetas do Sistema Solar. Observe
2
​ ​T​ ​ ​ é praticamente o mesmo para todos eles.
que o quociente __
​R3​ ​

35
Tabela 1. Características das órbitas planetárias do Sistema Solar.
Raio médio da Período (T, em Excentricidade T2
Planeta Razão __
​  3  ​
órbita (U.A.*) anos terrestres) da órbita R
Mercúrio 0,387 0,241 0,206 1,002
Vênus 0,723 0,615 0,007 1,001
Terra 1,000 1,000 0,017 1,000
Marte 1,524 1,881 0,093 1,000
Júpiter 5,203 11,860 0,048 0,999
Saturno 9,539 29,460 0,056 1,000
Urano 19,190 84,010 0,046 0,999
Netuno 30,060 164,800 0,010 1,000
*U.A. é a representação para a unidade astronômica, cujo valor unitário equivale ao raio médio da órbita da Terra
(1,49 # 108 km).

É importante lembrar que as leis de Kepler, notadamente a 3a lei, aplicam-se uni-


versalmente, isto é, valem para qualquer sistema de corpos que orbitam em torno de

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uma massa central. Para cada um desses conjuntos de corpos (satélites ao redor da
​T​2​ ​ ,
Terra, planetas ao redor de uma estrela etc.), haverá um valor para a constante ​ __
​R3​ ​
que dependerá da massa do corpo central.

Reflita
O rebaixamento de Plutão
Plutão foi conhecido, desde a sua descoberta em 1930, como o menor, mais frio e distante planeta do Sol. Em  24 de
agosto de 2006, a União Astronômica Internacional (UAI)  propôs uma nova classificação para os planetas do Sistema
Solar. De acordo com as novas regras, além de obedecer às leis de Kepler, três condições devem ser satisfeitas para
um astro ser considerado um planeta do Sistema Solar. Ele deve: a) orbitar ao redor do Sol; b) ser grande o suficien-
te para que seu campo gravitacional consiga moldá-lo na forma esférica; c) ter sua vizinhança orbital livre de outros
corpos. A partir de 24 de agosto de 2006, Plutão deixou de ser classificado como planeta e passou a ser reconhecido
como planeta-anão. O argumento usado para rebaixar Plutão, em essência, baseou-se na história do Sistema Solar.
Ao insistir que, para ser um planeta, um astro tem de ser não apenas esférico e não estelar como capaz de “limpar
a vizinhança de sua órbita”, os astrônomos querem mostrar que a formação dos oito planetas, de um lado, e a de
Plutão, de outro, foram bem diferentes.
“Limpar mesmo os arredores significa ter massa suficiente para conti-
nuar engolindo matéria no processo de crescimento”, explica o astrônomo
Cássio Leandro Barbosa, da Univap (Universidade do Vale do Paraíba).
Plutão não foi capaz, por exemplo, de engolir outros corpos na sua for-
mação. Nem seu satélite Caronte gira propriamente em torno dele –
eles giram um em volta do outro. Além do mais, sua trajetória cruza a
de Netuno, que é muitíssimo maior. Assim, ele nunca poderia ser con-
siderado o objeto dominante.
Uma série de observações dos astrônomos parece indicar que Caronte,
o primeiro satélite descoberto de Plutão, tem período de translação de
cerca de 6,4 dias, tempo que seria coincidente com o período de rotação
do planeta-anão. Caso essa hipótese se confirme, como seria percebido
o movimento de Caronte em relação a um referencial fixo em Plutão?
Em relação a um referencial fixo em Plutão, Caronte executaria uma órbita estacionária, ou seja, pareceria parado em relação a um obser-

vador em Plutão. Isso significa que Caronte não nasce e não se põe.

Adaptado de: Folha de S.Paulo, São Paulo, 25 de agosto de 2007.

36
Já sabe responder?
o que é preciso para um ASTRO ser considerado um planeta do sistema solar?
Em primeiro lugar, a excentricidade da órbita do planeta tem de ser praticamente nula para que se

caracterize seu movimento ao redor do Sol e não em torno de outro corpo ou ponto imaginário. Além
T2
disso, o planeta deve ter seu período e raio médio de órbita que satisfaçam a equação: __ ​  3 ​ 5 constante,
R
T2
__
ou seja, o quociente ​  3 ​ deverá ter o mesmo valor dos outros planetas do Sistema Solar.
R

EXERCíCIOs resolvidos

R1 A concepção de universo de Copérnico obedecia a um modelo heliocêntrico.


Apesar de também admitir que o Sol e não a Terra estava no centro do Universo,
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o modelo de Kepler tinha diferenças em relação ao proposto por Copérnico. Cite


e explique duas dessas diferenças.

■ Resolução
No modelo copernicano, as trajetórias dos astros são circulares. Apesar de pro-
curar durante muitos anos fazer coincidir suas observações do movimento dos
planetas com traçados circulares, Kepler constatou que as órbitas descreviam
elipses de pequena excentricidade. Além disso, Copérnico acreditava que o mo-
vimento no céu era circular e uniforme. A 2a lei de Kepler introduz a ideia de que
o planeta executa um movimento variado, ora acelerando, quando mais próximo
do Sol, ora retardando, quando mais afastado.

R2 Calcule o período de um satélite artificial da Terra cujo raio da órbita é quatro


vezes menor do que o raio da órbita da Lua. Considere o período da Lua ao redor
da Terra igual a 28 dias.

■ Resolução
A 3a lei de Kepler pode ser aplicada a qualquer sistema de corpos que gravitam
em torno de um corpo central. No caso, a Terra é o corpo central ao redor do qual
giram o satélite e a Lua. Sendo assim, temos:
Lua: TLua 5 28 dias Satélite: Tsatélite 5 ?
RLua ​ ​
​RLua
Rsatélite 5 ____
​   ​ 
4
Então,
​T ​2  ​ 
Lua
​T ​2 
satélite
​  2
​28​ ​ ​T ​2 
satélite
​ 
784 satélite
​T ​2  ​ 
​ ____ ​ 5 ​ ______ ​    ]  ____
​    ​ 5 ______
​    ​  ]  ____
​   ​ 5 ​ ________   ​  ]
​R3Lua ​R3​satélite ​R3Lua
@  # @  #1
3
​   ​    ​  ​   ​  ​ ​
​RLua ​R3Lua
​   ​  ​ ___
​     ​   ​​R​3Lua
  ​ 
​​ ​ ____
 ​   ​​ ​ 64
4

​T ​2satélite
  ​ 5 12,25  ]  ​T​satélite​5 3,5 dias

37
Exercícios dos conceitos
1 (Unicamp-SP) Em agosto de 2006, Plutão foi reclassificado pela União Astronô-
mica Internacional, passando a ser considerado um planeta-anão. A terceira Lei
de Kepler diz que T 2 5 k 3 a3, onde T é o tempo para um planeta completar uma
volta em torno do Sol, e a é a média entre a maior e a menor distância do planeta
ao Sol. No caso da Terra, essa média é aT 5 1,5 3 1011 m, enquanto para Plutão
aP 5 60 3 1011 m. A constante k é a mesma para todos os objetos em ór-
bita em torno do Sol. A velocidade da luz no vácuo é igual a 3,0 3 108 m/s.
10 ​ 7 3,2)
(Dado: ​dlll
a) Considerando-se as distâncias médias, quanto tempo leva a luz do Sol para
atingir a Terra? E para atingir Plutão?

TT 5 5 3 102 s e TP 5 2 3 104 s.

b) Quantos anos terrestres Plutão leva para dar uma volta em torno do Sol?
Expresse o resultado de forma aproximada com um número inteiro.

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TP 7 253 anos terrestres

2 (UFRJ) A tabela abaixo ilustra uma das leis do movimento dos planetas: a razão
entre o cubo da distância D de um planeta ao Sol e o quadrado do seu período
de revolução T em torno do Sol é constante. O período é medido em anos e a
distância, em unidades astronômicas (UA). A unidade astronômica é igual à dis-
tância média entre o Sol e a Terra. Suponha que o Sol esteja no centro comum das
órbitas circulares dos planetas.

Planeta Mercúrio Vênus Terra Marte Júpiter Saturno


T2 0,058 0,378 1,00 3,5 141 868
D3 0,058 0,378 1,00 3,5 141 868

Um astrônomo amador supõe ter descoberto um novo planeta no Sistema Solar e


o batiza como planeta X. O período estimado do planeta X é de 125 anos. Calcule:
a) a distância do planeta X ao Sol em UA;

d 5 25 UA

b) a razão entre a velocidade orbital do planeta X e a velocidade orbital da Terra.


1
r 5 __
​    ​
5

3 (PUC-SP) A sonda Galileo terminou sua tarefa de capturar imagens do pla-


neta Júpiter quando, em 21 de setembro de 2003, foi lançada em direção ao
planeta depois de orbitá-lo por um intervalo de tempo correspondente a 8
anos terrestres. Considerando que Júpiter está cerca de 5 vezes mais afas-
tado do Sol do que a Terra, determine o número aproximado de voltas que
Júpiter completou, em torno do Sol, nesse intervalo de tempo.

Júpiter completou aproximadamente três quartos de volta.

38
Professor: As resoluções destes exercícios estão dis-
poníveis no Plano de Aulas deste módulo. Consulte
também o Banco de Questões e incentive os alunos
a usar o Simulador de Testes. Retomada dos conceitos
1 (Cesgranrio-RJ) O raio médio da órbita de Marte em
torno do Sol é aproximadamente quatro vezes maior
1 2 3 4
do que o raio médio da órbita de Mercúrio em torno
do Sol. Assim, a razão entre os períodos de revolu- De acordo com essa representação e com os dados
ção, T1 e T2 de Marte e de Mercúrio, respectivamente, da tabela, os pontos indicados por 1, 2, 3 e 4 corres-
vale aproximadamente: pondem, respectivamente, a:
T1 1 T1 T1
a) __
​   ​ 5 __
​   ​  c) ​ __ ​ 5 2 e) __
​   ​ 5 8 a) Io, Europa, Ganimedes e Calisto.
T2 4 T2 T2
b) Ganimedes, Io, Europa e Calisto.
T1 1 T1
b) ​ __ ​ 5 __
​   ​  d) ​ __ ​ 5 4 c) Europa, Calisto, Ganimedes e Io.
T2 2 T2
d) Calisto, Ganimedes, Io e Europa.
e) Calisto, Io, Europa e Ganimedes.
2 (Uerj) A figura ilustra o movimento de um planeta
em torno do Sol.
4 (UFMG) A figura a seguir representa a órbita elíptica
de um cometa em torno do Sol.
Planeta
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A F
A3 E
Sol

A1
I J
Foco D
A2

B C

Com relação aos módulos das velocidades desse come-


Se os tempos gastos para o planeta se deslocar de A ta nos pontos I e J, vI e vJ, e aos módulos das acelerações
para B, de C para D e de E para F são iguais, então as nesses mesmos pontos, aI e aJ, pode-se afirmar que:
áreas – A1, A2 e A3 – apresentam a seguinte relação:
a) vI , vJ e aI , aJ
a) A1 5 A2 5 A3
b) vI , vJ e aI . aJ
b) A1 . A2 5 A3
c) A1 , A2 , A3 c) vI 5 vJ e aI 5 aJ
d) A1 . A2 . A3 d) vI . vJ e aI , aJ
e) vI . vJ e aI . aJ
3 (Enem) A tabela abaixo resume alguns dados
importantes sobre os satélites de Júpiter. Ao ob-
servar os satélites de Júpiter pela primeira vez, 5 (UFV-MG) Dois satéli-
Galileu Galilei fez diversas anotações e tirou im- tes, S1 e S2, são coloca-
portantes conclusões sobre a estrutura de nosso dos em órbitas circu-
universo. A figura depois da tabela reproduz lares, de raios R1 e R2
uma anotação de Galileu referente a Júpiter e Terra R1 S1
respectivamente, em
seus satélites. torno da Terra, confor-
me figura ao lado. R2
Distância Período Após análise da figura, é S2
Diâmetro média ao orbital CORRETO afirmar que:
Nome
(km) centro de (dias
Júpiter (km) terrestres) a) a aceleração é nula para S1 e S2.
Io 3.642 421.800 1,8 b) a velocidade linear de S2 é maior que a velocidade
linear de S1.
Europa 3.138 670.900 3,6 c) a aceleração de S2 é igual à aceleração de S1.
Ganimedes 5.262 1.070.000 7,2 d) a aceleração de S2 é maior que a aceleração de S1.
Calisto 4.800 1.880.000 16,7 e) a velocidade linear de S1 é maior que a velocidade
linear de S2.

39
6 (Unirio-RJ) Um satélite de telecomunicações está 8 (PUC-Minas) A figura representa o Sol, três astros
em sua órbita ao redor da Terra com período T. Uma celestes e suas respectivas órbitas em torno do Sol:
viagem do Ônibus Espacial fará a instalação de no- Urano, Netuno e o objeto recentemente descoberto
vos equipamentos nesse satélite, o que duplicará de nome 1996 TL66.
sua massa em relação ao valor original. Consideran-
do que permaneça com a mesma órbita, seu novo
período Te será: 1996 TL66

a) Te 5 9T

Netuno
b) Te 5 3T
Urano
1
c) Te 5 ​ __  ​T
3
Analise as afirmativas a seguir:
1
d) Te 5 __
​   ​ T I. Essas órbitas são elípticas, estando o Sol em um
9
dos focos dessas elipses.
e) Te 5 T II. Os três astros representados executam movi-
mento uniforme em torno do Sol, cada um com
valor de velocidade diferente dos outros.
7 (Unesp) A órbita de um planeta é elíptica e o Sol ocu- III. Dentre todos os astros representados, aquele

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pa um de seus focos, como ilustrado na figura (fora
que gasta menos tempo para completar uma
de escala). As regiões limitadas pelos contornos OPS
volta em torno do Sol é Urano.
e MNS têm áreas iguais a A.
Assinale:
a) se todas as afirmativas são falsas.
P M b) se todas as afirmativas são corretas.
A N c) se apenas as afirmativas I e III são corretas.
Sol
A d) se apenas as afirmativas II e III são corretas.
e) se apenas as afirmativas I e II são corretas.
O
9 (Efoa-MG) Numa descoberta recente de dois plane-
tas que estão em órbita em torno de uma mesma es-
trela distante do Sistema Solar, constatou-se que os
Se tOP e tMN são os intervalos de tempo gastos para períodos orbitais destes são T1 e T2, respectivamen-
o planeta percorrer os trechos OP e MN, respectiva- te. Determine as razões dos raios orbitais destes dois
mente, com velocidades médias vOP e vMN, pode-se planetas, considerando que neste sistema planetário
afirmar que: as Leis de Kepler também possam ser aplicadas:
​ 3 ​ 
__
a) tOP . tMN e vOP , vMN ​T1​ ​
2 3
__
​   ​ 
b) tOP 5 tMN e vOP . vMN a) ___
​    ​ c) ​(T1 3 T2 )​2​
​ 3 ​ 
__
​T2​2​
c) tOP 5 tMN e vOP , vMN
d) tOP . tMN e vOP . vMN
@  #
T1 __​ 3 ​ 
@  #
T1 __​ 2 ​  2
__
​   ​ 
b) ​​ __
​   ​   ​​2​ d) ​​ __
​   ​   ​​3​ e) ​(T1 3 T2 )​3​
e) tOP , tMN e vOP , vMN T2 T2

40
CAPÍTULO 4 Gravitação
universal

1 A lei da gravitação universal


ou: Gravidade zero – isSo existe mesmo?
O conhecimento científico não esperou muito tempo após as descobertas de Ga-
lileu e Kepler para que o inglês Isaac Newton (1642–1727) sintetizasse essas ideias
em uma das mais belas e expressivas leis da Física: a lei da gravitação universal.
Newton partiu da ideia de que algum tipo de força deveria atuar sobre os planetas
para mantê-los nas órbitas elípticas descobertas por Kepler, caso contrário, pela lei
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da inércia, os planetas tenderiam a executar trajetórias retilíneas. Contrariamente


ao que se pensava na época, Newton imaginou que tal força não atuaria na direção
do movimento e sim estaria dirigida para o Sol, portanto, em uma direção perpen-
dicular àquela do movimento do planeta. Seu grande feito foi perceber que a força
atrativa entre o planeta e o Sol tem a mesma natureza da que faz cair uma maçã da
árvore, da trocada entre a Lua e a Terra ou da que faz você atrair o seu caderno.
A lei da gravitação universal garante que basta possuir massa para atrair e ser
atraído, universalizando, assim, as forças trocadas entre os corpos. Não há mais,
depois de Newton, distinção entre as leis que regem os movimentos na Terra ou no
cosmo. Uma lei simples e única fornece a explicação para as interações entre todos
os corpos do Universo.  

Dois corpos se atraem com forças que são diretamente proporcionais ao produto de
suas massas e inversamente proporcionais ao quadrado da distância entre eles.

Matematicamente, temos:

m1 3 m2
F 5 G 3 _______
​  2 ​   
d

1
m1
m2
–F F

Figura 1 • Por se tratar de


um par ação-reação, as
forças trocadas entre os
d corpos 1 e 2 têm mesmo
módulo.

Em que m1 e m2 são as massas dos corpos que interagem, d é a distância entre


seus centros de massa e G é uma constante de proporcionalidade, chamada de cons-
tante da gravitação universal.

41
Observe que, por ser uma constante universal, o valor de G independe do meio
em que os corpos estão imersos. No SI, temos G 5 6,67 3 10211 N 3 m2/kg2, ou seja,
valor baixo, revelando por que a força gravitacional é considerada uma força fraca.
De fato, se imaginarmos dois corpos de massa 1 kg, afastados 1 m um do outro
e calcularmos a força de atração gravitacional entre eles, teremos como resultado
6,67 3 10211 N, ou seja, 0,0000000000667 N. Isso explica por que você e seu ca-
derno não sentem uma força irresistível atraindo um ao outro. Explica também por
que há uma força considerável entre você e a Terra. Como a Terra é um corpo de
grande massa, a intensidade da força não pode ser desprezada e é por causa disso
que temos peso.
Além disso, a força diminui com o quadrado da distância, isto é, se a distân-
cia entre os corpos aumentar duas vezes, a força diminuirá quatro vezes; se a
distância aumentar três vezes, a força diminuirá nove vezes, e assim por diante.
Um homem que na superfície da Terra é atraído por ela com uma força peso de
módulo 800 N terá essa força reduzida para 200 N se sua distância em relação ao
centro da Terra dobrar.

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P

F –F
–P

Figura 2 • As forças de atra-


ção trocadas entre os cor-
pos constituem-se em pares
ação-reação.

PARA SABER MAIS


Determinação do valor de G
A medida foi obtida pela primeira vez Barra de torção de Cavendish
de maneira precisa em um experimen-
to idealizado pelo físico inglês Henry
Cavendish, no século XVIII. Ele cons-
truiu uma balança de torção muito sensí-
vel que media forças de ínfimos valores.
Colocou em suas extremidades dois pares –F
de corpos que se atraíam a uma distância F
inicial d. A força de atração gravitacional
provocou um deslocamento da massa –F
menor em direção à maior (que está fixa). F
Esse deslocamento provocou uma torção d
no fio. Conhecendo o ângulo de torção,
Cavendish determinou a intensidade da
força de atração entre as massas e, a par- Esquema da balança de torção de Cavendish, usada para
tir dessa força, calculou o valor de G. determinar o valor da constante universal G.

42
EXERCíCIOs resolvidos

R1 Calcule a força de atração entre dois carros que estão frente a frente em uma mesma
estrada. Suponha que ambos tenham massa de uma tonelada cada um e que este-
jam a 10 m de distância um do outro. Qual a razão entre a força de atração entre eles e
o peso de cada carro? Interprete esse resultado. Considere G 5 6,7 3 10211 N 3 kg2/m2
e g 5 10 m/s2.

1 tonelada 1 tonelada

10 m

■ Resolução
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Sabemos que a força de atração entre os veículos é dada por:


m1 3 m2
F 5 G 3 ​ _______
 ​ 

d2
Então,

103 3 103 106


F 5 6,7 3 10211 3 ________
​  2
 ​  
  ]  F 5 6,7 3 10 211 ___
3 ​  2
  ​  ]  F 5 6,7 3 1027 N
10 10

O peso de cada um dos carros é:

P 5 m 3 g  ]  P 5 103 3 10  ]  P 5 104 N

@  #
F
Logo, a razão ​ __
​    ​  ​entre as forças será:
P
27
F 6,7 3 10
__ F
​    ​5 ​ ________
4
  ]  __
 ​  ​    ​5 6,7 3 10211,
P 10 N P
o que indica que a força F, de atração, é muitas vezes menor que a força peso. A
força de atração da Terra sobre cada um dos carros supera em 1011 vezes a força
de atração entre eles.

R2 O gráfico indica como varia a intensidade da força F, de atração F(N)


gravitacional em função da distância d, entre os centros de dois
corpos de massa m.
F1
a) Para que valor de distância a intensidade da força F será nula?

■ Resolução 9

Por maior que seja a distância entre os dois corpos, a força F


de atração entre eles não será nula. A intensidade da força se
aproxima de zero, mas nunca será nula. Isso significa que, por
1
mais distante que um corpo esteja do outro, sempre haverá
uma força de atração entre eles. 0 3 d2 12 d (mm)

43
b) Quais são os valores de F1 e d2, no gráfico?

■ Resolução
Pelo gráfico, para F 5 1 N, temos d 5 12 mm, ou seja, d 5 12 3 1023 m. Como
as massas são iguais, temos:
m3m3G
1 5 ​ __________ 
23 2
  ]  m2 3 G 5 144 3 1026  (I)
 ​ 
(12 3 10 )

Para d 5 3 mm, temos:

m3m3G m2 3 G
_______
F1 5 _________
​   ​
  
  ]  F 1 5 ​    ​   (II)
(3 3 1023)2 9 3 1026

Substituindo I em II chega-se a:
144 3 1026
F1 5 _________
​    ]  F1 5 16 N
 ​ 
9 3 1026

Para F 5 9 N, temos:

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m3m3G m2 3 G
9 5 ​ ________   ]  9 5 ______
 ​  ​   ​ 
  (III)
(d2)2
(d2)2

Substituindo I em III chega-se a:


144 3 1026
9 5 _________
​   ​   ]  d2 5 4 mm
(d2)2

2 Campo gravitacional
3 Não é preciso haver contato entre um rapaz e uma moça para
m
que eles sejam atraídos gravitacionalmente um para o outro. Isso
F também ocorre com as forças trocadas entre a Terra e um satélite
ou entre Mercúrio e o Sol. Para a Mecânica Clássica, todo corpo,
por possuir massa, tem a propriedade de modificar o espaço ao
seu redor, criando o que denominamos campo gravitacional. O
campo gravitacional tem limites indefinidos e se caracteriza por
ser atrativo. Sua existência é comprovada por uma força de atração
exercida sobre outro corpo imerso na região do campo. Em outras
palavras, dizemos que a Terra, por ser um corpo de grande massa,
modifica as propriedades do espaço ao redor de si, criando nessa
região de limites indefinidos um campo gravitacional. Os efeitos
da ação do campo são percebidos por meio de uma força que atua
Figura 3 • As linhas de for- em uma massa qualquer colocada na presença do campo (figura 3).
ça (ou de campo) da figura Pensemos na Lua. Como ela interage com o campo gravitacional da Terra, recebe
representam o campo gra-
vitacional da Terra. Quando uma força desta e vice-versa. A ação do campo gravitacional da Terra tem sobre a
uma massa m se encontra
imersa no campo, interage
Lua o efeito de mantê-la em órbita, pois por inércia nosso satélite natural deveria
com ele por meio de uma seguir em linha reta pelo espaço. A Terra, por sua vez, interage com o campo gravi-
força F, atrativa.
tacional da Lua, recebendo uma força desta e vice-versa. O efeito da ação do campo
gravitacional da Lua sobre a Terra é notado, por exemplo, por meio do fenômeno
das marés.

44
A grandeza física que representa o campo gravitacional em um 4
ponto do espaço é o vetor aceleração da gravidade (g ). A intensida- m
de do campo gravitacional pode ser calculada considerando-se que
F=P
o corpo gerador do campo tenha massa M e raio R. Supondo que h
um corpo de massa m seja colocado a uma distância h da superfície,
ele ficará sujeito a uma força de atração gravitacional equivalente ao
seu peso (figura 4). Logo, teremos:
R
M 3  ​
F 5 P  ]  ​ _____ m 
 3 G 5 m 3 g
2
d
como d 5 R 1 h, vem: M

M
g 5 _______
​     ​ 
3G
(R 1 h)2
Figura 4 • Sobre a sonda
Observe que o valor do campo não depende da massa do corpo que recebe sua espacial atua a força de
atração gravitacional pro-
ação, mas sim da massa do corpo que o gera. No estudo da queda dos corpos, supu- veniente da Terra, que é
semos que isso fosse assim. Não é o valor da massa do objeto em queda que deter- equivalente ao seu peso.
mina como será a queda. A aceleração da gravidade é considerada constante. Agora
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entendemos por quê. Se quisermos calcular o campo na superfície ou se a distância


h for muito pequena, teremos d 5 R e, portanto:

M
g 5 __
​  2  ​ 3 G
R

Sendo assim, a intensidade do campo gravitacional em um ponto na superfície da


Terra pode ser calculada considerando-se: MTerra 5 6,0 3 1024 kg, Rmédio 5 6,37 3 106 m
e G 5 6,67 3 10211 N 3 m2/kg2. Então,
6 3 1024 3 6,67 3 10211
g 5 __________________
​      ​  ]  g 5 9,86 m/s2 ,
  
6 2
(6,37 3 10 )
valor que confirma as suposições feitas no estudo da queda livre.

Aplicar, esclarecer, imaginar


As tabelas A e B a seguir mostram como varia a aceleração da gravidade (g) em relação à altitude e à latitude
de algumas cidades no mundo.

Tabela A. Variação da aceleração (g=) com a altitude.


Referência Altitude (m) g(m/s2)
La Paz 3.600 9,784369
Salto de paraquedas 4.000 9,783143
Cordilheira dos Andes 5.000 9,780077
Monte Everest 8.848 9,768296
Avião Comercial 10.000 9,764774
Estratosfera 50.000 9,643626
Estação Espacial Internacional (EEI) 400.000 8,673405
Satélite de coleta de dados (SCD) 750.000 7,842563
Satélite geoestacionário 36.000.000 0,221882

45
Tabela B. Variação da aceleração da gravidade (g=) com a latitude.
Cidade Latitude (em graus) g(m/s2)
Seattle 47 9,807999
São Paulo 23 9,788206
João Pessoa 7 9,781085
Port Elizabeth (África do Sul) 34 9,796485
Moscou 55 9,815065
Sidney 34 9,796485
Paris 48 9,808901
Tóquio 35 9,797328
Macapá 0 9,780318
Santiago 33 9,795653
Nuuk (Groenlândia) 64 9,822176
Polo Norte 90 9,832177

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As diferenças nos valores de g com a latitude podem ser explicadas pelo fato de a Terra não ser perfeitamente
esférica. O chamado diâmetro polar (distância entre um polo e outro) tem valor 12.713 km e é menor do que o
diâmetro equatorial, que mede 12.756 km, ou seja, a Terra é achatada nos polos. Os valores de g na superfície
dos polos serão máximos, uma vez que a distância é menor.

VoCê precisa saber!


A Lua cai em direção à Terra?

1
Na figura, h 5 ​ ___   ​ de pole-
A Lua, por inércia, possui velocidade tangente à trajetória circular, ou seja, tende
20 a seguir em linha reta pelo espaço. O campo gravitacional da Terra, no entanto, atua
gada (1,27 mm) é a distân-
cia percorrida por segundo sobre ela, aplicando-lhe uma força perpendicular à direção do vetor velocidade,
pela Lua em sua queda
eterna em direção à Terra.
colocando-a de volta na trajetória, que consideraremos circular. Em outras palavras,
Por meio desse valor, po- a Lua “cai” em direção à Terra. Newton supôs que essa força tivesse o mesmo caráter
demos calcular o valor da
aceleração de queda da daquela que atraía os corpos para o chão. Restava a ele calcular que distância a Lua
Lua em direção à Terra, ou percorria por segundo em direção à Terra em sua queda eterna. Depois de muitos
seja, qual o valor do campo
gravitacional da Terra g em
uma distância que equivale
​  1  ​ de polegada (1,27 mm).
anos de trabalho, chegou ao valor de ___
à da órbita da Lua.
20
Temos:
at2
s 5 so 1 vo t 1 ___
​   ​ 
2
F v
g 3 (1)2
1,27 3 1023 5 ______
​   ​   
2
g 7 2,54 3 1023 m/s2
F h
Apesar de a distância ser muito grande, o
campo gravitacional da Terra ainda é forte o
suficiente para garantir que a Lua, ao tentar
sair da órbita, volte, caindo em direção ao nos-
so planeta.

46
EXERCíCIO resolvido

R3 A massa do Sol é aproximadamente 300.000 vezes maior do que a massa da Terra.


Seu raio vale cerca de 100 raios terrestres. Qual é o valor aproximado da acelera-
ção de queda de um corpo na superfície do Sol? Considere gTerra 5 10 m/s2.
■ Resolução
Sabemos que
MTerra MSol
gTerra 5 ______
​    ​ 
2
3 G  e  gSol 5 _____
​    ​ 3 G
​(RTerra)​ ​ ​(RSol)​2​
Então:
300.000 MTerra MTerra
gSol 5 ____________
​     2
 ​
  3 G  ]  gSol 5 30 3 ______
​  2
3 G  ]  gSol 5 30 3 gTerra  ]  gSol 5 300 m/s2
  ​ 
(100 RTerra) (RTerra)

3 Corpos em órbita 5

Nos dias de hoje, cada vez mais utilizamos os dados coletados por sa-
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télites artificiais em órbita ao redor da Terra – na previsão do tempo, nas


comunicações telefônicas, no envio e recebimento de sinais de TV,
nas navegações aérea, marítima e terrestre, na identificação de áreas
de florestas, na agricultura, na identificação de anomalias no meio am-
biente, no apoio a levantamentos de solos, enfim, os satélites põem à nos-
sa disposição uma infinidade de informações. No entanto, para colocá-los
em órbita, algumas condições devem ser satisfeitas. A primeira delas diz
respeito à altitude. Em relação à superfície, ele deve estar no mínimo a 150 km de Figura 5 • Desenho basea­
distância. Nessa altura praticamente não há mais o efeito do ar, que atuaria como do em esquema feito por
Newton. Do alto da monta-
força de resistência e, portanto, desaceleraria o satélite. Uma vez livre do ar, resta nha são lançados diversos
determinar quais são as condições para que ele se mantenha em órbita. corpos até que a veloci-
dade denominada velo-
Newton pensou que, se a Lua girava ao redor da Terra, outros corpos também cidade de escape é atin-
poderiam fazê-lo. Ele supôs uma montanha cujo topo estivesse acima da atmosfera. gida. Nesse caso, a órbita
é rasante, isto é, o raio da
Imaginou que se atirássemos uma pedra horizontalmente do alto da montanha ela órbita é aproximadamen-
te igual ao raio da Terra,
descreveria uma trajetória curva até chegar ao chão. Quanto maior fosse a velocida- e o valor da velocidade é
de, maior seria a distância horizontal percorrida até o solo. Se a pedra fosse lançada 8 km/s ou 28.800 km/h.
com velocidade suficiente, nem mais nem menos, a trajetória se tornaria um círculo
e a pedra circularia a Terra indefinidamente (figura 5). Em outras palavras, ela esta-
ria em órbita e “cairia eternamente” em direção à Terra. Tanto a pedra como a Lua
têm velocidades tangentes à trajetória.
Pedras, satélites, Lua, por inércia, tendem ao movimento retilíneo e, portanto, têm
velocidades tangentes à trajetória. Isso garante um movimento ao redor da Terra e não
em direção ao seu centro. Ao mesmo tempo são atraídos por ela. Se não possuíssem
velocidade, se chocariam com nosso planeta. Acerca disso, é importante perceber que
a força de atração da Terra não altera o módulo do vetor velocidade, que se mantém o
mesmo, mas altera sua direção. Ou seja, o corpo em órbita se mantém sempre numa
direção perpendicular à força da gravidade que atua sobre ele. Essa força nunca pode-
rá ser nula. Se assim fosse, o satélite sairia vagando pelo espaço em movimento retilí-
neo uniforme. A presença dessas duas grandezas – a velocidade tangencial constante
do satélite e a força de atração gravitacional da Terra – caracteriza o movimento do
satélite como um tipo muito especial de queda livre. Os satélites, as sondas espaciais,
as estações orbitais e tudo o que estiver em seu interior “caem” em direção à Terra
com a aceleração da gravidade (g ), característica da órbita, e que jamais será nula.

47
A força de atração gravitacional sobre o satélite é de natureza centrípeta. Essa
força é a força resultante sobre o satélite. Sendo assim, para um corpo de massa m,
em uma órbita de raio R, podemos calcular qual deverá ser a velocidade orbital,
supondo M a massa central.
m 3 v2
​ M 3  ​ d
m  llll
GM
Rcp 5 F  ]  _____
​   ​   5 G 3 _____   ]  v 5 ​ ____
​   ​ ​   
R R 2 R

Note que a velocidade não depende da massa do corpo que está em órbita, mas
sim da distância até o centro do gerador do campo e da massa desse gerador. Sendo
assim, cada órbita terá uma velocidade característica. Inúmeros satélites com perío-
dos iguais orbitam à mesma distância da Terra e em velocidade idêntica.

VoCê precisa saber!


Satélites
A inserção de um satélite na órbita é feita por meio de um foguete que lhe fornece
a velocidade horizontal necessária para que ele permaneça na órbita escolhida. Uma

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vez na órbita, ele lá permanecerá, sempre com a mesma velocidade.
O programa CBERS é um projeto conjunto entre o Brasil e a China para a cons-
trução de uma família de satélites. As imagens coletadas por esses satélites são usadas
em diversos campos, como o controle do desmatamento e queimadas na Amazônia
Legal, o monitoramento de recursos hídricos, das áreas agrícolas, do crescimento
urbano, da ocupação do solo, em educação e em inúmeras outras aplicações. Par-
ticularmente, o CBERS-2 (figura A) tem órbita denominada polar (figura B), que se
estende de polo a polo; portanto, atende às necessidades do Brasil e às da China.
Os satélites de telecomunicações são geoestacionários, isto é, parecem estar “pa-
rados” em relação a um observador na Terra. Suas órbitas são equatoriais (figura B),
e seu período coincide com o intervalo de tempo que a Terra demora para dar uma
volta em torno do seu eixo, ou seja, 24 h. São eles que nos garantem transmissões
de TV ao vivo. O sinal de TV de uma transmissora na Terra é recebido por satélites,
que o amplificam e o retransmitem
A
para uma estação captadora situada
6 7 8 9 10 11
nas proximidades do local onde se
5 12 vai assistir ao programa de TV.
1. Ignição do primeiro estágio B
4 2. Ignição do segundo estágio Polar
3. Separação da coifa
4. Ativação do sistema de manobra do segundo estágio
5. Ignição do terceiro estágio
6. Ajuste da velocidade final
3
7. Manobra de apontamento do conjunto lançador-satélite
8. Separação entre o satélite e o lançador
9. Eliminação dos erros iniciais de apontamento
10. Painel solar destravado e estendido
2 11. Eliminação da pertubação causada
pela abertura do painel solar
12. Ajuste de apontamento do satélite para
a Terra e do painel solar para o Sol Equatorial
1

Figura A • Ilustração da sequência de lançamento do CBERS–2 Figura B • Representação de órbita polar e de órbita
(satélite de coleta de dados). equatorial.

48
PARA SABER MAIS

A lei da gravitação universal comprova


matematicamente a 3a lei de Kepler
Suponha um corpo de massa m em uma órbita de raio R, com velocidade v, em torno de
um corpo central de massa M. A resultante centrípeta, como já vimos, é a força de atração
gravitacional. Sendo assim, temos:

m 3 v2 M
d
​ M 3 ​ ​
lllll G  
Rcp 5 F  ]  _____
​   ​   5 m 3 ​ __  ​ 3 G  ]  v 5 ​ _____
R R 2 R

como

2sR
v 5 ____
​   ​  
T

Então, temos:

2sR
d​ _____
​ M 3 ​ ​
lllll G   5 ____
​   ​ 
R T
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Elevando ambos os membros ao quadrado, temos:


2 2 2 2
M3G
_____ 4s R T 4s
​   ​ 5 ​ _____   ]  __
 ​  ​   ​  5 _____
​    ​ 5 constante de Kepler
R T 2
R 3 M3G
T2
Logo, como esperado, a constante ​ __3  ​da terceira lei de Kepler só depende da massa do ge-
R
rador do campo gravitacional.

Já sabe responder?
Gravidade zero – isso existe mesmo?
nasa

V
V
Órbita

R
R

Em uma sonda ou nave espacial em órbita em torno da Terra, os ocu-


pantes terão a sensação de ausência de peso, denominada imponde-
rabilidade. Isso não significa que a força gravitacional seja nula, mas,
como vimos, ela é a resultante centrípeta sobre a nave. Em qualquer
instante, os astronautas, os objetos dentro da nave espacial e a própria
nave têm a mesma velocidade orbital, ou seja, tendem a seguir em li- Terra
nha reta. O fato de se manterem em órbita por meio da ação da força
tem o efeito de fazê-los cair juntos em direção à Terra. Assim, não pode
haver gravidade zero, já que é justamente a ação do campo gravitacio- Astronauta e nave com mesmo vetor velocidade. Uma balança não
marcará o peso do astronauta porque ela e o astronauta estarão
nal que garante a circularidade das órbitas. O que ocorre é que, ao caí­
“caindo” em direção à Terra com mesma aceleração.
rem todos juntos, não sentirão seus próprios pesos, o que caracteriza
a imponderabilidade.

49
EXERCíCIO resolvido

R4 Calcule a que altitude em relação à superfície da Terra deve orbitar um satélite


para ser considerado geoestacionário. Considere:
MTerra 5 6,0 3 1024 kg; G 5 6,7 3 10211 N 3 m2/kg2; RTerra 5 6,4 3 106 m.

■ Resolução
Para ser considerado geoestacionário, o satélite deve ter período igual a 24 h, ou
seja, T 5 86.400 s. Sendo assim, teremos:

dM3G 2sR
lllll
v 5 ​ _____ mas v 5 ____
​   ​ ​,   ​   ​,  então
R T

d
lllllllllllllllllll
6,0 3 1024 3 6,7 3 7 3 10211 ______ 4,02 3 1014 ________
2sR 4s2R2
​ ​ _____________________
    
 ​ ​
    5 ​    ]  _________
   ​  ​   ​   5 ​    ​ 
R 86.400 R 7,46 3 109
Considerando s 5 3,14, temos:

d
llllll
3 3 3 10
24
R 5 ​   ​ _______ ​ ​ 

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


  ]  R 7 42,4 3 106 m

39,43
Logo, a altitude será:
h 7 42,4 3 106 2 6,4 3 106  ]  h 7 36 3 106 m 7 36.000 km

Exercícios dos conceitos


1 Um dos satélites que fornecem informações sobre o ambiente brasileiro é o SCD
(satélite de coleta de dados) construído no INPE (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais) em São Paulo. O SCD tem aproximadamente 110 kg de massa e dá uma
volta ao redor da Terra a cada 90 minutos. Calcule o raio da órbita do SCD. Conside-
re MTerra 5 6,0 3 1024 kg; G 5 6,7 3 10211 N 3 m2/kg2. (Dado: s 5 3)

R 7 6.880 km

2 A Estação Espacial Internacional – EEI


nasa

(International Space Station – ISS) é


um empreendimento liderado pelos
Estados Unidos, em parceria com Rús-
sia, Europa e Japão. Concebida como
um grande laboratório de pesquisas
e desenvolvimento em ambiente de
baixo nível de aceleração (microgra-
vidade), hoje sua missão está mais
concentrada na pesquisa de suporte
à vida em missões interplanetárias.
Diversos astronautas, incluindo um brasileiro, trabalharam na estação durante al-
gum tempo. Imagens enviadas da estação para a Terra mostram astronautas, ferra-
mentas, comida, água e todos os objetos flutuando, sem estar presos a nenhuma
superfície. (Dados: MTerra 5 6,0 3 1024 kg; G 5 6,7 3 10211 N 3 m2/kg2 e RT 5 6.400 km)

50
a) Calcule a aceleração da gravidade em órbita, supondo que a estação se en-
contre a 400 km da superfície.

g 7 8,69 m/s2

b) Explique por que, apesar de estar sob a ação do campo gravitacional da Terra,
os astronautas e tudo o que está na nave parecem ter peso nulo.

Parecem ter peso nulo devido à sensação de imponderabilidade; a nave e

os astronautas estão caindo constantemente em direção à Terra e, por isso,

parecem não sentir os efeitos gravitacionais.

3 (Unesp) Em abril de 2007, foi anunciada a descoberta de G581c, um novo planeta


fora de nosso sistema solar e que tem algumas semelhanças com a Terra. Entre as
várias características anunciadas está o seu raio, 1,5 vezes maior que o da Terra.
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Considerando que a massa específica desse planeta seja uniforme e igual à da


Terra, utilize a lei da gravitação universal de Newton para calcular a aceleração da
gravidade na superfície de G581c, em termos da aceleração da gravidade g, na
superfície da Terra.

a 5 1,5g

Professor: As resoluções destes exercícios estão dis-


poníveis no Plano de Aulas deste módulo. Consulte
também o Banco de Questões e incentive os alunos
a usar o Simulador de Testes. Retomada dos conceitos
Texto para as questões 1 a 8 3 Qual o valor da aceleração da gravidade nessa órbita?
Nave terrestre aterrissa em Marte sem problemas
4 Qual o peso da nave:
A nave terrestre de massa 4 3 104 kg aterrissou na su- a) na superfície de Marte?
perfície marciana após cansativa viagem. Seus tripu-
b) em órbita?
lantes, apesar de treinados, sentiram, já nas primeiras
caminhadas no solo, o efeito de uma aceleração da
gravidade de aproximadamente 4 m/s2. Constam, do 5 O astronauta Lhão Trambo, quando estava em órbi-
diário de bordo da nave, duas tentativas de pouso: ta, usou um dinamômetro para pesar um objeto de
uma que foi anotada como tempo zero e outra um massa 500 g. Qual valor ele obteve? Explique.
período mais tarde. Durante esse tempo, a nave este-
ve numa órbita cujo raio médio foi de 4 3 106 m. 6 Qual seria a velocidade orbital da nave:
Fonte: Folha Planetária, 11 de abril de 2020. a) se sua massa duplicasse?
b) se a massa de Marte quadruplicasse?
Dados: massa de Marte 5 6 3 1023 kg; constante da gra-
vitação universal 5 6,7 3 10211 N 3 m2/kg2. 7 Considere que a nave tenha observações a serem fei-
tas numa órbita com raio quatro vezes maior do que
1 Qual a velocidade média de translação da nave ao a anterior. Qual seria o período de translação da nave
redor de Marte? na nova órbita? (Dê a resposta em horas.)

2 Qual é o período de translação da nave ao redor de 8 Explique por que a nave pode desligar os motores
Marte? (Dê a resposta em horas.) quando está em órbita.

51
Professor: As resoluções destes exercícios estão dis-
poníveis no Plano de Aulas deste módulo. Consulte

Exercícios de integração também o Banco de Questões e incentive os alunos


a usar o Simulador de Testes.

1 (Vunesp) No sistema a seguir, A tem massa mA 5 10 kg, 4 (OBF) Um bloco de massa m 5 1 kg é puxado para
B tem massa mB 5 12 kg e a 5 45w. cima, ao longo de um plano inclinado, sob efeito de
uma força F paralela ao plano e de módulo constan-
te e igual a 8 N (ver figura). O movimento de subida é
realizado com velocidade constante. Quando a força F
deixa de ser aplicada, o bloco desce o plano com acele-
ração constante. Considere g 5 10 m/s2 e determine:

B
A
F
a m

Qual o coeficiente de atrito entre as superfícies em


contato, do corpo A com o plano, para que o corpo 30°
se desloque com MU?
Observações: g 5 10 m/s2; o peso da corda, o atrito
a) a força de atrito durante a subida (indique clara-
no eixo da roldana e a massa da roldana são despre-
mente o módulo, a direção e o sentido);

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


2 ​ 
​ ll
d
zíveis. Utilize ____
​   ​  5 0,7. b) a aceleração do bloco durante a descida (indique
2 claramente o módulo, a direção e o sentido).
2 (Fuvest-SP-Adaptada) Um corpo C de massa igual a 5 Um corpo de massa 4 kg foi lançado a partir do pon-
3 kg está em equilíbrio estático sobre um plano incli-
to A em direção a um ponto B, adquirindo velocida-
nado, suspenso por um fio de massa desprezível pre-
de inicial de 10 m/s. Considere a aceleração gravita-
so a uma mola fixa ao solo, como mostra a figura.
cional 10 m/s2.
g Dados: AB 5 12 m; sen a 7 0,4;
C
cos a 7 0,9 e j 5 0,4.

C
a
L
L0 A B
30°
Observe os dados e calcule:
O comprimento natural da mola (sem carga) é a) a velocidade do corpo ao atingir o ponto B;
L0 5 1,2 m e ao sustentar estaticamente o corpo ela b) a aceleração do corpo na descida do plano incli-
se distende, atingindo o comprimento L 5 1,5 m. Os nado;
possíveis atritos podem ser desprezados. Quanto 6 (OBF) Um objeto de peso P é preso, através de uma
vale, então, a constante elástica da mola, em N/m? corda, ao eixo de uma roldana móvel, de massa des-
prezível, como mostra a figura abaixo. Considere to-
3 Um bloco de massa 4,0 kg, preso a uma mola, des- das as cordas e roldanas do sistema como ideais.
creve um movimento circular numa mesa horizontal
lisa. A mola, quando não deformada, tem compri-
mento 0,5 m.

P
F

a) Que força F deve ser aplicada à extremidade livre


Sabendo que, quando o bloco gira com velocidade
da corda, de modo que o sistema se mova com
10 aceleração constante a?
angular ​ ___ ​ rad/s, o raio da trajetória é 0,9 m, determi-
3 b) Determine o valor da força F para que o corpo fi-
ne a constante elástica da mola. que em equilíbrio estático.

52
7 (PUC-SP) Um caixote de madeira de 4,0 kg é empur- I. Em módulo, a força centrípeta necessária para
rado por uma força constante F e sobe com velocida- manter a órbita do satélite é igual à força gravita-
de constante de 6,0 m/s um plano inclinado de um cional.
ângulo a, conforme representado na figura. II. Se um segundo satélite de massa igual a 2 m for
colocado na mesma órbita do primeiro, então
sua aceleração centrípeta será duas vezes maior.
III. Se o raio da órbita do satélite for reduzido para
64% do seu valor inicial, então a sua velocidade
tangencial aumentará em 25%.
IV. O gráfico representa o comportamento da velo-
cidade tangencial L em função de d.
F
a) V-F-F-F c) V-F-V-F e) V-F-F-V
b) V-V-V-F d) F-F-V-F
a
sen a = 0,6 10 (UFRN) O turismo chegou ao espaço! No dia 30 de
cos a = 0,8 abril de 2001, o primeiro turista espacial da história,
o norte-americano Denis Tito, a um custo de 20 mi-
A direção da força F é paralela ao plano inclinado e o lhões de dólares, chegou à Estação Espacial Interna-
coeficiente de atrito cinético entre as superfícies em cional, que está se movendo ao redor da Terra. Ao
contato é igual a 0,5. Com base nisso, analise as se- mostrar o turista flutuando dentro da estação, um
guintes afirmações: repórter erroneamente disse: “O turista flutua devido
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

I. O módulo de F é igual a 24 N. à ausência de gravidade”.


II. F é a força resultante do movimento na direção A explicação correta para a flutuação do turista é:
paralela ao plano inclinado.
a) a força centrípeta anula a força gravitacional exer-
III. As forças contrárias ao movimento de subida do
cida pela Terra.
caixote totalizam 40 N.
b) na órbita da estação espacial, a força gravitacional
IV. O módulo da força de atrito que atua no caixote
exercida pela Terra é nula.
é igual a 16 N.
c) a estação espacial e o turista estão com a mesma
Dessas afirmações, é correto apenas o que se lê em aceleração, em relação à Terra.
a) II e III c) II e IV e) I e III d) na órbita da estação espacial, a massa inercial do
b) III e IV d) I e II turista é nula.

8 (Uerj-adaptada) O cesto da máquina de lavar rou- 11 (Ufes) A sonda espacial NEAR/Shoemaker, no perío-
pas da família mede 40 cm de diâmetro. Durante do entre fevereiro de 2000 e fevereiro de 2001, ficou
o ciclo de centrifugação, o coeficiente de atrito da em órbita em torno do asteroide 433 Eros, de massa
roupa com a parede do cesto da máquina é cons- M 5 25 3 1015 kg. O raio da órbita era R 5 16.750 m.
tante e igual a 0,5. Calcule, em relação a esse ciclo Sabendo-se que a constante gravitacional vale
de centrifugação: G 5 6,7 3 10211 N 3 m2/kg2, o valor que mais se aproxi-
ma do período de rotação da sonda, em sua órbita, é:
a) a velocidade angular mínima para que a roupa fi-
que grudada à parede do cesto. a) 10.550 s c) 35.225 s e) 45.445 s
b) o intervalo de tempo para que o cesto da máquina b) 19.340 s d) 40.910 s
execute 12 voltas. Considere s 5 3.
12 (Fuvest-SP) Satélites utilizados para telecomunica-
9 (UnB-DF) Considerando que um satélite de massa M ções são colocados em órbitas geoestacionárias ao
esteja em órbita circular a uma distância d da super- redor da Terra, ou seja, de tal forma que permaneçam
fície da Terra, julgue os itens a seguir: sempre acima de um mesmo ponto da superfície da
Terra. Considere algumas condições que poderiam
v
corresponder a esses satélites:
I. ter o mesmo período, de cerca de 24 horas.
II. ter aproximadamente a mesma massa.
III. estar aproximadamente à mesma altitude.
v1
IV. manter-se num plano que contenha o círculo do
equador terrestre.
O conjunto de todas as condições, que satélites em
v órbita geoestacionária devem necessariamente obe-
—1
3
decer, corresponde a:
a) I e III c) I, III e IV e) II e IV
d1 3d1 d b) I, II e III d) II e III

53
13 (Unifesp) Henry Cavendish, físico inglês, realizou em 15 (Puc-rs) As telecomunicações atuais dependem
1797 uma das mais importantes experiências da histó- progressivamente do uso de satélites geoestacioná-
ria da física com o objetivo, segundo ele, de determinar rios. A respeito desses satélites, é correto dizer que:
o peso da Terra. Para isso, construiu uma balança de tor- a) seus planos orbitais podem ser quaisquer.
ção, instrumento extraordinariamente sensível e com o
b) todos se encontram à mesma altura em relação ao
qual pôde medir a força de atração gravitacional entre
nível do mar.
dois pares de esferas de chumbo a partir do ângulo de
torção que essa força causou em um fio. A figura mostra c) a altura em relação ao nível do mar depende da
esquematicamente a ideia básica dessa experiência. massa do satélite.
d) os que servem os países do hemisfério norte es-
tão verticalmente acima do Polo Norte.
e) se mantêm no espaço devido à energia solar.

16 (Unicamp-SP) Observações astronômicas indicam


que as velocidades de rotação das estrelas em tor-
m
no de galáxias são incompatíveis com a distribuição
de massa visível das galáxias, sugerindo que grande
M parte da matéria do Universo é escura, isto é, matéria
M que não interage com a luz. O movimento de rota-
ção das estrelas resulta da força de atração gravita-
cional que as galáxias exercem sobre elas. A curva
m

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no gráfico abaixo mostra como a força gravitacional
Ao final de seu experimento, Cavendish determinou M3m
a densidade média da Terra em relação à densidade Fgrav. 5 G 3 ​ _____
 ​ , que uma galáxia de massa M exerce
r2
da água, a partir da expressão matemática da lei da sobre uma estrela externa à galáxia, deve variar em
M3m função da distância r da estrela em relação ao centro
gravitação universal, F 5 G 3 _____​  2 ​ 
, mas a experiência
R da galáxia, considerando-se m 5 1,0 3 1030 kg para a
celebrizou-se pela determinação de G, constante gra- massa da estrela. A constante de gravitação G vale
vitacional universal. Sendo F o módulo da força medi- 6,7 3 10211 m3 kg21 s22.
do por meio de sua balança, conhecendo M, massa da
esfera maior, e m, massa da esfera menor, Cavendish 1,0 x 1020

pôde determinar G pela seguinte expressão:


FR2 8,0 x 1019
a) G 5 ​ ____  ​ , sendo R a distância entre os centros das
Mm
FG (N)

6,0 x 1019
esferas maior e menor.
FR2
b) G 5 ____
​    ​ , sendo R o comprimento da barra que liga 4,0 x 1019
Mm
as duas esferas menores.
2,0 x 1019
FR2 1,0 x 1020 1,2 x 1020 1,4 x 1020 1,6 x 1020 1,8 x 1020 20 x 1020
c) G 5 ____
​    ​ , sendo R a distância entre os centros das r (m)
Mm
esferas maiores. a) Determine a massa M da galáxia.
FR2 b) Calcule a velocidade de uma estrela em órbita cir-
d) G 5 ____
​    ​ , sendo R o comprimento da barra que liga cular a uma distância r 5 1,6 ∙ 1020 m do centro da
Mm
as duas esferas menores. galáxia.
Mm
e) G 5 ​ ____  ​ , sendo R a distância entre os centros das
FR2 17 (UFRN) Para um foguete escapar da atração gravi-
esferas maior e menor. tacional de um corpo celeste, é necessário que ele
14 (UFF-RJ) Comparados os dados característicos dos
planetas Marte (1) e Terra (2) – de massas e raios,
tenha energia cinética ​ Ec 5 _____ @ 
m 3 v2
​   ​  
2
  ​ pelo menos #
respectivamente, m1 e R1, m2 e R2 – obteve-se: m1 5 igual ao valor absoluto da sua energia potencial gra-
0,11m2 e R1 5 0,53R2. vitacional (demonstra-se que seu valor em módulo
Uma pessoa pesa P na superfície da Terra. Se essa M3m
é dado por OEPGO 5 G 3 _____
​   ​.   Nessas expressões, m
pessoa se encontrar a uma distância do centro de R
Marte igual ao raio da Terra (R2), será atraída por Mar- representa a massa do foguete; v, sua velocidade; G,
te com uma força, aproximadamente, de: a constante de gravitação universal; M, a massa do
a) 0,11 P c) 0,53 P e) 9,1 P corpo celeste; R, a distância do centro desse corpo ao
b) 0,21 P d) 1,9 P centro de massa do foguete.

54
a) A velocidade que um foguete precisa alcançar
para poder libertar-se da atração gravitacional do
corpo celeste é conhecida como velocidade de es-
cape (vesc). Obtenha a expressão (literal) para vesc.
b) Sabendo que a razão entre as massas da Terra e da
MT
Lua é ​ ___ ​ 7 84 e que a razão entre os raios da Terra
ML
RT
e da Lua é __ ​   ​  7 4, calcule a razão entre as veloci-
RL
dades de escape para um foguete escapar da Terra

@  #
vesc,T
e para esse mesmo foguete escapar da Lua ​ ______ ​    ​  .​
vesc,L
c) Explique em qual dos dois corpos celestes seria Sempre que necessário, utilize:
mais fácil colocar um dado foguete em órbita. Constante da gravitação universal:
G 5 6,0 3 10211 (SI);
18 (PUC-SP) A re- Massa da Terra: MT 5 6,0 3 1024 kg;
gião denomina- Raio da Terra: RT 5 6.200 km 5 6,2 3 106 m;
da Amazônia Le- Período de rotação da Terra em torno de seu eixo:
gal, com 5 milhões T 5 24 h;
de km2, cobre 60% s 5 3.
da área do territó-
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Nas questões seguintes, eventualmente, você preci-


rio nacional, abran-
sará de dados numéricos contidos no texto. Procure-
gendo Amazonas, Acre,
-os com atenção.
Amapá, oeste do Mara-
nhão, Mato Grosso, Rondô- a) Baseando-se nas leis de Newton da Mecânica
nia, Pará, Roraima e Tocan- Clássica, explique por que um satélite:
■ não necessita de combustível para permanecer
tins (veja no mapa). Nessa
em órbita por longo tempo.
região está a Floresta Ama-
■ mantém sua órbita circular sem se afastar ou se
zônica, que já há algum
aproximar da superfície da Terra.
tempo vem sendo devas-
tada. Se por um lado não b) Calcule, em m/s2, o valor da aceleração centrípeta
se tem evitado a progressiva que atua sobre o satélite Landsat em sua órbita
diminuição da floresta, por outro, pelo menos, nunca a 800 km de altitude em relação à superfície da
foi possível medir a devastação com tanta precisão, Terra. Despreze possíveis efeitos advindos do mo-
devido às imagens captadas por satélites. vimento de rotação da Terra.
c) Apenas 25% da superfície terrestre está acima do
Parte do monitoramento da devastação é feita por
nível dos oceanos. Com base nisso, calcule a rela-
meio dos dados enviados pelos satélites Landsat e
ção porcentual entre a área da Amazônia Legal e
CBERS-2 ao INPE (Instituto Nacional de Pesquisas
a área da superfície terrestre que não está coberta
Espaciais) onde os cientistas produzem boletins pela água dos oceanos.
diários, identificando os locais e as características
dos desmatamentos mais recentes. Esses satélites d) Considere duas voltas
giram ao redor da Terra em uma órbita pratica- consecutivas do saté-
lite CBERS-2 em torno
mente polar e circular (veja a primeira figura), de
da Terra. Na primeira
maneira que a combinação sincronizada entre as
volta, ao cruzar a linha
velocidades do satélite e da rotação da Terra tor-
do Equador, fotografa
na possível “mapear” todo o planeta após certo um ponto A. Na vol-
número de dias. Dependendo do satélite, a faixa ta seguinte, ao cruzar
de território que ele consegue observar pode ser novamente a linha do
mais larga ou mais estreita (veja a segunda figura). Equador, fotografa um
O satélite Landsat “varre” todo o planeta a cada 16 ponto B.
dias, completando uma volta em torno da Terra em Calcule, em km, o comprimento do arco AB.
aproximadamente 100 minutos. O CBERS-2, que
e) Desenhe em escala o gráfico da velocidade L de
também tem período de revolução de 100 minu- um satélite em função do raio R de sua órbita ao
tos, observa uma faixa mais larga que a observada redor da Terra, assinalando no gráfico:
pelo Landsat e consegue “varrer” todo o planeta
■  um ponto qualquer (R1, v1).
em apenas 5 dias. R1
__
■  três outros pontos de abscissas ​   ​ , 4R1 e 16R1.
Fonte: <www.inpe.br> 4

55
Navegando no módulo

aplicações das Leis de Newton


e a gravitação universal

Aplicações das Dinâmica do


leis de Newton movimento circular
Rcp = P + N

Planos inclinados v N P
v N

Rcp = N
N N
Rcp = N
Rcp 5 m 3 acp
Rcp C

N N P
v
m 3 v2
F
v
Rcp 5 _____
​   ​   
Px
Px R a

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


Fat. P
α P Rcp = N – P
y Py
a P a

GRAVITAÇÃO UNIVERSAL
Esfera das estrelas fixas

Polias Resistência do ar
Lua Marte
Terra

Mercúrio
Sol
Júpiter
P Vênus
– — (50 N)
8
Saturno

P Rar
– — (100 N) força
4
lei de Kepler
gravitacional
lei das órbitas
Planeta
P m1 3 m2
– — (200 N)
2 P F 5 G 3 _______
​   ​   Sol
d2 Periélio Afélio
P
Foco
m1
Rar m2 FÍSICA
Hugo Carneiro Reis
–F F
lei das ÁREAS Blaidi Sant’Anna
t3

Walter Spinelli
Gloria Martini
r t2
d Sol Raio veto
Ss2 A1 A2 Ss1

P t1
P (400 N)
t4

lei dos períodos


2
Rar T
​ __ ​ 5 constante
R3

corpos em órbita

P
M3G
d
lllll
v 5 ​ _____
​   ​ ​ 
  
R2

56

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