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GEOPROCESSAMENTO AMBIENTAL

O SENSORIAMENTO REMOTO E SUAS


APLICAÇÕES

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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1. Definir o sensoriamento remoto;

2. Distinguir geoprocessamento de sensoriamento remoto;

3. Relacionar as aplicabilidades do sensoriamento remoto.

1 Introdução
Desde a Guerra Fria que a tecnologia dos satélites passou a fazer parte de nosso cotidiano.

Essa evolução foi absorvida pela cartografia, que passou a utilizar informações muito mais precisas. Além disso,

o dinamismo e a rapidez com que os satélites fornecem essas informações têm agilizado muito a repercussão das

mudanças no espaço geográfico e a capacidade de tomar decisões.

É sobre esse assunto que trataremos nesta aula. Bons estudos!

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2 A tecnologia colaborando com a cartografia
Desde a Guerra Fria que a tecnologia dos satélites passou a fazer parte, cada vez mais, de nosso cotidiano. As

previsões do tempo, as clareiras de desmatamento, a imagem das manchas de petróleo, as áreas de agricultura, a

temperatura da terra e o degelo dos polos são exemplos de fenômenos que podem ser captados pelos satélites.

Essa evolução evidentemente foi absorvida pela cartografia, que passou a utilizar informações muito mais

precisas. Além disso, o dinamismo e a rapidez com que os satélites fornecem essas informações têm agilizado

muito a repercussão das mudanças no espaço geográfico e a capacidade de tomar decisões.

Exemplo

As imagens de satélites que identificam as queimadas e a devastação na Amazônia nos últimos anos, por

exemplo, promoveram a adoção de várias medidas preventivas voltadas para a preservação ambiental.

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3 Sensoriamento remoto
De acordo com Raffo e Morato (2011), o termo ‘sensoriamento remoto’ significa a obtenção de informações sem

o contato direto com o objeto de estudo.

Na verdade, trata-se de uma técnica que se iniciou com a utilização de fotografias da superfície da Terra,

tomadas a partir de balões, para a elaboração de mapas ainda no século XIX, pouco tempo depois da invenção da

fotografia.

Atenção

O sensoriamento remoto é uma revolução da fotogrametria. Agora, as imagens são obtidas através de satélites,

do espaço sideral.

Por não haver contato físico, a forma de transmissão dos dados (do objeto para o sensor, acoplado ao satélite) só

pode ser realizada pela radiação eletromagnética, por ser esta a única forma de energia capaz de se propagar

pelo vácuo.

Radiação eletromagnética: As ondas de radiação eletromagnética são uma junção de campo magnético com

campo elétrico que se propaga no vácuo, transportando energia. A luz é um exemplo de radiação

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eletromagnética. É a esse tipo de radiação eletromagnética (REM) que devemos dar ênfase nesta aula sobre

sensoriamento remoto.

O sensoriamento remoto pode ser definido com maior rigor como uma medida de troca de energias que resulta

da interação entre a energia contida na radiação eletromagnética de determinado comprimento de onda e a

contida nos átomos e moléculas do objeto de estudo (Florenzano, 2011).

Você sabe o que são os sensores?

São equipamentos capazes de coletar energia proveniente do objeto, convertê-la em sinal passível de ser

registrado e apresentá-lo de forma adequada à extração de informações (Steffen, 2011).

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4 Sensoriamento remoto x Geoprocessamento
O sensoriamento remoto que engloba o total conjunto de técnicas ligadas à informação espacial, no tocante à

coleta, tratamento e análise desses dados, dentre elas, o sensoriamento remoto.

O Geoprocessamento é uma poderosa ferramenta, que processa dados geograficamente referenciados e pode ser

bastante útil na abordagem integrada de grandes bancos de dados, de diferentes setores, permitindo, entre

outras, a análise matemática e estatística desses dados, essencial ao gerenciamento dos recursos naturais.

Trata-se de um ramo da área do conhecimento denominada oficialmente de Geomática. Ele engloba o total

conjunto de técnicas ligadas à informação espacial, quer seja no tocante à coleta, tratamento e análise desses

dados (Njrgeoprocess, 2010).

5 Evolução do sensoriamento remoto


O sensoriamento remoto (SR) teve início com a invenção da câmara fotográfica, que foi o primeiro instrumento

utilizado e que, até os dias atuais, é ainda utilizada para a tomada de fotos aéreas.

Nós já sabemos que as aplicações militares quase sempre estiveram à frente no uso de novas tecnologias, e no SR

não foi diferente.

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Relata-se que uma das primeiras aplicações do SR foi para uso militar. Para isto, foi desenvolvida, no século

passado, uma leve câmara fotográfica com disparador automático e ajustável.

Essas câmaras, carregadas com pequenos rolos de filmes, eram fixadas ao peito de pombos-correio, que eram

levados para locais estrategicamente escolhidos, de modo que, ao se dirigirem para o local de suas origens,

sobrevoavam posições inimigas.

Lá pelos anos de 1860, Gaspard Félix Tournachon, também conhecido como Félix Nadar, contribuiu para o

pontapé da fotogrametria. Ele foi um famoso balonista e fotógrafo francês que carregava suas câmeras

volumosas pelos ares. Seu objetivo era fazer levantamentos terrestres a partir de fotografias aéreas.

Porém, o uso de balões vai além do sensoriamento. Em 1862, o professor Thaddeus Lowe subiu num balão para

fazer uma observação do tempo. O Presidente Abraham Lincoln (1809-1865) gostou da ideia e autorizou a

constituição da Brigada de Balões do Exército Americano, com Lowe no comando.

As primeiras fotografias de um avião foram tiradas por um passageiro, L. P. Bonvillain, num voo de

demonstração na França em 1908. No ano seguinte, a primeira tomada aérea com uma câmara de cinema foi

realizada quando outro fotógrafo acompanhou Wright.

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De acordo com Farias (2015), o avião biplano substituiu o balão na observação das linhas inimigas na luta de

trincheiras da I Guerra Mundial.

Ao fim da guerra, o valor do reconhecimento fotográfico completo foi reconhecido por ambos os lados: os

alemães adquiriram quatro mil fotografias por dia como parte do seu planejamento para a grande ofensiva de

1918, e o Exército americano imprimiu mais de um milhão de fotografias nos quatro últimos meses da guerra.

Embora as fotografias fossem muito usadas, foi preciso outra guerra para provar a real utilidade do

reconhecimento aéreo fotográfico.

6 A evolução na II Guerra Mundial


Na II Guerra Mundial (1939 – 1945), a evolução foi ainda maior. O primeiro lançamento nos Estados Unidos

ocorreu em 17 de abril de 1946. O foguete Vanguard foi criado com a intenção de ser o primeiro veículo lançador

que os Estados Unidos poderiam usar para colocar um satélite em órbita.

No entanto, a chamada "Crise do Sputnik", causada pelo lançamento do Sputnik 1 e a falha do Vanguard TV3

levaram o governo americano a optar pelo satélite Explorer 1, usando o foguete Juno I, fazendo com que o

Vanguard 1 se tornasse apenas o segundo satélite americano.

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Depois da II Guerra Mundial, devido ao impacto causado pelo míssil V-2 nos círculos militares, o interesse pela

tecnologia de foguetes começou a se desenvolver nos Estados Unidos.

Atenção

O 13º lançamento foi em 24 de outubro, contendo uma câmera fotográfica em seu nariz, que tirou uma série de

imagens da superfície da terra a uma altura de 134 quilômetros.

Como podemos resumir os principais avanços do sensoriamento remoto durante a segunda grande

guerra?
• Desenvolvimento do filme infravermelho como “filme de detecção de camuflagem”;
• Novos sensores, como o radar;
• Avanços nos sistemas de comunicação.
No processo evolutivo das aplicações militares, os pombos foram substituídos por balões não tripulados e,

posteriormente, por aviões. O grande “pulo do gato” aconteceu nos anos 1970, com o lançamento dos satélites de

recursos naturais terrestres.

De acordo com Figueiredo (2011), a evolução do SR é fruto de um esforço multidisciplinar que envolveu e

envolve avanços na física, na físico-química, na química, nas biociências e geociências, na computação, na

mecânica etc.

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Atualmente, a técnica é quase totalmente alimentada por imagens obtidas por meio da tecnologia dos satélites

orbitais.

A NASA é uma das maiores captadoras de imagens recebidas por seus satélites. A agência espacial lançou o

primeiro Earth Resources Technology Satelllite (ERTS-1). Os dados fornecidos pelos sensores a bordo

melhoraram o conhecimento de plantações, depósitos minerais, solos, crescimento urbano, entre outras tantas

feições e processos terrestres.

Atenção

O nome do satélite foi mudado posteriormente para LANDSAT, cujas versões forneceram mais dados sobre a

Terra do que pode ser analisado. O programa foi tão bem sucedido que continua até hoje, com o lançamento em

fevereiro/2013 do LANDSAT-8.

No Brasil, o principal órgão que atua nessa área é o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE.

Na verdade, o país está entre as nações que possuem tecnologia para a construção de satélites de sensoriamento

remoto.

Atenção

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O Satélite Sino-brasileiro de Recursos Terrestres foi construído em parceria com a China e suas imagens são

disponibilizadas gratuitamente pela internet, através do portal do INPE.

Hoje, imagens de satélite são utilizadas nas aplicações mais variadas, como meio ambiente, vegetação,

agricultura, mineração e geologia, clima, planejamento urbano e regional etc. Mas, definitivamente, foi o Google

Earth, que popularizou as imagens feitas por satélite, que os usuários podem explorar gratuitamente em todo o

planeta.

Clique no link a seguir e conheça a tabela com alguns dos diferentes tipos de satélites: http://estaciodocente.

webaula.com.br/cursos/gon514/docs/a05_08_01.pdf.

7 Sensoriamento remoto: aplicação


De acordo com Steffen (2011), o uso de imagens de satélite para observação da Terra é uma forma competente e

econômica de coletar os dados necessários para monitorar e modelar estes fenômenos, especialmente em países

de grande extensão territorial, como o Brasil.

Através de softwares dedicados exclusivamente para tratamento de imagens, podem-se gerar imagens com

diferentes composições de cores, ampliações de partes das imagens e classificações temáticas dos objetos nelas

identificados.

Obtém-se assim produtos como mapas temáticos, que são usados para estudos de geologia, vegetação, uso do

solo, relevo, agricultura, rede de drenagem, inundações, entre outros.

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Vamos ver um exemplo?

Imagine que você precise saber como evoluiu o desmatamento em seu município ou área de trabalho. Você pode,

para isto, utilizar duas imagens de satélites de anos diferentes e fazer a comparação, através da interpretação

das imagens, em escala de detalhe.

Veja duas imagens de satélite da cidade de Rio das Ostras (estado do Rio de Janeiro), nos anos de 2003 e 2012 e

compare as diferenças.

Observou como o monitoramento do uso do solo nos permite identificar uma malha urbana mais densa em 2012

do que em 2003?

Veja a quantidade de edificações!

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Agora faça a mesma observação em Santa Cruz, próximo à Baía de Sepetiba, também no estado do Rio de Janeiro.

A construção ocupa uma área de aproximadamente dez milhões de metros quadrados e está situada à Avenida

João XXIII, entre a Base Aérea de Santa Cruz e o Canal São Francisco, no Distrito Industrial de Santa Cruz, Rio de

Janeiro.

A pedra fundamental da siderúrgica foi lançada na sexta-feira, dia 29 de setembro de 2006. A planta entrou em

operação em junho de 2010.

Agora, você entende a diferença de uso do solo, não é mesmo?

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8 Produtos do sensoriamento remoto
Os produtos do sensoriamento remoto, quando apresentados sobre áreas específicas ou sobre um contexto mais

regional, permitem diagnósticos eficientes, propõem soluções de baixo custo e criam alternativas inteligentes

para os desafios enfrentados face às mudanças aceleradas que observamos em nosso território.

Ainda para Steffen (2011), os dados de sensoriamento remoto têm se mostrado extremamente úteis para

estudos e levantamentos de recursos naturais, principalmente por:


• Sua visão sinótica, que permite ver grandes extensões de área em uma mesma imagem;
• Sua resolução temporal que permite a coleta de informações em diferentes épocas do ano e em anos
distintos, o que facilita os estudos dinâmicos de uma região;
• Sua resolução espacial, que possibilita a obtenção de informações em diferentes escalas, desde as
regionais até locais, sendo este um grande recurso para estudos abrangendo desde escalas continentais,
regiões até um quarteirão.
• Sua resolução espectral que permite a obtenção de informações sobre um alvo na natureza em distintas
regiões do espectro, acrescentando assim uma infinidade de informações sobre o estado dele.
Desde o lançamento do primeiro satélite de recursos terrestres, o Landsat, em junho de 1972, grandes

progressos e várias pesquisas foram feitas na área de meio ambiente, além de levantamento de recursos

naturais, fazendo uso de imagens de satélite.

Após o advento destes satélites, os estudos ambientais deram um salto enorme em termos de qualidade,

agilidade e número de informações.

Clique no link a seguir e conheça os países em desenvolvimento foram os grandes beneficiados desta tecnologia:

http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon514/docs/a05_10_01.pdf

Exemplo

Veja alguns exemplos no link a seguir:

http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon514/docs/a05_10_02.pdf

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Saiba mais
Leia o seguinte texto:
• Uso do sensoriamento remoto para estudar a influência de alterações
ambientais na distribuição da malária na Amazônia brasileira. Disponível em:
https://scielosp.org/article/csp/2006.v22n3/517-526/pt/
Assista aos seguintes vídeos:
• Sensoriamento remoto. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?
v=rSRWKiOatPo
• Conheça todas as opções de satélites à disposição. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=cZ-tVegqGiY

O que vem na próxima aula


Na próxima aula, você estudará o seguinte assunto:
• Como o Geoprocessamento pode estar inserido no licenciamento ambiental no Brasil.

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CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Entendeu o conceito de Sensoriamento Remoto;
• Diferenciou o Geoprocessamento do Sensoriamento Remoto;
• Identificou as diferentes fases do processo histórico de evolução do Sensoriamento Remoto;
• Entendeu o Brasil no contexto do Sensoriamento Remoto;
• Analisou as aplicações da ferramenta.

Referências
FARIAS, Oscar Luiz Monteiro. Monitoramento e controle ambiental.

FIGUEIREDO, Divino. Conceitos básicos de sensoriamento remoto. Disponível em: https://www.conab.gov.br

/conabweb/download/SIGABRASIL/manuais/conceitos_sm.pdf

FLORENZANO, Teresa Galloti. Iniciação em sensoriamento remoto. 3. ed. São Paulo: Oficina do Texto, 2011.

RAFFO, Jorge; MORATO, Rúbia Gomes. Geoprocessamento: o nascimento do sensoriamento remoto.

STEFFEN, Carlos Alberto. Introdução ao sensoriamento remoto. Disponível em: http://www3.inpe.br

/unidades/cep/atividadescep/educasere/apostila.htm

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