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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO

PROFISSIONALIZANTE GOV. MARCELO DÉDA CHAGAS

PRÁTICA SUPERVISIONADA

CURSO SUB: SEGURANÇA NO TRABALHO


SÉRIE: IV MÓDULO
DATA: 10/06/2020
SEMANA: 01
PROF: SÉRGIO RICARDO DOS SANTOS

OBJETIVOS: Conhecimento sobre rotinas práticas em segurança no trabalho.

CONHECIMENTOS: Práticas em segurança no trabalho.


ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS: google sala de aula
ATIVIDADES ORIENTADAS: Vídeoaulas, lista de
exercício, elaborar resumo do assunto abordado e resoluções de
atividades.
RECURSOS: Vídeoaula e arquivos em PDF
AULA 01 - EAD

ANÁLISE E AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE

RUÍDOS/NPS EXISTENTES EM UMA INDÚSTRIA METALÚRGICA

Cassiano Casagrande, Milton Serpa Menezes, Aline Pimentel Gomes

José Waldomiro Jiménez Rojas

1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento industrial tem aumentado cada vez mais os níveis de ruídos nos ambientes de
trabalho, sobretudo nas fábricas. A exposição dos trabalhadores a níveis elevados de ruído por longos
períodos de tempo pode acarretar perda auditiva e comprometimentos físicos, mentais e sociais no
indivíduo.

Os ambientes ruidosos, como a indústria metalúrgica, em que há, no dia a dia, nível de pressão sonora
(NPS) elevado, podem provocar estresse sobre os trabalhadores, diminuição do rendimento,
dificuldade de concentração, aumento da ocorrência de erros, maior número de acidentes e diminuição
da produtividade em geral. O bem-estar físico e mental do trabalhador é fundamental para um bom
desempenho de suas tarefas, tanto na sua atividade profissional, como na sua vida social.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que o som não deve ultrapassar 50 dB para não
causar prejuízos ao ser humano. A partir de 50 dB, os efeitos negativos começam, alguns problemas
podem ocorrer em curto prazo, outros levam anos para ser notados.

A avaliação dos níveis de ruídos no ambiente de trabalho é extremamente importante, pois pode indicar
a potencialidade dos mesmos interferirem na saúde e na segurança dos trabalhadores. O objetivo desse
trabalho é medir os níveis de ruídos presentes em uma indústria metalúrgica, comparar os valores
obtidos com os limites normatizados e avaliar a percepção dos trabalhadores com relação a esses níveis
de ruídos e seus efeitos.

2. O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA E DA POLUIÇÃO SONORA OCUPACIONAL

O início da Revolução Industrial, a partir de meados do século XVIII, foi um marco histórico no
desenvolvimento de máquinas diferenciadas, na descoberta de novos materiais e na modernização dos
processos produtivos (RIFFEL, 2001).

Segundo Batista (1998), a revolução industrial modificou o panorama sonoro. A poluição sonora
começou a fazer parte do cotidiano dos seres humanos, chamando a atenção de pesquisadores, técnicos
e órgãos normatizadores.

No Brasil, a necessidade do aumento de produção levou os ambientes industriais a níveis insuportáveis


de ruído, trazendo consequências danosas à saúde do trabalhador. Surdez e aumento da tensão arterial
são alguns dos malefícios provenientes da exposição a níveis elevados de ruídos (ZANNIN, 1990).
De acordo com Almeida et al. (2000), o ruído pode ser contínuo, quando não há variação do nível de
pressão sonora nem do espectro sonoro, ou de impacto, que são ruídos de alta energia e que duram
menos de 1 segundo. O ruído de impacto pode causar na cóclea (parte do ouvido responsável pela
percepção sonora) mudanças fisiológicas ou anatômicas temporárias ou permanentes, elevando os
distúrbios auditivos, caracterizados por mudanças do limiar, dificuldades na percepção da fala e
zumbidos. A mensuração do ruído pode ser realizada através de dosímetros - aparelhos que estimam
o nível equivalente de energia (Leq) que atinge o indivíduo durante o período de medição, o qual
poderá variar de poucos minutos até a jornada de trabalho integral (ALMEIDA et al, 2000).

3. EFEITOS CAUSADOS PELO RUÍDO OCUPACIONAL

Zanin (1990) relata que o ruído age sobre o organismo humano de várias maneiras, prejudicando não
só o funcionamento do aparelho auditivo como comprometendo a atividade física, fisiológica e mental
do indivíduo a ele exposto. Entre estas consequências, a mais definida e quantificada consiste em danos
no sistema auditivo.

Segundo Graça (2005) os efeitos do ruído vão desde uma ou mais alterações passageiras até graves
efeitos irreversíveis. Em relação aos efeitos sobre o sistema auditivo, estes podem ser de três tipos:

a) mudança temporária do limiar de audição: também conhecida como surdez temporária, que ocorre
após a exposição do indivíduo a ruído intenso, mesmo por um curto período de tempo.

b) surdez permanente: que se origina da exposição repetida durante longos períodos a barulhos de
intensidade excessiva, ocasionando uma perda irreversível associada à destruição dos elementos
sensoriais da audição.

c) trauma acústico: que é a perda auditiva repentina após a exposição a barulho intenso, causado por
explosões ou impactos sonoros semelhantes. Conforme o tipo e a extensão da lesão podem haver
somente uma perda temporária, no entanto está também pode ser permanente.

Além desses problemas, existem os efeitos “extra-auditivos” que podem provocar ações sobre o
sistema cardiovascular, alterações endócrinas, desordens físicas e dificuldades mentais e emocionais,
entre as quais, irritabilidade, fadiga e maus ajustamentos.

Esses distúrbios dependem de fatores como: frequência do ruído, intensidade, duração e ritmo, assim
como o tempo de exposição, a suscetibilidade individual e a atitude de cada indivíduo frente ao som.
Os principais distúrbios são:

a) distúrbios de comunicação: nos ambientes ruidosos, a comunicação verbal é dificultada,


aumentando a probabilidade de erros e acidentes ocupacionais. Em alguns casos, podem ocorrer
situações em que, devido ao excesso de ruído no local de trabalho, o trabalhador tem a necessidade de
utilizar uma intensidade vocal mais forte que a habitual para ser ouvido pelos colegas, provocando
assim um esforço maior e uma ensão ao falar, havendo consequentemente uma sobrecarga vocal, que
pode ocasionar lesões e alterações vocais (MEDEIROS, 1999).

b) distúrbios do sono: muitos estudos confirmam a influência negativa do ruído sobre o sono, tornando-
o mais superficial. Segundo Seligman (1993) o ruído, mesmo de fraca intensidade, provoca a passagem
temporária de um estado de sono profundo para outro mais leve, o chamado complexo “K”. Como o
ruído tem interferência direta na qualidade do sono, vai agir indiretamente no dia-a-dia do trabalhador,
prejudicando o rendimento no seu trabalho e na sua vida social. Seligman (1997) ainda afirma que
ruídos escutados durante o dia podem atrapalhar o sono de horas posteriores. Os pacientes reclamam
de dificuldade para iniciar o adormecimento, de insônia e de despertares frequentes, o que determina
cansaço no dia seguinte.

c) distúrbios vestibulares (relacionados ao equilíbrio): de acordo com Seligman (1997) durante a


exposição ao ruído e mesmo depois dela, muitos pacientes apresentam distúrbios tipicamente
vestibulares, descritos como: vertigens, acompanhadas ou não por náuseas, vômitos e suores frios,
dificuldades no equilíbrio e na marcha, desmaios e dilatação de pupilas.

d) distúrbios comportamentais: muitos autores relatam uma série de sintomas comportamentais, entre
eles: mudanças na conduta e no humor; falta de atenção e concentração; inapetência; cefaléia; redução
da potência sexual; ansiedade; depressão; cansaço; fadiga e estresse. Acredita-se que estes sintomas
podem aparecer isolados ou mesmo conjuntamente (MEDEIROS, 1999). Gerges (1995) acrescenta
ainda: nervosismo, fadiga mental, frustração, irritabilidade, mau ajustamento em situações novas e
conflitos sociais entre operários expostos ao ruído. O trabalhador que retorna ao lar após um dia em
ambiente ruidoso tende a irritar-se com maior facilidade. Portanto, é fato inconteste que os fatores
individuais têm importância muito acentuada, alguns indivíduos são mais suscetíveis que outros, os
efeitos relacionam-se diretamente com a reação individual.

e) distúrbios neurológicos: Costa (1994) refere algumas prováveis alterações como resposta à ação do
ruído, que se manifestam como: o aparecimento de tremores nas mãos, redução da reação aos estímulos
visuais, dilatação das pupilas, mobilidade e tremores dos olhos, mudança na percepção visual das cores
e desencadeamento ou piora de crises de epilepsia. São relatadas também influências no sistema
nervoso central, inclusive alterações das ondas alfa no eletroencefalograma e aumento da pressão do
líquor raquidiano.

f) alterações na concentração e habilidade: como o ruído é um som indesejável, apresenta a


característica de irritar e, com isso, diminuir a capacidade de concentração mental, afetando o
desempenho na habilidade de realizar algumas tarefas. Assim, trabalhadores que utilizam habilidades
manuais, por exemplo, podem ser muito prejudicados, pois sua capacidade está diminuída,
aumentando a probabilidade de erros e comprometendo a execução de tarefas que exijam atenção e
concentração mental (MEDEIROS, 1999).

g) alterações no rendimento de trabalho: Silva (2006) relata que a exposição a níveis elevados de ruído
por um período de tempo interfere na concentração e nas habilidades, tendo como consequência a
redução do desempenho e do rendimento de trabalho. O indivíduo fadiga mais rápido, apresentando
cansaço e prejudicando o desempenho de suas atividades. Estudos demonstraram que o excesso de
ruído altera a condutividade elétrica no cérebro, além de provocar uma queda na atividade motora em
geral.

O anexo 1 da NR15 estabelece como limite de exposição dos trabalhadores aos diversos ruídos
ocupacionais o limite de 85dB para um período de 8 horas diárias (ATLAS, 2007). Vários critérios
foram desenvolvidos para quantificar e garantir o conforto acústico e o estado do sistema auditivo.
Com relação ao conforto acústico no trabalho, a Lei 6.514 de 22/11/77, que se refere ao Capitulo V do
Título II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho, dado
pela Portaria no 3.751 de 23 de novembro de 1990, Norma Reguladora NR17 - ERGONOMIA
menciona os parâmetros que permitem a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar conforto acústico, desempenho e
segurança.

Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exigem solicitação intelectual e atenção
constante são recomendados, pela NBR 10152 (ABNT, 1987), níveis de ruído entre 45 e 65 dB(A),
onde o valor inferior da faixa representa o nível sonoro para conforto, enquanto que o valor superior
significa o nível sonoro máximo aceitável para a respectiva finalidade.

QUESTIONÁRIO

1 – Com base no texto acima, responda as questões abaixo:

A). O que significa o nível equivalente de energia (Leq)?

B). Quais outras leis ou normas, poderiam ser adotadas para embasar o referencial supracitado?

C). Qual a diferencia entre a NR15 e a NR17, no que se refere ao tratamento do conforto acústico para
o trabalhador?

D). Algum outro distúrbio poderia ser ocasionado pelo ruído no ambiente de trabalho? Se sim, qual?

As respostas devem ser enviadas para o e-mail: sergioricardo.eng@gmail.com até a data informada.
Bons estudos.

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