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PRÁTICA SUPERVISIONADA
1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento industrial tem aumentado cada vez mais os níveis de ruídos nos ambientes de
trabalho, sobretudo nas fábricas. A exposição dos trabalhadores a níveis elevados de ruído por longos
períodos de tempo pode acarretar perda auditiva e comprometimentos físicos, mentais e sociais no
indivíduo.
Os ambientes ruidosos, como a indústria metalúrgica, em que há, no dia a dia, nível de pressão sonora
(NPS) elevado, podem provocar estresse sobre os trabalhadores, diminuição do rendimento,
dificuldade de concentração, aumento da ocorrência de erros, maior número de acidentes e diminuição
da produtividade em geral. O bem-estar físico e mental do trabalhador é fundamental para um bom
desempenho de suas tarefas, tanto na sua atividade profissional, como na sua vida social.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que o som não deve ultrapassar 50 dB para não
causar prejuízos ao ser humano. A partir de 50 dB, os efeitos negativos começam, alguns problemas
podem ocorrer em curto prazo, outros levam anos para ser notados.
A avaliação dos níveis de ruídos no ambiente de trabalho é extremamente importante, pois pode indicar
a potencialidade dos mesmos interferirem na saúde e na segurança dos trabalhadores. O objetivo desse
trabalho é medir os níveis de ruídos presentes em uma indústria metalúrgica, comparar os valores
obtidos com os limites normatizados e avaliar a percepção dos trabalhadores com relação a esses níveis
de ruídos e seus efeitos.
O início da Revolução Industrial, a partir de meados do século XVIII, foi um marco histórico no
desenvolvimento de máquinas diferenciadas, na descoberta de novos materiais e na modernização dos
processos produtivos (RIFFEL, 2001).
Segundo Batista (1998), a revolução industrial modificou o panorama sonoro. A poluição sonora
começou a fazer parte do cotidiano dos seres humanos, chamando a atenção de pesquisadores, técnicos
e órgãos normatizadores.
Zanin (1990) relata que o ruído age sobre o organismo humano de várias maneiras, prejudicando não
só o funcionamento do aparelho auditivo como comprometendo a atividade física, fisiológica e mental
do indivíduo a ele exposto. Entre estas consequências, a mais definida e quantificada consiste em danos
no sistema auditivo.
Segundo Graça (2005) os efeitos do ruído vão desde uma ou mais alterações passageiras até graves
efeitos irreversíveis. Em relação aos efeitos sobre o sistema auditivo, estes podem ser de três tipos:
a) mudança temporária do limiar de audição: também conhecida como surdez temporária, que ocorre
após a exposição do indivíduo a ruído intenso, mesmo por um curto período de tempo.
b) surdez permanente: que se origina da exposição repetida durante longos períodos a barulhos de
intensidade excessiva, ocasionando uma perda irreversível associada à destruição dos elementos
sensoriais da audição.
c) trauma acústico: que é a perda auditiva repentina após a exposição a barulho intenso, causado por
explosões ou impactos sonoros semelhantes. Conforme o tipo e a extensão da lesão podem haver
somente uma perda temporária, no entanto está também pode ser permanente.
Além desses problemas, existem os efeitos “extra-auditivos” que podem provocar ações sobre o
sistema cardiovascular, alterações endócrinas, desordens físicas e dificuldades mentais e emocionais,
entre as quais, irritabilidade, fadiga e maus ajustamentos.
Esses distúrbios dependem de fatores como: frequência do ruído, intensidade, duração e ritmo, assim
como o tempo de exposição, a suscetibilidade individual e a atitude de cada indivíduo frente ao som.
Os principais distúrbios são:
b) distúrbios do sono: muitos estudos confirmam a influência negativa do ruído sobre o sono, tornando-
o mais superficial. Segundo Seligman (1993) o ruído, mesmo de fraca intensidade, provoca a passagem
temporária de um estado de sono profundo para outro mais leve, o chamado complexo “K”. Como o
ruído tem interferência direta na qualidade do sono, vai agir indiretamente no dia-a-dia do trabalhador,
prejudicando o rendimento no seu trabalho e na sua vida social. Seligman (1997) ainda afirma que
ruídos escutados durante o dia podem atrapalhar o sono de horas posteriores. Os pacientes reclamam
de dificuldade para iniciar o adormecimento, de insônia e de despertares frequentes, o que determina
cansaço no dia seguinte.
d) distúrbios comportamentais: muitos autores relatam uma série de sintomas comportamentais, entre
eles: mudanças na conduta e no humor; falta de atenção e concentração; inapetência; cefaléia; redução
da potência sexual; ansiedade; depressão; cansaço; fadiga e estresse. Acredita-se que estes sintomas
podem aparecer isolados ou mesmo conjuntamente (MEDEIROS, 1999). Gerges (1995) acrescenta
ainda: nervosismo, fadiga mental, frustração, irritabilidade, mau ajustamento em situações novas e
conflitos sociais entre operários expostos ao ruído. O trabalhador que retorna ao lar após um dia em
ambiente ruidoso tende a irritar-se com maior facilidade. Portanto, é fato inconteste que os fatores
individuais têm importância muito acentuada, alguns indivíduos são mais suscetíveis que outros, os
efeitos relacionam-se diretamente com a reação individual.
e) distúrbios neurológicos: Costa (1994) refere algumas prováveis alterações como resposta à ação do
ruído, que se manifestam como: o aparecimento de tremores nas mãos, redução da reação aos estímulos
visuais, dilatação das pupilas, mobilidade e tremores dos olhos, mudança na percepção visual das cores
e desencadeamento ou piora de crises de epilepsia. São relatadas também influências no sistema
nervoso central, inclusive alterações das ondas alfa no eletroencefalograma e aumento da pressão do
líquor raquidiano.
g) alterações no rendimento de trabalho: Silva (2006) relata que a exposição a níveis elevados de ruído
por um período de tempo interfere na concentração e nas habilidades, tendo como consequência a
redução do desempenho e do rendimento de trabalho. O indivíduo fadiga mais rápido, apresentando
cansaço e prejudicando o desempenho de suas atividades. Estudos demonstraram que o excesso de
ruído altera a condutividade elétrica no cérebro, além de provocar uma queda na atividade motora em
geral.
O anexo 1 da NR15 estabelece como limite de exposição dos trabalhadores aos diversos ruídos
ocupacionais o limite de 85dB para um período de 8 horas diárias (ATLAS, 2007). Vários critérios
foram desenvolvidos para quantificar e garantir o conforto acústico e o estado do sistema auditivo.
Com relação ao conforto acústico no trabalho, a Lei 6.514 de 22/11/77, que se refere ao Capitulo V do
Título II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho, dado
pela Portaria no 3.751 de 23 de novembro de 1990, Norma Reguladora NR17 - ERGONOMIA
menciona os parâmetros que permitem a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar conforto acústico, desempenho e
segurança.
Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exigem solicitação intelectual e atenção
constante são recomendados, pela NBR 10152 (ABNT, 1987), níveis de ruído entre 45 e 65 dB(A),
onde o valor inferior da faixa representa o nível sonoro para conforto, enquanto que o valor superior
significa o nível sonoro máximo aceitável para a respectiva finalidade.
QUESTIONÁRIO
B). Quais outras leis ou normas, poderiam ser adotadas para embasar o referencial supracitado?
C). Qual a diferencia entre a NR15 e a NR17, no que se refere ao tratamento do conforto acústico para
o trabalhador?
D). Algum outro distúrbio poderia ser ocasionado pelo ruído no ambiente de trabalho? Se sim, qual?
As respostas devem ser enviadas para o e-mail: sergioricardo.eng@gmail.com até a data informada.
Bons estudos.