1ª Edição
Capa
Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida sejam quais forem
os meios empregados sem a permissão, por escrito, dos autores
Eduardo Thiago Slomp, José Gonçalves Antunes e Lígia Marcondes
Rodrigues dos Santos.
2. MATÉRIAS-PRIMAS
2.1 ÁGUA
Na produção de cerveja, a água tem a maior representativi-
dade como matéria-prima.Vale ressaltar que através de um condi-
cionamento e tratamento prévio, podemos replicar características
específicas de regiões de todo o mundo para produção de nossa
cerveja. A água que é comumente utilizada na produção caseira de
cerveja, ou pode ser uma água livre de Cloro (água mineral) ou
pode ser a própria água da rede pública de distribuição, porém,
para tal deve-se utilizar Filtro de Carvão ativado que remove o
Cloro da água e até compostos orgânicos.
O principal parâmetro físico-químico quando se pensa em
água cervejeira é o pH (potencial hidrogeniônico) que é uma
forma de quantificar a quantidade de H+ e OH- de uma solução. O
pH adequado vai possibilitar a ótima atuação das enzimas na
produção do mosto, assim como irá solubilizar componentes de
amargor do lúpulo e auxiliar na solubilização proteica de forma
geral. Na grande maioria dos casos a adição dos grãos o pH do
mosto fica muito
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próximo ao ideal (5,2 a 5,5 – dependendo das enzimas que irão
atuar na hidrólise dos compostos dos grãos).Vale lembrar também
que por conta disso o ideal é que se façam leituras de pH após a
adição dos grãos. Caixa de texto: Para produção caseira pode-se
utilizar um pHmetro de bolso.
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2.2. MALTE
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malte fazendo com que as enzimas possam atuar, assim como irá
manter as cascas o máximo intactas possíveis para contribuir na
formação de uma cama de cascas auxiliando a clarificação da
cerveja. Obs.: moagem adequada neste caso, também é evitar a
formação excessiva de teor de farinha.
2.3. LÚPULO
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por litro de cerveja
Figura 1
3.1.2 MOSTURA
Nesta etapa, o malte moído é misturado à água na
proporção determinada pela sua receita. Em cervejas claras essa
proporção é maior do que em cervejas escuras, mas nas panelas
não devemos usar uma proporção menor do 2,5 kg de malte por
litro de água, caso contrário teremos muito pouca água e o
rendimento cai muito. A condução deste processo é determinante
no tipo de cerveja a ser produzida, pois é neste momento que vão
ser formados os açúcares que a levedura irá consumir e
transformar em álcool e outros compostos na fermentação.
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Serão formados também aqueles que não serão consumidos e que
ficarão na cerveja para nós consumidores bebermos. Os açúcares
que a levedura usa são chamados fermentescíveis e a maltose é o
principal deles. Os açúcares que a levedura não consegue
consumir são chamados de não fermentescíveis e são compostos
basicamente por dextrinas.
Para quebrar o amido em açúcares fermentescíveis e não
fermentescíveis são necessárias enzimas (principalmente α e β
amilases) presentes no malte que atuam em temperaturas e pH
específicos. Quanto mais tempo deixamos uma enzima atuando na
sua temperatura ideal, maior sua atividade e mais produtos ela vai
gerar. Por isso, é fundamental respeitar os tempos e a temperaturas
indicadas na receita.
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A primeira consiste na retirada do volume de mosto inicial e
mais concentrado e a segunda de adição de água para lavar o bagaço
que ainda contém bastante mosto entre as cascas.
Na clarificação do mosto é importante manter a
temperatura ao redor de 78 ºC (sem deixar passar de 80 ºC). A
temperatura deve ser alta para conseguir extrair do bagaço a
maior parte do açúcar que fica preso, mas se passar de 80 ºC, a
extração de polifenóis que trazem adstringência ao mosto se torna
relevante. Além disso, ajustar o pH da água de lavagem entre 5,0
e 6,0 também diminui a extração destes polifenóis.
O bagaço retirado pode ser usado como parte da ração
animal para bovinos e suínos e também é possível usá-lo na receita
de pães, bolos e quibe.
3.1.5 RESFRIAMENTO
3.2 FERMENTAÇÃO
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Figura 4: Balde de fermentação e tanque cilindro cônico de plástico. Fonte: arquivo pessoal.
Figura 5 – Aspecto de levedura seca antes da hidratação. Fonte: Arquivo pessoal (José Antunes)
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CONDUZINDO A FERMENTAÇÃO
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3.3 MATURAÇÃO
Terminada a fermentação, podemos abaixar a
temperatura do fermentador para iniciarmos a maturação. Caso
você deseje aproveitar a lama de fermento, ela pode ser coletada,
num tanque cilíndrico cônico, numa temperatura na faixa de 4 a
8ºC, dependendo da capacidade de floculação da levedura. No
geral um fermentador gera lama suficiente para ser usada em 2 ou
3 tanques do mesmo tamanho.
No caso de um balde fermentador é mais prático para
viabilizar o aproveitamento do fermento, abaixar-se a temperatura
do recipiente para um valor entre 2 e 0ºC, aguardar entre 24 e
48h e então transferir a cerveja para outro balde, enquanto a
levedura poderá então ser acondicionada em outro frasco, ambos
devidamente limpos.
Em qualquer situação, a levedura, armazenada para reuso,
deverá ser guardada entre 2 e 4ºC e deverá, preferencialmente, ser
utilizada no intervalo máximo de 2 semanas
Após a coleta da levedura, continuamos abaixando a
temperatura, ajustando-a numa faixa de 2 a 0 ºC. Nesta condição
acontecerá a decantação de mais levedura, que deverá ser
descartada, além da precipitação de proteínas e taninos, o que
diminuirá a turbidez da cerveja. Não existe um tempo ótimo de
maturação, ele é função da limpidez e da característica sensorial
que se deseja conferir ao produto. Hoje cervejas lagers têm tempos
de maturação médios na faixa de 12 a 21 dias, enquanto cervejas
ales tem uma variação maior, mas na média de 14 a 45 dias,
dependo da complexidade sensorial.
A ARTE E A CIÊNCIA ENVOLVIDA NA PRODUÇÃO DA CERVEJA CASEIRA | 31
Para cervejas envelhecidas em madeira, ou que utilizam
Brettanomyces, uma parente próxima da levedura cervejeira, os
tempos de fermentação podem ser bem mais longos: de 3 meses a
3 anos (algumas Lambics), muito em função da característica
sensorial que se deseja desenvolver, no produto acabado.
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