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São Paulo, Quarta-feira, 21 de Abril de 1999

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ALIANÇA RELIGIOSA
Iugoslávia recebe líder ortodoxo da
Rússia
KENNEDY ALENCAR
enviado especial a Belgrado

O patriarca da Igreja Ortodoxa Cristã da Rússia, Alexis 2º,


reuniu-se ontem em Belgrado com o presidente da
Iugoslávia, Slobodan Milosevic.
"A solução (para a crise de Kosovo) está na mesa de
negociação, não no campo de batalha", disse Alexis 2º.
O russo pediu ainda, na visita ao presidente iugoslavo, o fim
do bombardeio da Otan, mas também a "desmilitarização de
Kosovo".
Desde o início do conflito, em 24 de março, Milosevic
acelerou a "limpeza étnica" na Província, expulsando e
matando civis de etnia albanesa. Segundo a Otan, 850 mil
civis estão desalojados dentro de Kosovo.
Milosevic agradeceu a "solidariedade" e "as preces (de
Alexis 2º) para encontrar a paz". O russo rezou uma missa
para centenas de sérvios na catedral de São Sava, no centro
de Belgrado. A maioria sérvia adota a religião ortodoxa.
Alexis 2º encontrou-se também com Ibrahim Rugova, líder
albanês kosovar. Voltou a defender uma saída diplomática. O
russo, na reunião com Milosevic e Rugova, defendeu o
retorno dos refugiados de etnia albanesa a Kosovo.

Mediação
A visita de Alexis 2º faz parte de uma série de iniciativas da
Rússia para tentar mediar o conflito entre a Iugoslávia e a
aliança militar ocidental. Os russos têm sido os principais
aliados dos iugoslavos. Condenam o ataque da Otan, mas
não querem se envolver diretamente na guerra.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Igor Ivanov,
recebeu ontem em Moscou uma delegação da Organização
da Conferência Islâmica (OCI) chefiada pelo ministro das
Relações Exteriores do Irã, Kamal Kharazi.
A comissão, que reúne 55 países muçulmanos, expressou a
"preocupação do mundo árabe em relação à situação dos
refugiados albaneses de Kosovo e à limpeza étnica
perpetrada pelas tropas de Belgrado".
Segundo a emissora privada de televisão russa NTV, o
ministro Igor Ivanov admitiu "indiretamente as limpezas
étnicas em Kosovo", mas as definiu como uma
"consequência dos bombardeios da Otan".
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