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A Poética Clássica

Horácio - Arte Poética

- Livro onde se fantasiam formas sem consistência – causa riso p.55

(meu: há o ousar entre os poetas e pintores – mas isso tem limites)

- maioria dos poetas: “[...] deixamo-nos enganar por uma aparência de perfeição” (p.55_

-conselho: “Vocês, que escrevem, tomem um tema adequado a suas forças [...]. A quem
domina o assunto escolhido não faltará eloquência nem lúcida ordenação [...]” p.56 –
ordenação: dizer logo o que se deve dizer logo, preferir isso e menosprezar aquilo.

-ligar de forma inteligente um termo surrado para ganhar aspecto novo – o estilo ganha
requinte. P.56

Expressões novas (para ideias nunca enunciadas): tal liberdade, se tomada com distinção, sera
consentida (valida os neologismos) p.56 – como os bosques mudam de folhas, as palavras
novas sucedem as velhas p.57

“As obras humanas passarão” – p.57 – mudanças (se até as obras passam, as expressões
passam mais ainda – pela utilidade alguns termos ressurgem e outros caem)

- domínio e o tom de cada gênero literário (o poeta tem que ter) – p.57

-cada gênero tem que ter seu lugar resguardado – não cabe cantar um tema cômico em versos
tristes e vice-versa p.57

- “Não basta serem belos os poemas; têm de ser emocionantes, de conduzir o sentimento do
ouvinte aonde quiserem” p.58

- expectador – “se me queres ver chorar, tens de sentir a dor primeiro tu; só então, meu
Teléfo, ou Peleu, me afligirão os teus infortúnios, ou desandarei a rir.” P.58

-“Deve-se ou seguir a tradição, ou criar caracteres coerentes consigo” p.58 – se cantar Aquiles,
que seja irascível, Medeia feroz, etc. – mas se tratar de uma personagem nova “conserve-se
ela até o fim tal como surgiu do começo, fiel a si mesma” (p.59) – preferível encenar uma
passagem da Ilíada do que temas desconhecidos.” P.59

- o que quer Horácio e o povo/o que gera aplausos – “Cumpre observar os hábitos de cada
idade , dar a caracteres e anos mudáveis o aspecto que lhes convém. [...] Não se atribua a um
jovem o quinhão da velhice, nem a um menino o dum adulto; a personagem manterá sempre
o feitio próprio e conveniente a cada quadra da vida.” P.59-60

- ações: “As ações ou se representam em cena ou se narram” p.60 – narrado: causam emoção
mais fraca do que o encenado (é mais forte quando visto do que quando ouvido) – mas não
convém representar o que deve se passar dentro (não representar, por exemplo, Medeia
trucidando os filhos – Horácio abomina isso) p.60

- Peça: ideal é que ocorra em 5 atos e sem intervenção de um deus, nem com a quarta
personagem falando, que o coro seja parte da ação e não um papel pessoal e não cante entre
os atos o que não for do assunto (deve apoiar os bons, dar conselhos amigos, moderar iras,
etc.) – p.60-1

- mudança de público: antes menor e mais instruído, depois, maior e com campônios sem
instrução bebendo vinho e da vulgarização de algumas peças p. 61-2

Jambo: “uma sílaba longa ajuntada a uma breve” p.62

Para Horácio é importante que o poeta não escreva sem regra p.60

“[...] A liberdade descambou num excesso e violência, que pedia repressão legal; aprovou-se
uma lei e, tolhido o direito de fazer mal, o coro calou-se ignobilmente.” P.63

Horácio: o poema deve ser retido até ser muito bem polido em sua forma p.63

Horácio diz que mesmo sem escrever ele será o que “ensinarei as regras do mister, as fontes
de recursos, o que nutre e forma o poeta, o que fica bem, o que não, aonde leva o acerto,
aonde o erro” p. 64 – É NORMATIVO

(início e fonte da arte: bom senso – quem sabe dos seus deveres e das coisas poderá escrever,
se dominar o assunto as palavras virão – o poeta deve “[...] observar o modelo da vida e dos
caracteres e daí colher uma linguagem viva.” P.64

Deleita mais uma peça com verdades gerais e sem arte, do que bela e pobre de assunto.

Gregos: obtiveram da Musa o gênio e fluência harmoniosa e são ávidos apenas de glórias, já os
meninos romanos aprendem a poupança (isso daria bons poemas? Questiona Horácio)

Desejo do poeta: ser útil, deleitar, dizer coisas agradáveis e ao mesmo tempo proveitosas p.65

O poeta deve ser breve, usar expressão concisa (não ser supérfluo) – não se distanciar da
realidade as ficções que visem ao prazer nem querer fazer crer em tudo da fábula – o poeta
deve misturar o útil e o agradável para deleitar e ao mesmo tempo instruir o leitor p.65

Mas há que se perdoar algumas falhas se no todo o poema brilhar (se a obra é grande é
perdoável haver alguma falta) p.65

Compara a poesia à pintura p.65

Aos homens se perdoam as medianidades, mas aos poetas não – assim ele orienta os Pisões
que caso escrevam algo devem retê-lo por oito anos e se sujeitem aos críticos antes de
publicar – já que se pode destruir antes, mas nunca depois (a palavra lançada não volta atrás).
P.66

Arte ou natureza fazem digno de louvor um poema? – para Horácio um pede o outro

Não acreditar nos louvores à sua arte de quem você fez ou pode fazer um favor – eles vão te
bajular sem verdade p.67 – cita Quintílio que sempre apontava o que deveria ser modificado
nos textos p.68

“Um homem honesto e entendido criticará os versos sem arte [...].” p.68
Longino ou Dionísio – Do Sublime (Século I d.C.)

I – O QUE É O SUBLIME E O EFEITO QUE ELE CAUSA

O tratado de Cecílio sobre o sublime não foi de grande ajuda aos leitores. P.71 Daí, ele se
propõe a escrever sobre o sublime.

“[...] o sublime é o ponto mais alto e a excelência, por assim dizer, do discurso e que, por
nenhuma outra razão senão essa, primaram e cercaram de eternidade a sua glória os maiores
poetas e escritores.” P.71 grifo meu

- o arrebatamento é mais forte no ouvinte do que a persuasão; o persuadir depende de nós, já


o sublime tem uma força tão grande que subjuga inteiramente o ouvinte. O sublime manifesta
como um raio o discurso do orador P.72

II – SOBRE A ARTE E NATUREZA (SÓ O DOM OU TAMBÉM A TÉCNICA?)

- Longino questiona se há uma técnica do sublime ou da profundidade e lembra vozes que


dizem que não, que é inato e se for subordinado às regras da tarde perderá seu valor. P.72

Longino discorda e diz que há necessidade de freio aos gênios, se não eles correm perigo maior
p.72

Sorte e boas escolhas são os melhores bens: na literatura a sorte corresponde à natureza e as
boas escolhas à arte – ambas são necessárias p.72-3

III (SOBRE O VÍCIOS NA TENTATIVA DE ALCANÇAR O SUBLIME)

Tragédia: “gênero por natureza inflado e aberto à ênfase” – mas que não perdoa o “exagero
desafinado” p.73

- Empolamento: “é um vício difícil de evitar entre os que mais o sejam” – e muitos caem nisso
com medo da pecha de áridos e fracos p.73 empolar é querer “ultrapassar o sublime” e ser
pueril é totalmente o oposto de ser grandioso e é o mais ignóbil de todos os defeitos p. 73-4
puerilidade: a frieza - falso brilho e afetação.

- terceira espécie de vício: “é a emoção deslocada e vazia, onde não se requer emoção, ou
desmedida, onde se requer medida.” P.74

IV (ALGUNS EXEMPLOS DE USO ERRÔNEO)

V (VÍCIOS – BUSCA DE INOVAR E EMBELEZAR O ESTILO)

A busca por embelezar o estilo pode resultar em sucesso ou malogro p.76

VI (VÍCIOS E SUPERAÇÃO)

Apontar como evitar os vícios que impurificam o sublime é possível desde que haja um
conhecimento do que seja o sublime

VII (QUANDO É E QUANDO NÃO É SUBLIME)

Nada é grande se há grandeza em desprezá-lo: riqueza, honrarias, fama, realeza –


exterioridade teatral. P.76

“É da natureza de nossa alma deixar-se de certo modo empolgar pelo verdadeiro sublime”
p.76
Se um texto é por nós ouvido várias vezes e não nos causa essa empolgação e nem reflexões
para além do que dizem as palavras não há verdadeiro sublime – dura apenas o tempo em que
é ouvida. Grande é o texto que causa muita reflexão e forte lembrança p. 76-7

Só é sublime, assim, as passagens que agradam sempre e a todos p.77

VIII – AS FONTES PARA GERAR O SUBLIME

- as cinco fontes mais capazes de gerar o sublime (e em todos os cinco o dom da palavra).
Primeira (mais poderosa): alçar-se a pensamentos sublimes;

Segunda: Emoção veemente e inspirada; (as duas primeiras são inatas, já as demais se
adquirem também pela prática)

Terceira: moldagem das figuras (as de pensamento e as de palavra);

Quarta: Nobreza da expressão (escolha dos vocábulos e linguagem figurada e elaborada);

Quinta: composição com vistas à dignidade e elevação.

- Para Cecílio o sublime e o patético são uma coisa só, para Longino não, há emoções sem
grandeza separadas do sublime (pena, sofrimentos, temores) e há sublime sem patético p.77

- oradores em geral não têm emoção p.78

IX GENIALIDADE E VÍCIO

- o dom inato da grandeza (primeira) é um dom mais que uma aquisição, ainda assim, cumpre
educar as almas para a grandeza e arrebatamento p.78

“ [...] o verdadeiro orador não pode ter sentimentos rasteiros e ignóbeis.” P.78 – se não, não
conseguiram produzir alo grandioso, assim: “[...] as frases sublimes ocorrem às pessoas de
sentimentos elevados” p.78

- Odisseia é a continuação da Ilíada. P.80

- a genialidade também pode declinar – fala na grandeza da Ilíada e de como a Odisseia não
tem mais o mesmo vigor, e ele atribui a Homero já não ter vigor por ser velho. P.80-1 – a
decadência da emoção vira uma pintura de costumes

X AINDA SOBRE COMO ATINGIR AO SUBLIME

- tornar o estilo sublime: “um autor atrai o ouvinte pela escolha das ideias; outro, pela
composição das ideias escolhidas” p.81

XI - AMPLIFICAÇÕES

- Amplificação: “quando, admitindo o assunto e os debates, em seus períodos, muitos inícios e


interrupções, o estilo se eleva gradativamente em frases que se acumulam cerradamente
umas sobre as outras.” P.83 mas isso tem que ser conduzido pelo sublimo e pode ser feito de
várias formas

XII- DIFERENÇA ENTRE AMPLIFICAÇÃO E SUBLIME

- os tratados dizem que amplificação é uma linguagem que confere grandeza ao assunto, mas
Longino não se satisfaz com isso, para ele sublime é elevação e amplificação é abundância,
enquanto o primeiro pode ocorrer em um único pensamento, o segundo precisa de
quantidade. P.84 amplificação: aglomeração de todas as partes e tópicos ligados ao assunto

XIII – OUTRA FORMA DE SE CHEGAR AO SUBLIME

- Platão: outro caminho leva ao sublime: “A imitação e inveja dos grandes prosadores do
passado [...] do gênio natural dos antigos para as almas dos que os invejam, fluem, como de
algares sagrados, certas emanações, inspirados pelas quais, mesmo os não muito favorecidos
do sopro divino se inspiram, contagiados da grandeza dos outros” p.85

XIV – EMULAÇÃO E POSTERIDADE

- Quando formos escrever algo elevado devemos pensar em como os grandes o fariam e pela
emulação teremos sucesso, mais ainda, devemos perguntar como eles reagiriam ao ouvir o
que eu diria p. 86 e também perguntar como os que vierem depois vão se relacionar com o
produzido

XV - FANTASIAS

- as fantasias são produtivas e têm objetivo na oratória (dar vividez) e na poesia (maravilhar) e
em ambos os casos buscam gerar excitação p.86-7

- exageração mística transcende a credibilidade

- sublime nos pensamentos: “gerado pelos sentimentos elevados, pela imitação ou pela
fantasia.” P.89

XVI – APÓSTROFE E A GRANDILOQUÊNCIA

- Se as figuras forem empregadas de maneira devida elas serão parte do sublime – figuras
capazes de criar grandiloquência: apóstrofe – (figura de juramento): cita Demóstenes p.89 –
com a apóstrofe ele arrebata consigo os ouvintes, mas mostra outro juramento, do qual
provém o anterior, para dizer que nem todo juramento é grandioso p.89-90 – depende de
lugar, modo, circunstâncias e do motivo.

XVII

- imagens: aliadas naturais do sublime – o uso inescrupuloso de imagem é suspeito

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