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25 a 28 de novembro de 2014 – Câmpus de Palmas

PAVIMENTOS PERMEÁVEIS PARA DRENAGEM DE ÁGUA E


DIMINUIÇÃO DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL

Leilivan Rodrigues Pimentel1; Rose Mary Gondim Mendonça2.

1
Aluno do Curso de Engenharia Ambiental; Campus de Palmas -TO; leilivan.pimentel@gmail.com:
“PIBIC/CNPq”
2
Orientadora do Curso de Engenharia Ambiental; Campus de Palmas - TO; rosemary@mail.com.uft.edu.br:

RESUMO
O crescimento das cidades e sua consequente urbanização geram impactos sobre a
qualidade de vida da população. Um dos impactos é a deficiência na drenagem urbana,
em consequência da impermeabilização do solo por meio de construções urbanas, tais
como calçadas de concreto, cobertura asfáltica, desmatamento de áreas verdes, entre
outros. Os pavimentos permeáveis possuem um maior volume de vazios que o concreto
convencional, vazios estes resultantes da adesão entre os agregados graúdos e do pouco
ou nenhum uso de agregado miúdo, característica tal que confere um aumento de
porosidade ao material, tornando-o permeável. O concreto permeável constitui uma
alternativa de uso para minimização dos efeitos causados pela impermeabilização das
áreas urbanas, pois é capaz de melhorar a drenagem e reduzir o escoamento superficial
em períodos de elevada precipitação. Os blocos de concreto permeáveis tiveram uma
infiltração superior comparado com os valores obtidos para os blocos de pavimentos
intertravados e o solo compactado no sistema montado. Mesmo após uma perda de 90%
na sua capacidade de infiltração o sistema montado com o pavimento permeável ainda
suportaria, sem gerar escoamento superficial, a chuva de máxima intensidade com um
período de retorno de 10 anos para a cidade de Palmas – TO.

Palavras-chave: Concreto Poroso; Infiltração; Drenagem Urbana.

INTRODUÇÃO
O escoamento superficial é um processo natural que ocorre quando as
precipitações atingem o solo. Quando este se encontra em condições adequadas de
permeabilidade, parte dessa precipitação irá infiltrar-se no solo e mover-se em direção
ao lençol freático, outra parte escoará rumo ao corpo hídrico mais próximo. Porém, esse

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processo pode ser afetado quando o solo perde sua capacidade de infiltração,
principalmente em áreas urbanizadas. Para Alessi, Kokot e Gomes (2006), a tendência
atual na área de drenagem é buscar novas tecnologias que visem ao acréscimo da
infiltração e a diminuição do escoamento. Uma solução para esse tipo de abordagem é o
uso de pavimentos permeáveis que são capazes de reduzir o volume do escoamento
superficial em comparação aos pavimentos convencionais.

Os pavimentos permeáveis possuem um maior volume de vazios que o concreto


convencional, vazios estes resultantes da adesão entre os agregados graúdos e do pouco
ou nenhum uso de agregado miúdo, característica tal que confere um aumento de
porosidade ao material, tornando-o permeável.

Este projeto estuda uma medida mitigadora em drenagem que tem efeito
compensador, que é o caso dos pavimentos permeáveis e seus benefícios. Novas
práticas têm que ser adotadas e novos conceitos assumidos buscando a sustentabilidade
em sistemas de drenagem por meio da aplicação desses pavimentos.

MATERIAL E MÉTODOS
O desenvolvimento do projeto se deu no Campus de Palmas da Universidade
Federal do Tocantins, localizado na Av. NS 15, ALCNO 14, 109 Norte, Palmas – TO,
próximo a saída de Palmas rumo à Paraíso.

A infiltração do solo compactado e não compactado, foram estimadas com o


método de infiltrômetro de anel duplo sendo utilizado métodos numéricos para ajustar
os valores ao modelo de infiltração potencial de Kostiakov (CARVALHO e SILVA,
2006).

Normas e métodos utilizados para a caracterização dos materiais e confecção


dos blocos permeáveis encontram-se na Tabela 1. Os traços das misturas empregadas
nos blocos foram definidos a partir de Castro e Naoe (2012), modificando o cimento
e/ou utilizando aditivo para aumentar resistência.

Tabela1: Normas e métodos utilizados para caracterização física dos materiais.

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Ensaios Normas/Métodos
Agregado miúdo – determinação da densidade real. DNER-ME 084/1995
Agregado - Determinação da absorção e da massa
DNER-ME 195/1997
específica de agregado graúdo.
Agregado - Determinação do teor de umidade total, por
DNER-ME 196/1998
secagem, em agregado graúdo.
Solo – Determinação do limite de liquidez. NBR 6459/84
Solo – Determinação do limite de plasticidade. NBR 7180/84
Solo – Análise Granulométrica. NBR 7181/84
Solo – Índice de Suporte Califórnia. NBR 9895/1987
Agregados - Redução das amostras de campo dos
NBR NM 27/2001
agregados para ensaios de laboratório.
Agregado graúdo – Ensaio de Abrasão Los Angeles. NBR NM 51/2001
Agregados - Determinação da composição granulométrica. NBR NM 248/2003
Agregados - Características físicas dos materiais utilizados
NBR NM 26/2009
(brita 0, brita 1 e agregado miúdo).
Agregados para concreto – Especificações. NBR 7211/2009
Teste de porosidade NBR 9778/2005
Corpo de Prova de concreto de cimento Portland NBR 9781/2013
Determinação da resistência a compressão NBR 9781/2013

Foram construídas três unidades, com 1m2 cada, para avaliar e comparar o
comportamento de infiltração. Reproduziu-se uma seção típica para pavimento
intertravado permeável conforme preconiza Marchioni e Silva (2011).

Para a avaliação da infiltração em pavimentos permeáveis após o assentamento


(in situ) empregou-se o método de ensaio baseado na ASTM C 1701 – Standard Test
Method for Infiltration Rate of In Place Pervious Concrete. Segundo Jabur et. al (2013)
este método pode ser utilizado para todos os tipos de pavimentos permeáveis.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os blocos foram moldados com traços de água/cimento de 0,45 com aditivo e
0,50 sem aditivo como pode ser observado na tabela 2. Os traços utilizados encontram-
se de acordo com os limites de água/cimento e cimento/agregado descritos por Araújo et
al. (2000) e Arévalo (2010).

Tabela 2. Materiais usados na confecção dos blocos e suas resistências.

BL. DATA BRITA AREIA CIMENTO ÁGUA ADITIVO a/c ag/c CP

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0 (kg) (kg) (kg) (l) (l)
1 18/10 132,5 57,05 30,15 15,2 0,50 6,29 CP II
3 15/10 132,35 57,4 30,25 15,2 0,50 6,27 CP IV
4 17/10 132,5 57,05 30,15 13,7 0,09 0,45 6,29 CP II
5 23/11 132,35 57,05 30,15 13,7 0,09 0,45 6,28 CP IV

O bloco 5 teve uma resistência média superior às dos outros blocos, enquanto
que o bloco 4 foi o menos resistente. O aditivo se mostrou eficiente com o cimento CP-
IV. Já a porcentagem média de todos os traços apresentou o valor de vazios reais de
12,2% e de absorção média de 5,54 %.

Camadas de Subleito, base, sub-base e assentamento

O solo do subleito se enquadra em argila arenosiltosa laterítica de cor amarela de


acordo com a classificação táctil visual. Segundo o Sistema Unificado de Classificação
de Solo (SUCS) o mesmo se enquadra como CL – Argila de baixa plasticidade.
Apresenta 18,5% de argila, 8,8 de silte, 66,9% de areia e 5,8% de pedregulho possui
CBR de 15,47% com uma expansão de 0,19%. A velocidade de infiltração média obtida
em seu estado natural foi de 0,48 cm/min e caiu para 0,22 cm/min na condição
compactada manualmente com uma massa específica aparente seca média de 1,73g/cm 3
para uma umidade média de 9,48% obtidas no subleito nas unidades experimentais.

Para a camada de assentamento foi utilizado o agregado graúdo com dimensão e


granulometria recomendada de acordo com Marchioni e Silva (2011). Para o material de
base e sub-base o teste de Abrasão Los Angeles encontrado para a B0 e B1 que valores
de 28,12% e de 26,72% respectivamente. Os valores para o índice de vazios dos
agregados obtidos foram para B0 de 42,70% e para B1 41,95%.

De acordo com o dimensionamento proposto por Marchioni e Silva (2011) foi


calculado a altura máxima da camada da base (hmáx) e a altura da base (hb). Foi obtido
um hmáx de 14,2 cm e hb de 99,4 cm para uma chuva de projeto de 111,36 mm/dia com
o período de retorno de 10 anos para o solo estudado, compactado, com infiltração de
0,22 cm/min. E cm (hmax). Como o valor de hmáx é menor hb se faz necessário o uso
de tubulações de drenagem para o manejo do excesso de água.

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Avaliação da capacidade de Infiltração na unidade experimental

A infiltração (I) encontrada na unidade experimental com o solo, blocos de


pavimento intertravados e os blocos porosos se encontram-se na tabela 3.

Tabela3- Infiltração dos diferentes pavimentos

I (mm/h) I (m/s) I (cm/s) 10% de I(mm/h)


Solo 444 0,00012 0,012333 -
Engetec 16152,737 0,00449 0,448687 1615,3
Poroso 48130,193 0,01337 1,33695 48130,2

Segundo o Plano Municipal de Saneamento Básico (2014) a intensidade máxima


de chuva para um período de retorno de 10 anos para a cidade de Palmas - TO é de 148
mm/h, ou seja na situação de infiltração do sistema logo após a implantação e após
perder 90% de sua capacidade este pavimento permeável, assentado no sistema
montado, ainda suportaria sem gerar escoamento superficial. A utilização de concreto
poroso ainda é bastante recente, o que resulta na falta de informação a respeito de seu
funcionamento, o que nos limita nas estimativas de custos. O custo para a fabricação
dos blocos porosos foi de R$3,20 por m² superior aos blocos de intertravados da
Engetec. Os custos para o assentamento do perfil proposto (para cada unidade), foi de
R$87,45 por m² considerando camada de base, sub-base, assentamento, mão de obra,
impermeabilização e drenagem.

LITERATURA CITADA
ALESSI, F.; KOKOT, P. J.; GOMES, J. Comparação do escoamento superficial
gerado por pavimentos permeáveis em blocos de concreto e asfalto poroso. Da
Vinci. Curitiba, v. 3 , n. 1, 2006, p. 139-156.
ARAÚJO, P. R.; TUCCI, Carlos E.M.; GOLDENFUN, Joel A.. Avaliação da eficiência
dos pavimentos permeáveis na redução do escoamento superficial. RBRH – Revista
Brasileira dos Recursos Hídricos, v. 5, n. 3, julho/setembro 2000. p. 21-29.
ARÉVALO, R. C. Z. Utilización de hormigón poroso para revestimento de taludes.
240 f. Proyecto previo a la obtención del título de ingeniero civil. Escuela Politécnica
Nacional. Facultad de ingeniería civil y ambiental, Quito, 2010.
CASTRO, Marcelo H.; NAOE, Lucas K. Pavimentos permeáveis para drenagem de
água e diminuição do escoamento superficial para banco de germoplasma. In: III
SEMANA ACADÊMICA DO CAMPUS/XIX JORNADA DE INICIAÇÃO

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CIENTÍFICA DA UNITINS/CNPq. Fundação Universidade do Tocantins. Palmas,
2012. p. 58-65.
JABUR, A. L; DORNELLES, Fernando; SILVEIRA, André; GOLDENFUM, Joel
Avruch; CARDOSO, Alice; OKOWA, Crosthiane M.P. AVALIAÇÃO DE
PAVIMENTOS PERMEÁVEIS COM O USO DA NORMA ASTM C1701, In: XX
SIMPÓSIO DE RECURSOS HÍDRICOS. Bento Gonçalves,Rio Grande do Sul - RS,
2013.
MARCHIONI, Mariana; SILVA, Cláudio Oliveira; Pavimento Intertravado
Permeável - Melhores Práticas. São Paulo, Associação Brasileira de Cimento Portland
(ABCP), 2011. 24p.
PMSB, Plano Municipal de Saneamento Básico, Volume III – Drenagem Urbana,
Palmas, 2014.
POLASTRE, B.; SANTOS, L. D. Concreto permeável. Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo-USP. São Paulo: 2° Semestre de 2006.

AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq – Brasil.
Agradeço a Deus pela oportunidade, os colegas e amigos pelo incentivo, à orientação da
Prof. Dra. Rose Mary que foi importantíssima para a execução do projeto, estando sempre
presente em todas as fases de execução.

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