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Escola Fazendária do

Estado de São Paulo


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SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS


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SUMÁRIO
Sistema de Registro de Preços
Unidade 1 - Fundamentos e características
Conceito 11
Legislação12
Objeto15
Planejamento16
Características20
Vantagens do SRP22

Unidade 2 - Procedimentos Licitatórios e contratuais


Funções e atribuições 25
Licitação 28
Ata de registro de preços 31
Ata de registro de preços e o “carona” 32
Contratações decorrentes do SRP 34
Orientação e controle 35

Unidade 3 - Revisão, reajustes, acréscimos, cancelamentos,


penalidade no sistema de registro de preços
Revisão 37
Reajustes 39
Acréscimos 39
Cancelamento 41
Penalidades 41
SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS
APRESENTAÇÃO
Olá, caro(a) cursista, bem-vindo(a) ao Módulo Sistema de Registro de
Preços (SRP) do Curso Pregão Eletrônico. As Atas de Registro de Preços
(ARP) são realizadas por meio da modalidade pregão e, por esse motivo, é
necessária a sua capacitação para esse tipo de certame.

Vamos começar?

Bons estudos!

Antes de começarmos nossa caminhada, é importante analisarmos a


forma como estruturamos o Módulo Sistema de Registro de Preços (SRP),
visando a uma aprendizagem produtiva. Esse módulo está dividido em
três unidades.

UNIDADE 01 - FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS


Nessa primeira unidade, mostraremos o conceito de SRP; as leis que
respaldam esse sistema como a Lei n° 8.666/93 F, a Lei n° 6.544/89
E e a Lei n° 10.520/02 F; o objeto do sistema como a compra de bens
quanto a contratação de serviços; as características do sistema e, por
último, conheceremos as vantagens desse sistema.

UNIDADE 02 - PROCEDIMENTOS LICITATÓRIOS E


CONTRATUAIS
Já na segunda unidade, trataremos das funções distintas e as
atribuições do SRP; que o sistema é constituído a partir de uma licitação;
ata de registro de preço; a definição de ata de registro de preço e o
“carona”; as contratações decorrentes do sistema e, por último, falaremos
da orientação e o controle do sistema.

UNIDADE 03 - REVISÃO, REAJUSTES, ACRÉSCIMOS,


CANCELAMENTOS, PENALIDADES DO SISTEMA DE
REGISTRO DE PREÇOS
E na última unidade, veremos a revisão dos preços; os reajustes de
preços; os seus acréscimos; cancelamento do registro de fornecedor e a
aplicação das penalidades.

INTRODUÇÃO
Agora que já sabemos como nosso módulo vai se estruturar, vamos
iniciar nossos estudos acerca do Sistema de Registro de Preços (SRP),
cujo conceito será apresentado na primeira unidade deste módulo.

O SRP se constitui em um mecanismo que propicia à Administração,


observado o princípio da obrigatoriedade da licitação estabelecido no inciso
6 XXI do artigo 37 da Constituição da República, realizar suas contratações
de um modo distinto daquele usualmente utilizado e que, para efeitos
meramente didáticos, será aqui nomeado “sistema convencional”.
S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R E ÇO S
Para que se entenda o SRP, com todas as suas características
e especificidades, é necessário que se compreenda desde logo, as
diferenças básicas entre esse sistema e o outro sistema de contratações
utilizado pela Administração, o aqui denominado “sistema convencional”.

SISTEMA CONVENCIONAL
A Administração realiza o procedimento licitatório, seleciona a proposta
mais vantajosa para ser contratada e a consequência dessa seleção é a
celebração de apenas um contrato para a execução do respectivo objeto,
com o detentor da proposta selecionada e vencedor da licitação.

Com a celebração desse contrato, não há mais qualquer procedimento


pré-contratual a ser realizado, remanescendo à Administração tão somente
cuidar da execução do contrato firmado. Dessa forma, o procedimento
licitatório realizado dá origem a um contrato apenas. Se a Administração
necessitar de um novo contrato com o mesmo objeto, terá que realizar
uma nova licitação.

SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS


A Administração realiza o procedimento licitatório, seleciona a proposta
mais vantajosa para ser contratada Porém… Ao contrário do que ocorre
no Sistema Convencional o detentor dessa proposta mais vantajosa e
vencedor da licitação não é contratado para a execução de um contrato,
ao invés disso ele tem o seu preço (aquele preço vencedor da licitação)
registrado e a partir desse registro, durante todo o prazo de validade desse
mesmo registro e enquanto não se consumir todo o quantitativo que foi
licitado, toda vez que a Administração necessitar contratar aquele objeto
da licitação chamará o detentor do preço registrado (aquele licitante
vencedor) e celebrará com ele não apenas um, mas vários, sucessivos
contratos, todos pelo preço que está registrado e sem realizar novas
licitações.

Em outras palavras e sintetizando tudo aquilo que até aqui se disse


sobre as diferenças básicas entre os dois sistemas:

●● No Sistema Convencional, a licitação dá origem a um contrato


apenas.

●● Já no Sistema de Registro de Preços, a licitação dá origem ao


registro do preço vencedor do certame e a partir desse registro,
a possibilidade da Administração celebrar vários, sucessivos
contratos, sem necessidade de realizar novas licitações.

Na sequência deste módulo serão abordadas as demais características


e especificidades do sistema de registro de preços que, conforme já se
disse, permite à Administração realizar suas contratações de um modo
distinto daquele usualmente utilizado. 7

Vamos começar estudando na Unidade 01 o conceito do Sistema

A P R E S E N TAÇ ÃO
de Registro de Preços (SRP) e também a legislação, planejamento,
características e as vantagens.

Bom estudo!

S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R E ÇO S
SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS
UNIDADE 01 - FUNDAMENTOS E
CARACTERÍSTICAS
Olá, bem-vindo(a) à primeira unidade do módulo. Aqui, veremos
conceito, legislação, objeto, planejamento, características e vantagens do
Sistema de Registro de Preços (SRP).

CONCEITO
O Sistema de Registro de Preços (SRP) é o conjunto de procedimentos
levados a efeito pela Administração, para registro formal de preços relativos
à prestação de serviços não contínuos e aquisição de bens, objetivando
a realização de contratações futuras por parte da mesma Administração.

O SRP possui duas fases distintas entre si:

PRIMEIRA FASE
É a de constituição do próprio sistema. Tem início com a abertura do
expediente e abrange todos os atos que integram a fase interna e externa
da licitação bem como o registro dos preços, mediante a elaboração e a
publicação da denominada “ata de registro de preços”, encerrando-se no
exato momento em que tal ata é publicada.

SEGUNDA FASE
É a de contratações. Tem início no exato momento em que há a
publicação da ata de registro de preços e abrange a realização das
contratações e de todos os atos necessários, para tanto, encerrando-se,
automaticamente, com o término do prazo de validade da ata.

Todos os atos que integram ambas as fases, assim como todas as


especificidades e demais questões relativas ao SRP, serão abordados na
sequência deste módulo.

Embora o conceito de SRP, pela clareza e simplicidade de seu enunciado,


não ofereça maiores dificuldades à sua perfeita compreensão, não é
demais evidenciar neste momento que Sistema de Registro de Preços
(SRP) não é uma licitação ou uma modalidade licitatória, nem um tipo de
licitação.

Como se sabe:

●● A licitação é um procedimento competitivo que objetiva


principalmente selecionar a proposta mais vantajosa para ser
contratada.

●● Já a ideia de modalidade licitatória está relacionada à forma como


o procedimento se sucede, o “passo a passo” da licitação, para a
seleção da proposta mais vantajosa.

●● Enquanto a expressão tipo de licitação é utilizada como sinônimo


10 de “critério de julgamento” da licitação.

S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R E ÇO S
IMPORTANTE
É importante retomar que as modalidades licitatórias são: o leilão, o concurso, a
concorrência, a tomada de preços, o convite (disciplinadas na Lei n° 8.666/1993 F) e o
pregão (disciplinada na Lei n° 10.520/2002 F).
 E os tipos de licitação (critérios de julgamento) utilizados no Brasil são: “menor preço”,
“melhor técnica”, “técnica e preço” e “maior lance ou oferta”.

Então, o SRP é muito mais que uma licitação, uma modalidade


licitatória ou um tipo de licitação. É um sistema integrado por um conjunto
de procedimentos, dos quais a licitação é apenas um deles, ou seja,
aquele que é utilizado para a constituição desse sistema, o qual, uma vez
constituído, propicia à Administração a realização não de uma apenas,
mas de várias e futuras contratações, sem a necessidade de realização
de novas licitações.

O SRP é tampouco um mero “banco de preços”. Este, o “banco de


preços”, que é um instrumento com a finalidade de aferir o valor dos
preços praticados no mercado. Para a Administração Pública, ele se
constitui em fonte de consulta para a elaboração do indispensável
orçamento de quantitativos e preços da contratação, na fase interna da
licitação.

O SRP pode até servir como banco de preços, mas é muito mais do
que isso. Além de servir como fonte de consulta para elaboração do
orçamento antes mencionado, ele propicia à Administração a realização
de várias e futuras contratações, sem a necessidade de realização de
novas licitações.

LEGISLAÇÃO
Em matéria de legislação ordinária, poucos são os dispositivos que
tratam do SRP. Os dispositivos legais aplicáveis atualmente aos SRP
realizados no âmbito do Estado de São Paulo são:

●● Lei n° 8.666 de 21 de junho de 1993 F, o artigos 15, inciso II, §§


1°, 2°, 3° e seus incisos I a III e §§ 4°, 5° e 6°.

●● Regulamenta o artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal,


institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública e dá outras providências.

●● Lei n° 6.544 de 22 de novembro de 1989 E, o artigo 15, inciso II


e §§ 1° e 2°.

●● Dispõe sobre o estatuto jurídico das licitações e contratos


pertinentes a obras, serviços, compras, alienações, concessões
e locações no âmbito da Administração Centralizada e 11
Autárquica.

F U N DA M E N TO S E C A R AC T E R Í S T I C A S
●● Lei n° 10.520 de 17 de julho de 2002 F, o artigo 11.

●● Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e


Municípios, nos termos do artigo 37, inciso XXI, da Constituição
Federal, modalidade licitatória denominada pregão, para
aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.

A Lei n° 8.666/1993 F assim dispõe a respeito do SRP:

Artigo 15 – As compras, sempre que possível, deverão:


II – Ser processadas por meio do sistema de registro de preços;
§ 1º - O registro de preços será precedido de ampla pesquisa de mercado.
§ 2º - Os preços registrados serão publicados trimestralmente para orientação da
Administração, na imprensa oficial.
§ 3º - O sistema de registro de preços será regulamentado por decreto, atendidas as
peculiaridades regionais, observadas as seguintes condições:
I – Seleção feita mediante concorrência;
II – Estipulação prévia do sistema de controle e atualização dos preços registrados;
III – Validade do registro não superior a 1 (um) ano.
§ 4°. A existência de preços registrados não obriga a Administração a firmar as
contratações que deles poderão advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros meios,
respeitada a legislação relativa às licitações, sendo assegurado ao beneficiário do registro
preferência em igualdade de condições.
§ 5°. O sistema de controle originado no quadro geral de preços, quando possível,
deverá ser informatizado.
§ 6°. Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar o preço constante do quadro
geral em razão de incompatibilidade desse com o preço vigente no mercado”.

A leitura atenta do dispositivo legal transcrito mostra, inequivocamente,


que a Lei n° 8.666/1993 F:

I. Absteve-se de veicular disciplina ampla para o SRP, limitando-se,


tão somente a estabelecer as poucas regras fixadas no artigo 15
mencionado anteriormente;

II. Como consequência das poucas regras estabelecidas, transferiu aos


entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), nos
termos do § 3° do mesmo artigo 15, a prerrogativa de estabelecer
em sede regulamentar, via Decreto, a disciplina para os seus SRP,
respeitadas as três 3 (três) regras fixadas nos incisos I a III do
mencionado § 3°;
12
III. Não cogitou expressamente da utilização do SRP para a contratação
de serviços, na medida em que o “caput” do artigo 15 menciona
apenas “compras”.
S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R E ÇO S
IMPORTANTE
A Lei Estadual n° 6.544/1989 E não merece maiores considerações, posto que as suas
disposições a respeito do SRP estão todas abrangidas pela disciplina mais desenvolvida no
artigo 15 da Lei n° 8.666/1993 F.

Eis o teor das disposições da referida Lei Estadual E:

Artigo 15 – As compras, sempre que possível e conveniente, deverão:


II- ser processadas por meio de sistema de registro de preços,
precedido de ampla pesquisa de mercado;
§ 1° - Os preços registrados serão periodicamente publicados no Diário Oficial do Estado,
para orientação da Administração.
§ 2° - O sistema de registro de preços será regulamentado por decreto”.
Finalmente, a Lei n° 10.520/2002 F, tratou do SRP nos seguintes termos:
Artigo 11 – As compras e contratações de bens e serviços comuns, no âmbito da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando efetuadas pelo sistema de registro
de preços previsto no artigo 15 da Lei n° 8.666 F, de 21 de junho de 1993, poderão adotar
a modalidade de pregão, conforme regulamento específico”.

Tal dispositivo legal, a partir da clareza de seu enunciado, trouxe ao


SRP as seguintes e importantes inovações:

I. Permitiu a utilização da modalidade licitatória “pregão” nas licitações


para a constituição dos SRP, naquelas hipóteses em que cabe a
adoção dessa modalidade, ou seja, quando o objeto da licitação
puder ser considerado bem ou serviço comum. Até o advento da Lei
em comento, por expressa disposição do artigo 15, § 3°, inciso I, da
Lei n° 8.666/1993 F, para a constituição de SRP só era permitida
a utilização da modalidade licitatória “concorrência”;

II. Colocou fim a uma polêmica que havia até então, em sede de doutrina
e de jurisprudência, sobre a possibilidade ou não de utilização do
SRP para a contratação de serviços, já que, como se viu, o “caput”
do artigo 15 da Lei n° 8.666/1993 F menciona expressamente
“compras”, sendo omisso em relação a “serviços”. Hoje, em face do
transcrito artigo 11, essa polêmica não existe mais, admitindo-se
sem contestações a possibilidade de contratações de serviços com
base em SRP.

Mais adiante, quando tratarmos do Decreto que regulamenta o SRP


no Estado de São Paulo, verificaremos que tal regulamentação permite a
utilização de SRP para a contratação de serviços, desde que não se trate
de serviços de natureza contínua. 13
No Estado de São Paulo, a teor do disposto no já citado artigo 15, §3°.

F U N DA M E N TO S E C A R AC T E R Í S T I C A S
Incisos I a III, da Lei n° 8.666/1993 F, o SRP conta com a disciplina
estabelecida no regulamento editado pelo Decreto estadual n° 3.722
E, de 21 de setembro de 208. Este decreto revogou expressamente o
Decreto estadual 47.945, de 16 de julho de 2003, que anteriormente
disciplinava o SRP no Estado.

É, portanto, tal diploma regulamentar que estabelece as regras


para a constituição dos SRP e para a realização das contratações dele
decorrentes.

OBJETO
Conforme falamos na apresentação do conceito e da legislação de
regência pode constituir objeto do SRP tanto a compra de bens quanto
a contratação de serviços. Vale ressaltar uma vez mais, que o Decreto
estadual n° 63.722/2018 que regulamenta do SRP no Estado de São
Paulo, veda a sua utilização para a contratação de “serviços de natureza
contínua”, por disposições expressas contidas em seus artigos 1° e 2°,
inciso I.

É pressuposto para a constituição dos SRP, tanto no caso de realização


de compras quanto na contratação de serviços, que os respectivos objetos
sejam compostos por unidades para as quais possam ser atribuídos
preços unitários.

Por exemplo:

●● Para a compra de papel A-4 para impressão será possível utilizar


o SRP, posto que a unidade cujo preço unitário será licitado é o
pacote com 500 folhas. O vencedor da licitação que terá o seu preço
registrado para as futuras contratações será aquele que oferecer
o menor preço unitário para o fornecimento do pacote com 500
folhas de papel A-4. No momento de realizar uma contratação com
base neste SRP, a unidade contratante definirá o quantitativo a ser
adquirido naquele momento, sem ultrapassar o limite representado
pelo quantitativo total licitado (por exemplo: 5.000 pacotes),
sendo o valor total da contratação obtido com a multiplicação do
quantitativo definido como 100 unidades, no caso, 100 pacotes de
500 folhas pelo preço unitário registrado, como R$ 10,00. Nesse
caso, o preço total do contrato seria de R$ 1.000,00.

Caro(a) aluno(a), o mesmo raciocínio se aplica em relação à contratação


de serviços, ou seja, sendo possível determinar uma unidade de serviço
à qual se possa atribuir um preço unitário na licitação, será possível a
constituição de um SRP para a contratação desse serviço.

Veja outro exemplo abaixo que é sobre serviço de pintura de paredes


14 e tetos.

A unidade do objeto para esse caso poderia ser o “metro quadrado


da parede ou do teto” a ser pintado. O vencedor dessa licitação e que
S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R E ÇO S
teria o preço registrado para as futuras contratações seria aquele que
apresentasse o menor preço unitário para o “metro quadrado de parede ou
teto” a ser pintado. No momento de realizar uma contratação com base nesse
SRP, a unidade contratante definiria a quantidade de metros quadrados a
serem pintados, sem ultrapassar o limite representado pelo total de metros
quadrados licitados. O valor total dessa contratação seria obtido com a
multiplicação do total de metros quadrados a serem pintados (como por
exemplo, 100 metros quadrados), pelo preço unitário registrado (como por
exemplo, R$ 8,00), perfazendo R$ 800,00 para o preço total do contrato.

IMPORTANTE
Se não for possível determinar unidades para as quais possam ser atribuídos preços
unitários, não será possível a constituição do Sistema de Registro de Preços (SRP) para
a realização das contratações futuras pretendidas. Apesar de ser possível a constituição de
SRP para a contratação de serviços, cumpre registrar aqui que além do Decreto estadual n°
63.722/2018 E, também o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE) não admite a
sua utilização para a contratação de serviços de “natureza continuada”, assim como para
serviços de engenharia.

Confira-se a propósito o teor das Súmulas 31 e 32 E, da referida Corte de


Contas:

SÚMULA N° 31 – Em procedimento licitatório, é vedada a utilização do sistema de


registro de preços para contratação de serviços de natureza continuada.
SÚMULA N° 32 – Em procedimento licitatório, é vedada a utilização do sistema de
registro de preços para contratação de obras e de serviços de engenharia, exceto aqueles
considerados como de pequenos reparos.

PLANEJAMENTO
As características e peculiaridades do SRP, algumas delas já mencionadas,
como a possibilidade de celebração de vários contratos a partir de licitação
única durante o prazo de validade da ata, assim como outras, que ainda serão
abordadas na sequência, como a possibilidade do sistema ser compartilhado
por diversos órgãos da Administração com o objetivo de todos realizarem
suas contratações com base no sistema, tornam o SRP mais complexo e mais
amplo que o outro sistema de contratações, aqui, já denominado “sistema
convencional”. Essa complexidade e amplitude, por seu turno, impõe à
Administração atenção e cuidados maiores com o planejamento do sistema,
para que efetivamente se obtenha o sucesso e a eficiência esperados com
sua constituição e utilização.
15

F U N DA M E N TO S E C A R AC T E R Í S T I C A S
Nesse sentido, três questões inerentes ao planejamento do SRP
merecem considerações específicas:

1. Situações em que cabe a utilização do SRP;

2. Quem pode integrar o SRP;

3. Alguns pontos importantes para a constituição do SRP.

Sem prejuízo da indispensável análise prévia que deve ser feita em


cada caso concreto, com vistas à constituição ou não do SRP, é possível
(nos termos do artigo 3°, do Decreto estadual n° 63.722/2018 E) e,
normalmente, eficaz a sua adoção nos seguintes casos:

I. Quando pelas características do objeto houver necessidade de


contratações frequentes do bem ou serviço. Nessa situação,
a Administração realiza apenas uma licitação, registra o preço
e durante todo o prazo de validade da ata e enquanto não for
contratado todo o quantitativo licitado, toda vez que necessitar
daquele bem ou serviço, ao invés de realizar nova licitação para
a celebração do novo contrato, convoca aquele licitante que teve
o preço registrado, celebrando com ele os vários e sucessivos
contratos relativos àquele objeto licitado;

II. Nas aquisições quando for mais adequada a entrega parcelada


dos bens. Nesses casos, ao invés de celebrar apenas um contrato
abrangendo a totalidade do quantitativo licitado e o parcelamento
das entregas ao longo do tempo estabelecido para tanto, a
Administração, quando necessitar de determinada quantidade,
celebra contrato específico abrangendo apenas essa quantidade,
podendo evitar com isso problemas com estoque e com prazo de
validade do bem;

III. Quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de


serviços não contínuos para atendimento a mais de um órgão ou
16 entidade da Administração estadual, ou a programas de governo.
No sistema convencional, cada órgão da Administração, que tem
competência para realizar licitação e contratar, deve fazer as suas

S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R E ÇO S
próprias licitações e contratações, não podendo compartilhar
licitações realizadas por outros órgãos para efetuar suas
contratações. O SRP, por outro lado, permite esse compartilhamento.
Vários órgãos que necessitem do mesmo objeto podem se integrar
a um mesmo SRP. Nesse caso, ao invés de cada um deles realizar
a sua própria licitação e contratações, realiza-se licitação única,
contemplando o somatório dos quantitativos de cada órgão e todos
realizam suas futuras contratações com base nesse SRP;

IV. Quando não for possível definir previamente o quantitativo a ser


demandado pela Administração devido à natureza do objeto. No
sistema “convencional”, em regra, a Administração estará obrigada
a contratar e, portanto, a pagar por todo o quantitativo licitado. O
SRP, como se verá mais adiante, por sua natureza, não obriga que
a Administração contrate o que licitou.

Todos os órgãos da Administração que têm competência para realizar


licitações e contratações podem constituir SRP. No Estado de São Paulo,
existem atualmente cerca de 1.800 (um mil e oitocentos) órgãos com
competência para licitar e contratar e, portanto, com competência para
constituir SRP.

Apesar da competência que cada um desses órgãos possui para


a constituição de SRP, para atender as situações indicadas no item III
acima, ou seja, aquelas em que o SRP se destina a atender mais de um
órgão ou entidade da Administração estadual, ou a programas de governo,
o Decreto estadual n° 63.722/2018 E criou, respectivamente, as figuras
denominadas “Central de Atas” (artigo 24) e “Compra Centralizada”
(artigos 2°, inciso VI e 23).

A Central de Atas é um mecanismo criado para a constituição de SRP a


ser utilizado por mais de um órgão ou entidade da Administração estadual.
Em outras palavras o SRP realizado pela Central de Atas, é compartilhado
por vários órgãos e entidades da Administração estadual para a realização
de suas contratações.

As regras aplicáveis a Central de Atas são as seguintes:

1. Compete ao Secretário da Fazenda e Planejamento, após deliberação


do Comitê Gestor instituído pelo artigo 6° do Decreto estadual n°
61.131/2015, definir por meio de despacho a ser publicado no DOE,
os bens e serviços não contínuos a serem contratados e os órgãos ou
entidades incumbidos de gerenciar cada SRP, por meio da Central de Atas
(artigo 24, § 1°, do Decreto estadual n° 63.722/2018).

2. A participação em SRP realizado pela Central de Atas é obrigatória


para os órgãos da Administração direta e autárquica (artigo 24, § 2°, do
Decreto estadual n° 63.722/2018 E). 17
3. A opção dos órgãos ou entidades por não contratar bens ou serviços

F U N DA M E N TO S E C A R AC T E R Í S T I C A S
objeto de SRP realizado por meio da Central de Atas, deve ser submetida
à análise do Comitê Gestor e autorizada ou rejeitada pelo Secretário
da Fazenda e Planejamento (artigo 24, § 3°, do Decreto estadual n°
63.722/2018 E).

A Compra Centralizada, por sua vez, é aquela em que a aquisição


de bens ou contratação de serviços não contínuos é feita no âmbito de
execução descentralizada de programa ou projeto estadual, em que há a
participação de Municípios do Estado.

Os órgãos ou entidades estaduais e os Municípios participantes


da Compra Centralizada realizam sua contratações com base no SRP
constituído especificamente para tanto (artigo 2°, inciso VI, do Decreto
estadual n° 63.722/2018 E).

As regras aplicáveis a Central de Atas são as seguintes:

1. Podem ser órgãos participantes de Compra Centralizada, órgãos ou


entidades da Administração estadual ou de Administrações municipais
que participam de programa ou projeto estadual (artigo 2°, inciso VII, do
Decreto estadual n° 63.722/2018 E - na Unidade 2 desta apostila, na
parte relativa as funções, estudaremos em detalhes todas as atribuições
dos órgãos participantes no SRP).

2. Cabe ao Órgão Gerenciador (na Unidade 2 desta apostila, na parte


relativa as funções, estudaremos em detalhes todas as atribuições do
órgão gerenciador no SRP) promover a divulgação da ação, a pesquisa
de mercado e a consolidação da demanda dos entes da Administração
estadual ou das Administrações municipais participantes da Compra
Centralizada (artigo 23 “caput”, do Decreto estadual n° 63.722/2018 E).

3. Os Órgãos Participantes podem utilizar tanto os recursos de


transferências legais ou voluntárias, vinculados aos processos ou
projetos objeto de descentralização quanto seus próprios recursos, para
a realização das contratações (artigo 23, § 2º, do Decreto estadual n°
63.722/2018 E).

4. O Município Paulista ou órgão ou entidade da Administração


municipal que figurar como órgão participante deverá formalizar sua
participação mediante termo de adesão aos termos e condições de uso do
Sistema BEC/SP e do Sistema e-GRP (artigo 23, § 3°, do Decreto estadual
63.722/2018 E).

No que tange ainda a competência para constituir SRP não vinculado


a Central de Atas e com a participação de mais de um órgão ou entidade,
cabe lembrar aqui a existência da Resolução CC-53, de 19/07/2005 E,
que permanece em vigor e estabelece as seguintes regras:
18 ●● Primeira Regra: poderão constituir SRP: a) no âmbito de cada
Secretaria de Estado, as unidades de despesa ou orçamentária
indicadas pelo respectivo titular da Pasta, mediante resolução;
S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R E ÇO S
b) no âmbito de cada autarquia, a unidade gestora executora ou
unidade orçamentária indicada pelo respectivo titular da Autarquia,
mediante resolução;

●● Segunda regra: Caberá ao Secretário da Pasta ou ao titular da


Autarquia decidir se permitirá ou não a participação de órgãos
não afetos à respectiva Secretaria ou Autarquia, nos SRP por elas
realizados.

Para a constituição do Sistema de Registro de Preços (SRP) não


devem ser esquecidos e menosprezados os seguintes pontos:

I. A importância da padronização do objeto (bem ou serviço). Essa


padronização diz respeito à perfeita definição do objeto, com
especificações técnicas que lhe confiram bons padrões de qualidade,
de acordo com as necessidades da Administração, levando em
conta para tanto que: a) normalmente, o SRP envolve a contratação
de grandes quantidades, aumentando muito as possibilidades de
prejuízos com contratações que não atendam as necessidades dos
órgãos contratantes; b) o não atendimento das reais necessidades
de todos os órgãos que participarem do sistema, por certo, levará
a não realização das contratações, transformando o SRP em um
sistema inútil e ineficaz para os fins a que se destina;

II. A necessidade de definição dos quantitativos totais estimados


para a contratação, levando em consideração os quantitativos de
cada um dos órgãos que integrarem o sistema com o objetivo de
realizarem suas contratações. Os quantitativos totais devem ser
apurados a partir do somatório dos quantitativos atribuídos a cada
um dos órgãos integrantes;

III. A necessidade de realização de ampla pesquisa de mercado,


compatível com a amplitude do SRP (por exemplo, os grandes
quantitativos do objeto, preços variáveis por região quando órgãos
de diversas regiões integrarem o sistema etc.);

IV. A conveniência de capacitação dos servidores para o SRP. Além do


devido preparo para a realização da licitação, o SRP exige também
conhecimento e preparo dos servidores para a realização dos atos
e tomada das providências inerentes à fase das contratações;

V. Conveniência da informatização do SRP (para a constituição e


gestão). Na sequência deste módulo, serão tratadas as funções
dos diversos órgãos e servidores envolvidos com o SRP e a
necessidade permanente de relacionamento entre eles, tanto na
fase de constituição quanto na fase de contratações. Sem dúvida,
esse relacionamento é muito mais ágil e eficaz, se desenvolvido por
meio de sistema eletrônico. O Estado de São Paulo, com edição 19
do Decreto nº 62.329 E, de 20/12/2016, instituiu o Sistema
Eletrônico de Gerenciamento de Registro de Preços, o e-GRP.

F U N DA M E N TO S E C A R AC T E R Í S T I C A S
Com a entrada em operação do e-GRP e tendo por objetivo otimizar a
constituição de SRP, facilitando o relacionamento de todos os órgãos
e entidades envolvidos com o referido sistema, o Decreto estadual n°
63.722/2018, criou a “IRP - Intenção de Registro de Preços”.

Segundo definição contida no artigo 4°, do mencionado Decreto, a


IRP é um procedimento para o registro e divulgação dos itens a serem
licitados nos SRP, a ser operacionalizado, preferencialmente, por meio
do Sistema e-GRP. O mesmo artigo 4° estabeleceu:

1. a Secretaria da Fazenda e Planejamento poderá editar normas


complementares para disciplinar a IRP (§ 1°);

2. para consultar informações e registrar pretensão de participação nas


IRP disponíveis na Bolsa Eletrônica de Compras do Governo do Estado
de São Paulo - BEC/SP, os órgãos da Administração direta e autárquica
deverão se cadastrar no módulo IRP pelos itens de materiais e serviços
de seu interesse (§ 4°);

3. é facultado aos órgãos e entidades integrantes do e-GRP, antes


de iniciar um processo licitatório, consultar as IRP em andamento e
deliberar a respeito da conveniência de sua participação.

CARACTERÍSTICAS
Tendo em conta as disposições do artigo 15 da Lei n° 8.666/1993 F
e do regulamento veiculado pelo Decreto estadual n° 63.722/2018 E,
podem ser destacadas as seguintes características dos SRP realizados no
âmbito do Estado de São Paulo:

I
Registro de preço único para a realização das contratações e a
possibilidade de ser registrado mais de um fornecedor para o mesmo item,
desde que concorde em fornecer pelo valor do preço único registrado.
Como já se mencionou em passagem anterior deste módulo, o preço a ser
registrado na ata de registro de preços, e pelo qual serão realizadas todas
as contratações celebradas com base no SRP, será aquele apresentado
pelo vencedor da licitação (o menor preço).

O artigo 11 do Decreto n° 63.722/2018 E permite que sejam incluídos


na mesma ata todos os demais licitantes, desde que concordem em
fornecer não pelo valor dos preços que ofertaram no certame e sim pelo
valor do preço vencedor (menor preço) registrado na ata de registro de
preços. Em outras palavras, em face do dispositivo regulamentar indicado,
a ata conterá o registro de preço único para cada item licitado (o preço
20 vencedor da licitação - o menor preço), mas poderá albergar o registro
de vários licitantes (além do vencedor), caso estes, consoante já se
asseverou, concordem a fornecer pelo preço do licitante vencedor (o menor
S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R E ÇO S
preço obtido no certame). A inclusão na ata dos demais fornecedores que
concordarem em contratar ao preço do vencedor, constitui o denominado
“Cadastro Reserva” (artigo 11, § 1°, do Decreto estadual n° 63.722/2018
E). A utilidade prática desse Cadastro Reserva é permitir a continuidade
das contratações com base no SRP, nas hipóteses em que o vencedor
da licitação ficar impedido de contratar, ou se recusar sem justa causa
a fazê-lo. Nessas hipóteses, a Administração, respeitada a ordem de
classificação dos licitantes no certame, chamará para contratar o licitante
mais bem classificado que integrar a ata de registro de preços, por ter
concordado em fornecer pelo preço registrado (o menor preço).

Essa manifestação expressa dos demais licitantes, de que concordam


em fornecer pelo preço vencedor do certame, deve ser obtida na própria
licitação e, a partir dela, poderão integrar a ata de registro de preços
aqueles demais licitantes que além de manifestarem essa concordância,
também lograrem obter habilitação no certame. O contrato então, repita-
se ainda uma vez, será sempre celebrado pelo preço registrado na ata (o
menor preço), seja qual for o licitante registrado na mesma ata, chamado
a contratar. O preço único (o menor preço vencedor da licitação) e todos
os fornecedores registrados na ata de registro de preços serão divulgados
no banco eletrônico de preços denominado “Preços-SP”, instituído pelo
Decreto estadual n° 63.316/2018 E, ficando ali disponibilizados durante
a vigência da referida ata (artigo 11, inciso III, do Decreto estadual n°
63.722/2018 E).

II
Por disposição expressa contida no § 4° do artigo 15 da Lei
n° 8.666/1993 F, reproduzida também no artigo 16 do Decreto
63.722/2018 E, a existência de SRP não obriga que a Administração
celebre contratos com base nele, sendo a ela facultada a utilização de
outros meios para realizar as contratações, respeitada a legislação
relativa às licitações e garantindo-se ao beneficiário do registro de
preços, na hipótese de utilização de outros meios que não o SRP, direito
de preferência à contratação, em igualdade de condições. Assim, os
dispositivos legal e regulamentar indicados veiculam a prerrogativa que
libera a Administração da obrigação de contratar com base no SRP.

Contudo, essa prerrogativa não é absoluta, estando a sua válida utilização


condicionada ao preenchimento de dois pressupostos simultaneamente,
a saber: a) a Administração estará liberada da obrigação, caso utilize outro
meio disponível que seja compatível com o respeito à legislação relativa
às licitações. Nesse sentido, existem dois meios passíveis de serem
utilizados. O primeiro e mais comum será a realização de uma licitação
própria para aquela contratação específica.
21
O segundo meio, cuja possibilidade de ocorrência é remota, será o
enquadramento dessa contratação específica em uma das hipóteses

F U N DA M E N TO S E C A R AC T E R Í S T I C A S
de dispensa de licitação previstas nos diversos incisos do artigo 24 da
Lei n° 8.666/1993 F; b) o segundo pressuposto é a obtenção de preço
inferior ao preço registrado na ata com a utilização de um desses outros
meios antes citados (a realização de licitação específica ou a contratação
direta com dispensa de licitação). O aludido direito de preferência do
beneficiário do SRP consiste exatamente nisso: se o preço obtido pela
Administração com a utilização de um dos dois outros meios indicados for
igual ou superior ao preço registrado na ata, a Administração não poderá
valer-se da prerrogativa aventada, sendo então obrigada a contratar com
base no SRP. Eventual contratação realizada sem o preenchimento dos
dois pressupostos indicados é nula, comportando desfazimento a pedido
do beneficiário do SRP, tanto em sede administrativa quanto em sede
judicial;

III
O prazo máximo de validade do SRP é de 12 (doze) meses contado a
partir da publicação da ata de registro de preços. Esse prazo tem finalidade
específica e importantíssima que é delimitar o período de tempo dentro do
qual podem ser realizadas as contratações com base no SRP, de sorte que
ultrapassado tal prazo, a realização de novas contratações demandará a
constituição de novo SRP ou a realização de novas licitações específicas
para tanto.

O artigo 12 do Decreto n° 63.722/2018 E que veicula tal regra admite


a prorrogação desse prazo, desde que o somatório do prazo inicial de
validade, com eventuais prazos de prorrogação, não ultrapasse o limite
máximo de 12 (doze) meses antes mencionado.

VANTAGENS DO SRP
A adoção do SRP propicia as seguintes vantagens à Administração.

Rapidez nas contratações: os procedimentos necessários à realização


das contratações são mais simples e demandam menor tempo para as
respectivas celebrações, na medida em que não há a necessidade de
realização de novas licitações previamente às contratações;

Eliminação de licitações contínuas: a Administração resta exonerada


de todos os ônus inerentes à realização de novas licitações;

Modernização e desburocratização dos processos de contratação:


nesse sentido, a Administração se vê liberada de tomar as inúmeras
providências formais indispensáveis à realização de várias licitações, pois
que, como já se viu, a utilização do SRP demanda a realização de licitação
22 única;

Economia de recursos: além da economia de recursos de natureza

S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R E ÇO S
financeira, cuja possibilidade de obtenção é considerável em face dos
grandes quantitativos inseridos no SRP, há ganhos na alocação de pessoas
necessárias à gestão do SRP, em razão da já aventada desburocratização
dos processos de contratação;

Eliminação do problema de regulação dos estoques e utilização


de espaços e produtos deteriorados: Ao possibilitar a realização de
contratações sucessivas durante o seu prazo de validade, o SRP propicia
à Administração demandar quantidades menores em cada contratação,
minimizando com isso a ocorrência dos problemas aqui indicados;

Viabilidade de compartilhamento do SRP: Conforme já anotado em


passagem anterior, é admissível a integração de vários órgãos, com o
objetivo de todos eles realizarem suas contratações com base no SRP;

Mobilidade orçamentária: Não é obrigatória a existência de recursos


orçamentários disponíveis para a contratação no momento da licitação.
Tal disponibilidade só é exigível no momento da efetiva celebração dos
contratos.

Para os fornecedores divisam-se as seguintes vantagens:

I. Expectativa de fornecimento de uma quantia média periódica.


Apesar de não haver obrigação de a Administração contratar com
base no SRP, pode se dizer que a expectativa de fornecer é real, na
medida em que, especialmente os órgãos e entidades do Estado
de São Paulo, salvo exceções pontuais e justificáveis por fatos
supervenientes, só constituem seus SRP quando efetivamente
cogitam realizar suas contratações com base nele;

II. Evita as despesas de participação em várias licitações.

Caro(a) cursista, chegamos ao final da primeira unidade do módulo


Sistema de Registro de Preços (SRP). E você conheceu o conceito de
SRP, a sua legislação, características, vantagens etc.

Na próxima unidade, falaremos dos Procedimentos licitatórios e


contratuais com suas funções e atribuições, das atas de registro de
preços, as contratações decorrentes do SRP, entre outros assuntos.

Até lá.

23

F U N DA M E N TO S E C A R AC T E R Í S T I C A S
SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS
UNIDADE 02 - PROCEDIMENTOS
LICITATÓRIOS E CONTRATUAIS
Olá, bem-vindo(a) à Unidade 02!

Na Unidade 01, vimos os fundamentos e as características do Sistema


de Registro de Preços (SRP), apresentamos as vantagens desse sistema
e vimos os dispositivos legais aplicáveis aos SRP no estado de São Paulo.

Agora, na Unidade 02, abordaremos os procedimentos licitatórios


e contratuais, as entidades da administração responsáveis pelo
gerenciamento do SRP e as características da ata de registro de preços.

Bons estudos!

FUNÇÕES E ATRIBUIÇÕES
O SRP, como sistema constituído para a realização de contratações
administrativas, conta com a participação da Administração em todas as
suas fases, tanto na de constituição quanto na de contratações, exercendo
assim funções distintas e com atribuições próprias, por meio de órgão
único, ou, o que é mais comum, por meio de órgãos distintos.

No Estado de São Paulo o respectivo regulamento do SRP prevê as


funções de:

• Órgão Gerenciador;

• Órgão Participante;

• Órgão não Participante;

• Órgão Participante de Compra Nacional.

Vamos conhecer, a seguir, as características desses órgãos e as suas


funções.

O Órgão Gerenciador é o órgão ou entidade da Administração


responsável pelo gerenciamento do SRP, inclusive pela condução da
licitação realizada para a sua constituição. Trata-se, sem dúvida, da função
mais importante, por depender dele a prática dos atos mais importantes
para o bom funcionamento do sistema. Suas atribuições estão detalhadas
no artigo 5° do Decreto n° 63.722/208 E e são as seguintes:

I. Registrar a sua intenção de Registro de Preços - IRP no Sistema


e-GRP;

II. Consolidar todas as informações relativas à estimativa individual e


total de consumo, bem como promover as devidas adequações dos
respectivos termos de referência ou projetos básicos, para atender
aos requisitos de padronização e racionalização;

III. Promover atos necessários à instrução processual para a realização


do procedimento licitatório; 25

IV. Realizar pesquisa de mercado para identificação do valor estimado

P R O C E D I M E N TO S L I C I TATÓ R I O S E CO N T R AT U A I S
da licitação e consolidar os dados de pesquisas de mercado
realizadas pelos órgãos participantes, atendendo ao disposto no
Decreto estadual nº 63.316 E, de 26/03/2018.

V. Obter a concordância dos órgãos participantes com relação ao


objeto a ser licitado, inclusive quanto aos quantitativos e termo de
referência ou projeto básico;

VI. Realizar o procedimento licitatório pertinente;

VII. Gerenciar a ata de registro de preços;

VIII. Conduzir eventual procedimento para revisão dos preços


registrados;

IX. Autorizar, previamente, a adesão à ata por Órgãos não Participantes;

X. Autorizar, excepcional e justificadamente, a prorrogação do prazo


para que o Órgão não Participante, celebre o contrato com o
fornecedor, caso este contrato não tenha sido celebrado no prazo
de 90 (noventa) dias, contado da data da autorização concedida
pelo Órgão Gerenciador para esta celebração;

XI. Publicar trimestralmente no Diário Oficial do Estado e divulgar por


meios eletrônicos, os preços registrados para utilização dos órgãos
participantes;

XII. Conduzir, garantida a ampla defesa e o contraditório, os


procedimentos para aplicação de penalidades decorrentes de
infrações praticadas no procedimento licitatório, bem como
decorrentes do descumprimento do pactuado na ata de registro
de preços ou do descumprimento de obrigações contratuais, em
relação às sua próprias contratações.

Vale ressaltar neste momento que para a execução das atribuições


indicadas nos incisos III, IV e VI, o Órgão Gerenciador pode solicitar
auxílio técnico aos Órgãos Participantes.

Além das atribuições listadas nos itens I a XII acima, cabe ainda ao
Órgão Gerenciador em relação a Intenção de Registro de Preços - IRP:

1. estabelecer, quando for o caso, o número máximo de participantes


na IRP em conformidade com sua capacidade de gerenciamento;

2. aceitar ou recusar, justificadamente, os quantitativos considerados


ínfimos;

3. deliberar quanto a inclusão posterior de participantes que não


26 manifestaram interesse durante o período de divulgação da IRP.

O Órgão Participante é o órgão ou entidade da Administração que

S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R E ÇO S
participa dos procedimentos iniciais do SRP e integra a ata de registro
de preços, com o objetivo de realizar suas contratações com base no
sistema. Trata-se, portanto, do órgão que celebrará contratos com base
no SRP. Suas atribuições estão detalhadas no artigo 6° do Decreto n°
63.722/2018 E e são as seguintes:

I. Manifestar interesse em participar do SRP, informando ao Órgão


Gerenciador a sua estimativa de consumo, local de entrega do bens a
serem adquiridos ou de prestação dos serviços a serem contratados,
cronograma de contratação e respectivas especificações, ou termo
de referência ou projeto básico, adequados às suas necessidades;

II. Garantir que todos os atos para sua inclusão no SRP estejam
devidamente formalizados e aprovados pela autoridade competente;

III. Manifestar ao Órgão Gerenciador sua concordância com o objeto a


ser licitado, antes da realização do procedimento licitatório;

IV. Tomar conhecimento da ata de registro de preços, inclusive


de eventuais alterações, para o correto cumprimento de suas
disposições;

V. Elaborar pesquisa de mercado, contemplando a variação de custos


locais ou regionais referentes as localidades que forem incluídas no
SRP a seu pedido, nas hipóteses em que for convidado pelo Órgão
Gerenciador a integrar o SRP, antes da realização do procedimento
licitatório;

VI. Conduzir, garantida a ampla defesa e o contraditório, os


procedimentos para aplicação de penalidades decorrentes do
descumprimento do pactuado na ata de registro de preços ou
do descumprimento de obrigações contratuais, relativos às suas
próprias contratações, informando as ocorrências, sobretudo os
resultados de tais procedimentos, ao Órgão Gerenciador.

O artigo 6°, § 3°, do Decreto estadual n° 63722/2018 admite que


figure como Órgão Participante dos SRP realizados por órgãos e entidades
da Administração direta e indireta do Estado de São Paulo, órgãos ou
entidades não pertencentes a referida Administração. Todavia condiciona
a participação de órgãos ou entidades não integrantes da Administração
direta e indireta do Estado de São Paulo, à prévia celebração de termo de
adesão aos termos e condições de uso do Sistema BEC/SP e do Sistema
e-GRP.

Órgão Não Participante: órgão ou entidade da Administração Pública


estadual ou municipal que, não tendo participado dos procedimentos
iniciais da licitação, faz adesão à ata de registro de preços. O Órgão não
Participante é a figura popularmente conhecida como “Carona”, que será 27
estudada em detalhes na Unidade 2.

Órgão Participante de Compra Centralizada: órgão ou entidade da


P R O C E D I M E N TO S L I C I TATÓ R I O S E CO N T R AT U A I S
Administração estadual ou municipal que, em razão de participação
em programa ou projeto estadual, é contemplado no registro de preços.
Vale ressaltar neste momento que a definição da Compra Centralizada
e as suas características e peculiaridades, foram abordadas no item
“planejamento” da Unidade 01.

Uma vez conhecidas em detalhes cada uma das funções inerentes


ao Sistema de Registro de Preços (SRP), vale ressaltar que o Órgão
Gerenciador pode ser também a um só tempo Órgão Participante no
mesmo SRP.

Aliás, essa situação de acúmulo de funções é a que ocorre usualmente,


porque a constituição de um SRP, antes de tudo, nasce a partir da
necessidade do Órgão Gerenciador que o administra e gere, realizar suas
próprias contratações. Todavia, embora não sendo usual, não há qualquer
impedimento de ordem legal ou regulamentar que impeça o Órgão
Gerenciador de cumprir tão somente esta função em um SRP.

No próximo tópico trataremos da licitação no SRP.

LICITAÇÃO
Conforme já mencionado em passagens anteriores deste curso, o SRP
é constituído a partir de uma licitação realizada com essa finalidade.
Nesta licitação é selecionada a proposta vencedora e o preço vencedor
é registrado na ata de registro de preços, assim como também o são
o licitante vencedor e todos os demais licitantes que concordarem
em fornecer pelo preço vencedor e lograrem habilitação no certame,
propiciando à Administração, a partir daí, a realização de sucessivas
contratações durante o prazo de validade da ata e enquanto houver saldo
do quantitativo licitado, sempre pelo valor do preço registrado.

A licitação para a constituição do SRP não apresenta grandes


distinções em relação às demais licitações normalmente realizadas. As
peculiaridades a destacar são as seguintes:

I. A teor do artigo 15, § 3°, inciso I, da Lei n° 8.666/1993 F, c.c. artigo


11 da Lei n° 10.520/2002 F, secundados pelo artigo 7° do Decreto
n° 63.722/2018 E, as modalidades licitatórias adotáveis são a
concorrência e o pregão, esta última nos casos em que cabe a sua
utilização, ou seja, quando o objeto da licitação puder ser considerado
bem ou serviço comum. No Estado de São Paulo, como se sabe, há
normas regulamentares (artigo1°, II e artigo 2°, ambos do Decreto
n° 51.469/2007 E, c.c. artigo 1°, I, II e II, da Resolução SF-
15/2007 E), que obrigam a adoção da modalidade pregão em sua
forma eletrônica nos casos em que cabe a utilização da referida
modalidade e forma. Em face destas regras que tornam obrigatória
28 a utilização do pregão eletrônico, assim como dos tipos de objeto
que normalmente ensejam a constituição de SRP, pode-se afirmar
que no Estado de São Paulo a modalidade concorrência dificilmente

S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R E ÇO S
será adotada;

II. No julgamento das licitações para constituição de SRP deve ser


adotado o tipo “menor preço”. Nos termos do artigo 9°, § 1°, do
Decreto estadual n° 63.722/2018 E, o menor preço poderá ser
aferido pela oferta de desconto sobre tabela de preços praticada
no mercado, desde que tecnicamente justificado. Em razão do
disposto no artigo 7°, § 1°, do mesmo Decreto, mediante despacho
fundamentado da autoridade máxima do órgão ou entidade,
excepcionalmente, poderá ser adotado o tipo “técnica e preço” e,
neste caso, obrigatoriamente, a modalidade licitatória a ser adotada
será a concorrência, posto que na modalidade pregão não cabe a
adoção do tipo técnica e preço;

III. Conquanto não haja impedimento de ordem legal ou regulamentar


expresso, o Tribunal de Contas do Estado não recomenda que a
seleção da proposta vencedora do certame seja feita considerando-
se o seu preço global. Tal entendimento que, “a contrário senso”
prestigia que se considere o preço unitário para a seleção, foi
esposado na decisão proferida no processo “TC n° 007683/026/11”;

IV. O “caput” do mesmo artigo 7°, do Decreto estadual n° 63.722/2018


destaca que o SRP deve ser precedido de ampla pesquisa de
mercado. Desta forma, o orçamento de preços e quantitativos a ser
elaborado na fase interna da licitação para constituição do SRP,
à vista da grandeza do caso concreto, quer do ponto de vista dos
quantitativos a serem licitados, quer em função da integração ao
sistema, de Órgãos Participantes de distintas regiões do Estado
onde pode haver diferenças significativas de preços para o mesmo
objeto, deve ser elaborado com consulta ao maior número possível
de fontes de pesquisa, de forma que os preços finais alcançados
expressem efetivamente os preços de mercado para a situação
concretamente considerada;

V. O rito (o “passo a passo”) do procedimento licitatório corresponderá


ao rito da modalidade licitatória adotada, ou seja, ao rito do pregão
ou ao rito da concorrência, conforme o caso;

VI. Nas licitações em que se adotar a modalidade pregão, a


manifestação dos demais licitantes que quiserem integrar a ata de
registros de preços, concordando em fornecer pelo mesmo preço
do vencedor da licitação, bem como a habilitação desses mesmos
licitantes, deverá ocorrer na própria sessão pública do pregão, logo
após a habilitação do licitante vencedor e antes da interposição
de recursos. Nestes casos, quando o pregoeiro habilita o licitante
vencedor, antes de passar para etapa de interposição de recursos,
os demais licitantes são consultados sobre o interesse de integrarem 29
a ata de registro de preços, concordando em fornecer pelo preço
do licitante vencedor do certame. Aqueles que concordarem terão

P R O C E D I M E N TO S L I C I TATÓ R I O S E CO N T R AT U A I S
analisadas e julgadas as respectivas habilitações pelo pregoeiro.
Concluída a habilitação de todos aqueles que concordaram em
fornecer pelo preço do vencedor, a sessão pública seguirá, com o
início da etapa de interposição dos recursos;

VII. Na licitação para constituição do SRP não existe o ato de adjudicação


do objeto ao licitante vencedor. Como se sabe, a adjudicação é ato
pelo qual a Administração atribui a contratação ao vencedor do
certame. No SRP não cabe promover o ato de adjudicação, porque
a consequência da licitação não é a celebração de um contrato com
o licitante vencedor e sim o registro do preço deste licitante na ata
de registro de preços, sendo que, a partir deste registro e durante
o prazo de validade da ata, a Administração poderá chamar esse
beneficiário do registro, várias e sucessivas vezes para celebrar os
diversos contratos que necessitar, enquanto ainda houver saldo do
quantitativo licitado. Na licitação para constituição do SRP, o ato de
adjudicação é substituído pela ata de registro de preços.

Em relação ao edital da licitação cabem as seguintes considerações:

1. Segundo disposição expressa do artigo 9° do Decreto n°


63.722/208 E, os editais, no que couber, devem veicular as
cláusulas obrigatórias previstas no artigo 40 da Lei n° 8.666/1993
F e no artigo 4°, inciso I, da Lei n° 10.520/2002 F;

2. Além das cláusulas de que trata o item (1) supra, o mesmo artigo
9° ali mencionado estabelece que o edital deve indicar: a) as
quantidades máximas estimadas para a contratação, bem como
a estimativa das quantidades a serem adquiridas ou contratadas
pelo Órgão Gerenciador e por cada um dos Órgãos Participantes e
a quantidade mínima de unidades a ser cotada, por item, no caso
da aquisição de bens; b) a estimativa de quantidades a serem
adquiridas ou contratadas pelos Órgãos não Participantes; b) o prazo
máximo de validade do registro de preços (da ata de registro de
preços). Segundo o disposto no artigo 12 do mesmo Decreto, esse
prazo não pode ser superior a 12 (doze) meses; c) todos os Órgãos
Participantes do respectivo SRP; d) os locais e prazos de entrega ou
execução do objeto; e) se for o caso, outras informações peculiares
à execução do objeto (por exemplo, frequência e periodicidade
de execução, características do do pessoal, dos materiais e
equipamentos a serem utilizados na execução, cuidados a serem
observado, deveres, disciplina e controles a serem adotados, etc);
f) modelos de planilhas de custo e minutas de contratos, quando
cabível; g) penalidades cabíveis; h) minuta da ata de registro de
preços como anexo; i) realização periódica de pesquisa de mercado,
para comprovação da vantajosidade de continuar se contratando
30 com base no SRP;

3. Admite-se a subdivisão do objeto em lotes quando técnica

S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R E ÇO S
e economicamente viável, de forma a possibilitar maior
competitividade sem perda da economia de escala, observados
nesses casos a quantidade mínima estabelecida, o prazo e o local
de entrega fixados no edital (artigo 8° “caput” do Decreto estadual
n° 63.722/2018 E);

4. Desde que prevista expressamente no edital, é admitida a exigência


de proposta de preço diferenciada por região (§ 2°, do artigo 9°, do
Decreto n° 63.722/2018 E);

5. As minutas do edital, da ata de registro de preços e do instrumento


de contrato a ser adotado, devem ser submetidas à aprovação do
órgão jurídico que atende ao Órgão Gerenciador (artigo 9°, § 4°, do
Decreto estadual n° 63.722/2018 E).

ATA DE REGISTRO DE PREÇOS


Nos termos do artigo 2°, inciso II, do Decreto estadual n° 63.722/2018,
a Ata de Registro de Preços é um documento vinculativo, obrigacional,
com característica de compromisso para a futura contratação, em que
se registram os preços, os fornecedores, os órgãos participantes e as
condições a serem observadas nas contratações, conforme as disposições
contidas no instrumento convocatório e nas propostas apresentadas.

Trata-se, portanto, de documento que estabelece o compromisso de


contratar. Uma vez firmada, a ata cria para os fornecedores nela inseridos
a obrigação de contratar, se chamados para tanto pela Administração,
observadas as condições estabelecidas no SRP (no edital, na própria ata
e na minuta do instrumento de contrato), durante o seu prazo de validade
e enquanto houver saldo dos quantitativos licitados.

IMPORTANTE
Para a Administração, a ata não cria a obrigação de contratar, face ao disposto no artigo
15, § 4°, da Lei n° 8.666/1993 F e no artigo 16 do Decreto n° 63.722/2018. Contudo,
cria a obrigação de respeitar integralmente todas as condições estabelecidas no SRP,
especialmente o direito de preferência dos beneficiários do registro de preços, nos moldes
estabelecidos nos mesmos dispositivos normativos antes aludidos conforme já abordado
da Unidade 1, tópico “características”, item II.

Logo após a homologação da licitação, o Órgão Gerenciador deverá


convocar o vencedor da licitação para assinar a ata de registro de preços,
no prazo estabelecido para tanto, podendo prorrogar esse prazo uma vez, 31
por igual período, quando solicitado pelo fornecedor e desde que ocorra
motivo justificado, aceito pela Administração (artigo, 13, “caput”. do

P R O C E D I M E N TO S L I C I TATÓ R I O S E CO N T R AT U A I S
Decreto estadual n° 63.722/2018).

Quando o licitante vencedor não assinar a ata de registro de preços


no prazo e condições estabelecidos, é facultado ao Órgão Gerenciador
convocar os licitantes remanescentes que aceitaram fornecer pelo preço
do vencedor e foram habilitados, para fazê-lo em igual prazo (artigo 13, §
único, do Decreto estadual n° 63.722/2018 E).

A recusa injustificada de fornecedor classificado em assinar a ata, dentro


do prazo estabelecido, enseja a aplicação de penalidades legalmente
estabelecidas (artigo 14, § único, do Decreto estadual n° 63.722/2018
E)

Colhidas as assinaturas o Órgão Gerenciador deve providenciar a sua


imediata publicação, posto que o artigo 14 “caput”, do Decreto estadual
n° 63.722/2018 E estabelece que ela implicará o compromisso de
fornecimento nas condições estabelecidas, “após cumpridos os requisitos
de publicidade”.

A ata de registro de preços com todas as suas características antes


mencionadas, especialmente na condição de documento de caráter
obrigacional que cria para os fornecedores nela inseridos o compromisso
de contratar, não é contrato. Estes, os contratos decorrentes do SRP, são
firmados a partir e ao longo do prazo de validade da ata de registro de
preços, por meio de instrumentos próprios, cuja minuta é anexo integrante
do Edital da licitação.

A ata de registro de preços também não se confunde com a ata da


sessão pública da licitação realizada para a constituição do SRP. Esta,
a ata da sessão pública, é apenas o documento que deve retratar com
fidelidade tudo o que ocorreu na referida sessão.

Muito bem, após conhecermos as características da ata de registro de


preços, vamos tratar a seguir da figura do “carona”.

ATA DE REGISTRO DE PREÇOS E O “CARONA”


A figura popularmente conhecida por “carona”, tecnicamente, nos
regulamentos dos diversos entes federativos que disciplinam o SRP,
recebe a denominação “Órgão não Participante”. No Estado de São Paulo,
o artigo 2°, inciso V, do Decreto n° 63.722/2018, o define como:

Órgão ou entidade da Administração Pública estadual ou municipal que, não tendo


participado dos procedimentos iniciais da licitação, faz adesão à ata de registro de preços.

Em outras palavras, de acordo com a regulamentação do Estado de


São Paulo, o “carona” é o órgão ou entidade da Administração estadual
32 ou municipal que não integrou o SRP desde o início na condição de Órgão
Participante (daí a denominação Órgão não Participante) e, depois de
constituído o SRP e publicada a ata de registro de preços, “descobre” a

S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R E ÇO S
sua existência e resolve fazer as suas contratações com base nela.

Trata-se, portanto, de um órgão ou entidade da Administração do


Estado de São Paulo ou de Município do mesmo Estado “estranho” ao SRP,
porque não participou do sistema desde o início como Órgão Participante
, para realizar suas contratações. Sua entrada em cena, repita-se, ocorre
depois do SRP já constituído e durante o prazo de validade da ata de
registro de preços.

O “carona” não tem origem legal, posto que a Lei n° 8.666/1993


F não prevê a existência desta figura. Sua criação é fruto de normas
regulamentares, como é o caso da União através do Decreto n° 7.892/2013
E e do Estado de São Paulo por meio do Decreto n° 63.722 E editado
em 21/09/2018 e atualmente em vigor.

O “carona”, atualmente e sem dúvida, é o ponto mais polêmico dos


SRP. Há posições doutrinárias e jurisprudenciais, inclusive dos Tribunais
de Contas, favoráveis e contrárias a esta figura e a possibilidade dele,
carona, realizar contratações com base em SRP.

No Estado de São Paulo durante a vigência do Decreto estadual n°


47.945/2003 E que foi revogado em 21/09/2018, com a edição do
vigente Decreto estadual n° 63.722/2018 E, o “carona” foi admitido de
2007 a 2012. O Decreto n° 51.809/2007 E introduziu os artigos 15A e
15B no Decreto n° 47.945/2003 E, admitindo as contratações por parte
do “carona” e estabelecendo as condições a serem observadas para tanto.

Nesse período, a Administração Paulista estava autorizada a permitir


contratações de “caronas” com base em seus SRP (permitia “dar”
carona), assim como os seus órgãos e entidades estavam autorizados a
realizar contratações com base em SRP de outros órgãos ou entidades da
Administração (permitia “pegar” carona).

Em 2012, mais precisamente em 29/10/2012, foi editado o Decreto


n° 58.494 que revogou os artigos 15A e 15B introduzidos no Decreto
n° 47.945/2003 E, pelo Decreto n° 51.809/2007 E extinguindo, a
partir de então, a figura do “carona” e a possibilidade de realização de
contratações na condição de “carona”.

Atualmente no Estado de São Paulo o “carona” é disciplinado no artigo


22 do Decreto estadual n° 63.722/2018.

As regras aplicáveis as situações em que o regulamento admite que o


Estado “dê carona” nos SRP que realiza, são as seguintes:

I- Para a realização de suas contratações, as atas de SRP realizados


por órgãos ou entidades da Administração do Estado de São Paulo podem
ser utilizadas durante sua vigência, por órgãos e entidades da mesma
Administração que não tenham integrado os respectivos SRP como Órgãos 33
Participantes, mediante anuência do Órgão Gerenciador responsável
pela ata, desde que comprovada a vantagem em tal utilização (artigo 22,
P R O C E D I M E N TO S L I C I TATÓ R I O S E CO N T R AT U A I S
“caput” e § 1°).

II- As contratações com base nas atas dependem de manifestação


favorável do Órgão Gerenciador do respectivo SRP e essa manifestação
fica condicionada a apresentação de estudo de viabilidade pelo Órgão
não Participante interessado (carona), demonstrando a vantagem da
realização da contratação com base no SRP (artigo 22, § 2°).

II- O estudo de viabilidade a que se refere o item II, após aprovação


pelo Órgão Gerenciador, deve ser divulgado no Sistema e-GRP (artigo 22,
§ 3°).

IV- O edital da licitação deve prever expressamente a possibilidade de


realização de contratações com base no SRP, por parte de Órgãos não
Participantes (caronas), bem como a estimativa dos quantitativos a serem
contratados por tais órgãos (artigo 9°, inciso III).

V- A estimativa a que alude o item IV deverá considerar que as


contratações dos Órgãos não Participantes (caronas)não podem exceder,
por órgão ou entidade contratante, 50% (cinquenta por cento) dos
quantitativos inicialmente registrados na ata para o Órgão Gerenciador
e para os Órgãos Participantes (artigo 22, § 5°) e, para a totalidade
de contratações, independentemente do número de Órgãos não
Participantes (caronas) que contratarem, não poderão exceder ao dobro
do quantitativo de cada item registrado na ata para o Órgão Gerenciador
e para os Órgãos Participantes (artigo 22, § 6°). Nos casos específicos de
“Compras Centralizadas” os quantitativos antes mencionados não podem
ser superiores a 100% (cem por cento) e ao quíntuplo, respectivamente
(artigo 22, § 7°, números 1 e 2).

VI- Podem utilizar a ata para as suas contratações Municípios Paulistas


ou entidades da Administração indireta dos mesmos Municípios, situados
na mesma região administrativa do órgão ou entidade do Estado
realizador do SRP, de acordo com as regionalizações oficialmente vigentes
e consideradas pela Secretaria da Fazenda e Planejamento (artigo 22, §
11).

VII- Para a realização das contratações indicadas no item VI não é


exigida a apresentação do estudo de viabilidade de que trata o item II
(artigo 22, § 13), porém, o órgão ou entidade do Município ou de sua
Administração Indireta (carona) interessado, deve formalizar previamente
a respectiva contratação, termo de adesão aos termos e condições de uso
do Sistema BEC/SP e do Sistema e-GRP (artigo 22, § 12).

Por outro lado, em razão do disposto no artigo 22, § 1°, do Decreto


34 estadual n° 63.722/2018, é vedada aos órgãos e entidades do Estado
de São Paulo a adesão a ata de Sistemas de Registro de Preços (pegar
carona) constituídos por órgãos ou entidades municipais ou por órgãos

S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R E ÇO S
e entidades que não estejam sujeitos à jurisdição do Tribunal de Contas
do Estado de São Paulo, ou seja, todos os órgãos e entidades integrantes
da União, de todos os Estados Membros da federação brasileira, com
exceção de São Paulo e do Distrito Federal. Desta forma, a possibilidade
de adesão a atas de registro de preços por parte dos órgãos e entidades
do Estado de São Paulo é limitadíssima, porque circunscrita apenas a atas
de Sistemas de Registro de Preços constituídos por órgãos e entidades do
próprio Estado de São Paulo.

Finalmente, no que tange ainda a contratações por parte de “caronas”,


os §§ 1° e 2° do artigo 26, do Decreto estadual n° 63.722/2018, contém
disciplina permitindo que elas se realizem com base em SRP vigentes,
efetuados por órgãos ou entidades da Administração estadual sob a
vigência do revogado Decreto estadual n° 47.945/2003. As regras para
tanto são as seguintes:

1. Dependem de anuência previa do Órgão Gerenciador e concordância


do fornecedor beneficiário do registro de preços.

2. Só podem contratar órgãos estaduais ou municipais (caronas)


situados na mesma região administrativa em que se situar o órgão
estadual realizador do SRP.

3. Com as contratações dos caronas não pode ser ultrapassado o


quantitativo máximo licitado. Portanto, o quantitativo contratado pelo
carona deve ser deduzido do saldo ainda não contratado e atribuído aos
Órgãos Participantes, mediante deliberação do Órgão Gerenciador.

CONTRATAÇÕES DECORRENTES DO SRP


Em relação aos instrumentos de contratos passíveis de utilização nas
contratações decorrentes do SRP, aplicam-se as regras do § único do
artigo 60 e do artigo 62, “caput” e § 4° da Lei n° 8.666/1993 F, que
vedam a celebração de contrato verbal e definem as hipóteses em que
é obrigatória a adoção do termo de contrato, bem como as hipóteses em
que o termo de contrato pode ser substituído por outros instrumentos
hábeis, como por exemplo:

●● a carta-contrato,

●● a autorização de compra,

●● ou a ordem de execução de serviços.

Nos termos do artigo 15 do Decreto estadual n° 63.722/2018, a


contratação será formalizada pelo Órgão Participante ou pelo Órgão
não Participante (carona) diretamente junto ao fornecedor registrado na 35
ata, por meio de instrumento (termo de contrato, emissão de nota de
empenho, autorização de compra ou outro), respeitadas as disposições

P R O C E D I M E N TO S L I C I TATÓ R I O S E CO N T R AT U A I S
estabelecidas no já citado artigo 62, da Lei federal n° 8.666/1993.

O edital da licitação, por sua vez, deve definir o instrumento de contrato a


ser utilizado nas futuras contratações. Nos termos do artigo 9°, inciso VIII,
do Decreto estadual n° 63.722/2018, a minuta do mesmo instrumento
há de ser desde logo apresentada, constituindo-se em anexo integrante
do edital.

Em relação as contratações a serem realizadas por “caronas”, cabe


ainda acrescentar:

1. O fornecedor beneficiário do registro de preços tem a prerrogativa de


aceitar ou não, celebrar contrato com o “carona”. A aceitação, contudo,
não poderá prejudicar o cumprimento das obrigações por ele assumidas
no SRP, especialmente, não poderá ser invocada para deixar de celebrar
novos contratos com os Órgãos Participantes (artigo 22, § 4°, do Decreto
estadual n° 63.722/2018).

2. Após obter a devida autorização do Órgão Gerenciador, o carona


deverá celebrar a contratação em até 90 (noventa) dias da data respectiva
autorização (artigo 22. § 8°, do Decreto estadual n° 63.722/2018).

3. Compete ao “carona” a prática de todos os atos necessários ao


cumprimento pelo fornecedor das obrigações contratualmente assumidas,
bem como a aplicação, observada a ampla defesa e o contraditório, de
eventuais penalidades decorrentes do descumprimento de cláusulas
contratuais, em relação às suas contratações. As ocorrências decorrentes
da prática dos atos aqui cogitados devem ser informadas ao Órgão
Gerenciador (artigo 22, § 9, do Decreto estadual n° 63.722/2018).

Cabe também ao edital definir o prazo de entrega e conclusão ou o


prazo de vigência, observadas as regras estabelecidas do artigo 57 da Lei
n° 8.666/1993 F, ou seja:

Nos casos de compras e serviços de natureza não contínua: Os


prazos serão fixados de modo a não ultrapassarem a vigência dos
créditos orçamentários que responderão pelas despesas decorrentes da
contratação.

Nos casos de serviços de natureza contínua: O prazo máximo de


vigência pode ser 60 (sessenta) meses computados neste o prazo de
vigência inicial e os prazos de eventuais prorrogações.

No que tange ainda a prazos, importa ressaltar aqui que o encerramento


do prazo de vigência da ata de registro de preços não implica a extinção
dos contratos celebrados durante sua vigência. Como já se viu, a única
finalidade do prazo de vigência da ata é delimitar o período de tempo
dentro do qual podem ser realizadas as contratações com base no SRP.
36
Uma vez celebrado o contrato no curso desse prazo, em relação a esse
contrato então celebrado, importa somente o prazo de execução do objeto

S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R E ÇO S
nele estabelecido, não incidindo sobre o mesmo contrato qualquer outro
efeito gerado pelo prazo de vigência da ata, quer esse prazo esteja em
curso, quer tenha se encerrado.

ORIENTAÇÃO E CONTROLE
O artigo 15, § 2°, da Lei n° 8.666/1993 F, determina que os preços
registrados na ata devem ser publicados trimestralmente na Imprensa
Oficial, para orientação da Administração. Na esteira deste dispositivo
legal, o artigo 5°, inciso XI, do Decreto n° 63.722/2018 E atribui esta
obrigação ao Órgão Gerenciador, determinando que além da publicação
no Diário Oficial, deve haver também divulgação por meios eletrônicos.

IMPORTANTE
Conquanto o objetivo declarado no mencionado dispositivo legal seja apenas a
“orientação” da Administração, tal divulgação serve ainda ao controle da própria
Administração por parte da sociedade. Com efeito, a confirmar esse objetivo de controle,
estabelece o § 6° do mesmo artigo 15 que qualquer cidadão é parte legítima para impugnar
preço registrado, em razão de sua incompatibilidade com o preço vigente no mercado.

Caro(a) aluno(a), chegamos ao final desta aula! E abordamos aqui, as


funções do Órgão Gerenciador, Órgão Participante e Gestor do Contrato
que o regulamento do SRP prevê. Vimos também, as características da
licitação para a constituição do SRP e da ata de registro de preços.

Na próxima aula, você verá como ocorre a revisão, reajustes, acréscimos,


cancelamentos e penalidades no Sistema de Registro de Preços.

Até lá!

37

P R O C E D I M E N TO S L I C I TATÓ R I O S E CO N T R AT U A I S
SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS
UNIDADE 03 - REVISÃO, REAJUSTES,
ACRÉSCIMOS, CANCELAMENTOS,
PENALIDADES NO SISTEMA DE
REGISTRO DE PREÇOS
Olá, bem-vindo(a) à Unidade 03!

Na Unidade 02, vimos as entidades da administração responsáveis pelo


gerenciamento do Sistema de Registro de Preço (SRP) e as características
da ata de registro de preços.

Agora, na Unidade 03, você verá como ocorre a revisão, reajustes,


acréscimos, cancelamentos e penalidades no Sistema de Registro de
Preços.

Bons estudos!

REVISÃO
Embora na linguagem corrente, destituída de rigor técnico, revisão de
preços e reajuste de preços sejam tratadas como expressões sinônimas,
do ponto de vista jurídico são institutos distintos, com naturezas jurídicas
próprias.
O reajuste tem natureza contratual. Trata-se de mecanismo previsto
expressamente no edital da licitação e no contrato, estabelecendo desde
logo regra que autoriza a majoração do preço, uma vez preenchidas as
condições pré-fixadas para tanto. Sua aplicação, portanto, decorre de
previsão expressa no edital e no contrato. Inexistindo cláusula expressa
prevendo reajuste, não há possibilidade para sua aplicação.
A revisão diferentemente do reajuste, não tem natureza contratual,
independendo sua aplicação de previsão expressa no edital e no contrato.
No âmbito das licitações e dos contratos administrativos, a revisão está
relacionada ao reequilíbrio econômico e financeiro dos contratos, previsto
no artigo 65, inciso II, alínea “d”, da Lei n° 8.666/1993 F.
Como já se disse, sua aplicação independe de previsão expressa no
edital e no contrato e se dá em razão da ocorrência de fato externo a
licitação e ao contrato, imprevisível ou previsível, porém de consequência
incalculável ou decorrente de força maior, caso fortuito ou fato do
príncipe, que, incidindo diretamente sobre o preço vencedor da licitação,
impossibilite a execução do contrato pelo referido preço.
O mencionado artigo 65, inciso II, alínea “d”, da Lei n° 8.666/1993
F, que, como se viu, é a matriz da revisão dos preços, cuida tão somente
de revisão de preços de contratos e não de preços registrados em ata de
registro de preços e que servirão de base para a celebração de contratos
futuros.
Dessa forma, por não haver disposição legal expressa disciplinando a
revisão dos preços registrados em ata, cabe aos regulamentos dos SRP
estabelecerem as regras próprias para essa revisão.
No estado de São Paulo, a revisão dos preços registrados na ata é
tratada no artigo 17 do Decreto n° 63.722/2018 E.
39
O referido artigo 17 autoriza apenas a revisão nos casos em que o
preço registrado tornar-se superior ao praticado no mercado.

P R O C E D I M E N TO S L I C I TATÓ R I O S E CO N T R AT U A I S
A hipótese inversa, ou seja, o preço registrado tornar-se inferior ao
praticado no mercado, não dá ensejo à revisão.
Nesse caso, comprovando a impossibilidade de continuar contratando
pelo preço registrado, o fornecedor poderá obter a liberação da obrigação
de contratar, mediante pedido de cancelamento do registro do seu preço,
formulado diretamente à Administração, nos termos do artigo 19 do
mesmo Decreto.
Comprovada pelo fornecedor, a impossibilidade de continuar
contratando pelo preço registrado, a Administração cancelará o registro
do seu preço, liberando-o da obrigação anteriormente assumida, sem a
aplicação de qualquer penalidade.
É importante ressaltar que a liberação da obrigação de contratar
ocorrerá a partir da data de formulação do pedido `de liberação pelo
fornecedor à Administração. Portanto, o fornecedor estará obrigado a
celebrar contratações solicitadas pela Administração anteriormente a
formulação do pedido de cancelamento do registro do preço, mesmo
que no momento da solicitação da Administração, já esteja configurada a
impossibilidade de contratar pelo preço registrado.
A revisão do preço registrado, nos moldes do indicado artigo 17, ou
seja, quando se tornar superior ao praticado no mercado, é obrigatória e
deverá obedecer aos seguintes procedimentos:
I. O Órgão Gerenciador convoca o fornecedor detentor do preço
registrado e estabelece com ele a negociação direta, objetivando
a redução do preço registrado até adequá-lo ao valor praticado no
mercado.
II. Se o fornecedor concordar com a redução do preço, elabora-se um
termo de aditamento à ata, para constar o novo preço obtido na
negociação e que será utilizado nas novas contratações que vierem
a ser realizadas a partir de então. Havendo outros fornecedores
registrados na ata, respeitada a ordem de classificação, a
Administração negociará com eles, um a um. Os que concordarem
com a redução integrarão o termo de aditamento à ata,
permanecendo, assim, a possibilidade de virem a ser chamados
a contratar. Os que não concordarem com a redução terão seus
preços cancelados pela Administração e serão liberados da
obrigação de celebrar novos contratos, sem sofrer a aplicação de
qualquer penalidade;
III. Se o fornecedor detentor do preço registrado não concordar com
a redução, a Administração cancelará o registro do seu preço e
o liberará da obrigação de celebrar novos contratos, sem aplicar
qualquer penalidade. Havendo outros fornecedores registrados na
ata, respeitada a ordem de classificação, a Administração negociará
com eles, um a um. Os que concordarem com a redução, respeitada
a ordem de classificação, integrarão o termo de aditamento à ata,
40 permanecendo, assim, a possibilidade de virem a ser chamados
a contratar. Os que não concordarem com a redução terão seus
preços cancelados pela Administração e serão liberados da

S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R E ÇO S
obrigação de celebrar novos contratos, sem sofrer a aplicação de
qualquer penalidade.
Uma vez cumprido o procedimento antes detalhado, se for cancelado
o registro de preço de todos os fornecedores constantes da ata,
automaticamente e de pleno direito estará encerrado o SRP, cessando
para a Administração a possibilidade de continuar contratando com base
nele.

REAJUSTES
Não é demais repetir aqui que o reajuste tem natureza contratual.
Trata-se de mecanismo previsto expressamente no edital da licitação e no
instrumento de contrato, estabelecendo desde logo regra que autoriza a
majoração do preço, uma vez preenchidas as condições pré-fixadas para
tanto. Sua aplicação portanto, decorre de previsão expressa no edital
e no contrato. Inexistindo cláusula expressa prevendo reajuste, não há
possibilidade para sua aplicação.
Os reajustes de preços em licitações e contratos administrativos,
atualmente, encontram-se disciplinados no artigo 40, inciso XI, da Lei n°
8.666/1993 F e na Lei n° 10.192 F, de 14/02/2001 (que dispõe sobre
medidas complementares ao Plano Real e dá outras providências).
Além de previsão expressa no edital e no instrumento de contrato,
constituem condições indispensáveis à aplicação dos reajustes:
I. Para a aplicação dos reajustes podem ser utilizados índices
setoriais ou específicos que retratem a variação efetiva do custo
de produção. O edital e o contrato devem definir qual índice será
utilizado (artigo 2° da Lei n° 10.192/2001 F, c.c. artigo 40, inciso
XI, da Lei n° 8.666/1993 F);
II. A periodicidade mínima para aplicação de reajuste é de 1 (um)
ano (artigo 2° da Lei n° 10.192/2001 F). É nula de pleno direito
estipulação de reajuste com periodicidade inferior a 1 (um) ano
(artigo 2º, § 1º, da Lei n° 10.192/2001 F);
III. A periodicidade anual para aplicação do reajuste é contada da data
limite para a apresentação da proposta na licitação, ou da data do
orçamento a que se referir a proposta (artigo 3º da Lei 10.192/2001
F, c.c. artigo 40, inciso XI, da Lei n° 8.666/1993 F). O edital e o
termo de contrato devem indicar expressamente a opção que será
adotada entre as duas antes mencionadas: a data limite para a
apresentação da proposta na licitação ou a data do orçamento a
que se referir a proposta.

ACRÉSCIMOS
Os acréscimos aqui cogitados dizem respeito tão somente à
possibilidade ou não da ata de registro de preços sofrer aditamento para
que haja aumento do quantitativo do objeto inicialmente licitado.
41
Na Lei n° 8.666/1993 F, especificamente em seu artigo 65, § 1°, há
previsão expressa admitindo acréscimos no objeto dos contratos, não

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havendo, entretanto, qualquer previsão de igual teor em relação às
atas de registro de preços.
O Decreto estadual n° 63.722/2018 E, por seu turno, em seu artigo
12, § 1°, veda expressamente que sejam efetuados acréscimos nos
quantitativos inicialmente licitados no SRP.
Consequentemente, não há a possibilidade de se promover acréscimos
de quantitativos ao objeto licitado nos SRP realizados por órgãos e
entidades da Administração do Estado de São Paulo. Permanece,
contudo, a possibilidade de se realizar acréscimos ao objeto dos contratos
celebrados com base em SRP, à vista da autorização legal concedida
para tanto no já citado artigo 65, § 1°, da Lei Federal n° 8.666/1993 F,
autorização essa referendada pelo artigo 12, § 3°, do Decreto estadual
n° 63.722/2018.

CANCELAMENTOS
O cancelamento do registro de fornecedor constante da ata de registro
de preços tem como consequência a impossibilidade deste fornecedor
continuar celebrando contratos com a Administração, durante o prazo de
validade da ata de registro de preços.
O regulamento do Estado de São Paulo, ao disciplinar esse cancelamento,
concebeu três situações distintas.
A primeira delas, disciplinada no artigo 20 do Decreto 63.722/2018 E,
cogitou das hipóteses de cancelamento por iniciativa da Administração. A
segunda e a terceira delas, preconizadas no artigo 21 do mesmo Decreto,
trataram do cancelamento por razão de interesse público ou pedido do
fornecedor inserido na ata de registro de preços.
Constituem hipóteses de cancelamento por iniciativa da Administração:
I. Descumprimento das condições da ata de registro de preços pelo
fornecedor;
II. Recusar-se o fornecedor a celebrar o contrato ou a retirar
instrumento equivalente, no prazo estabelecido pela Administração,
sem justificativa plausível;
III. Não concordar o fornecedor com a redução do preço registrado, na
hipótese deste se tornar superior àqueles praticados no mercado
(na hipótese de revisão prevista nos artigos 17 e 18, do Decreto n°
63.722/2018 E);
IV. O fornecedor vir a ser penalizado com uma das sanções previstas
nos incisos III e IV, do “caput” do artigo 87, da Lei federal n°
8.666/1993, ou no artigo 7°, da Lei federal n° 10.520/2002. F.
Nos termos do parágrafo único, do já citado artigo 20, do Decreto
63.722/2018, o cancelamento do registro por iniciativa da Administração
deve ser levado a efeito por meio de procedimento específico que garanta
42 ao fornecedor o direito ao contraditório e à ampla defesa, formalizando-
se o cancelamento por despacho da autoridade competente do Órgão
Gerenciador.
S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R E ÇO S
De outra parte, cabe o cancelamento do registro por razões de
interesse público ou a pedido do fornecedor, nos casos de ocorrência
da fato superveniente ao registro do preço, decorrente de caso fortuito
ou força maior devidamente comprovados e justificados, que venha
comprometer a perfeita execução dos contratos.
Uma vez feita pelo fornecedor a devida comprovação da ocorrência
do fato superveniente decorrente de caso fortuito ou força maior, a
Administração procederá ao cancelamento do registro, sem aplicar
quaisquer penalidades.

PENALIDADES
Nos Sistema de Registro de Preço (SRP), a primeira questão relacionada
à aplicação de penalidades diz respeito à modalidade adotada na licitação
para sua constituição.
Caso a modalidade licitatória adotada tenha sido a concorrência, cabe
a aplicação das penalidades estabelecidas nos artigos 86 e 87 da Lei n°
8.666/1993 F, ou seja:
●● Multa;

●● Advertência;

●● Suspensão temporária de participação em licitação e impedimento


de contratar com a Administração, por prazo não superior a 2 (dois)
anos;

●● Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a


Administração Pública
Contudo, se a modalidade licitatória adotada foi o pregão, cabe a
aplicação da penalidade prevista no artigo 7° da Lei n° 10.520/2002 F,
vale dizer, impedimento de licitar e contratar pelo prazo de até 5 (cinco)
anos e penalidade de multa, se a aplicação desta última foi objeto de
previsão expressa no edital e no contrato.
A Lei n° 8.666/1993 F e Lei n° 10.520/2002 F criaram regimes
próprios em matéria de penalidades. Dessa forma, a aplicação das
penalidades da Lei n° 8.666/1993 F às licitações e contratos realizados
com base na Lei n° 10.520/2002 F, ou vice-versa, a aplicação das
penalidades da Lei n° 10.520/2002 F às licitações e contratos realizados
com base na Lei n° 8.666/1993 F, é nula, comportando eventual
equívoco da Administração nesse sentido, o desfazimento da aplicação
das penas pelas vias administrativas ou judiciais.
O regulamento paulista do SRP, precisamente o o artigo 5°, § 1°,
números 1 e 2 e o artigo 6°, § 1°, do Decreto estadual n° 63.722/2018
E, em matéria de penalidades, estabeleceu regras próprias de competência
43
para a aplicação das sanções.
Segundo a previsão dos mencionados artigos, cabe aos Órgãos

R E V I SÃO, R E A J U S T E S , AC R É S C I M O S , C A N C E L A M E N TO S , P E N A L I DA D E S N O S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R EÇO S
Participantes a aplicação das penalidades decorrentes do descumprimento
do pactuado na ata de registro de preços ou do descumprimento das
obrigações contratuais, em relação às suas próprias contratações.
Todas as ocorrências relativas a aplicação das penalidades, devem ser
informadas ao Órgão Gerenciador.
Por outro lado, ao Órgão Gerenciador compete a aplicação de penalidades
decorrentes de infrações cometidas no procedimento licitatório, bem
como penalidades decorrentes do descumprimento do pactuado na ata
de registro de preços ou do descumprimento de obrigações contratuais
em relação às suas próprias contratações.
Como se sabe, em razão das prerrogativas conferidas pelo artigo 58,
inciso IV, da Lei n° 8.666/1993 F a Administração tem o poder de
aplicar penalidades aos licitantes e contratantes, diretamente e sem a
intervenção do Poder Judiciário.

NOTA:
Artigo 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta
Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de: [...] IV - aplicar
sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste.

A contrapartida ao exercício desse poder, contudo, é a garantia


ao direito de prévia e ampla defesa e ao contraditório dos apenados,
cuja inobservância torna nula de pleno direito a aplicação de qualquer
penalidade.
Desta forma, para que essa garantia seja efetivamente assegurada
às pessoas passíveis de punição (jurídicas ou naturais), a aplicação de
penalidades por parte da Administração deve ser levada a efeito, com o
desencadeamento de procedimento próprio, cujo “passo a passo” seja
constituído por atos que permitam de fato a prévia e ampla defesa e o
contraditório aos interessados.
Em face disso e para que não se viole os direitos antes mencionados dos
apenados, os procedimentos punitivos devem ser levados a efeito com a
estrita observância das regras regulamentares veiculadas no Decreto n°
48.999 E, de 29 de setembro de 2004, na Resolução CC-52 E, de 19 de
julho de 2005 e no Decreto n° 61.715 E, de 23 de dezembro de 2015.
Caro(a) aluno(a), chegamos ao final desta unidade e módulo. Vamos
relembrar o que estudamos até aqui?
Na Unidade 01, conhecemos o conceito de Sistema de Registro
de Preços (SRP), suas legislações, características e peculiaridades.
Abordamos também, as vantagens que o SRP propicia à Administração.
Na Unidade 02, conhecemos as funções ligadas ao regulamento de
registro de preço no estado de São Paulo e vimos como é formada a ata
de registro de preços e quais as características do “carona”.
44
Na Unidade 03, vimos a distinção entre “revisão” e “reajuste” no
SRP. Abordamos as características dos processos de acréscimos,

S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R E ÇO S
cancelamentos e penalidades no Sistema de Registro de Preços.
Esperamos que, com o que foi abordado até aqui, você possa exercer
a função de Pregoeiro com conhecimento essencial sobre o Sistema de
Registro de Preços (SRP) e suas particularidades.
Até a próxima!

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R E V I SÃO, R E A J U S T E S , AC R É S C I M O S , C A N C E L A M E N TO S , P E N A L I DA D E S N O S I S T E M A D E R EG I S T R O D E P R EÇO S

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