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A nova sociabilidade
O indivíduo perde-se no meio da multidão. A vida despersonaliza-se e segue um
modelo estandardizado: os citadinos dirigem-se para o trabalho à mesma hora, partilham os
mesmos transportes, consomem os mesmos produtos, habitam casas semelhantes e mesmos
os lazeres tendem para a massificação (rotinas iguais para todos).
Nos tempos livres, muitos convergem para lugares públicos: cafés, esplanadas,
cinemas, salões de baile, recintos de espetáculos desportivos. O crescimento da classe média
e a melhoria do nível de vida proporcionam uma nova cultura do ócio, que a cidade fomenta
oferecendo inúmeras distrações.
A convivência entre os sexos, outrora contida por rígidas convenções sociais torna-se
mais livre e ousada. Sobretudo após o primeiro conflito mundial, a mulher adquire
visibilidade: sai para ir às compras nos grandes armazéns, para tomar chá, vir à praia, dançar
num clube noturno.
O automóvel alarga estes espaços estes espaços de lazer e incute o gosto pela
velocidade. Quem pode desloca-se com frequência, de carro ou de comboio, quer para um dia
dos arredores, quer para fazer umas viagens a grandes cidades.
Este gosto pelo movimento, pela “ação” fomenta a prática desportiva que entra nos
hábitos quotidianos. O ritmo de vida acelera-se e, nos anos 20, torna-se quase frenético.
As classes médias e abastadas imprimem uma marca de modernização às primeiras
décadas do século, evidenciando a rutura com os valores e as convenções da rígidas moral
oitocentistas.
A emancipação feminina
Devido à ocupação feminina das funções anteriormente ocupadas pelos homens
durante a 1ª guerra mundial, as mulheres conseguiram uma relativa independência
financeira e conseguiram mentalizar-se de que o seu papel nestas funções não correspondia
ao estatuto social e político que detinham.
O século XX foi marcado pela luta das mulheres pela sua liberdade e pelo
reconhecimento da igualdade de direitos civis e políticos.
Movimentos feministas em muitos países exigiam:
❏ Direito de participar nos sufrágios eleitorais e exercer funções públicas;
❏ Direito de acesso a cargos públicos;
❏ Igualdade no quadro familiar e no trabalho.
Assim que emancipadas e libertadas, as mulheres podiam conviver socialmente:
❏ Frequentar festas, clubes sozinhas;
❏ Viajar sozinhas, praticar desporto, fumar e beber livremente nos espaços públicos;
❏ Usar saias curtas, sem terem problemas de mostrar demais as pernas;
❏ Usar cabelo curto, cortado e penteados (masculinos);
❏ Abandonam o espartilho (corpete) e adotam o soutien.
Contudo, foi a própria ciência que com as suas desconcertantes descobertas, mais
contribuiu para a ruína do pensamento positivista.
No início do século XX descobre-se que o átomo não era a unidade mais pequena da
Natureza, esta descoberta abriu à Física um campo de estudos até então desconhecido, o da
microfísica, área em que Max Planck desempenhou um papel pioneiro. Plank demonstrou
que, AO CONTRÁRIO DO QUE ERA TIDO COMO CERTO, as trocas de energia não se
faziam de uma determinada maneira, mas sim de outra.
A teoria quântica veio a ter profundas repercussões(efeitos) no avanço da microfísica,
pois permitiu explicar o comportamento dos átomos e dos seus constituintes. Revelou-se
assim, um mundo onde, como mais tarde ficou demonstrado por Niels Bohr e por Werner
Heisenberg, não existem regras fixas, sendo impossível determinar, com rigor, o que está a
acontecer e o que acontecerá. Assim, transforma o conhecimento, não numa certeza, mas
numa probabilidade.
Foi Albert Einstein e a sua teoria da relatividade quem protagonizou a revolução
científica do início do século. Einstein destruiu as mais sólidas bases da física ao negar o
caráter absoluto do espaço e do tempo. Ninguém poderia imaginar que o tempo fosse
uma variável e decorresse mais depressa ou mais devagar consoante a velocidade dos
corpos. (O espaço e o tempo não são absolutos dependem do observador (relativismo) e o
tempo é relativo)
As teorias de Max Planck e Einstein provocaram um profundo choque na
comunidade científica que se viu obrigada a reconhecer que o universo era mais instável do
que até aí se pensava e a verdade científica menos universal do que se tinha acreditado.
Abriu-se uma nova conceção de ciência – o relativismo – que aceita a subjetividade do
conhecimento, o mistério e a desordem, como partes integrantes do conhecimento, rejeitando
o determinismo racionalista (pensamento positivista) fundado na clareza, na ordem, na
explicabilidade de todos os fenómenos. Embora tal mudança tenha representado, de facto,
um avanço, o certo é que contribuiu para abalar a fé na ciência e na sua capacidade para
compreender e controlar a natureza.
As conceções psicanalíticas
A ideia de que o Homem possui uma mente estritamente racional ficou comprometida
pelos estudos do médico Sigmund Freud (1856-1939)
Freud interessou-se pelos trabalhos dos conhecidos neurologistas Jean Charcot e Josef
Breuer. Os dois terapeutas tinham a particularidade de recorrerem à hipnose como processo
de cura dos sintomas neurasténicos (todas as doenças para as quais não aparecia uma causa
fisiológica). Freud estudou sobre a orientação de Jean Charcot, colhendo informações e ideias
que viria a desenvolver na psicanálise.
Freud, compreendeu que, sobre o estado hipnótico, os pacientes se recordavam de
pensamentos, factos e desejos que aparentemente haviam esquecido, esta constatação revelou
a existência de uma zona obscura, irracional, na mente humana, que o indivíduo não
controla e da qual não tem consciência, mas que se manifesta, permanentemente, no
comportamento – o inconsciente.
Foi com base nesta descoberta que Freud elaborou, a partir de 1897, os princípios do
que veio a chamar psicologia analítica ou psicanálise. Segundo a psicanálise, o psiquismo
humano estrutura-se em 3 níveis distintos: o consciente, o subconsciente e o inconsciente.
O consciente representa uma pequena parte da mente, o inconsciente, camada
profunda, rica e significativa mas dificilmente penetrável. Entre estas duas zonas situa-se o
subconsciente, constituído por uma constelação de elementos psíquicos que, com alguma
facilidade, podem passar ao consciente. (tudo aquilo que não queremos pensar que não
queremos ter consciência- inconsciente graças à hipnose é que se descobre o que está no
nosso inconsciente).
Por influência das normas morais, o indivíduo tem tendência para bloquear desejos ou
factos indecorosos e culpabilizantes, remetendo-os para o inconsciente onde ficam
aprisionados, num aparente esquecimento. No entanto, os impulsos e sentimentos assim
recalcados persistem em afluir à consciência, materializando-se em lapsos (troca de palavras),
esquecimentos súbitos, pequenos gestos de que não nos damos conta ou, de forma mais
grave, em distúrbios psíquicos a que Freud chama neuroses.
Para além de uma teoria revolucionária sobre o psiquismo, a psicanálise engloba
ainda um método de tratamento das neuroses que, basicamente, consiste em fazer emergir o
recalcamento (trauma) que lhes deu origem e racionalizá-lo. Esta terapia baseia-se em grande
parte na “livre associação”, em que, sob a orientação do médico, o paciente deixa fluir,
livremente, as ideias que lhe vêm à mente, e na análise dos sonhos, considerados por Freud a
“via régia do acesso ao inconsciente”.
O público recebeu entusiasticamente as conceções psicanalíticas.
A revelação do lado irracional da natureza humana afetou os comportamentos,
favorecendo a quebra das convenções sociais que marcou os anos 20.
O impacto da psicanálise estendeu-se também ao mundo da arte, dando origem ao
movimento surrealista, que teve uma forte expressão no panorama cultural da primeira
metade do século.
Nos princípios do século XX, todos estes novos conceitos científicos levaram à
mudança dos paradigmas científico e cultural. As conceções sobre o Homem, o Universo e a
Natureza mudaram radicalmente.
O expressionismo
(arte de dentro para fora)
1º grupo - Die Brücke (A ponte) do visível para o invisível
(grupo de Dresden – Kirchner, Emil Nolde, Schmidt-Rottluff, Heckel e Müller)
(1905 - final da 1.ª Guerra, 1918)
O expressionistas defendem não a representação da realidade objetiva mas a emoção
que esta suscita ao artista..
As formas que encontraram para traduzir as emoções, os dramas e as angústias
humanas tais como o medo, a solidão, o desespero, a morte, o sexo, a miséria social, foi o
recurso à deformação intencional e patética do real através:
❏ da acentuação excessiva das suas formas e contornos, utilizando formas primitivas e
simples (arte africana e da Oceânia por considerarem ser mais verídicas e autênticas);
❏ da utilização de grandes manchas de cor, intensas e contrastantes, aplicadas
livremente;
❏ pela utilização das cores puras e pela disposição dinâmica e ritmada dos pormenores.
Inspirados no existencialismo e em Van Gogh entendem a arte como uma forma de
expressão subjetiva, um meio de revelação das emoções humanas.
As formas distorcidas e as cores intensas transmitem uma forte tensão emocional
transmitindo ao espectador sensações de desconforto, repulsa e mesmo angústia.
❏ Reforço do contorno;
❏ Traço distorcido;
❏ Desenho simplificado reduzido a traços essenciais, por vezes grotesco;
❏ Subversão das proporções e perspetiva.
Forte influência da arte africana
utilizando formas primitivas e simples (arte
africana e da Oceânia por considerarem ser mais
verídicas e autênticas).
❏ Temáticas citadinas e retrato;
❏ Cores antinaturalistas;
❏ Dinamismo irrequieto / movimento;
❏ Expressão de solidão.
Cenas de rua”, deformação das linhas e acentuação dos contrastes cromáticos.
Crítica social num sentido irónico, grotesco, dramático da condição humana.
Evocação de imagens infantis, simplificadas e deformadas, isentas de qualquer
influência da civilização moderna.
❏ Arte impulsiva;
❏ Desprezo pela técnica, o verdadeiro fim da obra de arte não se pode ensinar;
❏ O desenho é descurado;
❏ Figuras toscamente delineadas em que os pormenores desaparecem.
O cubismo
1907, Paris – (Picasso, Braque...)
Corrente ou escola pictórica que se caracteriza pelas formas geometrizantes e pela
procura de novas formas de representação dos volumes no espaço bidimensional do quadro,
sem o recurso à perspetiva tradicional e à representação naturalista.
Conheceu duas fases:
1907-1912 – cubismo analítico
1913-1914 …1925 - cubismo sintético
A designação foi atribuída por Louis Vauxcelles em 1908 ao escrever: “ O senhor
Braque despreza a forma (...) reduz tudo (...) a cubos”.
Picasso e Braque estão na origem deste movimento. Colhem influências na escultura e
nas artes primitivas africanas e na ideia de Cézanne de “tratar a Natureza pelo cilindro, a
esfera, o cone...”
❏ Geometrização dos volumes;
❏ Destruição completa das leis da perspetiva.
Cubismo - Mais uma vez coube a Louis Vauxcelles “batizar a nova corrente: pegando
nas palavras de Matisse sobre os “cubinhos” da tela Casas de Estaque de G. Braque, chamou-
lhe cubismo.
Cubismo analítico:
Os objetos são decompostos em linhas e planos monocromáticos derivados do cubo e
da esfera, muitas vezes transparentes, justapostos ou inclinados.
Fragmentando os planos, o artista dá uma perspetiva simultânea e multifacetada do
objeto em todos os seus contornos e ângulos. Desta forma o ponto de vista do observador já
não é único e fixo, mas móvel e múltiplo, apesar de traduzido por uma única imagem.
A profundidade e perspetiva perdem importância.
Temas: pessoas, paisagens, naturezas-mortas compostas por objetos comuns, como
garrafas, copos e instrumentos musicais.
Nesta fase, as referências ao mundo visual são ainda bastante precisas, evoluindo
gradualmente para imagens mentais do real.
A cor simplifica-se até se reduzir aos tons convencionais. Dominam os tons cinzentos,
os ocres.
Nos finais de 1911, Braque e Picasso tinham levado o
cubismo ao extremo ao tornar o objeto irreconhecível aos olhos
do observador, pois este tinha sido desmantelado em miríades de
facetas, caminhando para o abstracionismo.
A partir de 1911, Picasso e Braque introduzem nos seus
quadros letras e números para que pareçam menos abstratos.
Depois colam na tela fragmentos de papel, cartão e vidro,
areia.... É o início das
“colagens”.
Picasso, com esta
obra, inaugura toda uma
fase nova do cubismo, a
das colagens – cubismo sintético. A tela de palhinha ao
fundo é uma material real, assim como a corda que
rodeia o perímetro da composição.
Escultura
Os escultores cubistas procuraram também abrir o
objeto e facetá-lo de forma a mostrar vários ângulos em
simultâneo. Para além de uma liberdade de representação até
aí desconhecida, surgem as Construções, ex. Guitarra,
elaborada a partir de chapas de metal e arame.
Abstracionismo
(lírico ou geométrico)
Abstracionismo Lírico
O que propõe?
A anulação do tema e do objeto.
Segundo ele, os objetos não só não eram necessários como até eram prejudiciais à
pintura.
A arte torna-se mais pura e mais liberta.
É uma arte TOTALMENTE NOVA.
Kandinsky concluiu que não havia necessidade de recorrer ao mundo visível, buscar
temas, objetos, motivos, para fazer pintura. A obra de arte «realiza-se a si própria», pela
sua própria linguagem. Assim, esta não possui quaisquer referências à arte do passado, nem à
realidade visível, surgindo com características estéticas inteiramente novas.
Segundo Kandinsky, as formas e as cores, ao reproduzirem imagens figurativas,
perdem muita força expressiva que, por si mesmas, possuem, pois somos incapazes de as
dissociar do significado do objeto, impedindo assim que o espectador apreenda a sua intensa
vibração espiritual. O mesmo acontece com as formas.
Assim, Kandinsky propõe um conjunto de significados para os elementos da
linguagem plástica: linhas, formas e cores passam a ter um valor e um significado próprio,
como acontece com as palavras numa língua. As formas sugerem drama e movimento, as
cores intensas criam o sentido de espaço, enquanto as linhas conferem à pintura um
ritmo e uma força dinâmica.
Abstracionismo Sensível ou Lírico, predominam os sentimentos e emoções. As cores
e as formas são criadas livremente. Uma arte abstrata, que coloca na cor e forma a sua
expressividade maior.
Com a forma, a cor e a linha, o artista é livre
para expressar os seus sentimentos interiores, sem
relacioná-los com a lembrança do mundo exterior.
Estes elementos da composição devem ter uma
unidade e harmonia, tal qual uma obra musical.
A forma abstrata porque se dirige à perceção
sensorial comum à espécie humana, é, tal como a
música, uma linguagem universal. As abstrações de
forma e de cor, tal como a música, atuam diretamente
na alma. (Kandinsky).
Numa analogia com a música, Kandinsky organiza a tela como se fosse uma peça
musical: cores, formas e linhas produzem uma composição vibrante, numa clara alusão às
“necessidades da vida interior”, à qual se acede através do instinto, ou intuição.
Corrobora o princípio de que a pintura pode viver sem objeto, estruturando-se e
realizando-se de forma autónoma, com uma linguagem própria, como acontece com a
música – a arte mais abstrata de todas.
As obras de Kandinsky revelam uma
estreita ligação à música, evocando sons, timbres e
tonalidades, obtidas através de linhas e de cores.
Para Kandinsky a cor e a forma eram
elementos essenciais.
As abstrações de forma e de cor, tal como a
música, atuam diretamente sobre a alma – teoria
subjetiva, de “necessidade interior” – expressão da
interioridade do pintor.
Consciente de que a arte não representativa
pode tornar-se, com facilidade, uma mera decoração, Kandinsky insiste simultaneamente na
sua interioridade e na sua composição meticulosa. “É belo o que provém de uma necessidade
da alma” (Kandinsky). Para se materializar em arte e tocar quem a vê, obriga à correta
combinação de formas e cores.
Abstracionismo geométrico
Tem o seu expoente máximo no pintor holandês Piet Mondrian, este procurou fazer da
pintura um meio de expressar a verdade essencial e inalterável das coisas.
Durante a Guerra regressa à Holanda e, em 1917, fundou a revista De Stijl (O Estilo)
com o propósito de divulgar um novo conceito de arte a que chamou nova realidade –
neoplasticismo.
Impressionado com a violência e o sofrimento de um mundo em guerra, Mondrian
procurou para o seu trabalho, uma função social, além de uma nova dimensão estética.
Segundo o pintor, “A tragédia da vida” é o resultado do profundo individualismo
que marca todas as realizações humanas, das políticas às culturais.” Por isso não deve ser
objetivo do artista expressar o seu íntimo e afirmar a sua originalidade mas sim procurar as
verdades universais, os valores últimos, essenciais e permanentes da vida e da realidade. Ao
revelá-los, a arte pode contribuir para a construção de um mundo melhor, porque estruturado
sobre o que é essencial e comum a todos.
Mondrian suprime da obra de arte toda a emotividade pessoal e tudo o que é efémero
ou acessório.
Trata-se de uma pintura depurada, liberta de tudo o
que não é essencial, circunscrita aos elementos básicos: a
linha, a cor, a composição e o espaço bidimensional.
Os artistas defendem “a clareza, a certeza, a ordem”
recorrendo às formas geométricas básicas e reduzindo a
paleta de cores (essencialmente primárias – vermelho,
amarelo e azul) apenas complementadas com o branco, o
preto, o cinzento.
Assim, combinando linhas e ângulos retos, alcançavam o que consideravam ser a
beleza universal.
Na obra de Mondrian, a estrutura dos objetos converteu-se numa rede de linhas
horizontais e verticais, cruzadas em ângulos retos.
Uma arte pura, clara, objetiva, não ilusória, nem figurativa.
Mondrian procurou fazer da pintura um meio de expressar a
verdade essencial e inalterável das coisas. Assim, a obra de arte será
suprimida de toda a emotividade pessoal e de tudo o que é efémero e
acessório. A pintura ficará circunscrita aos elementos básicos: a linha, a
cor, a composição e o espaço bidimensional.
Para Mondrian a arte abstrata representa a “realidade pura”, as
verdades universais, sem sentimentos subjetivos, é a expressão
intelectualizada do mundo exterior – teoria objetiva.
Segundo Mondrian, cada coisa, seja uma casa, seja uma árvore
ou uma paisagem, possui uma essência que está por trás de sua aparência. As coisas, na sua
essência, estão em harmonia no universo. O papel do artista seria revelar essa essência oculta
e essa harmonia universal.
Ele procura, pesquisa e consegue um equilíbrio perfeito da composição, despojado de
todo excesso da cor, da linha ou da forma.
Orfismo
Delaunay desenvolveu, nos anos 10, um tipo de pintura que
procurava a fragmentação da forma em planos de cor e de luz. Pintava
formas circulares, que se afastavam da necessidade de existência de um
motivo figurativo para fundamentar a imagem. Desta forma, o pintor podia
explorar livremente os efeitos cromáticos de formas geométricas lineares e
curvas, semelhantes a arco-íris fragmentados onde a cor se assume como
forma e como tema. O carácter dinâmico das suas telas, determinado pelas
linhas curvas e pela simultaneidade de planos aproxima-as do movimento
futurista italiano.
Futurismo
(1909)
O futurismo é um movimento artístico e literário, que surgiu oficialmente em 20 de
fevereiro de 1909 com a publicação do Manifesto Futurista, pelo poeta italiano Filippo
Marinetti, no jornal francês Le Figaro.
Manifesto Futurista, 1909
1.Nós queremos cantar o amor do perigo (…).
3.Nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insónia febril, o passo de corrida, o
salto mortal, a bofetada e o soco.
4.Afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu com uma
nova beleza: a beleza da velocidade. Um carro de corrida adornado de grossos
tubos semelhantes a serpentes de hálito explosivo (...) é mais belo que a Vitória de
Samotrácia (…)
9.Queremos glorificar a guerra, (…) o militarismo, o patriotismo (…) e o desprezo
pela mulher.
Os futuristas
tentaram mostrar nas suas
pinturas a ideia de
dinamismo, entendido
como a deformação e
desmaterialização por que
passam os objetos e o
espaço quando ocorre a
ação.
Os futuristas
aspiram à captação de um
instante preciso na tela, sem a soma de momentos que, em conjunto, constroem a ação. Além
disso, como um objeto em movimento também perde sua forma original, é
necessário fragmentar volumes e linhas. Não bastasse isso, os futuristas
ousaram ainda mais. Repetiram essas fragmentações até saturar o plano, com o
que conseguiram alcançar um de seus maiores objetivos: a simultaneidade.
A estética futurista centra-se na representação do mundo industrial: o
frenesim urbano, a máquina, a velocidade, o ruído.
A procura de uma solução formal que representasse o dinamismo
(procura fazer eco do tempo que rege o dinamismo universal) conduziu os
futuristas à:
❏ diluição das formas;
❏ justaposição das imagens fugazes que passam na retina em frações de segundo;
❏ decomposição da realidade em segmentos representando pontos de vista simultâneos
que se interpenetram numa amálgama de movimento, som e cintilações de luz.
Os futuristas aproximam-se dos cubistas partilhando o simultaneísmo e a
decomposição fragmentada.
Carlo Carrà, um dos grandes nomes do movimento artístico futurista,
presenciou o conflito ocorrido no funeral entre os presentes e a polícia, e
anos depois pintou a obra, que demonstra o movimento dos corpos, a tensão,
e as diversas bandeiras negras que carregavam o ideal libertário.
❏ Decomposição de planos e fracionamento do objeto.
❏ Linhas e formas justapostas.
❏ Repetição do mesmo motivo numa sucessão de imagens.
❏ Diluição das formas.
❏ Justaposição de imagens.
Temas:
❏ A velocidade/ o movimento;
❏ A indústria e a tecnologia (fábricas, máquinas,
eletricidade, comboio, avião, …);
❏ Multidões;
Escultura
Porquê futurista?
Desdobramento de planos e formas vistos em diferentes posições
↓
Sensação de movimento
↓
Dinamismo
Boccioni pretende explorar a noção de velocidade. Embora o
resultado (físico) seja um retrato a três dimensões, o corpo em
movimento introduz uma quarta dimensão, o tempo. Na sua "luta"
contra essa força invisível, o corpo vai-se deslocando, deixando para
trás pedaços de si.
A figura humana, que parece caminhar, está representada em
diferentes momentos simultaneamente.
Procura-se neste estilo expressar o movimento real, registando a
velocidade descrita pelas figuras em movimento no espaço. O artista
futurista não está interessado em pintar um automóvel, mas captar a forma plástica a
velocidade descrita por ele no espaço.
Em síntese (Futurismo):
❏ temas associados à guerra;
❏ temática associada à velocidade, à vida agitada e ruidosa das cidades modernas;
❏ influência do cubismo através da geometrização e da sobreposição de planos;
❏ decomposição geométrica das formas, através de linhas quebradas em ângulo agudo
e/ou em curvas sinuosas;
❏ multiplicação e simultaneidade dos pontos de vista;
❏ representação do dinamismo e do movimento, através dos seus efeitos na visualização
dos objetos e da decomposição do movimento;
❏ decomposição das cores e da luz;
❏ desmaterialização dos corpos e dos objetos;
❏ captação da energia, da luz e do movimento em imagens sobrepostas.
Dadaísmo
(Suiça, 1916)
O dadaísmo ou movimento dadá (dada) foi um movimento artístico iniciado em
O absurdo – o nonsense
A renúncia à criação – a antiarte
A ironia, o sarcasmo O ceticismo total
Surrealismo
(França, 1924)
Em 1924, André Breton publica o Manifesto do Surrealismo.
Transpondo para a arte o imenso campo do inconsciente aberto por Freud, os
surrealistas exprimiam-se a partir do “automatismo psíquico puro”, isto é, procurando
abstrair-se da racionalidade.
A representação dos sonhos e das sensações, o desenho e a escrita automáticos
revelariam, assim, um mundo que se sobrepõe ao real.
Sob a influência de Freud e da psicanálise, o surrealismo mergulhava nas profundezas
do inconsciente e reduzia todas as expressões artísticas a um meio de explorar o psiquismo
dos seus autores. Deste modo o “modelo” da arte que “erradamente”, tinha sido sempre
procurado na realidade exterior, deslocava-se para o mundo da interioridade, era agora
procurado na mente do artista.
Para os surrealistas, o inconsciente era a única forma de alcançar a originalidade e a
autenticidade.
O surrealismo descobriu uma nova dimensão artística: a aparência da realidade foi
substituída pelo domínio do inconsciente e pela representação das imagens remotas da mente.
Cada artista encontrou a sua própria forma de representação da realidade, através da:
❏ figuração;
❏ abstração.
Os caminhos da literatura
Na literatura o combate pela liberdade artística é igualmente travado: a substituição de
uma narrativa descritiva do exterior pela representação do sujeito narrativo (por exemplo, em
Proust), a fusão entre a palavra e forma (nomeadamente, nos poemas caligramados de
Apollinaire) - cubismo, a escrita automática, de pendor dadaísta (em Paul Éluard e em André
Breton) e, finalmente, o monólogo interior de James Joyce condensam algumas das
revoluções que transformaram para sempre o conceito de literatura do século XX.
A literatura é marcada pela descoberta da importância do inconsciente e do irracional,
a nova noção de espaço e de tempo (a narrativa deixou de ser linear e previsível). A literatura
moderna procurou construir outra realidade: os romances tornaram-se fragmentados,
retratando parcelas dos personagens, do espaço e do tempo, com a narração simultânea, que
recua e avança no tempo.
As transformações refletem o relativismo e o ceticismo, bem como as descobertas
freudianas do inconsciente. O herói é substituído pelo anti-herói, que se revela nas suas
fragilidades, assumindo um “Eu” instável, repleto de dúvidas e de contradições.
A necessidade de renunciar à descrição do real, e de procurar outra realidade, tornou a
literatura do séc. XX mais introspetiva, subjetiva e intelectualizada. O leitor passou a ter um
papel mais ativo na construção do sentido da narrativa; por isso, verificou-se um afastamento