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2. Mutações nos comortamentos e na cultura

História A (Ensino Secundário (Portugal))

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Mutações nos comportamentos e na cultura


As transformações da vida urbana
O século XX foi o século das grandes cidades: Londres, Paris, Moscovo e Berlim. A
população urbana superou a das zonas rurais.

A nova sociabilidade
O indivíduo perde-se no meio da multidão. A vida despersonaliza-se e segue um
modelo estandardizado: os citadinos dirigem-se para o trabalho à mesma hora, partilham os
mesmos transportes, consomem os mesmos produtos, habitam casas semelhantes e mesmos
os lazeres tendem para a massificação (rotinas iguais para todos).
Nos tempos livres, muitos convergem para lugares públicos: cafés, esplanadas,
cinemas, salões de baile, recintos de espetáculos desportivos. O crescimento da classe média
e a melhoria do nível de vida proporcionam uma nova cultura do ócio, que a cidade fomenta
oferecendo inúmeras distrações.
A convivência entre os sexos, outrora contida por rígidas convenções sociais torna-se
mais livre e ousada. Sobretudo após o primeiro conflito mundial, a mulher adquire
visibilidade: sai para ir às compras nos grandes armazéns, para tomar chá, vir à praia, dançar
num clube noturno.
O automóvel alarga estes espaços estes espaços de lazer e incute o gosto pela
velocidade. Quem pode desloca-se com frequência, de carro ou de comboio, quer para um dia
dos arredores, quer para fazer umas viagens a grandes cidades.
Este gosto pelo movimento, pela “ação” fomenta a prática desportiva que entra nos
hábitos quotidianos. O ritmo de vida acelera-se e, nos anos 20, torna-se quase frenético.
As classes médias e abastadas imprimem uma marca de modernização às primeiras
décadas do século, evidenciando a rutura com os valores e as convenções da rígidas moral
oitocentistas.

A crise dos valores tradicionais


A confiança na superioridade da civilização ocidental dava aos europeus e americanos
uma sensação de otimismo, de viverem numa época extraordinária.
Entre 1914 e 1918, as certezas e esperanças desmoronaram-se. A brutalidade da 1.º
Guerra Mundial pôs em causa as intuições, os valores espirituais e morais, todo o
edifício social que tinha sustentado a ordem burguesa do século XIX.
Quando o conflito terminou, tinham morrido 9 milhões de homens e um exército de
estropiados. A miséria tomava conta das ruas.
O impacto de destruição gerou um sentimento de descrença e pessimismo, que
afetou tanto os intelectuais como a gente comum.
Do choque da guerra e da deceção nasceu a convicção de que o mundo não mais
voltaria a ser o que era. Uma vaga de contestação a todos os níveis abalou a sociedade que
se viu sem referentes sólidos. A família, a indissolubilidade do casamento, a moral sexual, o
papel da mulher, os preceitos religiosos, as regras de conduta social deixaram de ter um
padrão rígidos. Instalou-se um clima de anomia, isto é, de ausência de normas morais e
sociais que distinguissem o certo e o errado.

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Este relativismo de valores acelerou as mudanças já em curso que invadiram o dia


a dia das grandes cidades.

A emancipação feminina
Devido à ocupação feminina das funções anteriormente ocupadas pelos homens
durante a 1ª guerra mundial, as mulheres conseguiram uma relativa independência
financeira e conseguiram mentalizar-se de que o seu papel nestas funções não correspondia
ao estatuto social e político que detinham.
O século XX foi marcado pela luta das mulheres pela sua liberdade e pelo
reconhecimento da igualdade de direitos civis e políticos.
Movimentos feministas em muitos países exigiam:
❏ Direito de participar nos sufrágios eleitorais e exercer funções públicas;
❏ Direito de acesso a cargos públicos;
❏ Igualdade no quadro familiar e no trabalho.
Assim que emancipadas e libertadas, as mulheres podiam conviver socialmente:
❏ Frequentar festas, clubes sozinhas;
❏ Viajar sozinhas, praticar desporto, fumar e beber livremente nos espaços públicos;
❏ Usar saias curtas, sem terem problemas de mostrar demais as pernas;
❏ Usar cabelo curto, cortado e penteados (masculinos);
❏ Abandonam o espartilho (corpete) e adotam o soutien.

A descrença no pensamento positivista e as novas conceções científicas


O século XIX foi dominado pelas ideias do positivismo, que confiava que a ciência e
o raciocínio seriam capazes de desvendar toda a natureza e os mistérios do universo.
Acreditava-se então num mundo perfeitamente ordenado, regido por leis claras e objetivas.
No início do século XX, o pensamento ocidental rebela-se contra este quadro de
estrita racionalidade, valorizando outras dimensões do conhecimento.
Na filosofia, Henri Bergson defende haver realidades (como a atividade psíquica) que
escapam às leis da física e da matemática e só podem ser compreendidas através de uma outra
via a que chama intuição.
A intuição é, para Bergson, de natureza muito diferente da inteligência, é algo
comparável ao instinto e ao sentimento artístico que nos permite compreender a essência das
coisas. Percebemos assim, que o pensamento filosófico revaloriza o transcendente (acima de
todos) e, com ele, a imagem de Deus.
O intuicionismo de Bergson teve um grande impacto na comunidade intelectual, pois
viu nele:

❏ Uma libertação das normas rígidas do racionalismo.

Contudo, foi a própria ciência que com as suas desconcertantes descobertas, mais
contribuiu para a ruína do pensamento positivista.
No início do século XX descobre-se que o átomo não era a unidade mais pequena da
Natureza, esta descoberta abriu à Física um campo de estudos até então desconhecido, o da
microfísica, área em que Max Planck desempenhou um papel pioneiro. Plank demonstrou

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que, AO CONTRÁRIO DO QUE ERA TIDO COMO CERTO, as trocas de energia não se
faziam de uma determinada maneira, mas sim de outra.
A teoria quântica veio a ter profundas repercussões(efeitos) no avanço da microfísica,
pois permitiu explicar o comportamento dos átomos e dos seus constituintes. Revelou-se
assim, um mundo onde, como mais tarde ficou demonstrado por Niels Bohr e por Werner
Heisenberg, não existem regras fixas, sendo impossível determinar, com rigor, o que está a
acontecer e o que acontecerá. Assim, transforma o conhecimento, não numa certeza, mas
numa probabilidade.
Foi Albert Einstein e a sua teoria da relatividade quem protagonizou a revolução
científica do início do século. Einstein destruiu as mais sólidas bases da física ao negar o
caráter absoluto do espaço e do tempo. Ninguém poderia imaginar que o tempo fosse
uma variável e decorresse mais depressa ou mais devagar consoante a velocidade dos
corpos. (O espaço e o tempo não são absolutos dependem do observador (relativismo) e o
tempo é relativo)
As teorias de Max Planck e Einstein provocaram um profundo choque na
comunidade científica que se viu obrigada a reconhecer que o universo era mais instável do
que até aí se pensava e a verdade científica menos universal do que se tinha acreditado.
Abriu-se uma nova conceção de ciência – o relativismo – que aceita a subjetividade do
conhecimento, o mistério e a desordem, como partes integrantes do conhecimento, rejeitando
o determinismo racionalista (pensamento positivista) fundado na clareza, na ordem, na
explicabilidade de todos os fenómenos. Embora tal mudança tenha representado, de facto,
um avanço, o certo é que contribuiu para abalar a fé na ciência e na sua capacidade para
compreender e controlar a natureza.

As conceções psicanalíticas
A ideia de que o Homem possui uma mente estritamente racional ficou comprometida
pelos estudos do médico Sigmund Freud (1856-1939)
Freud interessou-se pelos trabalhos dos conhecidos neurologistas Jean Charcot e Josef
Breuer. Os dois terapeutas tinham a particularidade de recorrerem à hipnose como processo
de cura dos sintomas neurasténicos (todas as doenças para as quais não aparecia uma causa
fisiológica). Freud estudou sobre a orientação de Jean Charcot, colhendo informações e ideias
que viria a desenvolver na psicanálise.
Freud, compreendeu que, sobre o estado hipnótico, os pacientes se recordavam de
pensamentos, factos e desejos que aparentemente haviam esquecido, esta constatação revelou
a existência de uma zona obscura, irracional, na mente humana, que o indivíduo não
controla e da qual não tem consciência, mas que se manifesta, permanentemente, no
comportamento – o inconsciente.
Foi com base nesta descoberta que Freud elaborou, a partir de 1897, os princípios do
que veio a chamar psicologia analítica ou psicanálise. Segundo a psicanálise, o psiquismo
humano estrutura-se em 3 níveis distintos: o consciente, o subconsciente e o inconsciente.
O consciente representa uma pequena parte da mente, o inconsciente, camada
profunda, rica e significativa mas dificilmente penetrável. Entre estas duas zonas situa-se o
subconsciente, constituído por uma constelação de elementos psíquicos que, com alguma
facilidade, podem passar ao consciente. (tudo aquilo que não queremos pensar que não

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queremos ter consciência- inconsciente graças à hipnose é que se descobre o que está no
nosso inconsciente).
Por influência das normas morais, o indivíduo tem tendência para bloquear desejos ou
factos indecorosos e culpabilizantes, remetendo-os para o inconsciente onde ficam
aprisionados, num aparente esquecimento. No entanto, os impulsos e sentimentos assim
recalcados persistem em afluir à consciência, materializando-se em lapsos (troca de palavras),
esquecimentos súbitos, pequenos gestos de que não nos damos conta ou, de forma mais
grave, em distúrbios psíquicos a que Freud chama neuroses.
Para além de uma teoria revolucionária sobre o psiquismo, a psicanálise engloba
ainda um método de tratamento das neuroses que, basicamente, consiste em fazer emergir o
recalcamento (trauma) que lhes deu origem e racionalizá-lo. Esta terapia baseia-se em grande
parte na “livre associação”, em que, sob a orientação do médico, o paciente deixa fluir,
livremente, as ideias que lhe vêm à mente, e na análise dos sonhos, considerados por Freud a
“via régia do acesso ao inconsciente”.
O público recebeu entusiasticamente as conceções psicanalíticas.
A revelação do lado irracional da natureza humana afetou os comportamentos,
favorecendo a quebra das convenções sociais que marcou os anos 20.
O impacto da psicanálise estendeu-se também ao mundo da arte, dando origem ao
movimento surrealista, que teve uma forte expressão no panorama cultural da primeira
metade do século.
Nos princípios do século XX, todos estes novos conceitos científicos levaram à
mudança dos paradigmas científico e cultural. As conceções sobre o Homem, o Universo e a
Natureza mudaram radicalmente.

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As vanguardas: ruturas com os cânones das artes e da literatura


Artistas e escritores derrubam, uma após a outra, as convenções académicas, criando
uma estética inteiramente nova.
Este movimento cultural, conhecido como modernismo, irradiou de Paris que era o
centro artístico da Europa. A cidade era o cerne da vanguarda cultural (designação dada
ao conjunto diversificado de intelectuais e artistas precursores ou pioneiros dos movimentos
culturais e artísticos modernistas na primeira metade do séc. XX. Estes têm como ponto de
partida a ideia de que lhes está destinada a nobre missão de romper com a tradição e com as
suas imagens e símbolos e de acelerar, antecipar o futuro, através da procura incessante de
novas ideias e formas de expressão.).

O fauvismo (Paris, 1905, Salon de d’Automme)


❏ Rejeição do academismo pictórico
❏ Primado da cor usada com total liberdade;
❏ primado da cor sobre a forma; grandes manchas de cor que delimitam planos;
❏ Uso de cores fortes e contrastantes;
❏ uso expressivo da cor pura com pinceladas curtas ou estendidas
❏ Autonomia da obra de arte em relação ao real :
❏ - a cor não tem de concordar com as cores do objeto representado);
❏ - o abandono da perspetiva permite ao artista autonomizar a obra de arte em
relação ao objeto real; assume a bidimensionalidade da tela.
❏ As regras da proporção foram esquecidas.
A não correspondência entre o mundo apreendido pelos sentidos e o mundo
verdadeiro, mais profundo, que à arte compete revelar é a tese que sustenta toda a arte
moderna.
Temas:
❏ retratos, naturezas-mortas e ambientes naturais.
As obras exaltavam a alegria de viver, afastando temáticas sombrias, perturbadoras e
angustiantes.
A temática não é relevante e não tem qualquer conotação social, política ou outra, é
apenas pretexto para a realização plástica.
“O primitivismo das formas” e simplicidade do traço
dão ao quadro emotividade, rudeza e agressividade.

Que características se observam nesta obra?


❏ Abandono tendencial da perspetiva e do modelado;
❏ Pinceladas largas:
❏ quase como pontos grosseiros de cor;
❏ nalguns casos alongam-se em linhas;
❏ Intensidade nas cores;
❏ Exaltação do poder da cor pura.
A mensagem geral do fauvismo é a alegria de
viver a arte pela arte.

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O expressionismo
(arte de dentro para fora)
1º grupo - Die Brücke (A ponte) do visível para o invisível
(grupo de Dresden – Kirchner, Emil Nolde, Schmidt-Rottluff, Heckel e Müller)
(1905 - final da 1.ª Guerra, 1918)
O expressionistas defendem não a representação da realidade objetiva mas a emoção
que esta suscita ao artista..
As formas que encontraram para traduzir as emoções, os dramas e as angústias
humanas tais como o medo, a solidão, o desespero, a morte, o sexo, a miséria social, foi o
recurso à deformação intencional e patética do real através:
❏ da acentuação excessiva das suas formas e contornos, utilizando formas primitivas e
simples (arte africana e da Oceânia por considerarem ser mais verídicas e autênticas);
❏ da utilização de grandes manchas de cor, intensas e contrastantes, aplicadas
livremente;
❏ pela utilização das cores puras e pela disposição dinâmica e ritmada dos pormenores.
Inspirados no existencialismo e em Van Gogh entendem a arte como uma forma de
expressão subjetiva, um meio de revelação das emoções humanas.
As formas distorcidas e as cores intensas transmitem uma forte tensão emocional
transmitindo ao espectador sensações de desconforto, repulsa e mesmo angústia.
❏ Reforço do contorno;
❏ Traço distorcido;
❏ Desenho simplificado reduzido a traços essenciais, por vezes grotesco;
❏ Subversão das proporções e perspetiva.
Forte influência da arte africana
utilizando formas primitivas e simples (arte
africana e da Oceânia por considerarem ser mais
verídicas e autênticas).
❏ Temáticas citadinas e retrato;
❏ Cores antinaturalistas;
❏ Dinamismo irrequieto / movimento;
❏ Expressão de solidão.
Cenas de rua”, deformação das linhas e acentuação dos contrastes cromáticos.
Crítica social num sentido irónico, grotesco, dramático da condição humana.
Evocação de imagens infantis, simplificadas e deformadas, isentas de qualquer
influência da civilização moderna.
❏ Arte impulsiva;
❏ Desprezo pela técnica, o verdadeiro fim da obra de arte não se pode ensinar;
❏ O desenho é descurado;
❏ Figuras toscamente delineadas em que os pormenores desaparecem.

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2º grupo – Der Blaue Reiter (O cavaleiro azul)


(grupo de Munique – Kandinsky, Franz Marc, August Macke e Paul Klee)
(1910-1930)
O que muda em relação ao grupo da Ponte?
❏ Temas naturalistas de execução refletida;
❏ Desenho menos pesado evidenciando um grau de intelectualização bastante maior;
❏ Composições ritmadas e equilibradas;
❏ Formas simplificadas e geometrizadas;
❏ Cores mais suaves, complementares mas usadas arbitrariamente ;
❏ Transmissão de emoções calmas e serenas.
Mostra grande
liberdade no uso de cores
intensas, contornos
arrojados e sombras
fortes. Amplas pinceladas
diagonais, feitas de cores
vivas.
As áreas de cor
recebem contornos
escuros.
A obra de arte vale
pelas vibrações que
suscita, pela
espiritualidade e energia
que reflete; não pela
conotação ou dependência
do mundo que nos cerca.
A arte como “uma necessidade do interior”: linhas formas e cores passam a ter um
valor e um significado próprios. As formas sugerem drama e movimento, as cores intensas
criam o sentido do espaço, enquanto as linhas conferem à pintura um ritmo e uma força
dinâmica.
Como se expressou na pintura?
Através das cores e do traço:
❏ redução progressiva das formas;
❏ contornos a negro;
❏ - reivindicação da bidimensionalidade.

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O cubismo
1907, Paris – (Picasso, Braque...)
Corrente ou escola pictórica que se caracteriza pelas formas geometrizantes e pela
procura de novas formas de representação dos volumes no espaço bidimensional do quadro,
sem o recurso à perspetiva tradicional e à representação naturalista.
Conheceu duas fases:
1907-1912 – cubismo analítico
1913-1914 …1925 - cubismo sintético
A designação foi atribuída por Louis Vauxcelles em 1908 ao escrever: “ O senhor
Braque despreza a forma (...) reduz tudo (...) a cubos”.
Picasso e Braque estão na origem deste movimento. Colhem influências na escultura e
nas artes primitivas africanas e na ideia de Cézanne de “tratar a Natureza pelo cilindro, a
esfera, o cone...”
❏ Geometrização dos volumes;
❏ Destruição completa das leis da perspetiva.

Picasso afasta-se das normas que presidem


habitualmente à representação dos nus femininos. A
paleta de cor é restrita: as cores quentes, do rosa-
pálido ao ocre-vermelho, dominam os corpos das
mulheres, enquanto os tons frios, azuis e cinzentos,
compõem os panos num violento contraste. As formas
são sublinhadas por contornos brancos e negros,
acentuando a sua desestruturação. Os corpos são
deformados, a mulher sentada à direita está
simultaneamente representada de frente e de costas, e é
muito clara a influência da arte africana que substitui o
orientalismo do século XIX.

Cubismo - Mais uma vez coube a Louis Vauxcelles “batizar a nova corrente: pegando
nas palavras de Matisse sobre os “cubinhos” da tela Casas de Estaque de G. Braque, chamou-
lhe cubismo.
Cubismo analítico:
Os objetos são decompostos em linhas e planos monocromáticos derivados do cubo e
da esfera, muitas vezes transparentes, justapostos ou inclinados.
Fragmentando os planos, o artista dá uma perspetiva simultânea e multifacetada do
objeto em todos os seus contornos e ângulos. Desta forma o ponto de vista do observador já
não é único e fixo, mas móvel e múltiplo, apesar de traduzido por uma única imagem.
A profundidade e perspetiva perdem importância.
Temas: pessoas, paisagens, naturezas-mortas compostas por objetos comuns, como
garrafas, copos e instrumentos musicais.
Nesta fase, as referências ao mundo visual são ainda bastante precisas, evoluindo
gradualmente para imagens mentais do real.
A cor simplifica-se até se reduzir aos tons convencionais. Dominam os tons cinzentos,

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os ocres.
Nos finais de 1911, Braque e Picasso tinham levado o
cubismo ao extremo ao tornar o objeto irreconhecível aos olhos
do observador, pois este tinha sido desmantelado em miríades de
facetas, caminhando para o abstracionismo.
A partir de 1911, Picasso e Braque introduzem nos seus
quadros letras e números para que pareçam menos abstratos.
Depois colam na tela fragmentos de papel, cartão e vidro,
areia.... É o início das
“colagens”.
Picasso, com esta
obra, inaugura toda uma
fase nova do cubismo, a
das colagens – cubismo sintético. A tela de palhinha ao
fundo é uma material real, assim como a corda que
rodeia o perímetro da composição.

Cubismo sintético: (Juan Gris)


As representações geométricas já não se inspiram
diretamente na imagem dos objetos, mas são inventadas ou
criadas para formar uma composição em que os diferentes
elementos não conservam nada das aparências naturais. O
objeto foi desmantelado em inúmeras facetas tornando-se
irreconhecível para o observador.
Foi necessário um processo de reconstrução/recriação.
Assim os elementos fundamentais foram reagrupados de uma
maneira mais coerente, mais lógica. Neste processo de síntese,
todos os pormenores foram eliminados, reduzindo-os a formas
geométricas simples – o quadrado, o retângulo, o triângulo.
A cor regressa às telas.
O uso de materiais comuns, até aí estranhos à pintura, papéis, cartão, tecidos, vidro,
corda... criava novos planos no quadro, acentuando a verdade das representações.

Escultura
Os escultores cubistas procuraram também abrir o
objeto e facetá-lo de forma a mostrar vários ângulos em
simultâneo. Para além de uma liberdade de representação até
aí desconhecida, surgem as Construções, ex. Guitarra,
elaborada a partir de chapas de metal e arame.

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Em síntese, a «revolução cubista» permitiu a adoção de inovações técnicas e formais:


❏ rutura com a tradição naturalista e com a representação do espaço segundo a
perspetiva renascentista;
❏ geometrização das formas;
❏ fragmentação ou sobreposição dos planos;
❏ simplificação das formas;
❏ utilização de motivos, como pessoas, objetos, paisagens;
❏ representação dos motivos sob vários pontos de vista – perspetivas múltiplas;
❏ introdução da quarta dimensão – o tempo – na pintura;
❏ tendência para a bidimensionalidade;
❏ rotação, sobreposição e interseção de planos e introdução da pluridimensionalidade no
quadro;
❏ redução da paleta cromática;
❏ experimentação de novas técnicas, como a colagem de materiais diversos.

Abstracionismo
(lírico ou geométrico)
Abstracionismo Lírico
O que propõe?
A anulação do tema e do objeto.
Segundo ele, os objetos não só não eram necessários como até eram prejudiciais à
pintura.
A arte torna-se mais pura e mais liberta.
É uma arte TOTALMENTE NOVA.

Kandinsky concluiu que não havia necessidade de recorrer ao mundo visível, buscar
temas, objetos, motivos, para fazer pintura. A obra de arte «realiza-se a si própria», pela
sua própria linguagem. Assim, esta não possui quaisquer referências à arte do passado, nem à
realidade visível, surgindo com características estéticas inteiramente novas.
Segundo Kandinsky, as formas e as cores, ao reproduzirem imagens figurativas,
perdem muita força expressiva que, por si mesmas, possuem, pois somos incapazes de as
dissociar do significado do objeto, impedindo assim que o espectador apreenda a sua intensa
vibração espiritual. O mesmo acontece com as formas.
Assim, Kandinsky propõe um conjunto de significados para os elementos da
linguagem plástica: linhas, formas e cores passam a ter um valor e um significado próprio,
como acontece com as palavras numa língua. As formas sugerem drama e movimento, as
cores intensas criam o sentido de espaço, enquanto as linhas conferem à pintura um
ritmo e uma força dinâmica.
Abstracionismo Sensível ou Lírico, predominam os sentimentos e emoções. As cores
e as formas são criadas livremente. Uma arte abstrata, que coloca na cor e forma a sua

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expressividade maior.
Com a forma, a cor e a linha, o artista é livre
para expressar os seus sentimentos interiores, sem
relacioná-los com a lembrança do mundo exterior.
Estes elementos da composição devem ter uma
unidade e harmonia, tal qual uma obra musical.
A forma abstrata porque se dirige à perceção
sensorial comum à espécie humana, é, tal como a
música, uma linguagem universal. As abstrações de
forma e de cor, tal como a música, atuam diretamente
na alma. (Kandinsky).
Numa analogia com a música, Kandinsky organiza a tela como se fosse uma peça
musical: cores, formas e linhas produzem uma composição vibrante, numa clara alusão às
“necessidades da vida interior”, à qual se acede através do instinto, ou intuição.
Corrobora o princípio de que a pintura pode viver sem objeto, estruturando-se e
realizando-se de forma autónoma, com uma linguagem própria, como acontece com a
música – a arte mais abstrata de todas.
As obras de Kandinsky revelam uma
estreita ligação à música, evocando sons, timbres e
tonalidades, obtidas através de linhas e de cores.
Para Kandinsky a cor e a forma eram
elementos essenciais.
As abstrações de forma e de cor, tal como a
música, atuam diretamente sobre a alma – teoria
subjetiva, de “necessidade interior” – expressão da
interioridade do pintor.
Consciente de que a arte não representativa
pode tornar-se, com facilidade, uma mera decoração, Kandinsky insiste simultaneamente na
sua interioridade e na sua composição meticulosa. “É belo o que provém de uma necessidade
da alma” (Kandinsky). Para se materializar em arte e tocar quem a vê, obriga à correta
combinação de formas e cores.

Abstracionismo geométrico
Tem o seu expoente máximo no pintor holandês Piet Mondrian, este procurou fazer da
pintura um meio de expressar a verdade essencial e inalterável das coisas.
Durante a Guerra regressa à Holanda e, em 1917, fundou a revista De Stijl (O Estilo)
com o propósito de divulgar um novo conceito de arte a que chamou nova realidade –
neoplasticismo.
Impressionado com a violência e o sofrimento de um mundo em guerra, Mondrian
procurou para o seu trabalho, uma função social, além de uma nova dimensão estética.
Segundo o pintor, “A tragédia da vida” é o resultado do profundo individualismo
que marca todas as realizações humanas, das políticas às culturais.” Por isso não deve ser
objetivo do artista expressar o seu íntimo e afirmar a sua originalidade mas sim procurar as
verdades universais, os valores últimos, essenciais e permanentes da vida e da realidade. Ao

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revelá-los, a arte pode contribuir para a construção de um mundo melhor, porque estruturado
sobre o que é essencial e comum a todos.
Mondrian suprime da obra de arte toda a emotividade pessoal e tudo o que é efémero
ou acessório.
Trata-se de uma pintura depurada, liberta de tudo o
que não é essencial, circunscrita aos elementos básicos: a
linha, a cor, a composição e o espaço bidimensional.
Os artistas defendem “a clareza, a certeza, a ordem”
recorrendo às formas geométricas básicas e reduzindo a
paleta de cores (essencialmente primárias – vermelho,
amarelo e azul) apenas complementadas com o branco, o
preto, o cinzento.
Assim, combinando linhas e ângulos retos, alcançavam o que consideravam ser a
beleza universal.
Na obra de Mondrian, a estrutura dos objetos converteu-se numa rede de linhas
horizontais e verticais, cruzadas em ângulos retos.
Uma arte pura, clara, objetiva, não ilusória, nem figurativa.
Mondrian procurou fazer da pintura um meio de expressar a
verdade essencial e inalterável das coisas. Assim, a obra de arte será
suprimida de toda a emotividade pessoal e de tudo o que é efémero e
acessório. A pintura ficará circunscrita aos elementos básicos: a linha, a
cor, a composição e o espaço bidimensional.
Para Mondrian a arte abstrata representa a “realidade pura”, as
verdades universais, sem sentimentos subjetivos, é a expressão
intelectualizada do mundo exterior – teoria objetiva.
Segundo Mondrian, cada coisa, seja uma casa, seja uma árvore
ou uma paisagem, possui uma essência que está por trás de sua aparência. As coisas, na sua
essência, estão em harmonia no universo. O papel do artista seria revelar essa essência oculta
e essa harmonia universal.
Ele procura, pesquisa e consegue um equilíbrio perfeito da composição, despojado de
todo excesso da cor, da linha ou da forma.

Suprematismo (tendência do abstracionismo geométrico)


Quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial, Kandinsky partiu para a Rússia, onde
desenvolveu um abstracionismo marcado por uma maior geometrização das formas.
A abstração, na Rússia, aconteceu por volta de 1915, com Kasimir Malevich, por
intermédio do movimento artístico denominado suprematismo.
Kasimir Malevich definiu que se devia reproduzir “a supremacia do sentimento
puro na arte criativa”.
O Suprematismo nega qualquer relação com o mundo objetivo ou verdadeiro,
recorrendo a formas simples e monocromáticas.
Como afirmou Malevich, «a sensibilidade é a única coisa
que conta» e é através dela que a arte, e portanto, o Suprematismo,
atingem a expressão pura sem representação.

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Malevich proclama a supremacia da sensação sobre o objeto.


Kazimir Malevich criou o termo Suprematismo (superioridade absoluta da emoção
pura?), porque ele acreditava que a arte deve transcender o tema – a verdade da forma e da
cor devem reinar ‘supremas’ sobre a imagem ou narrativa.
Características:
❏ Emprego de formas geométricas puras, construídas pelas cores primárias,
sem modelado;
❏ Paleta cromática restrita, constituída pelas cores primárias e secundárias,
pelo branco e pelo preto.

Orfismo
Delaunay desenvolveu, nos anos 10, um tipo de pintura que
procurava a fragmentação da forma em planos de cor e de luz. Pintava
formas circulares, que se afastavam da necessidade de existência de um
motivo figurativo para fundamentar a imagem. Desta forma, o pintor podia
explorar livremente os efeitos cromáticos de formas geométricas lineares e
curvas, semelhantes a arco-íris fragmentados onde a cor se assume como
forma e como tema. O carácter dinâmico das suas telas, determinado pelas
linhas curvas e pela simultaneidade de planos aproxima-as do movimento
futurista italiano.

Futurismo
(1909)
O futurismo é um movimento artístico e literário, que surgiu oficialmente em 20 de
fevereiro de 1909 com a publicação do Manifesto Futurista, pelo poeta italiano Filippo
Marinetti, no jornal francês Le Figaro.
Manifesto Futurista, 1909
1.Nós queremos cantar o amor do perigo (…).
3.Nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insónia febril, o passo de corrida, o
salto mortal, a bofetada e o soco.
4.Afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu com uma
nova beleza: a beleza da velocidade. Um carro de corrida adornado de grossos
tubos semelhantes a serpentes de hálito explosivo (...) é mais belo que a Vitória de
Samotrácia (…)
9.Queremos glorificar a guerra, (…) o militarismo, o patriotismo (…) e o desprezo
pela mulher.

Os adeptos do movimento rejeitavam o moralismo e o passado (glorifica o futuro), e


as suas obras baseavam-se fortemente na velocidade e nos desenvolvimentos tecnológicos
do final do século XIX (a máquina). Os primeiros futuristas europeus também exaltavam a
guerra e a violência (“como a expressão da força e energia de um povo, e como forma de
abrir um lugar de glória aos sobreviventes”).
O Futurismo desenvolveu-se em todas as artes e influenciou diversos artistas que

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depois fundaram outros movimentos modernistas.


Movimento/Velocidade - dinamismo

Os futuristas
tentaram mostrar nas suas
pinturas a ideia de
dinamismo, entendido
como a deformação e
desmaterialização por que
passam os objetos e o
espaço quando ocorre a
ação.
Os futuristas
aspiram à captação de um
instante preciso na tela, sem a soma de momentos que, em conjunto, constroem a ação. Além
disso, como um objeto em movimento também perde sua forma original, é
necessário fragmentar volumes e linhas. Não bastasse isso, os futuristas
ousaram ainda mais. Repetiram essas fragmentações até saturar o plano, com o
que conseguiram alcançar um de seus maiores objetivos: a simultaneidade.
A estética futurista centra-se na representação do mundo industrial: o
frenesim urbano, a máquina, a velocidade, o ruído.
A procura de uma solução formal que representasse o dinamismo
(procura fazer eco do tempo que rege o dinamismo universal) conduziu os
futuristas à:
❏ diluição das formas;
❏ justaposição das imagens fugazes que passam na retina em frações de segundo;
❏ decomposição da realidade em segmentos representando pontos de vista simultâneos
que se interpenetram numa amálgama de movimento, som e cintilações de luz.
Os futuristas aproximam-se dos cubistas partilhando o simultaneísmo e a
decomposição fragmentada.
Carlo Carrà, um dos grandes nomes do movimento artístico futurista,
presenciou o conflito ocorrido no funeral entre os presentes e a polícia, e
anos depois pintou a obra, que demonstra o movimento dos corpos, a tensão,
e as diversas bandeiras negras que carregavam o ideal libertário.
❏ Decomposição de planos e fracionamento do objeto.
❏ Linhas e formas justapostas.
❏ Repetição do mesmo motivo numa sucessão de imagens.
❏ Diluição das formas.
❏ Justaposição de imagens.
Temas:
❏ A velocidade/ o movimento;
❏ A indústria e a tecnologia (fábricas, máquinas,
eletricidade, comboio, avião, …);
❏ Multidões;

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❏ Grandes cidades e seu bulício;


❏ Ruído.
Técnica:
Representação do dinamismo através de:
❏ Diluição das formas;
❏ Justaposição de imagens fugazes;
❏ Decomposição da realidade em segmentos.

Escultura
Porquê futurista?
Desdobramento de planos e formas vistos em diferentes posições

Sensação de movimento

Dinamismo
Boccioni pretende explorar a noção de velocidade. Embora o
resultado (físico) seja um retrato a três dimensões, o corpo em
movimento introduz uma quarta dimensão, o tempo. Na sua "luta"
contra essa força invisível, o corpo vai-se deslocando, deixando para
trás pedaços de si.
A figura humana, que parece caminhar, está representada em
diferentes momentos simultaneamente.
Procura-se neste estilo expressar o movimento real, registando a
velocidade descrita pelas figuras em movimento no espaço. O artista
futurista não está interessado em pintar um automóvel, mas captar a forma plástica a
velocidade descrita por ele no espaço.

Em síntese (Futurismo):
❏ temas associados à guerra;
❏ temática associada à velocidade, à vida agitada e ruidosa das cidades modernas;
❏ influência do cubismo através da geometrização e da sobreposição de planos;
❏ decomposição geométrica das formas, através de linhas quebradas em ângulo agudo
e/ou em curvas sinuosas;
❏ multiplicação e simultaneidade dos pontos de vista;
❏ representação do dinamismo e do movimento, através dos seus efeitos na visualização
dos objetos e da decomposição do movimento;
❏ decomposição das cores e da luz;
❏ desmaterialização dos corpos e dos objetos;
❏ captação da energia, da luz e do movimento em imagens sobrepostas.

Dadaísmo
(Suiça, 1916)
O dadaísmo ou movimento dadá (dada) foi um movimento artístico iniciado em

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Zurique, em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, no


chamado Cabaret Voltaire.
A palavra dada, escolhida ao acaso do dicionário francês,
foi adotada como designação do grupo, significa "cavalo de
madeira“, o que exprime a opção dos artistas pelo ilógico, o
escandaloso, o desconcertante.
Unidos pela mesma fome de absurdo, pela necessidade
compulsiva de destruir os fundamentos da Arte, os dadaístas
exprimiram-se das formas mais díspares:
Hugo Ball, no Cabaret Voltaire, em 1916: clube noturno,
em Zurique, onde surgiu o dadaísmo.
O que é? O que defende?

→ RUTURA TOTAL DE VALORES


Niilismo, negação de todos os princípios,
religiosos, políticos e sociais.
Necessidade de destruir os fundamentos da
Arte.
Um desprezo pelo mundo violento sacudido
pela guerra, pela sociedade e pelas suas regras,
um desprezo pela própria arte que é o reflexo
dos homens e do mundo.

Meios de contestação usados:


❏ Textos provocatórios;
❏ Desconstrução da linguagem;
❏ Transformação da obra de arte em algo
absurdo, insólito;
❏ Recurso ao acaso (na produção artística);
❏ Utilização de materiais degradados;
❏ Transformação de objetos industriais em obras de arte (ready -made).
Em que consiste o ready-made?
Atribuir valor artístico a um objeto que não o tem.
O artista escolhe um objeto qualquer, deslocaliza-o para um espaço
consagrado à arte onde adquire novos sentidos e significados , elevando-se à
categoria de arte.
Kurt Schwitters (1887-1948)
Que técnica foi usada nesta obra?
Assemblage
Colagem de objetos encontrados
Jogo de texturas e cor

Que são os princípios dadaístas?

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O absurdo – o nonsense
A renúncia à criação – a antiarte
A ironia, o sarcasmo O ceticismo total

Qual é a sua mensagem geral?


Destruir a ordem, Estabelecer o caos

Surrealismo
(França, 1924)
Em 1924, André Breton publica o Manifesto do Surrealismo.
Transpondo para a arte o imenso campo do inconsciente aberto por Freud, os
surrealistas exprimiam-se a partir do “automatismo psíquico puro”, isto é, procurando
abstrair-se da racionalidade.
A representação dos sonhos e das sensações, o desenho e a escrita automáticos
revelariam, assim, um mundo que se sobrepõe ao real.
Sob a influência de Freud e da psicanálise, o surrealismo mergulhava nas profundezas
do inconsciente e reduzia todas as expressões artísticas a um meio de explorar o psiquismo
dos seus autores. Deste modo o “modelo” da arte que “erradamente”, tinha sido sempre
procurado na realidade exterior, deslocava-se para o mundo da interioridade, era agora
procurado na mente do artista.
Para os surrealistas, o inconsciente era a única forma de alcançar a originalidade e a
autenticidade.
O surrealismo descobriu uma nova dimensão artística: a aparência da realidade foi
substituída pelo domínio do inconsciente e pela representação das imagens remotas da mente.
Cada artista encontrou a sua própria forma de representação da realidade, através da:
❏ figuração;
❏ abstração.

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O sono é das telas mais emblemáticas do


artista surrealista. A pintura ilustra uma cabeça
mole e sem corpo, amparada por muletas durante o
repouso. Os surrealistas davam muita importância
ao período do sono porque era durante esses breves
instantes que se tinha acesso aos sonhos e ao
inconsciente.
Dali procurou transcender o mundo da
razão para capturar o onírico, torná-lo seu e
transformá-lo em arte. O génio do surrealismo
criava o que ele mesmo chamou de “fotografias de
sonhos pintadas à mão”, mundos em momentos bizarros, panoramas assustadores, mas
hipnóticos, que ainda hoje nos fascinam tanto.
Quando Dalí pintou A Persistência da Memória, a
sua prática artística foi guiada pelo peculiar "método
crítico-paranóico". Desenvolvida pelo artista em 1930, a
técnica baseia-se em paranoias e alucinações
autoinduzidas para facilitar a criação de uma obra de arte.
Nesta obra encontramos os famosos símbolos do
pintor: o relógio derretido, as formigas, as pinceladas
oníricas. Dali odiava formigas, integra-as no quadro como
símbolo da putrefação.
O próprio Dalí está presente, na forma da cabeça
adormecida que já havia aparecido noutros quadros. O seu autorretrato caricaturado, está no
plano central da obra, coberto por um relógio derretido.

Os caminhos da literatura
Na literatura o combate pela liberdade artística é igualmente travado: a substituição de
uma narrativa descritiva do exterior pela representação do sujeito narrativo (por exemplo, em
Proust), a fusão entre a palavra e forma (nomeadamente, nos poemas caligramados de
Apollinaire) - cubismo, a escrita automática, de pendor dadaísta (em Paul Éluard e em André
Breton) e, finalmente, o monólogo interior de James Joyce condensam algumas das
revoluções que transformaram para sempre o conceito de literatura do século XX.
A literatura é marcada pela descoberta da importância do inconsciente e do irracional,
a nova noção de espaço e de tempo (a narrativa deixou de ser linear e previsível). A literatura
moderna procurou construir outra realidade: os romances tornaram-se fragmentados,
retratando parcelas dos personagens, do espaço e do tempo, com a narração simultânea, que
recua e avança no tempo.
As transformações refletem o relativismo e o ceticismo, bem como as descobertas
freudianas do inconsciente. O herói é substituído pelo anti-herói, que se revela nas suas
fragilidades, assumindo um “Eu” instável, repleto de dúvidas e de contradições.
A necessidade de renunciar à descrição do real, e de procurar outra realidade, tornou a
literatura do séc. XX mais introspetiva, subjetiva e intelectualizada. O leitor passou a ter um
papel mais ativo na construção do sentido da narrativa; por isso, verificou-se um afastamento

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entre o público e os autores.


Porque é que Apollinaire afirma “Eu também sou pintor”?
Calligrammes:
Eles representam uma idealização da poesia de verso livre e uma necessidade
tipográfica na época em que a própria tipografia termina brilhantemente
a sua carreira, na aurora dos novos meios de reprodução que são o
cinema e o fonógrafo. (…) No que diz respeito à pontuação, eu a
suprimi, apenas porque ela me pareceu inútil: o próprio ritmo e o corte
dos versos, aí está a verdadeira pontuação (…) Eu também sou pintor.
Um caligrama é um poema em que as letras são organizadas para
formar um desenho, figura ou pictograma. Neste caso as letras formam
um pássaro, um chafariz e um olho.
À semelhança do que aconteceu nas artes
plásticas e, pelos mesmos motivos, no campo das
letras ocorre uma verdadeira revolução que pôs em
causa, por vezes de forma radical, os valores e as
tradições literárias.
Guillaume Apollinaire, poeta francês (1880-1918), acompanhou
com entusiasmo a revolução cubista e procurou encontrar um paralelo
entre a poesia e a pintura. Em 1914 publica os seus primeiros
«caligramas», poemas de uma só página cujas frases, fragmentadas, se
dispõem de forma a refletir o sentido do texto. Assim, tal como os
quadros cubistas, o poema necessita de ser decifrado e reconstruído
pelo leitor.
Karawane foi o primeiro poema fonético da história do dadaísmo, consiste em
articular fonemas e interjeições sem significado.

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