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DIREITO PENAL CONSTITUCIONAL A proibição de incriminação de condutas socialmente

inofensivas
Vedação ao tratamento degradante, cruel ou de caráter
1. VISÃO GERAL vexatório
Assim prevê a Constituição no seu artigo 1º
Integram o Direito Penal Constitucional:
Princípios e regras penais presentes na Constituição
Valores consagrados expressa e implicitamente, que
inspiram a seleção dos bens penalmente relevantes
Os mandados de criminalização ou penalização
Os limites ao exercício do direito de punir do Estado
Fonte material ou de produção das leis penais 2.2 Princípio da Reserva Legal ou da estrita
Perdão constitucional (anistia, graça e indulto) legalidade (ou Legalidade)
Infrações penais de menor potencial ofensivo

Diferença entre princípios e regras

nulla poena sine lege, nullum crimen sine poena legali e


nulla poena sine crimine
Consequências:
Proibir a retroatividade da lei penal
Proibir a criação de crimes e penas pelo costume
Proibir o emprego de analogia para criar crimes,
fundamentar ou agravar penas
Proibir incriminação vagas ou indeterminadas
Legalidade penal: Não há crime sem lei anterior que o
defina, nem pena prévia sem cominação legal (art. 5°, inc.
XXXIX, CF)
Art. 1°, do CP
Não confundir legalidade penal com a legalidade em
sentido amplo (ninguém será obrigado a deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei)
A legalidade possui conteúdo:
Jurídico: por determinar que deve haver lei formal e
anterior para que um fato seja considerado crime, por
impedir a retroatividade da lei penal mais gravosa, por
não permitir que um fato típico seja previsto em uma
portaria
Político: por representar uma conquista da sociedade e
uma garantia do povo de que o poder será exercido
Patamares hierárquico(grau de importância) dos segundo a sua vontade, que, na democracia
princípios representativa, se expressa justamente na aprovação
Princípios basilares ou estruturantes: dignidade de uma lei
humana, legalidade e culpabilidade Cláusula pétrea
Princípios derivados ou decorrentes: humanidade da Ainda com a extirpação do CP, a reserva legal atuará
pena, da retroatividade benéfica da lei penal, da como vetor do sistema
insignificância, da adequação social, da alteridade, da Segurança jurídica
exclusiva proteção dos bens jurídicos, da Impedir punições criminais sem base em lei escrita
ofensividade(lesividade), intervenção mínima ... Subsunção perfeita entre a conduta realizada e o
Todas as regras do ordenamento modelo abstrato contido na lei penal
Somente lei ordinária ou complementar pode criar
2. PRINCÍPIOS EM ESPÉCIE crimes ou agravar penas
O princípio da Legalidade se estende as medidas de
2.1 Princípio da dignidade da pessoa humana segurança e as contravenções penais (STF)
Fixa a medida de segurança com no máximo 30 anos
O ser humano como fim último da atuação estatal
O princípio da legalidade se estende à Execução Espécies:
Penal In malam partem: prejudicial ao agente(VEDADA)
Fundamento In bona partem: benéfica ao agente(PERMITIDA)
Isonomia No Direito Brasileiro as possibilidades de lei penal incompleta
A lei penal vale para todos (aquelas que dependem de complemento) são:
Necessidade de garantir a segurança jurídica quanto a Tipo aberto (Complementação valorativa)
fruição da liberdade individuais Ex: Crime culposo
Competência Legislativa Norma penal em Branco (Complementação normativa)
Competência privativa da União legislar sobre Direito Própria, em sentido estrito ou heterogênea: quando o
Penal (art. 22, I, CF) seu complemento está em norma de fonte normativa
Exceção: competência legislativa suplementar, de ordem diversa, ou seja, não está prevista em lei em sentido
facultativa formal
A Lei poderá autoriza os Estados a legislar sobre Imprópria, em sentido amplo ou homogênea: é a norma
questões específicas penal incompleta cujo complemento provém da mesma
fonte normativa, ou seja, de lei em sentido formal
No Direito Penal é necessário a legalidade:
Pode ser:
Formal: a legalidade formal diz respeito ao devido
Homovitelina: caso o complemento normativo esteja no
processo legislativo (lei vigente) mesmo documento legal, a norma penal em branco
A previsão do princípio do devido processo penal, na homogênea será denominada homovitelina
Constituição, está no artigo 5º, LIV: Heterovitelina: caso o complemento normativo da lei
penal em branco homogênea esteja situado em
documento legal diverso, será denominada de
Material: a legalidade material se relaciona ao conteúdo heterovitelina
da lei, exigindo que haja respeito à Constituição Norma penal em branco ao quadrado: é aquela cujo
complemento também necessita de complemento de
Federal e aos Tratados Internacionais de Direitos
outra norma
Humanos (lei válida)
Norma penal em branco ao quadrado: é aquela cujo
Os costumes devem atuar com auxiliares na complemento também necessita de complemento de
compreensão dos elementos normativos do tipo outra norma

2.2.1 O princípio da Reserva legal: 2.2.3 Jurisprudência


Decorre do princípio da legalidade Interceptação não autorizada de sinal de TV a cabo não
Determina que deve haver lei formal para a previsão caracteriza furto, sob pena de analogia in malam partem
de crimes e contravenções penais. Isto é, não basta A imposição do dia do cometimento da falta grave como
haver um ato normativo que preveja a conduta e lhe data-base para reinício da contagem do prazo para
comine certa sanção progressão e outros benefícios não viola o princípio da
Veda o uso dos costumes e da analogia para criar legalidade (Sumula, 534, STF)
tipos penais incriminadores ou agravar as infrações
existentes, embora permita a interpretação 2.3 Princípio da Anterioridade
analógica da norma penal
Às emendas constitucionais só podem instituir novos O crime e a pena devem-se encontrar definido em lei
princípios ou regras, mas nunca modificar cláusulas anterior ao fato
pétreas A lei penal produz efeitos a partir da data em que entra
Medidas provisórias não podem versar sobre direito em vigor
penal (art. 62, §1°, I, b, CF). In bonam partem As leis jamais retroagirão, salvo para beneficiar o réu.
podem Sua previsão está expressa no artigo 5º, XL, da
Constituição:

É proibida a aplicação penal durante seu período de


vacatio legis
2.2.2 Princípio da Taxatividade ou mandato de certeza
(lege certa) 2.3 Princípio da culpabilidade
São inconstitucionais tipos penais vagos
A lei penal deve ser concreta e determinada em seu conteúdo
Nulla crimem sine culpa
A lei penal deve ser taxativa, descrevendo claramente o
ato criminoso Art. 5°, inc. LVII, da CF
Analogia Não há crime sem culpabilidade
Método de integração do ordenamento jurídico Retirar do direito penal a responsabilidade penal
Aplica regra existente para caso semelhante, quando não há objetiva, instituindo a culpabilidade subjetiva aquela
previsão legal instituída sem dolo ou culpa
A doutrina divide em: A lei penal retroagirá para beneficiar o réu (art. 2°, CP)
Culpabilidade pelo fato individual: se volta ao A retroatividade benéfica não se estende às normas de
desvalor do fato praticado, analisando-se o modo de caráter estritamente processual (art. 2°, CPP), o ato
execução e as circunstâncias do crime, por exemplo processual deve ser praticado de acordo com lei vigente ao
Culpabilidade do autor: valora o sujeito ativo do seu tempo
delito, em razão de sua conduta social, personalidade e Em caso de normas mistas ocorrerá a retroatividade em
antecedentes caso de beneficialidade.

2.3.1 Teoria normativa pura da culpabilidade 2.5 Princípio da insignificância ou bagatela


Adotada pelo CP
A culpabilidade constitui-se de um juízo de reprovação O princípio da insignificância, também chamado de
que recai sobre o autor de um fato típico e bagatela, preconiza que o Direito Penal não deve se
antijurídico, presente sempre que o agente for preocupar com bagatelas, isto é, a configuração de uma
imputável (26 a 28 do CP), puder compreender o infração penal exige que haja uma ofensa de alguma
caráter ilícito do fato (21, do CP) e dele se puder gravidade ao bem jurídico protegido
exigir conduta adversa. Condutas causadoras de danos ou perigos ínfimos aos
O princípio da culpabilidade deve ser entendido com a bens penalmente protegidos são considerados
necessidade aferição, para a imposição da pena dos (materialmente) atípicas
seguintes elementos: Natureza jurídica
Imputabilidade Existem a:
Possibilidade de compreender o caráter ilícito do Tipicidade formal: subsunção do fato à norma.
fato Tipicidade material: relevância da lesão ou ameaça
Exibilidade de conduta diversa de lesão ao bem jurídico
A bagatela é causa de exclusão da tipicidade das
2.3.2 As modalidades de erro jurídico-penal condutas
São duas modalidades de erro que o agente operou que Mais especificamente exclui-se sua tipicidade
pode conduzir à sua irresponsabilidade penal material, devido a falta de lesão ou perigo ao bem
jurídico
Erro de tipo
Sua presença acarreta a atipicidade do fato
O erro retira a noção que ato praticado possui caráter
A insignificância penal expressa um necessário juízo de
criminoso, afastando o dolo (art. 20, caput, CP)
razoabilidade e proporcionalidade de condutas que, embora
Quando o sujeito capta incorretamente a realidade que
formalmente encaixadas no molde legal-punitivo,
o circunda, de tal modo que em sua mente forma-se
substancialmente escapam desse encaixe
uma ideia dos acontecimentos diversa da que
A aplicação do princípio da insignificância envolve um juízo
efetivamente ocorre
amplo, que vai além da simples aferição do resultado
material da conduta, abrangendo também a reincidência ou
Erro de proibição contumácia do agente, elementos que, embora não
O desconhecimento da ilicitude do ato, quando inevitável, determinantes, devem ser considerados
exclui a culpabilidade, isentando o agente de pena (art.
Somente o poder Judiciário é dotado de poderes
21, CP)
para efetuar o reconhecimento da insignificância,
Embora tenha plena consciência da realidade ao seu
redor, perfaz uma conduta criminosa, mas crê, portanto a autoridade policial não pode (STJ)
sinceramente, que seu agir é lícito
2.5.1 Requisitos objetivos da insignificância segundo o STF
2.3.3 Reflexos do princípio da culpabilidade (Acróstico MARI)
Proibição da responsabilidade penal objetiva, aquela em
que a pena é imposta sem que o fato tenha sido praticado Mínima Ofensividade da conduta
dolosa ou culposamente (princípio da responsabilidade penal Ausência de Periculosidade social da ação
subjetiva) Reduzido grau de Reprovabilidade do comportamento
Proibição da imposição da pena sem os elementos da Inexpressividade da Lesão jurídica provocada
culpabilidade (imputabilidade, potencial consciência da
ilicitude e exibilidade de conduta adversa) 2.5.2 Requisitos subjetivos segundo o STJ
Outorga de relevância às modalidades de erro jurídico-
penal como excludentes Referem-se ao agente e a vítima do fato
Graduação da pena segundo o nível de censurabilidade Extensão do dano
do fato praticado Importância do objeto material para a vítima, sua situação
econômica e o valor sentimental referente ao bem
Circunstâncias e resultado do crime
2.4 Princípio da retroatividade benéfica da lei
Para determinar se houve lesão significativa ao bem
penal jurídico-penal
Condições pessoais do ofendido
Importância do objeto para a vítima, por meio da condição O princípio da insignificância afasta a tipicidade(material),
econômica, valor sentimental, circunstâncias e resultado do já a bagatela imprópria exclui a culpabilidade no
crime comportamento praticado
Condições pessoais do agente Aplica-se quando há ínfimo desvalor da culpabilidade,
Existência de contumácia delitiva ausência de antecedentes criminais, reparação dos danos,
Reincidente reconhecimento da culpa ou a colaboração com a justiça, os
Divergência jurisprudencial sobre a possibilidade quais, analisados globalmente no caso concreto pode tornar a
Criminoso habitual imposição da pena desnecessária
Não tem possibilidade Não aplica-se aos crimes e contravenções aos crimes
Militares praticados contra mulher no âmbito das relações
Não tem possibilidade domésticas. Súmula 589, STJ
Diferente da insignificância o indivíduo é processado, mas o
2.5.3 Jurisprudência poder judiciário recomenda a exclusão da pena, funcionado
O princípio da insignificância não é aplicado para o porte como causa supralegal de extinção da punibilidade
de droga para uso pessoal, por militar, em local sujeito à Matéria infraconstitucional
O STF já reconheceu que não há repercussão geral,
administração castrense
requisito de admissibilidade para exame de recurso
O princípio da insignificância não é aplicado para crimes
extraordinário, quanto se trata de princípio da
previstos nas leis de drogas, pois são de perigo abstrato e insignificância
tutelam a saúde pública. Mas em situações extremas já foi Furtos em continuidade delitiva, não se aplica o princípio
admitido da insignificância
O princípio da insignificância é aplicado ao crime de Registros criminais pretéritos impedem a aplicação do
descaminho (art. 130, CP) sempre que o valor do tributo e princípio da insignificância
acessórios não exceder R$20.000,00 Furto cometido mediante ingresso sub-reptício: não se
O princípio da insignificância não é aplicado ao crime de aplica a insignificância (STF)
contrabando (art. 334-A, do Código Penal) Furto qualificado: não se aplica a insignificância (STF)
O princípio da insignificância não é aplicado ao crime de Furto de aparelho celular: é possível a aplicação do
roubo (art. 157, CP), bem como aqueles praticados com princípio, desde que não caracterize violência ou grave
grave ameaça ou a violência à pessoa ameaça (STF)
Crime contra a Administração Pública (peculato) Crime ambiental: é possível a aplicação do princípio
STF: aplica-se a insignificância para crimes contra a
desde que demonstrada a ínfima ofensividade ao bem
Administração Pública em situações extremas
ambiental tutelado (STJ)
STJ: não aplica-se a insignificância para crimes contra a
Administração Pública (Sum. 599, STJ) O STF tem jurisprudência no sentido de que o princípio
O princípio da insignificância não é aplicado em crime da insignificância, notadamente em casos de furto, deve
que o bem jurídico tutelado é a fé pública (moeda falsa) ser analisado tendo em conta não apenas a expressão
Delitos previstos no Decreto-lei n. 201/67 (crimes de econômica do bem, mas diversos fatores, tais como a
responsabilidade de Prefeitos Municipais) presença de eventuais qualificadoras, da agravante da
STF: aplica-se o princípio da insignificância reincidência.
STJ: não se aplica o princípio da insignificância O STJ, em relação ao vetor correspondente à “ínfima
Porte ilegal de munição lesão jurídica” em relação ao crime de furto, adota um
Não se aplica a insignificância por se tratar de critério tarifado no sentido de que o bem furtado não
crime de perigo abstrato poderá exceder a um valor correspondente a 10% do
Aplica-se a insignificância em situações extremas salário-mínimo vigente à época dos fatos.
Posse ilegal de munição
Tem se aplicado a insignificância (STF) 2.6 Princípio da individualização da pena
Rádio pirata
Não se aplica o princípio da insignificância (Súmula O princípio da individualização da pena é a exigência de
606, STJ) se respeitar a proporção entre a conduta praticada e a
Ato Infracional pessoa do autor. Veda-se, assim, a padronização de
“conduta descrita como crime ou contravenção penal, punições
praticado por adolescente (12 a 18 anos incompletos) Art. 5°, inc. XLVI, da CF
STF: aplica-se o princípio da insignificância

Princípio da bagatela imprópria


A bagatela imprópria, reservada para aqueles casos em que,
ainda que a lesão ou ameaça de lesão se mostrem relevantes,
incida o princípio da desnecessidade da pena.
São casos em que há uma lesão ou ameaça de lesão
significativa a um bem jurídico, mas as circunstâncias que
envolvem o caso demonstram que a pena é prescindível A aplicação da pena leva em conta não a norma penal em
naquele caso abstrato, mas os aspectos subjetivos e objetivos do crime
Esta inclusão dos crimes de perigo tem sido nomeada de
espiritualização do Direito Penal
2.7 Princípio do fato
2.11 Princípio da imputação pessoal
O Estado, no exercício do ius puniendi, não pode
sancionar condutas puramente subjetivas Não se admite a punição quando se tratar de agente
Não se pode exercer o direito de punir um inimputável, que atue sem culpabilidade
procedimento humano não caracterizado por meio de uma
ação ou omissão indevida 2.12 Princípio da responsabilidade pelo fato

2.8 Princípio da alteridade ou transcendentalidade Não se admite um direito penal do autor, mas somente
um direito penal do fato
O princípio da alteridade assinala que, para haver crime, A pena se destina ao agente culpável condenado, após o
a conduta humana deve colocar em risco ou lesar bens de devido processo legal, pela prática de um fato típico e
terceiros, e é proibida a incriminação de atitudes que não ilícito
excedam o âmbito do próprio autor
Criado por Claus Roxin 2.13 Princípio da pessoalidade, personalidade ou da
O Direito Penal somente pode incriminar intranscendência da pena
comportamentos que produzem lesões a bens alheios
Fatos que não prejudiquem terceiros, apenas o próprio O princípio da pessoalidade ou da personalidade
agente, são irrelevantes penais determina que a pena não pode passar da pessoa do
Exemplo: não se pune a tentativa de suicídio ou de condenado. Ninguém pode, portanto, ser responsabilizado
consumir drogas pela conduta de outra pessoa
Ninguém pode ser responsabilizado por fato cometido
2.9 Princípio da confiança por terceira pessoa
A pena não pode passar da pessoa do condenado (art. 5°,
O princípio da confiança funda-se na legítima XLV, da CF)
expectativa de que os demais indivíduos da sociedade
agirão em conformidade com as regras sociais.
Presume-se que todas as pessoas agirão de forma
responsável, em razão do dever objetivo de cuidado que
O postulado da intranscendência impede que sanções e
incide sobre todos
restrições de ordem jurídica superem a dimensão
Requisito para existência de fato típico
estritamente pessoal do infrator
As únicas exceções à intranscendência da pena são a
2.10 Princípio da exclusiva proteção de bens obrigação de reparar o dano e a decretação do
jurídicos perdimento de bens, devendo ambas respeitar o limite do
patrimônio transferido quando estendidas aos sucessores
O Direito Penal não pode tutelar valores meramente A pena de multa não é exceção à instranscendência
morais, religiosos, ideológicos ou éticos, mas somente atos da pena. Portanto, a morte do autor acarreta a
atentatórios a bens jurídicos fundamentais consagrados extinção da punibilidade
pela Constituição Federal
2.14 Princípio da responsabilidade penal subjetiva
2.10.1 Eleição de bens jurídicos e teoria da
constitucionalização do Direito Penal Nenhum resultado penalmente relevante pode ser
Alguns autores defendem que a Constituição é a único atribuído a quem não o tenha produzido por dolo ou culpa
documento que pode trazer os bens jurídicos tutelados Art. 19, do CP
pelo Direito Penal Exclui-se a responsabilidade penal objetiva
Outros entendem que mesmo bens jurídicos não
trazidos no texto constitucional podem ser tutelados por
2.15 Princípio da ofensividade ou lesividade
normas penais incriminadoras, desde que não incompatíveis
com ele
Não há crime sem lesão efetiva ou ameaça concreta
ao bem jurídico tutelado
2.10.2 Espiritualização de bens jurídicos no Direito Penal
Nullum crimen sine injuria
Anteriormente só se configurava infração penal quando
Exigência do resultado jurídico concreto na avaliação da
presente uma lesão a interesses individuais das pessoas
tipicidade penalização
Passou-se a incriminar condutas limitadas à causação do
Segundo Nilo Batista o princípio da lesividade
perigo (crimes de perigo abstrato e concreto)
apresenta 4 funções:
Proibir a incriminação de uma atitude interna O princípio da adequação social determina que o Direito
Proibir a incriminação de uma conduta que não Penal só deve considerar criminoso um fato que contrarie o
exceda o âmbito do próprio autor sentimento de justiça da comunidade. As condutas
Proibir a incriminação de simples estado socialmente aceitas e que não afrontam a Constituição
existenciais Federal devem ser excluídas do âmbito da norma
Afastar a incriminação de condutas desviadas que A ação para possuir relevância penal deve ser mais que
não afetem qualquer bem jurídica uma atitude finalisticamente orientada, deve ser a prática
Acolhendo este princípio tornam-se inconstitucionais de um ato socialmente inadequado
crimes de perigo abstrato (presumido). Nestes o tipo se Ações socialmente adequadas são atividades nas quais a
limita a descrever uma conduta vida em comunidade se desenvolve segundo a ordem
Porém a doutrina e a jurisprudência admitem os crimes de historicamente estabelecida
perigo abstrato, pois consideram lícito ao legislador A adequação social deve servir de parâmetro ao
dispensar o perigo como elementar do tipo, sempre que legislador, a fim de que, no exercício de sua função
experiência demonstrar que a ação é perigosa, coibindo
seletiva, verifique quais atos humanos são merecedores
ações potencialmente lesivas em seus estágios embrionários
de punição, abstendo-se do atos socialmente adequados
Causa supralegal de exclusão da tipicidade (tese
2.16 Princípio da intervenção mínima
minoritária)

Significa que é legítimo a intervenção penal apenas


2.17.1 Jurisprudência
quando a criminalização de um fato se constitui meio
Casa de prostituição (art. 129, CP):
indispensável para a proteção de determinado bem ou
Cabe somente ao legislador o papel de revogar ou modificar
interesse, não podendo ser tutelado por outros ramos do a lei penal em vigor, de modo que inaplicável o princípio da
ordenamento adequação social caso (STF)
O direito penal deve ser a última fronteira (ultima Violação de direitos autorais “pirataria”:
ratio) de controle social, uma vez que atingem mais O princípio da adequação social reclama aplicação criteriosa,
intensamente a liberdade individual a fim de se evitar que sua adoção indiscriminada acabe por
Originou-se com a Declaração dos Direitos do Homem e incentivar a prática de delitos patrimoniais, fragilizando a
do Cidadão (1789), como forma de garantir que a tutela penal de bens jurídicos relevantes para vida em
intervenção estatal no plano individual se dê só quando sociedade
necessária
Nomomia ou nomorreia: crescimento patológico da 2.18 Princípio do ne bis in idem (dupla punição pelo
legislação penal, ocasionando descrédito do sistema mesmo fato)
criminal
É o princípio que veda a dupla punição pelo mesmo fato,
2.16.1 Subsidiariedade bem como a dupla valoração de um mesmo fato para
Significa que o Direito Penal só é cabível unicamente agravamento da pena. Também se proíbe a execução em
quando outros ramos do Direito e outros meios de dobro de uma pena, bem como que o indivíduo seja
controle social forem impotentes para o controle da processado duas vezes pelo mesmo crime
ordem pública Uma vez posta e executada a sanção, esgota-se a função
O DP funciona como um executor de reserva, quando da pena
meios mais brando e menos invasivos da liberdade individual Consagrado no Pacto de São José da Costa Rica
não forem suficientes para a proteção do bem jurídico Súmula 241 do STJ

2.16.2 Fragmentariedade 2.18.1 A vedação do duplo apenamento nos casos de


O direito penal deve atuar senão quando diante de um extraterritorialidade da lei penal brasileira
comportamento que produz grave lesão ou perigo a um bem Art. 7°, §2°, letra d e 8°, do CP, ambos relativos a
jurídico fundamental para a paz e convívio em sociedade aplicação a lei brasileira a fatos praticados no estrangeiro
Cabe ao Direito Penal atribuir relevância somente a Quando se referir as hipóteses de
pequenos fragmentos de ilicitude extraterritorialidade, presentes no art. 7°, inc. II e no
Num vasto oceano de antijuricidade, os crimes são como §3°, a aplicação da lei brasileira não se dará quando o
pequenas ilhas que, de maneira fragmentária e descontínua, agente for absolvido no estrangeiro ou tiver aí cumprido
despontam dentre os demais atos proibidos pena
Fragmentariedade às avessas Quando se referir as hipóteses de extraterritorialidade
Quando um comportamento inicialmente típico deixa incondicionada será indiferente para efeito de aplicação da
de interessar ao Direito Penal lei brasileira se o autor foi absolvido ou cumpriu pena no
exterior. Quando as sanções idênticas elas se compensam,
2.17 Princípio da adequação social se são diferentes o apenado cumpre a diferença em
território brasileiro
2.18.2 Detração
Art. 42, CP 2.21 Princípio da proporcionalidade
Se computa na pena privativa de liberdade e na medida
de segurança, o tempo de prisão ou de internação 2.21.1 Histórico
provisórias. É o limite do poder estatal em face da esfera individual
dos particulares
2.18.3 Dosimetria da pena Busca-se o equilibro entre o objetivo que norma
Art. 61, caput, CP procura almejar e os meios dos quais ela se vale
Só é lícito ao magistrado sentenciante valorar o mesmo Associa-se à proibição do excesso
dado concreto uma única vez durante a dosimetria Associa-se a proibição da proteção deficiente
Súmula n.241, do STJ Separado em:
Proporcionalidade abstrata (legislador)
2.18.4 Aspecto processual penal Proporcionalidade concreta (juiz da ação penal)
Não pode ser instaurado novo processo versando a Proporcionalidade executória (órgãos da execução
respeito de fato idêntico àquele tratado em outra ação penal)
penal, com trânsito em julgado
2.21.2 Fundamento Constitucional
2.18.5 Conflito aparente de normas Fundamenta-se com a cláusula do Estado Democrático
Proibi-se que o mesmo fato concreto seja subsumido a de Direito (art. 1°, CF)
mais de uma norma penal incriminadora Sendo a ferramenta hermenêutica incorporada ao
processo decisório com aptidão bastante a sindicar uma
2.19 Princípio da Isonomia ou igualdade determinada medida – de caráter coativo, em nossa
hipótese de estudo – assumida para a consecução de um
Obrigação de tratar igualmente os iguais, e específico fim
desigualmente os desiguais, na medida de suas
desigualdades 2.21.3 Conteúdo analítico do princípio da proporcionalidade
Ele desdobra em:
2.20 Princípio da humanidade Adequação (idoneidade da medida adotada)
Deve-se verificar os meios utilizados pelo legislador
As normas penais devem oferecer tratamento são idôneos para a consecução do fim perseguido
humanizado aos sujeitos ativos de infrações penais, pela norma. Penalmente, verifica-se quando a norma
vedando-se a tortura, o tratamento desumano ou regula comportamento socialmente relevante e
degradante (art. 5°, III), penas de morte, de caráter referido expressa ou implicitamente em algum valor
perpétuo, cruéis, de banimento ou de trabalhos forçados constitucional
(Art. 5°, XLVII) Necessidade (exibilidade do meio adotado)
Há efeitos específicos deste princípio previstos no Verifica-se os meios lesivos escolhidos pelo
artigo 5º, inciso XLVII, da Constituição: legislador, verificando se são, entre os eficazes e
cabíveis, os menos gravosos. Penalmente, utiliza-se
os princípios da intervenção mínima ou
subsidiariedade
Proporcionalidade em sentido estrito (comparação da
restrição imposta com a ofensa praticada)

2.21.4 A proibição do excesso


Reflexo do princípio da insignificância
Portanto, é o princípio da humanidade que veda a pena É vedado a cominação e aplicação de penas em dose
de morte (salvo em caso de guerra), as penas de exagerada desnecessária
caráter perpétuo, as penas de trabalhos forçados, as de Há situações em que o juiz deve desclassificar
banimento e, de modo geral, as cruéis determinadas condutas sob pena de uma gritante
O princípio da humanidade veda que o legislador adote desproporcionalidade entre a pena prevista e a pouca
sanções penais violadoras da dignidade da pessoa gravidade do fato
humana, atingindo de forma desnecessária a incolumidade
físico-psíquica do agente 2.21.5 A proibição de proteção deficiente
Decorre da dignidade da pessoa humana Consiste em não permitir a ineficácia da prestação
As penas perpétuas também não são admitidas, legislativa, de modo a desproteger bens jurídicos
prevendo nosso ordenamento jurídico limite fundamentais
Para a duração das penas, atualmente de 40 anos, nos
termos do artigo 75 do Código Penal (Pacote anticrime) 2.22 Princípios do Garantismo
O garantismo consiste em um conjunto de princípios que
visam a garantir os direitos do acusado no curso do
processo penal
Existem três acepções para o garantismo penal:
A vinculação do Poder Público ao Estado de Direito,
com a maximização da liberdade dos indivíduos e
limitação do poder punitivo.
Distinção entre validade e vigência, não devendo o juiz
aplicar as leis que, embora vigentes, não sejam válidas
por serem incompatíveis com o ordenamento jurídico.
A necessidade de que o ponto de vista interno, o
jurídico, se adeque ao ponto de vista externo, ético-
político, devendo o Estado justificar suas medidas
jurídicas sob o ponto de vista da justiça e da validade,
com base nos bens e interesses que tutela

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