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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA 20ª VARA CIVEL DO FORO


CENTRAL DA COMARCA METROPOLITANA DE CURITIBA-PR

Autos nº. 2029/2009


RODAL ASSESSORIA E LOGÍSTICA DE
TRANSPORTES LTDA, já qualificada nos autos em epígrafe da AÇÃO
INDENIZATÓRIA aforada por LUCIVAL ALVES AMORIM E ANDRÉ
ALVES AMORIM, já qualificado, por seus patronos vem à presença de
Vossa Excelência, resistir à pretensão inserta na peça de ingresso pelas
razões que seguem:

1 - PRELIMINARMENTE
1.1 - DA CONEXÃO

Tramita nesta especializada demanda tombada sob o


nº 1139/2008, que traz em seu bojo pretensão indenizatória alicerçada
no mesmo objeto e fatos da repelida peça, sobretudo, trazendo no pólo
ativo herdeira/irmã dos autores em questão.

O Art. 103 e 105 do CPC e demais dispositivos


aplicáveis a espécie, caracterizam como conexas duas ou mais ações,
quando Ihes for comum o objeto ou a causa de pedir, e em sendo assim,
deverá o juiz de ofício ou a requerimento da parte, ordenar a reunião de
ações propostas em separado, a fim de que sejam decididas
simultaneamente. Assim, requer, seja acolhida a presente preliminar
declarando a conexão vindicada, ato continuo determinado o
apensamento e processamento dos presentes autos ao processo de nº
1139/2008 com as cautelas de estilo.

2. DA ELABORAÇÃO DA INICIAL AS AVESSAS DO ART. 282 CPC


A via estreita escolhida pelo autor deve amoldar-se
entre outros ao estabelecido pelo art. 282 CPC, no particular, o que seque:

Art. 282. A petição inicial indicará:


III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

Ao revés disso, o autor por meio de apertado


arrazoado em momento algum declinou os fundamentos jurídicos do
pedido, atropelando e ferindo de morte toda processualidade que rege a
marcha em vigor. Em discussão semelhante, manifesta-se o pretório
Tribunal, no sentido de que não se pode burlar a norma, fundado na oculta
existência de lastro jurisdicional que justifique a omissão dos fundamentos
jurídicos a ponto de embasar a pretensão autoral. Do mesmo raciocínio
compartilhou o inteligente Nelson Nery quando concluiu:

“LEI É LEI, OS PROCEDIMENTOS EXISTEM PARA SEREM SEGUIDOS,


CASO CONTRÁRIO NÃO HAVERIA RAZÃO DE SER OU EXISTIR,
PERDERIA O SENTIDO, SERIA COMO ATEAR FOGO NO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL E BAILAR SOBRE A CONSTITUIÇÃO”.

Na mesma direção trazemos do CPC:

Art. 295. A petição inicial será indeferida:


I - quando for inepta;

E ainda:
Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito
I - quando o juiz indeferir a petição inicial;

De resto, requer seja acolhida a presente preliminar


com a conseqüente extinção do feito sem resolução do mérito a teor do
Art. 267 I por flagrante vício processual ao tempo da confecção da peça de
ingresso.

3. DA INVERSÃO DO RITO – MATÉRIA COMPLEXA


Como bem delineado no BOAT, o trágico episódio que
vitimou o genitor dos autores foi desencadeado em decorrência do
condutor do veículo de propriedade da requerida haver pedido o controle
e invadido a contramão de direção após tentar fazer uma curva.

Esclarece que o referido local é cenário conhecido em


razão de haver servido de palco para ocorrência de um sem número de
acidentes, em detrimento da má conservação da rodovia e constantes
derramamentos de óleo no asfalto. Queremos com isso dizer, que o fato
gerador do sinistro possui relação direta com as condições físicas de
conservação e manutenção da rodovia telada, não sendo forçoso lembrar
que tal competência é exclusiva do DNIT – DEPARTAMENTO NACIONAL DE
INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES. Por certo que tal sustentação
somente poderá ser levado a cabo mediante realização de perícia técnica
específica no local do acidente, sobretudo, por tratar-se de matéria
extremamente complexa. Nesse caminho a medida que se impõe e a
inversão do rito para ordinário, por entender que a inversão do
procedimento é o que mais se adéqua ao caso em exame.

4. DA INCOMPETÊNCIA ABSULUTA ART. 301 II DO CPC

Como bem lançado no tópico anterior, e será


justificado em tópico adiante mediante denunciação lide, paira sobre
ÓRGÃO FEDERAL A RESPONSABILIDADE pela ocorrência do acidente, qual
seja, DNIT – DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE
TRANSPORTES. Assim para ser breve, requer seja declarado
incompetência deste h. juízo para processar e julgar à presente, via de
conseqüência, declinada a competência para uma das varas da JUSTIÇA
FEDERAL por ser ato de inteira Justiça...
5. DA DENUNCIAÇÃO A LIDE - DNIT – BRADESCO
SEGUROS

O episódio ocorreu em decorrência da má


conservação e manutenção da rodovia, cujo dever de zelar pelas
condições físicas compete ao DNIT. Isto posto requer em tempo, seja
deferido o pleito que versa sobre denunciação da UNIÃO FEDERAL -
através de se órgão competente de transportes DNIT. Na outra ponta,
deve a BRADESCO SEGUROS integrar o pólo passivo da demanda em
alinho, por força da apólice de seguros oportunamente carreada, podendo
a mesma ser citada a Rua Barão de Itapagipe, nº 225, Rio Comprido, Rio
de Janeiro Cep. 20.261.901, é o que se requer.

6. DA RESISTÊNCIA

Contrariamente ao narrado na inicial, destaca que o


acidente que vitimou o genitor dos autores foi desencadeado em
decorrência do péssimo estado de conservação da rodovia, cuja
responsabilidade compete ao DNIT, porquanto, não pode e nem deve a
requerida ser penalizada por razões a qual definitivamente deu causa.
Ademais, fazendo um retrospecto, facilmente, verifica-se que a vítima
fatal no sinistro, operou de forma eficiente e decisiva para a ocorrência do
dano capital. Por outro lado, a tese mor embrionária não elide a verdade
dos fatos, pois o acidente ocorreu por culpa exclusiva das condições da
rodovia, qual seja má conservação e com óleo derramado, não sendo
forçoso lembrar a responsabilidade e dever de vigilância do DNIT.

Alvino Lima trata com clareza: “Realmente, a


responsabilidade pelo fato de outrem não decorre pura e simplesmente do
fato de outrem, mas é necessária a existência de uma relação o autor do

ato e o terceiro responsável (André Brun, ob. Cit., n. 35; Savatier, ob. Cit.,
I, n. 159; Roger Nerson, Responsabilité du fait d’autrui, Réspertoire de
droit civil, Dalloz, sob a direção de Ripert e Vergé, vol 619, n. 4; Perettik-
Griva, ob. Cit., p 75 et seg. Em doutrina oposta, sustenta-se que os casos
fixados em lei não são taxativos, podendo aplicar-se o dispositivo legal a
casos análogos (Peirano Facio, Ob, cit., n. 267; Mazeaud- Tunc, ob. Cit.,
vol.I, n. 714 et seg.; Marty e Rainaud, ob. Cit., t. II, vol. I, p. 421, n.420) –
cf. cita Alvino Lima, op. Cit. P. 28.) (Op. cit., pp. 27-8.) No caso em
comento, a obrigação de reparar o dano requer prova inequívoca da
relação de causalidade entre a ação ou omissão culposa do ofensor da lei
e o dano produzido contra a vítima.

Silvio Rodrigues tratando sobre a matéria


focaliza:

“Para que surja a obrigação de reparar, mister se faz a prova de


existência de uma relação de causalidade entre a ação ou omissão
culposa do agente e o dano experimentado pela vítima. Se a
vítima experimentar um dano, mas não se evidenciar que o
mesmo resultou do comportamento ou da atitude do réu, o pedido
de indenização, formulado por aquela, deverá ser julgado
improcedente. Daí ser neste passo que devem ser estudadas as
excludentes da responsabilidade. Se o acidente ocorreu não por
culpa do agente causador do dano, mas por causa da vítima,
manifesto que falto o liame de causalidade entre o ato daquele e
o dano por esta experimentado. ... todavia, se resultar provado
que a vítima, embriagada, tentou atravessar à noite uma auto-
estrada, parece fora de dúvida que o acidente derivou de sua
culpa exclusiva e desse modo faltou a relação de causalidade
entre o comportamento do agente e o dano experimentado pela
vítima” (Op. Cit. Vol. 4, p. 18. No mesmo sentido Orlando Gomes
salient “ que a relação obrigaconal entre o ofensor e a vitima tem
como conteúdo a pretensão do prejudicado à reparação do dano.”
(grifos do autor) “Obrigações”, cit., p. 340.

7. DA CULPA CONCORRENTE

Caso a tese mor não vingue o que se admite


apenas por argumentar, a atuação da vítima foi o fator determinante para
a ocorrência do evento danoso, porquanto, decisiva segundo fontes de
responsabilidade civil e obrigação de reparar o dano, sobretudo, morais.
A Corte Superior de Justiça, em sua 3ª
Turma, no REsp. n. 35.200-2 – MT (93.0013908-8), Rel. Min. Nilson
Naves, decidiu sobre a culpa recíproca, conforme cita Ozéias J.
Santos, verbis:

“Reparação de dano. Acidente automobilístico – Concorrência de


culpas – Sucumbência recíproca – Distribuição e compensação,
proporcionalmente entre os litigantes das custas e honorários
advocatícios” (Op. Cit., p. 555.)

E mais:

ACIDENTE DE TRÂNSITO – CULPA CONCORRENTE


Comprovado que ambos os motoristas agiram imprudentemente, dando
causa ao acidente, os prejuízos reclamados na inicial e custas serão
distribuídos em proporções iguais a cada uma da partes que arcarão com
os honorários e seus respectivos patronos (TJDF –AC> 21.181 – 2ª TV –
Rel. Des. Valência Cardoso – DJU 25.09.91)”( Op. cit. p. 28.)

Diante da tese defendida a medida que se


impõe em caso de eventual condenação é a dosimetria proporcional do
quantum vindicado.

8. DA EXTENSÃO DOS DANOS - DA IDADE DO FALECIDO

Sem razão os autores. A improcedência deve


ser o caminho do pedido de danos morais na presente lide. Sabe-se que
em direito a prova dos fatos constitutivos incumbem, conforme determina
o Art. 333 I do CPC:

I – ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito.

Nesse raciocínio, os autores quedaram-se


inertes ao deixar de mencionar e/ou comprovar o vínculo afetivo que
supostamente possuíam com o falecido, da mesma maneira por razões
desconhecidas omitiram a existência de outros herdeiros, a exemplo da
genitora e demais irmãos.
Estatísticas dão conta acerca da expectativa
média de vida humana, e em sendo, assim, por certo o judiciário tem se
abalizado pela idade média de 65 (sessenta e cinco) anos de vida, pois
bem, queremos com isso dizer, que há época do ocorrido o falecido
possuía exatos 58 (cinqüenta e oito) anos. O que consta dos autos fala per
si sendo ingenuidade acreditar no contrário, por isso, deve o Magistrado
sopesar a pretensão autoral e a dosar com a sapiência de estilo eventual
monta devida e caso de condenação.

9. DA COMPENSAÇÃO

A requerida procedeu o custeio das despesas


provenientes do sinistro que vitimou o genitor dos autores conforme

elidem documentos acostados totalizando a importancia de R$


10.285,10 (dez mil duzentos e oitenta e cinco reais e dez
centavos), da mesma forma, procedeu ao pagamento da importancia
de R$ 10.000,00 (dez mil reais), conforme revelado por meiode
simples compulsa de documentos e recibos anexados.
Isto posto, em caso de eventual condenação o
que se admite apenas por argumentar, seja compensados a importancia
total de R$ 20.285,10 (vinte mil duzentos e oitenta e cinco reais e
dez centavos), devidamente corrigido e atualizado nos moldes de estilo.

10. DO ESTADO DE INSOLVÊNCIA DA REQUERIDA

Contrariamente ao versado na exordial, a


requerida atravessa GRAVE crise financeira, não havendo que se falar em
FILIAL, tendo em vista, que o único e minúsculo escritório existente da
requerida está sediado na periferia do munícipio de Serra/ES, ademais não
há que se falar em FROTA própria de veículos, em verdade os escassos
transportes que realiza são feitos por veículos AGREGADOS de
propriedade de terceiros.
De conhecimento público que o transporte
rodovário há tempos deixou de ser considerado um negócio lucrativo, e no
caso vertente, a requerida forçosamente reduziu drasticamente o número
de funcionários o que per sí desencadeou em série um sem número de
aforamento de ações judicias, sobretudo, demandas trabalhistas trazendo
a requerida no pólo passivo, desencadenado a penhora e indisponibilidade
do patrimonio que ainda possuía conforme se faz prova em anexo.

Isto posto requer:

1. seja acolhida a preliminar


levantada no escopo da presente declarando a conexão de ações, via de
conseqüência, determinado o apensamento e processamento dos
presentes autos ao processo de nº 1139/2008 com as cautelas de estilo;

2. seja acolhida a preliminar


que versa sobre o vício na confecção da peça de ingresso por flagrante
existência de vicio processual ao tempo da elaboração, via de
conseqüência, julgado extinto o feito sem resolução do mérito a teor do
Art. 267;

3. seja deferido a inversão do


rito para ordinário, por tratar-se de matéria complexa ;

4. seja deferido a denunciação


a lide da UNIÃO FEDERAL - através de se órgão competente de transportes
DNIT e BRADESCO SEGUROS devendo esta ser citada a Rua Barão de
Itapagipe, nº 225, Rio Comprido, Rio de Janeiro Cep. 20.261.901, pelas
razões anteriormente delineadas, da mesma ordem faça constar a
declaração de incompetência absoluta deste h. juízo para processar e
julgar à presente, via de conseqüência, declinada a competência para uma
das varas da JUSTIÇA FEDERAL;
5. seja julgada totalmente
improcedente os pedidos articulados na inicial com as devidas cominações
de estilo, e caso não vingue a tese o que se admite apenas por mero amor
ao debate, seja conhecido a culpa concorrente para efeito de fixação de
valores indenizatórios, sobretudo, considerando a idade que o de cujus
alcançava ao tempo do óbito e a expectativa de vida do mesmo segundo
nos ensina a melhor doutrina e corpo de decisões proferidas pelos mais
diversos tribunais, condenando os autores ao pagamento das custas
processuais e verba honorária na forma da Lei;

6. seja compensado de
eventual verba condenatória os valores já pagos pela requerida no
importe de R$ 20.285,10 (vinte mil duzentos e oitenta e cinco reais
e dez centavos) sob pena de afiançar o enriquecimento sem causa de
terceiros;

7. seja considerado para efeito


de eventual fixação da monta condenatória o clássico e conhecido binômio
dosimétrico, sobretudo, as condições econômicas e estado de insolvência
da requerida;

Protesta pela produção de todas as provas em


direito admitidas, pericial, juntada de novos documentos, testemunhal,
depoimento pessoal dos autores sob pena de confesso.

Termos em que pede,


e espera deferimento.
Vitória, 19 de Fevereiro de 2010.

PAULO CÉSAR DE ALMEIDA GEDSON DE OLIVEIRA CRESPO


OAB/ES 10.443 OAB/ES 12.633
ROL DE TETEMUNHAS

1. IVAN DE OLIVEIRA, brasileiro, caminhoneiro, inscrito no CPF/MF


sob o nº 101.148.628-85, residente e domiciliado a Av. Lourival
Batista, nº 270, Maruim/SE

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