Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2/4
PARA VOCÊ
SAIBA MAIS
LEIA TAMBÉM
O medo de voltar ao local de trabalho durante a pandemia; conheça direitos trabalhistas
PUBLICIDADE
Ads by Teads
O mercado de trabalho, estressado com uma jornada empurrada ao home office, viu se
acentuarem na pandemia problemas que profissionais já enfrentavam. Do lado das hard
skills, ou competências técnicas, a baixa formação em tecnologia no País, num momento
em que a digitalização nunca foi mais urgente, escancarou o déficit de profissionais que o
mundo inteiro enfrenta. Do lado das soft skills (as habilidades comportamentais),
trabalhar remotamente em equipe, ser líder a distância e resolver questões como horário
de trabalho, ansiedade e burnout evidenciam outras demandas a serem resolvidas nos
times.
Já no LinkedIn, plataforma que pertence à Microsoft desde 2016 e que no Brasil possui 45
milhões de usuários, a educação é endereçada no LinkedIn Learning. Por meio da análise
de dados dos profissionais cadastrados e das vagas postadas, a empresa cria cursos
(hoje são mais de 16 mil cursos online, mais de 200 em português) para ajudar na
reciclagem e na requalificação do mercado, das hard às soft skills.
Para Milton Beck, sem importar em que estágio o profissional se encontra em sua carreira,
a capacidade de continuar aprendendo (lifelong learning) é mais importante do que saber
algo agora. “Eu realmente acredito que mais importante do que você saber uma habilidade
específica naquele instante é você ter a habilidade de aprendizado contínuo. O que a
pessoa sabe hoje serve para hoje, e não para daqui a dois anos. É a habilidade que eu mais
procuro nos profissionais.”
A presidente da Microsoft Brasil, Tânia Cosentino, e o diretor-geral do LinkedIn na América Latina, Milton
Beck. Foto: Daniel Teixeira/Estadão e Claudio Gatti/LinkedIn
Qual o olhar que a Microsoft e o LinkedIn lançam sobre o atual momento do mercado de
trabalho?
Tânia - Dentro do mundo de TI a gente tinha uma demanda de profissionais muito maior
do que a oferta. Então vimos que precisávamos melhorar a formação dos profissionais
para suprir o nosso próprio mercado. Daí surgiu uma série de cursos de capacitação. Ano
passado fizemos parceria com Senai e depois a gente montou o portal AcademIA, que é
um trocadilho de academia com IA (inteligência artificial), para desmistificar um pouco a
tecnologia.
Aí veio a pandemia e a gente percebeu uma demanda ainda maior por profissionais de TI.
Fizemos um estudo de que em cinco anos vamos ter uma demanda absurda por novos
profissionais. Hoje temos no mundo 40 milhões de profissionais de TI e acreditamos que
até 2025 vamos precisar de 200 milhões. Isso significa adicionar 150 milhões em 5 anos.
É muita gente. Como você faz isso? Requalificando de forma massiva a força de trabalho
existente, em hard skills (técnicas, nuvem, programação), mas sobretudo em soft skills.
Milton - Até uns anos atrás o LinkedIn servia para os profissionais aplicarem a vagas e não
passavam porque faltavam habilidades. Foi quando o LinkedIn viu que a proposta de valor
da plataforma não estava completa. Uma coisa importante que podíamos fazer era
analisar as habilidades mais demandadas - e a gente tem a visibilidade das 10 milhões de
vagas publicadas no site. A gente sabe quais as vagas mais demandadas, todo esse
conjunto é o que chamamos de economic graph (gráfico econômico). No Brasil,
crescemos 100 mil novos usuários por semana, temos esse crescimento desde 2012. Nos
últimos 12 meses, 4 milhões de pessoas conseguiram emprego por meio do LinkedIn. Ter
esses cursos gratuitos é uma forma de retornar o benefício à sociedade, o que todas as
empresas deveriam fazer.
Tânia - O número é assustador e, quando você vê o impacto que a IA pode ter na retomada
da economia brasileira, ela é enorme. A realidade no País é de um aluno que sai do
segundo grau mal sabendo fazer cálculos básicos e com baixa interpretação de textos de
média complexidade. Em média 17% dos graduandos brasileiros estão na área de exatas,
a média é 24% nos países ricos, 40% na China.
Como animo esse aluno desde pequeno para a área de exatas? Trazendo um pouco do
lúdico para a aula, defendemos a programação desde a educação básica. Mesmo que ele
não vire programador, isso vai ajudá-lo a desenvolver a parte cognitiva em toda a sua vida.
E se o número é baixo no mundo de exatas na média geral (17%), as mulheres são 15%.
Se a pessoa tem medo de matemática desde criança, vai ser difícil abraçar ciência de
dados quando mais velha. É uma questão de desenvolvimento econômico e a gente
precisa transformar a nossa educação se a gente quiser um País que tenha os nossos
cérebros como a principal commodity.
Sendo um País de humanas, como é essa relação de profissionais numa rede como o
LinkedIn?
Milton - Sempre falo que as pessoas se dedicam muito às hard skills, a obter certificações,
e esquecem que, se não souberem trabalhar em equipe com diversidade de pensamento,
vão ter uma carreira muito curta nas empresas. Eu realmente acredito que mais
importante do que você saber uma habilidade específica naquele instante é você ter a
habilidade de aprendizado contínuo. Essa é a habilidade mais importante, aprender
continuamente, saber que o que a pessoa sabe hoje serve para hoje, e não para daqui a
dois anos. É a habilidade que eu mais procuro nos profissionais que a gente contrata no
LinkedIn.
É uma habilidade que você conquista, aprende com mentores, cursos, você diminui a sua
arrogância. Você descobre que não vai saber tudo e não vai saber tudo sozinho. E que
trabalhar em grupo é sempre melhor.
Tânia - Concordo com Milton que um problema do mercado é essa falta de soft skills.
Vemos pessoas com baixa resiliência, muito individualistas. ‘Sou um gênio, sou brilhante,
mas não trabalho bem em grupo’. Há muita arrogância. Nunca demos tanto valor para soft
skills, incluindo diversidade, como o líder pode aprender a ser inclusivo.
Essa abertura para o aprendizado é muito importante. A Microsoft me acessou pelo
LinkedIn, eu já era uma profissional bem sucedida, e uma das perguntas que me fizeram
era por que a essa altura da carreira eu ia querer aprender coisas novas.
Do ponto de vista do gestor, como é olhar para o funcionário em casa no home office?
Milton - Uma das coisas que a gente sugere que seja adotada em momentos como esse,
de pandemia, é que se posterguem projetos que não sejam prioritários. E que as pessoas
sejam mais medidas em termos das entregas do que das horas feitas na frente do
computador. Tem de partir da liderança da empresa esse conceito de empatia com os
funcionários, pois cada pessoa está passando pela pandemia de forma diferente.
Antes da pandemia, o fato de você estar no escritório cumprindo horas, o fato de você
estar lá fisicamente já contava. Não importa se você estivesse fazendo outra coisa no
computador. Quando você está em casa, ninguém sabe se você está trabalhando, lavando
louça ou vendo TV. Então, a mensuração do seu trabalho é a partir de entregas. É um
modelo que nem todo mundo sabe fazer. Causa pressão no gestor, no funcionário. Ele
responde e-mail na hora que recebe, não importa se é 22h da noite.
Tânia - Na pandemia você precisa ainda mais ser empático. Não é só o chefe que
está cobrando porque não sabe o que o funcionário está fazendo, mas o funcionário
está com medo de perder o emprego. Então ele se coloca uma pressão maior do que o
chefe está colocando.
Fiquei muito feliz um dia quando um dos meus líderes homens me perguntou se podíamos
proibir reunião das 11h às 13h. E eu perguntei por quê. Porque, ele disse, é o horário em
que as colaboradoras mulheres do time dele estavam fazendo almoço e dando almoço
para seus filhos. Se a gente focar nas tarefas, na produtividade, e não nos horários, como
Milton falou, se esse funcionário estiver confortável, está funcionando. Eu, por exemplo,
tenho que fazer almoço todos os dias em casa.
A gente conversa essas coisas nas reuniões e isso aproxima muito a liderança. Outro dia
num café da manhã um estagiário me perguntou se eu lavava louça. Eu lavo louça, arrumo
cama, arrumo casa. (risos)
Notícias relacionadas
tecnologia da informação
Encontrou algum erro? Entre em contato
DESTAQUES EM ECONOMIA
Governo quer 'filé com osso' na privatização dos Correios para manter
atendimento a 95% da população
Tendências:
Após Suzano, BNDES prepara venda de R$ 6 bilhões em papéis da Vale
Termos de uso Código de ética Política anticorrupção Demonstrações contábeis Fale conosco
Publicidade Trabalhe conosco Curso de jornalismo
Siga o Estadão
• Jornal de hoje
• meuEstadão
ASSINE