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Avanço de imunização cria impasse na pesquisa da vacina Butanvac
Dimas Covas revela ao Metrópoles que avanço de imunização, agora com a 3ª dose, dificultou
teste de eficácia da Butanvac em voluntários

HYNDARA FREITAS
23/11/2021 12:33,ATUALIZADO 23/11/2021 12:45

Dimas Covas, diretor do Butantan

São Paulo – O Instituto Butantan está diante de um impasse na fase de desenvolvimento da


vacina contra Covid batizada de Butanvac, que já causou um atraso no cronograma da
pesquisa – inicialmente prevista para apresentar resultados conclusivos já neste ano.

Há um mês, a segunda fase da pesquisa clínica foi suspensa  porque a ideia inicial era testar
em voluntários ainda não vacinados. Como boa parte da população de São Paulo acabou
imunizada com duas doses, o planejamento foi alterado para se testar a Butanvac em
voluntários que não receberam a terceira dose da vacina.

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Butantan produziu mais de 10 milhões de dose, mas Butanvac ainda está em fase de
estudos.▲

João Doria apresenta a Butanvac▲

Anvisa recebeu pedido para estudo da Butanvac▲

Equipe apresenta a Butanvac▲

Em abril, Dimas Covas, diretor do Butantan, anunciou a produção da Butanvac▲


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Na semana passada, no entanto, o Ministério da Saúde autorizou a dose de reforço em toda a


população acima de 18 anos. Por esta razão, a ideia de testar a eficácia da Butanvac no
público da terceira dose também acabou suspensa.

“Neste momento, é até difícil dizer a previsão”, disse Dimas Covas, diretor do Butantan, ao
justificar o atraso no planejamento ao Metrópoles. “Estamos revendo os protocolos de pesquisa
juntamente com nossos parceiros internacionais para ver como vamos conduzir esta segunda
fase do estudo”.
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“Mais uma vez houve aí uma nova inclusão de pessoas a serem vacinadas, com a terceira
dose, da população de 18 a 59 anos com mais de cinco meses de vacinação, e isso interfere
diretamente com o planejamento do estudo clínico”, reconheceu Dimas Covas.

“O estudo estava previsto para atuar exatamente neste público e com a terceira dose
comparada. Como isso virou a base do Programa Nacional de Imunização (PNI). Nós temos
que reformular o estudo, a pessoa vai receber a vacina já tendo a previsão no PNI da dose
adicional”, explicou.

Primeira vacina nacional


Por isso, o estudo segue suspenso até ser decidido um novo modelo de como testar a eficácia
da Butanvac, que será a primeira vacina a ser produzida inteiramente em território nacional.

O Ministério da Saúde indicou que a dose de reforço seja, preferencialmente, a Pfizer, mas
caso não esteja disponível, que seja AstraZeneca ou Janssen.

Contudo, estados e municípios têm liberdade de ação administrativa para definir a melhor
opção.

O governo de São Paulo, por exemplo, recomenda que a dose de reforço seja aquela
disponível no momento em que a pessoa chegar ao posto, independentemente da marca da
vacina das primeira e segunda doses.

Para Covas, que é médico, a dose adicional deveria ser feita no esquema de
“intercambialidade para ter um acréscimo na imunização”, e que por isso seria benéfico aplicar
a Coronavac em pessoas que tomaram outros tipos de vacina, que é a única de vírus inativado.

Coronavac
Apesar de apostar no novo imunizante, a Coronavac, feita em parceria com a farmacêutica
chinesa Sinovac, continuará sendo comercializada pelo Butantan, garante Covas. “São vacinas
diferentes, são vacinas complementares uma à outra. As duas combinadas dão uma proteção
ampliada, e o Butantan manterá as duas no seu portfólio e também prepara uma vacina
combinada”, afirma.

Nos primeiros meses de 2021, a Coronavac era a principal vacina contra a Covid-19 no país.
Agora, não é mais uma aposta do Ministério da Saúde, que decidiu que não irá mais comprar o
imunizante – em setembro, o Butantan incluiu a entrega de 100 milhões de doses ao governo
federal, o contrato foi cumprido e não foi renovado.

Uma das justificativas do governo federal é que a vacina desenvolvida pela Sinovac não tem
autorização definitiva da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Dimas Covas disse que “a autorização definitiva depende de um único ponto que nós estamos
aguardando que é o estudo final dos dados do SUS”, e espera que até o final deste ano
consiga pedir o registro definitivo à agência.

Enquanto isso, o Butantan negocia a venda de doses para outros países e se diz aberto a
negociar com estados e municípios, caso haja necessidade. Em setembro, o instituto fechou
contrato com Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Pará e Piauí, e ao todo foram 2,5 milhões de
doses vendidas diretamente.

O Butantan também depende da Anvisa para obter autorização para aplicar a Coronavac em
crianças e adolescentes. Em agosto, a agência negou o primeiro pedido por entender que os
dados clínicos apresentados foram insuficientes. Atualmente, a Pfizer é a única vacina que
pode ser utilizada em menores de 18 anos no Brasil.

Dimas Covas disse que o Butantan está preparando toda a documentação necessária para
mostrar e eficácia e segurança da Coronavac neste público e espera que, ainda neste ano,
refaça o pedido e consiga a aprovação. Na semana passada, o instituto cancelou uma reunião
que teria com a Anvisa sobre o tema, e Covas disse que foi “não efetivou a reunião porque
preferiu priorizar a documentação, para entrar brevemente com a solicitação”.

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