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Estratégia para Empresas Familiares

São Empresas Familiares aquelas em que a família tem o poder de decisão no capital da firma
e pelo menos um dos seus membros é gestor. Ao identificarmos uma empresa familiar temos
de ter em conta três pressupostos: propriedade e posse da empresa; responsabilidade pela
gestão; e continuidade e evolução. Podemos afirmar que estes pressupostos são os que
distinguem as empresas familiares (EF) das empresas não familiares (ENF).

As empresas familiares são empresas complexas, pela sua estrutura tripartida por
propriedade, família e empresa (Modelo dos Três Círculos).

A estratégia divide-se em duas componentes. Para além do planeamento estratégico,


semelhante a qualquer outra empresa, que considera o ambiente externo e o ambiente
interno no cálculo do potencial estratégico da empresa, para explorar e avaliar possíveis
estratégias (estratégia para a empresa), as empresas familiares elaboram, ainda, um
planeamento estratégico para a família (estratégia para a família).

Protocolo familiar

O Protocolo familiar é um documento escrito que regula a relação família – empresa, com o
consenso de todos os membros da família e assinado por estes, consiste num guia de conduta
da família relativamente à empresa. O objetivo do protocolo é controlar possíveis conflitos e
dar resposta a problemas que possam surgir ao “abrigo da atividade” como os de
planeamento, sucessão e administração.
A Declaração/Protocolo deve descrever em detalhe o compromisso da família para com a
empresa e explicar como os talentos e recursos da família contribuem para perpetuar a
propriedade familiar. E deve conter: Resumo dos valores, objetivos e prioridades da família;
Lista dos pontos fortes com que a família pode contribuir para o negócio; Esboço do que a
empresa precisa da família. Mais exemplos de problemas que podem ser abordados:
Qualificações necessárias para trabalhar na empresa?; Como são compartilhados os lucros?;
Como é que a propriedade é distribuída?; Quem e quais as responsabilidades de cada um?;
Como se equilibram as decisões referentes à família e ao negócio?

Conselho familiar

É fundamental afirmar que a participação ativa da família é uma influência poderosa e


constante que deve ser sempre mantida.

Podem ser tidos em conta quatro princípios que surgem com regularidade na atuação das
empresas: Um compromisso compartilhado com o futuro da família e negócios; Reuniões
familiares no sentido de se promover uma maior comunicação e participação saudáveis entre
todos os membros; Acordos familiares definidos pelo Conselho para apoio de processo justo
no seio das relações familiares; Planeamentos conscienciosos e contínuos para uma
progressão saudável em todos os sentidos.

O Conselho Familiar é um órgão fundamental na manutenção da coesão da estrutura familiar,


onde todos os membros familiares se encontram representados e, deste modo, podem
também apresentar e manifestar as suas opiniões, dúvidas ou problemas que surjam ao abrigo
da atividade e, neste sentido, uma vez que há certos e determinados problemas que apesar de
estarem diretamente relacionados com a empresa, o seu tratamento requer privacidade, ou
seja, devem ser tratados/discutidos somente no seio familiar e não junto dos restantes órgãos
que a integram ou podem integrar, pessoas externas àquela.
Sucessão

As empresas familiares sucedem três configurações essenciais de evolução: domínio do


fundador que, normalmente, é o único gestor e proprietário (1ª geração); associação de
irmãos (2ª geração); associação de primos (3ª geração), netos do fundador. Numa fase
posterior, poucas são as empresas que se mantêm familiares.

A sucessão consiste numa tentativa deliberada e sistemática de transferência de uma


organização com o objetivo de assegurar a sua continuidade e resume-se à passagem de
testemunho entre pessoas, quer a nível de funções na empresa quer a nível da sua posse. Tem
início quando o proprietário começa a preocupar-se com a transferência do controlo e da
gestão da empresa e termina quando essa passagem é totalmente assumida pela geração
seguinte e, por isso, ocorre ao longo de vários anos.

A sucessão como processo é constituída por várias etapas: identificar a necessidade de


preparar e planear a sucessão, estabelecer processos de apoio à tomada de decisão (família,
membros da empresa, ajuda externa à empresa, especializada ou não), definir e especificar as
caraterísticas e atributos necessários ao sucessor (idade mínima, o grau académico e/ou
experiência exigida: experiência na área, dentro da própria empresa ou noutra empresa,
experiência noutras áreas, experiência internacional, experiência como voluntário), elaborar
uma lista de possíveis candidatos (apenas filhos, todos aqueles que tenham uma relação
familiar, ou até mesmo alguém que não seja membro da família, para evitar o nepotismo),
iniciar um processo de transição que culmina com o assumir total das funções.

Quando começa a 2ª geração, inicia-se um processo de profissionalização, já que nem sempre


se encontram entre os familiares pessoas profissionalizadas capazes de gerir a empresa. A
profissionalização pode incluir cursos superiores/formação académica, formação técnica,
transmissão de conhecimento através de trabalhadores, experiência de trabalho na própria
empresa e experiência no exterior. Ao investir na profissionalização investe-se, também, e
automaticamente, na atração de talentos, uma vez que as atividades que compõem o processo
de profissionalização fazem destacar as habilidades de cada um.

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