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Na foto, encosta com Vetiver (mais nas páginas 3 e 4). Essa é uma técnica agroecológica.
Fotografia de André Henriques
DESTAQUE
OUTRAS NOTÍCIAS
O Agroecológico é nosso. Dê suges- Indicação para receitas 2 e 3: Trips, pulgões, mosca doméstica, lagarta do
tões, mande material, com sua parti- cartucho do milho (Spodoptera sp.), mosquito da dengue (Aedes aegypti),
cipação e apoio na divulgação da agro- Xanthomonas campestris, míldio, brusone, podridão do colmo e da espiga,
ecologia, tenho certeza que estaremos mancha de Alternaria, macha de Helminthosporium, podridão negra, ferru-
contribuindo para um mundo melhor. gem, mosca dos chifres e mosquitos.
Antônio Domingues Fonte: STOLL (1989), SABILLÓN & BUSTAMANTE (1996) - Receitas publicadas em: ABREU JUNIOR, H. de (coord.) Práti-
Diretor de Comunicação do Sinter-MG cas alternativas de controle de pragas e doenças na agricultura: coletânea de receitas. Campinas: EMOPI, 1998. 115 p.
A erosão hídrica é um dos mais graves problemas 525 municípios, ou seja, 47% dos que informaram a
ambientais decorrentes do mau uso do solo. As es- degradação. Dos 366 municípios que declararam ter
tatísticas sobre perdas físicas de solo em todo o mun- sofrido alteração ambiental devido ao deslizamento
do revelam que, a cada ano, bilhões de toneladas de de encostas, só 30% (ou 110) praticaram alguma
terra fértil são erodidas e transportadas para os rios. ação voltada à contenção de encostas.
No Brasil as perdas já atingem 840 milhões de tone-
ladas anuais. O drama não é só brasileiro, é mundial, A erosão do solo – segundo problema ambiental
e particularmente grave nas regiões tropicais. mais mencionado – causou prejuízo à agricultura em
43,1% dos municípios. Em 95% dos municípios bra-
No passado, as perdas de solo arável arruinaram civi- sileiros, a agricultura foi considerada uma atividade
lizações inteiras, como os Maias na América Central. importante, mas em 36,3% deles (1.919) houve pre-
A queda do Império Romano tem provável relação juízos na atividade, por problemas ambientais.
com a exaustão dos solos, pelo arraste das camadas
férteis. “As nações só duram o que dura o seu solo”. A biorremediação Vetiver
Espécie pioneira, o Vetiver apresenta características A resistência da raiz do Vetiver aumenta com a redução
eco-fisiológicas únicas no mundo. A capacidade de do diâmetro, ou seja, raízes novas já conferem a pro-
estabilizar o solo e controlar a erosão, aliada a exce- teção do solo. As raízes do Vetiver apresentam força
pcional adaptação ás mais diversas e inóspitas con- tensil que variam de 40–180 [Mpa]. As raízes com
dições bioedafoclimáticas, o que a torna possível se diâmetros de 0,2–2,2mm têm uma força tensil média
desenvolver onde nenhuma outra planta sobreviveria. de 75 [Mpa], equivalente a 1/3 da força tensil do aço,
Extremamente rústica, o Vetiver é simultaneamente hi- só que as raízes de Vetiver jamais enferrujam.
drófilo e xerófilo, além de resistir a extremos hídricos
(300–3.000 mm/ano), também tolera extremos térmi- Caso o Vetiver venha a ser enterrado, pelo deslo-
cos (-14ºC a +55ºC). camento e o acumulo de sedimentos, os seus nós
emitem novas raízes, que nivelam a planta com a nova
A fixação biológica de nitrogênio atmosférico e do superfície do terreno. Os incríveis atributos e a versa-
fósforo, através da associação de bactérias e fungos tilidade conferem o status ao Vetiver de “uma das es-
simbióticos das raízes, permite ao Vetiver vegetar em pécies mais úteis e promissoras à Humanidade deste
praticamente qualquer tipo de terreno, tolerando solos século”.
de baixa fertilidade, e com valores extremos de pH, sa-
linidade e toxidez. Alternativa tecnológica
A complexa rede de bainhas e folhas do Vetiver retém Em áreas perturbadas, onde os métodos convencio-
a translação de sedimentos, dos mais finos aos mais nais de proteção ambiental, geralmente, consistem em
grosseiros, estabelecendo barreiras naturais, que re- soluções complexas e pouco práticas, de custo ele-
duzem a velocidade das enxurradas e aumentam a vado, e de eficiência questionável, a “Biorremediação
capacidade de infiltração d’água no solo, controlando Vetiver” oferece uma alternativa tecnológica simples,
a erosão até mesmo em grandes inclinações (150º). eficaz, segura, e de reduzidos custos operacionais e
econômicos.
As raízes do Vetiver são extensas e profundas, cres-
cem até 3cm por dia e atingem de 2 a 3m de profundi- O Vetiver é produzido no Horto Municipal de Caxam-
dade no primeiro ano de plantio, podendo alcançar até bu, o que permite a criação de “ferramentas vivas” a
6m de extensão. As raízes não entram em dormência, serem empregadas na estabilização de solos e con-
mesmo em baixas temperaturas do solo (15Cºdia e trole da erosão, nas proteções de mananciais, e nas
13Cºnoite), mesmo nestas condições foram registra- contenções em áreas frágeis de encostas habitadas.
das taxas de crescimento radicular de 1,26 mm/dia. Nos trabalhos de Biorremediação Vetiver desenvolvi-
dos na zona rural, são disponibilizadas plantas matri-
O extenso alcance das raízes do Vetiver, em profun- zes de Vetiver para serem cultivadas e multiplicadas
didade, lhe confere uma surpreendente capacidade pelos produtores, e posteriormente utilizadas nas in-
de resistência à seca prolongada, e uma extraordinária tervenções ambientais. Na zona urbana, como o es-
capacidade de recuperação após sofrer estresses, paço físico das residências geralmente é limitado para
como queimada, pastoreio intensivo, alagamentos, a produção de mudas, são disponibilizadas todas as
etc. A espécie já demonstrou uma enorme qualidade plantas exigidas nas contenções.
de resistência ao ataque de pragas e doenças, e ao
acamamento por fortes ventos. O espaçamento de plantio à produção de mudas de
Vetiver é de 50cm entre plantas e entre linhas. Nas
A raiz do Vetiver apresenta um impressionante poder intervenções ambientais, o espaçamento de plantio
de penetração, de tamanho vigor, que pode inclusive mais indicado, é de 10–15cm entre plantas, posicio-
transpor camadas com impedimentos rochosos. O nadas em faixa, e plantadas no sentido horizontal, de
sistema radicular agregante de solo, forma um gram- “cortar as águas”. O número e o intervalo entre as filei-
peamento natural muito difícil de ser desalojado, como ras de Vetiver variam conforme as características do
“pregos do solo”. lugar, podendo variar de 2–5m entre as fileiras.