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IACEP

Instituto de Análise do Comportamento em Estudos e Psicoterapia


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O AUTOCRESCIMENTO DA MULHER HOJE: SUA SAÚDE FÍSICA E EMOCIONAL


(texto elaborado somente para fins didáticos por Nione Torres)

Todo processo de autocrescimento se inicia a partir de uma inquietação, uma insatisfação


interna e/ou uma ansiedade profunda e persistente (que, diga-se de passagem, remédio algum vai
curar). Assim também pode ter sido o processo de crescimento/desenvolvimento da mulher: “Nada me
diz quem sou: sou copeira, arrumadeira, babá, etc.! Acho, então, que não tenho personalidade”.
Estes sentimentos aliados a um intensamente maior, que é a frustração, são dilacerantes
(sabemos disso) e, vivê-los, geralmente, trazem (e parece que trouxeram à mulher) um movimento
saudável: “Quero algo mais que meu marido, meus filhos, minha casa” (gritou uma voz interior)... Em
outras palavras: “Me falta vida pessoal! Portanto vou buscá-la”. É a autoconsciência falando por nós.
A partir daí, a própria história mostra o que aconteceu: a Primeira Grande Guerra, nossa
Chiquinha Gonzaga, passando por Simone de Beauvoir e chegando aos dias de hoje, com mulheres
galgando cenários sócio-políticos, etc.. Porém, com um detalhe fundamental: ninguém sugeriu um
caminho para mudar tais contextos (até porque eles são resultado de toda uma herança cultural e
educação recebida profundamente internalizada). Penso na verdade, que foram os próprios sentimentos
da mulher que descobriram tal caminho, e que, portanto, o fizeram.
Como é natural, necessidades, sentimentos e ações desencadeiam a aprendizagem e
desenvolvimento de novas capacidades, provocando novos sentimentos e novas emoções. No que se
refere à mulher, independência e igualdade de condições foram os sentimentos que eclodiram
fortemente, e, aí então, surgem as conquistas (e, óbvio, suas conseqüências); provocando mudanças em
todos os contextos de vida existentes: pessoal, familiar, profissional e social. Porém, antes de avaliar o
que todo esse processo gera, principalmente, em termos emocionais, um parênteses sobre uma questão
amplamente discutida: a independência e a igualdade: da mulher.
Independência  é a condição de não ser tutelada, de ser dona das próprias decisões, de ser
autônoma. Não é sinônimo de solidão e muito menos de abandono. A pessoa independente não é
(insensível) monobloco, auto-suficiente 24 horas por dia. Pode e deve recorrer ao compartilhamento e
cumplicidade com o outro. O que não se deve, é confundir necessidade de carinho com necessidade de
babá. Sair de casa não significa, forçosamente, ser independente.
a) Ser independente significa acima de tudo, arcar com as próprias culpas
(conviver com elas) ou, as conseqüências dos próprios atos.
b) A gente sabe que há sempre alguém tomando conta da gente, alguém nos
protegendo: nós mesmos! (este é o maior reforçador).
Para ser independente: é necessário:-
a) estar suficientemente madura para separar-se do galho.
b) Ter condições materiais ainda que mínimas (ou seja, é necessário ter um trabalho)
c) Estabelecer acordo com a outra parte diretamente interessada.
Alguns dizem que mulher independente assusta os homens:
a) Por sua própria independência? Sua capacidade de ir e vir? Por sua liberdade
física e moral? Talvez queira alguma coisa mais submissa, que não saia de seu lugar. Mas, a estes,
quem os quer?
b) Porque pode ser liberada sexualmente, se independente? Há um equívoco aqui, na
verdade, podem ser mulheres muito mais amantes PONTO. Talvez, ele não esteja interessado em
desenvolver uma saudável parceria sexual, por temer que a mulher saiba mais que ele.
Por que, ao contrário, há os que gostam da mulher independente:
a) Porque elas são ótimas na concorrência. Viver com elas é um desafio estimulante,
uma razão para melhorar-se constantemente.
b) Porque sabem se locomover sozinhas sem precisar de constante auxílio.
c) Porque têm idéias claras sobre o que lhes convém o que não lhes interessa.
d) Porque não vivem penduradas no braço deles.
e) Porque sabem abrir suas próprias portas na vida.
f) Porque sabem o pleno significado da sua feminilidade e sexualidade.
Igualdade  Os papéis tradicionais do homem e da mulher continuam os mesmos. A
explicação é cultural: está profundamente arraigado, num contexto bem dimensionado, a idéia de
superioridade do sexo masculino e, este, não parece estar preparado para renunciar a ela. A mulher, por
sua vez, está tão habituada (também culturalmente falando) a se acreditar inferior que dificulta a
conquista da igualdade. Não é o homem de hoje que fundou o regime patriarcal, porém mesmo
criticando-o, tira proveito dele.
Assim sendo, cabe à mulher (como já disse alguém) tomar sua vida nas mãos. As mulheres
não querem que lhes outorguem a igualdade. Querem conquistá-la e, aos poucos, estão conseguindo. A
mulher, hoje, tem a autoconsciência de que sua identidade não é apenas como esposa e mãe.A
igualdade de condições para a mulher trouxe novos tipos de relações entre os seres (homens, mulheres,
crianças, mundo, etc.) ; mudanças (desde tênues como intensas) se instalaram. Há uma nova família...
um novo lar... novas formas de trocas.
Fica claro: apenas é preciso que as mulheres sejam vistas como seres humanos integrais,
assim e exatamente, como os homens PONTO. A busca é somente pela igualdade de condições e
direitos. Não somos iguais realmente; temos características pessoais, formas de sentir e pensar e agir,
diferentes, em função de sofrermos processos culturais distintos.“A mulher não é naturalmente inferior
ao homem, como também não é naturalmente superior”. Parafraseamos Simone Beauvoir para enfatizar
que não é a questão de ser homem ou ser mulher e, sim, afirmar que homens e mulheres (ou seja, tão
somente, seres humanos)podem e devem encontrar juntos uma solução para lidar com suas diferenças
seus problemas.Só assim que finalmente, poderemos dizer: “Vive la diference!”: É através dela que
podemos vivenciar novas experiências, aprendermos juntos e obvio, crescermos!...
Ao encerrarmos este longo parênteses, refletimos: todo processo leva a mudanças (profundas
ou não), como também gera conseqüências (mais uma vez, profundas ou não).
Assim, hoje, a mulher ainda está numa rede de exigências e auto-exigências : culpa-se,
muitas vezes, quando estuda e também quando não o faz; por outro lado, se autopune quando
fica em casa cuidando dos filhos ou quando os deixa com alguém (tanto para trabalhar como
para estudar) e, até mesmo, quando resolve não ter filhos. Culpa-se e, portanto, se flagela,
quando percebe que não está conseguindo lidar com sua feminilidade e sua sexualidade, assim
como, com seus direitos, enquanto mulher, cidadã e ser humano; que, ao abraçar tantos papéis e
a jornada dupla de trabalho, o faz muito mais no sentido de aplacar a própria culpa, pois a
ambivalência é grande: de um lado está aquilo que aprendeu (ser mãe e esposa) e, do outro lado,
o que todo seu ser solicita (ser mulher, profissional e desenvolver suas capacidades, etc.) fazendo
assim, um reflexo da própria sociedade: que ao mesmo tempo que quer uma nova mulher,
atuante, participativa, pune-a quando ela não corresponde às expectativas, por menor que seja.
Este emaranhado de papéis e sentimentos coloca-nos em busca de outras tantas
contingências: a mulher de hoje precisa aprender estabelecer limites, delimitar seus espaços,
desenvolver a assertividade e a expressão clara e honesta dos seus sentimentos, desenvolver,
principalmente, sua auto-estima, e, acima de tudo, compreender que não existem (e parece que
não existirão jamais) receitas para o desenvolvimento feminino, a não ser quem sabe, através do
seu autoconhecimento. Cremos que somente conhecendo-se profundamente, ela conseguirá
atingir um caminho próprio e único.

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