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controladas
1. Exposição e consulta
1.2 Após a conclusão das aquisições acima referidas, ficou acertado que os negócios do
chamado Grupo Ipiranga passariam a ser geridos conjuntamente pela Petrobrás,
Ultrapar e Braskem. A Ultrapar deteria os negócios de distribuição de combustíveis e
lubrificantes localizados nas regiões Sul e Sudeste do País, e a Petrobrás, os negócios de
combustíveis e lubrificantes localizados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A
Braskem, por sua vez, juntamente com a Petrobrás, deteriam os ativos petroquímicos,
representados pela Ipiranga Química S/A ("IPQ"), Ipiranga Petroquímica S/A e pela
participação da Copesul (Cia. Petroquímica do Sul), na proporção de 60% para a
Braskem e 40% para a Petrobrás. No que tange aos ativos relacionados com as
operações de refino de petróleo, detidos pela RPI, eles seriam compartilhados
igualmente pela Petrobrás, Ultrapar e Braskem.
1.3 A operação completa seria realizada em cinco etapas. Na primeira etapa, haveria a
aquisição do controle, na forma acima sumariada. Ato contínuo, realizar-se-iam ofertas
públicas, com tag along, por um preço equivalente a 80% do preço pago pelas ações de
controle, para aquisição das ações ordinárias da RPI, DPPI, CBPI e IPQ detidas pelos
minoritários. A seguir, realizar-se-ia uma oferta pública para operar o cancelamento do
registro de companhia aberta da Copesul. Após essas ofertas públicas, a ultrapar
passaria a implementar a reorganização societária, tendo por objetivos (i) a
concentração de todos os acionistas em uma única empresa listada em bolsa (a Ultrapar)
e (ii) a segregação e a transferência dos ativos petroquímicos e dos ativos de
distribuição, na forma pactuada.
1.4 Nesse contexto, a Ultrapar incorporaria as ações de emissão da RPI, DPPI e CBPI,
transformando-se essas empresas em subsidiária integrais dela. Os acionistas
detentores de ações preferenciais e de eventuais ações ordinárias da RPI, DPPI e CBPI
receberiam, em troca, ações preferenciais da Ultrapar. Para fins do estabelecimento das
relações de troca das ações no processo de incorporação, a Ultrapar, a RPI, a DPPI e a
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Incorporação da totalidade das ações de companhias
controladas
CBPI foram avaliadas com base no critério do valor econômico, utilizando-se o método
do fluxo de caixa descontado.
1.6 Nesse sentido, somos consultados pela Ultrapar, por intermédio dos ilustres
advogados do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados, a respeito de
questões atinentes à incorporação de ações, que passaremos a responder à medida que
forem sendo reproduzidas.
2. Incorporação de ações
4.º Quesito. As incorporações de ações da RPI, DPPI e CBPI precisam ser precedidas de
OPAs para cancelamento de seus respectivos registros de companhia aberta?
2.1 Com a Lei 10.303, de 31.10.2001, foram adicionados o art. 4.º, §§ 4.º, 5.º e 6.º, da
Lei 6.404/76 assim como introduzido o art. 4.º-A da Lei 6.404/1976, visando a
disciplinar o processo de cancelamento do registro de companhia aberta, até então
regulado apenas por atos da CVM, expedidos com base no art. 21, § 6.º, da Lei
6.385/1976. Nesse sentido, o § 4.º do art. 4.º determina que o registro somente poderá
ser cancelado mediante oferta pública a ser necessariamente formulada pelo controlador
para aquisição da totalidade das ações em circulação no mercado, sem impor um critério
a ser adotado, apenas relacionando uma série deles (inclusive o fluxo de caixa
descontado e a comparação por múltiplos). Qualquer um desses critérios poderá ser
utilizado, isolada ou cumulativamente, a fim de chegar a um preço justo ( fair value),
assim considerado aquele "igual ao valor da avaliação da companhia".
2.2 Por outro lado, a lei introduziu aqui uma inovação. Encerrada a oferta destinada ao
cancelamento do registro, e remanescendo ainda no mercado ações que representem
menos de 5% do capital, o art. 4.º, § 5.º, da Lei 6.404/76 prevê possa a assembléia da
companhia deliberar o resgate, sem sorteio, dessas ações, eliminando, assim, uma
minoria dispersa, mesmo que ela queira permanecer na companhia fechada.
Contornados, dessa forma, os problemas oriundos do fechamento formal do capital
social de companhia aberta, esses dispositivos procuraram também fulminar o
fechamento branco do capital, preocupação constante da agência reguladora, que
editara as Instruções CVM 299, de 1999 e CVM 345, 2000, procurando inibir essa
prática.
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Incorporação da totalidade das ações de companhias
controladas
"Pode-se não gostar da solução legal, mas se deve reconhecer que não há espaço, no
sistema legal vigente, para construções doutrinárias que queiram conferir direitos
adicionais (ou diferenciados) aos acionistas, mesmo quando baseados em uma suposta
equidade. (...) Essa conclusão se faz mais necessária, quando as hipóteses de incidência
desse direito alternativo (oferta pública de aquisição de ações) estão previstas na própria
Lei 6.404/76 e, dentre essas hipóteses, não se encontra a realização prévia à
incorporação de ações de sociedade controlada. (...) Não se pode, portanto, falar em
omissão legal. A Lei 10.303/2001 regulou as duas situações de forma diferente e essa
regulação deve ser respeitada."
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