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Joao Henrique Artigo de Psicologia II e III Uni
Joao Henrique Artigo de Psicologia II e III Uni
VITÓRIA DA CONQUISTA – BA
2021
JOÃO HENRIQUE SILVA PINTO
VITÓRIA DA CONQUISTA – BA
2021
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I. INTRODUÇÃO
A Psicologia, assim como as demais ciências humanas e sociais, passou por um processo
de amadurecimento para alcançar seu status de ciência autônoma, ao tomar emprestado o
método científico das ciências naturais e aplicá-lo, cada uma, a seu próprio objeto de estudo.
Objeto este que também precisou ser definido ao mesmo tempo em que se dava o processo de
amadurecimento. À medida que o tempo passou e a Psicologia foi ganhando robustez, ela
também passou a se preocupar com o ser humano a partir de outras perspectivas. Assim, o
homem deixou de ser visto apenas como um ser que nasce, cresce, reproduz e morre. Entram
em cena as teorias da aprendizagem, que investigará seu objeto de análise a partir das
idiossincrasias de cada corrente psicológica.
Os breves resumos que se apresentam neste texto das teorias de aprendizagem são em
sua maioria apontados a partir das discussões propostas por Ostermann e Cavalcanti (2010).
Adicionalmente também serão acrescidas as vertentes da psicanálise, da fenomenologia e
também da pós-estruturalista. Ostermann e Cavalcanti (2010) iniciam sua obra apresentando as
teorias behavioristas, que foram bastante influentes no século XX.
Os trabalhos de Pavlov idealizaram a noção de condicionamento e de estímulo
condicionado, que deu o pontapé inicial para o desenvolvimento do behaviorismo no ocidente,
principalmente nas figuras de Watson e Skinner. Assim, o behaviorismo analisa o
comportamento humano com base naquilo que pode ser atestado positivamente. Watson funda
o behaviorismo metodológico, que propõe o condicionamento respondente, que envolve um
sinal neutro e um reflexo e está relacionado com comportamentos automáticos e involuntários.
Skinner, por sua vez, cria o behaviorismo radical, derivado do metodológico, cujo diferença
central está amparada no conceito de condicionamento operante, o qual postula que um reforço
ou punição deva ser aplicado depois de um comportamento. Além disso, é importante para o
behaviorismo radical a noção de fortalecimento e enfraquecimento dos comportamentos.
Em seguida, Ostermann e Cavalcanti (2010) apresentam as teorias de transição entre o
behaviorismo clássico e o cognitivismo. Essas teorias se caracterizam por considerar tanto os
estímulos e respostas quanto os processos internos de aprendizagem, como defendem Robert
Gagné e Edward Tolman. Os autores ainda citam a Teoria da Gestalt, na qual há a defesa da
importância do todo em vez das partes. É importante destacar que a noção de insight, segundo
Ostermann e Cavalcanti (2010), é amplamente utilizada na teoria da aprendizagem.
Os autores explicam que as teorias cognitivas têm como foco o processo de cognição,
pois a atribuição de significados à realidade só é possível mediante tal processo. Além disso, as
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II. DESENVOLVIMENTO
Lev Semionovitch Vygotsky foi um psicólogo russo que propôs a psicologia cultural-
histórica. Sua pesquisa tem se tornado fundamental para muitas pesquisas e teorias na área de
desenvolvimento cognitivo nas últimas décadas, principalmente na teoria sociocultural.
Vygotsky propõe que o desenvolvimento humano é um processo socialmente mediado em que
a criança adquire valores culturais, crenças e estratégias para resolver problemas através de
diálogos colaborativos com os indivíduos mais experientes da sociedade. A teoria de Vygotsky
consiste de conceitos ferramenta cultural, discurso privado e a tão conhecida zona de
desenvolvimento proximal.
Segundo Ostermann e Cavalcanti (2010), a atividade é o conceito central para Vygotsky,
que pode ser definida como “a unidade de construção da arquitetura funcional de consciência;
um sistema de transformação do meio (externo e interno da consciência) com a ajuda de
instrumentos [...] e signos” (p. 26). Nesse sentido, é mister notar a importância que a cultura e
a linguagem possuem para a teoria sociocultural. Conforme já fora mencionado, a interação
social é um conceito importante para o desenvolvimento da cognição, portanto, ela tem um
papel central no processo de atribuição de sentido e tal interação se dá, mas não somente,
mediante a linguagem.
Vygotsky (2003a, 2003b) defende haver uma relação recíproca e articulada entre a
linguagem e o pensamento. Ainda de acordo com o autor, tal relação é de início independente.
Além disso, o psicólogo russo enfatiza que a comunicação tem uma função na evolução do
desenvolvimento das atividades mentais superiores. Ademais, considerando que os seres
humanos são seres sociais há a necessidade de estabelecer os meios de relação nos grupos por
intermédio da linguagem e da comunicação.
Por isso, o estudo do desenvolvimento da linguagem e do pensamento, na perspectiva
de Vygotsky (2003a, 2003b), reconhece dois componentes estruturantes da palavra, a saber: a
função designativa e o significado. O primeiro componente, diz respeito a entender a palavra
como designadora ou nomeadora e o segundo como separação, generalização e a introdução
em categorias.
Vygotsky (2003a) indica que o primeiro passo da criança é empregar a palavra com a
função designativa, que se modifica à medida que vão se estabelecendo as relações de interação
que ela possui com outros indivíduos mais experientes. Com o constante emprego da palavra,
a criança aprende e começa a ter a referência objetal, que quando está estável já imita os adultos
no uso da palavra. Entretanto, tais palavras ainda estão com os sentidos difusos e também
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dependentes da situação. Com a interação com indivíduos mais experientes, a criança acaba
ganhando experiência no uso da linguagem e começa a atribuir sentido às palavras, libertando-
se, assim, da situação. Tal libertação só é possível porque a criança passa a ter um referencial
objetal permanente, fruto da interiorização dos sentidos.
Ainda na perspectiva de Vygotsky, quando a criança reage ao objeto sem depender dos
fatores situacionais, há a indicação de que o significado da palavra se desenvolveu. Assim,
pode-se reconhecer a importância da interação social para o desenvolvimento da linguagem e
do pensamento nos indivíduos, pois é o uso constante da palavra que faz com que a criança
interiorize seus significados. No filme A Chegada, pode-se perceber essa relação, que será
apresentada logo mais.
O filme A Chegada, Arrival no original em inglês, é um filme estado-unidense lançado
em 2016. O filme é um drama de ficção científica dirigido pelo cineasta franco-canadense Denis
Villeneuve. O filme é estrelado pelos atores Amy Adams e Jeremy Renner, que interpretam
uma linguista e um físico, respectivamente. A premissa do filme é a chegada de doze naves
alienígenas que se estacionam em vários locais da terra e a linguista Dra. Louis Banks é
recrutada pelos militares norte-americanos para tentar se comunicar com os alienígenas e
descobrir se são pacíficos ou beligerantes.
No filme, as nações da terra tentam contatar os alienígenas de diversas formas. No
entanto, diversas nações começam a interpretar erroneamente as mensagens dos alienígenas e
planejam atacar as naves. A Dra. Louis Banks logo determina que a linguagem dos heptapodes
pode impactar a capacidade física do cérebro de perceber o espaço-tempo. Esse aspecto do filme
não é algo inteiramente novo. O que está posto aqui é a hipótese Sapir-Whorf, que data do início
do século XX, que fundamentou o relativismo linguístico. De forma breve, o relativismo
linguístico propõe que os indivíduos recortam a realidade de acordo com a sua linguagem com
a qual eles crescem.
O filme, inteligentemente, apresenta uma situação bem interessante que remete à
questão do uso e da internalização do sentido, que foi abordado algumas linhas acima. Os
sentidos das palavras são adquiridos à medida que os indivíduos que uma determinada
sociedade conversam entre si. As conversas moldam a realidade social em conjunto com os
indivíduos que também se moldam pelas mesmas conversas. No filme, isso fica explícito na
forma como os norte-americanos e os chineses conduzem a comunicação com os heptapodes.
De um lado, a Dra. Banks e os norte-americanos comunicam com os heptapodes de
modo conversacional, em que tanto os humanos quanto os heptapoder podem efetivamente criar
uma paisagem em que cada um pode falar e compreender, bem como ser entendido um pelo
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outro. Dessa forma, o que se cria é um mundo social entre as duas espécies que é baseado no
entendimento mútuo.
Por outro lado, os chineses utilizam o jogo mahjong para estabelecer a comunicação. A
Dra. Banks explica o problema de se utilizar o jogo em vez do inglês, pois os heptapodes
poderiam interpretar toda a conversa como um jogo, ou que cada ideia fosse expressada por
oposição, vitória, derrota. Assim, a utilização do jogo como ferramenta de comunicação cria
um mundo social competitivo, logo, a única linguagem possível entre os chineses e o
heptapodes seria aquela que começa com e termina em guerra.
Esse elemento pontual do filme A Chegada é interessante para pensar o
desenvolvimento da linguagem em Vygotsky. O processo de emprego de palavras e signos
pelos humanos na tentativa de comunicar com os heptapodes se assemelha ao uso que a criança
faz da palavra designadora, em um primeiro momento. À medida que a Dra. Banks vai
aprendendo a linguagem dos heptapodes ela vai interiorizando os sentidos e acaba por dominar
a linguagem a ponto de sua realidade ser recortada de outra maneira. É importante frisar também
que a forma de interação cria mundos sociais distintos para norte-americanos e chineses.
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III. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
A CHEGADA. Direção: Denis Villeneuve. Los Angeles: Paramount Pictures. 2016. 116min.