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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E


CONTABILIDADE
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

Janilson
Laane

Maio/2011
Objetivos
1. Apresentar o conceito e em que contexto está
inserido o capital de giro;
2. Explicar a importância do capital de giro;
3. Apresentar noções fundamentais para a gestão do
capital de giro;
4. Mostrar a importância de uma boa gestão do
capital de giro;
5. Apresentar conceitos como capital de giro líquido e
necessidade de capital de giro.
Conceito de Capital de Giro
 Capital de Giro ou Ativo Corrente é um recurso
de rápida renovação (dinheiro, créditos,
estoques, etc.) que representa a liquidez da
operação disponível para o negócio.
 É uma importante ferramenta para tomada de
decisões, pois se refere ao ciclo operacional
de uma empresa, englobando desde a
aquisição de matéria-prima até a venda e o
recebimento dos produtos vendidos.
Conceito de Capital de Giro
 A administração de capital de giro abrange a
administração das contas circulantes da empresa.
A administração de capital de giro é um dos
aspectos mais importantes da administração
financeira considerada globalmente.
(GITMAN 1987, P.279)
 O capital de giro é conhecido também como
capital circulante e corresponde aos recursos
aplicados em ativos circulantes, que transformam-
se constantemente dentro do ciclo operacional.
(HOJI 2001, P.109 )
O ciclo financeiro e o Capital de Giro
Volume do Capital de Giro
A gestão do capital de giro

 Diz respeito aos elementos de giro que


correspondem aos recursos correntes, de curto
prazo, da empresa.( AC e PC)
 Aborda compras de MP, pagamento de
fornecedores, estoques, processo produtivo,
vendas, concessão de crédito, recebimento,
pagamentos de salários, impostos, etc.
Noções sobre o Capital de Giro
1. O capital de giro total
2. O capital de giro operacional
3. O capital de giro financeiro
4. Gestão Integrada do Capital de Giro
1. O Capital de Giro Total

 Compreende os elementos do ativo


circulante, ou seja, disponibilidades,
recebíveis e estoques.
 Representa o investimento em ativos de
curto prazo.
Gestão do Ativo Circulante

 Nível de caixa adequado para sustentar as


atividades operacionais da empresa e para atender
necessidades inesperadas e aproveitar eventuais
descontos comerciais;
 Nivel de crédito em consonância com o
comportamento das vendas, associado a uma
política crédito ( riscos, prazos e cobrança)
 Nivel de estoque adequado, considerando custo de
que esse estoque representa para a empresa e o
risco que incorrerá caso falte o estoque.
Gestão do Passivo Circulante

 Enfoque no nível de endividamento,


selecionando as melhores alternativas e custos de
financiamentos.
 É constituído por fontes de recursos de curto prazo,
como empréstimos bancários, descontos de
duplicatas, fornecedores, salários, etc.
Capital de Giro Líquido (CGL)
É a diferença entre o ativo circulante e o passivo
circulante.
CGL = AC – PC.

Se AC > PC, situação favorável, indicando excesso


de ativos circulantes para honrar os passivos
circulantes. Representa parcela do AC financiada
com recursos de longo prazo.

Se AC < PC, situação desfavorável, apresentando


déficit de ativos circulantes para cobrir dívidas de
curto prazo. Implica que parcela do ativo permanente
está sendo financiado com recursos de curto prazo.
Alterações no CGL
Movimentações entre contas circulantes e contas
não circulantes, modificações nas contas que não
são de curto prazo que afetam contas cirulantes.
 Exemplos que aumenta o CGL:
 Compra de máquina a vista
 Lucros apurados
 Aumentos de capital
 Empréstimos de longo prazo
 Exemplos que diminui CGL:
 Dividendos distribuidos
 Investimentos em ativos pemanentes
Capital de giro próprio

 Parcela de recursos próprios que está


sendo utilizada para financiamento dos
ativos de curto prazo;
 CGP = PL – AP – RLP.
Gestão do Capital de Giro

 Para dar qualidade a administração do


capital de giro, pode-se dividí-la em:
 Gestão do capital de giro operacional.
 Gestão do capital de giro financeiro.
 Gestão integrada .
2. O Capital de Giro Operacional

Compreende os elementos operacionais ou


cíclicos do ativo e do passivo circulante, e
guardam estreita relação com as atividades da
empresa.
 Origens dos recursos operacionais:
 Fornecedores
 Contas a pagar (salários, impostos)
 Aplicação de recursos operacionais:
 Contas a receber
 Estoques
Necessidade de Capital de Giro (NCG)
Decorre da falta de sincronização temporal entre
pagamentos, produção, vendas e recebimento.
Envolve as contas operacionais do ativo circulante e
do passivo circulante.

NCG = AC operacional – PC operacional

NCG (aumenta) se AC operacional (aumenta) e PC


operacional (diminui);
NCG (diminui) se AC operacional (diminui) e PC
operacional (aumenta);
3. O Capital de Giro Financeiro
Formado por ativos financeiros e passivos
financeiros, ou seja, contas que estão ligadas à
tesouraria. .

 Origem de recursos de curto prazo (passivo):


 Empréstimos bancários
 Descontos de duplicatas
 Aplicação de recursos de curto prazo (ativo):
 Caixa e bancos
 Aplicações financeiras
Saldo de tesouraria (ST)

Envolve variáveis financeiras do ativo e passivo


circulante.
ST = AC financeiro – PC financeiro
 Aumento de PC financeiro pode acarretar
aperto financeiro (liquidez) e aumento do risco
financeiro.
 Normalmente problemas na gestão do capital
de giro operacional provocam deterioração do
saldo de tesouraria.
4. A Gestão Integrada do Capital de
Giro

 Desequilíbrios entre a geração e aplicação de


recursos operacionais implicam em necessidade de
capital de giro (NCG). Isso faz a empresa buscar
recursos externos ao ciclo operacional para
financiar o capital de giro.
Podem ser recursos próprios ou de
terceiros,(empréstimos bancários de curto prazo) .
 Relação integrativa: CGL = NCG + ST
De Baixo Risco e Alto Risco
 De baixo risco: CGL positivo, indicando que as
operações geram recursos para o financiamento.

 De alto risco: CGL negativo, indicando que as


operações não conseguem geram recursos para o
financiamento, há necessidade de recursos de
instituições finaceiras.
O Efeito Tesoura
 Ocorre quando o crescimento da necessidade
de capital de giro (NCG) é superior ao do capital de
giro líquido (CGL).

 Se a empresa utiliza uma estrutura do alto risco, a


necessidade de capital de giro pode
conduzir a um aumento no saldo negativo de
tesouraria, implicando na captação de empréstimos
para cobri-lo.
Overtrading
 É o ato de fazer negócios superiores à capacidade de
financiamento da necessidade de capital de giro
(NCG);
OVERTRADING =
SALDO DE TESOURARIA NEGATIVO > LIMITE DE CRÉDITO

 O efeito tesoura é um das principais causas da


ocorrências do overtrading. Pode ocorrer também por
razões alheias à vontade e à gestão da organização
(uma alteração política econômica do tipo redução no
limite de crédito).
A Situação de Overtrading
“...Esta situação conduz uma organização à
insolvência. Assim, é melhor retirar as
vendas de forma voluntária, mesmo com
prejuizo, do que ser conduzido a
insolvência...”
MATIAS (2007, p.42)
A avaliação da Liquidez na Gestão do
Capital de Giro
1. Indicadores de liquidez estática: evidencia o grau de
capacidade de pagamento da empresa em
decorrência da existência ou não de solidez
financeira.
 Principais indicadores:
 Liquidez corrente: ativo circulante/ passivo circulante.
 Liquidez seca: ativo circulante (menos) estoque/ passivo
circulante.
 Liquidez imediata: disponibilidades/ passivo circulante
A avaliação da Liquidez na Gestão do
Capital de Giro
2. Indicadores de liquidez dinâmica: é a evolução da
capacidade de pagamento da empresa.
 Principais indicadores:
 Coeficiente do efeito tesoura: saldo de tesouraria(ST)/
receitas
 Coeficiente de overtrading: limite de crédito (LC) + saldo de
tesouraria(ST)/ receitas
 Coeficiente de equilíbrio financeiro: CGL/ receitas
Fatores que Determinam o NCG, CGL
e ST
 Os ciclos econômico e financeiro de uma
empresa refletem e representam a influência do
tempo nas suas operações do dia-a-dia.
 O Ciclo Econômico é o tempo decorrido desde a compra de
matéria-prima até a venda de produtos acabados;
 O Ciclo Financeiro é o tempo decorrido desde pagamento
da matéria-prima comprada até o recebimento da venda de
produtos.
Exemplo
Considerando PMP= 45 dias , PMR=30 dias e
PME=30 dias .
Fatores que determinam o NCG, CGL
e ST
 Eficientemente quanto mais rapidamente ocorrerem
as entradas de caixa dos recebimentos das vendas
e/ou mais demorado for o prazo de pagamento aos
fornecedores , mais se transformará matéria-prima
em produtos acabados e a venda do produto e
nesse caso menor será o ciclo .
 Consequentemente, menor será o valor do
Investimento Operacional em Giro (IOG), pela
menor necessidade de investimentos nos ativos
operacionais.
Ciclo de Conversão de Caixa
CCC= IME+ PMR – PMP ou CCC= CO -PMP

Representa o tempo pelo qual os recursos da empresa


ficam aplicados.
(GITMAN, 2008)
Se o PMR diminui CCC aumenta
Se o PMP aumenta CCC diminui
Exigências de financiamento
resultantes do CCC
 Permanente: vendas constantes logo os
investimentos em ativos operacionais será
constante.
 Sazonais: vendas cíclicas logo os investimentos
em ativos operacionais variará ao longo do tempo.
Estratégias de financiamento
 Conservadora: as exigências sazonais e permanentes
são financiadas pelo PNC.
 Agressivas: as exigências sazonais é financiada pelo
PC e as exigências permanentes pelo PNC.
Soluções dos Mini-
Mini-Cases
14.1, 14.2, 14.3 e 14.4
Mini-
Mini-case 14.1
IME=90 dias; PMR=60 dias; PMP=30 dias.
Investimentos no CO= $30 milhões/ano.

a) CO = IME + PMR
Logo, CO= 90 + 60.: CO= 150 dias

b) CCC= IME + PMR – PMP


Logo, CCC= 90+ 60 – 30= 120 dias
c)
VARIÁVEIS
ESTOQUE $ 30 000 000 x (90/360) $ 7 500 00
(+)C. A RECEBER $ 30 000 000 x (60/360) $ 5 000 000
(-)C. A PAGAR $30 000 000 x (30/360) ($2 500 000)
= VOLUME DE RECURSOS NECESSÁRIOS PARA $10 000 000
A CONVERSÃO DO CICLO DE CAIXA

d) Para reduzir o CCC, a administração poderia encurtar o


PMR e/ou ampliar o PMP. Dessa forma, diminuiria o
montante de recursos aplicados nas operações.
Mini-
Mini-case 14.2
Giro de estoque= 8 vezes/ano
PMP= 35 dias e PMR= 60 dias
Investimentos no CO= $ 3,5 milhões/ano

a) CO= IME+ PMR


Logo CO= (360/8) + 60 = 105 dias
CCC= CO – PMP
Logo CCC= 105 – 35 = 70 dias

b) Gasto diário = $3 500 000/ 360 dias= $ 9722,22


Proporção do CO a ser aplicada no CCC=
$ 9722,22 x ( 105/360)= $ 2835,65
c) Se a empresa estiver pagando 14% por esses
recursos, em quanto seu lucro poderá
aumentar se ela puder alterar favoravelmente
o CCC , ou seja, reduzir 20 dias, logo
CCC=50 dias.
Mini-
Mini-case 14.3
Giro de estoque= 6 vezes/ano
PMR= 45 dias; PMP=30 dias
Investimentos no CO= $ 3 000 000/ano

a)
 CCC= IME + PMR - PMP
Logo CCC= (360/6) + 45 – 30 = 75 dias
 Gasto diário= $ 3 000 000/ 360 = $ 8 333,33
 Recursos necessários para o CCC=
$ 3 000 000 x (75/360) .: $ 625 000
b)
Redução da IME em 5 dias ( IME= 55 dias)
Acelerar a cobrança das contas a receber em 10
dias ( PMR= 35 dias)
Alongar o prazo médio de pagamento( PMP= 40
dias)

 CCC= IME+ PMR– PMP


Logo, CCC’= 55 + 35 – 40 .: 50 dias
O CCC reduziu em 10 dias.
 Recursos necessários para o CCC=
$ 3 000 000 x (50-360) .: $ 420 0000
c) Estoque = $ 420 000 x (60/360)= $ 70 000
+C. a receber= $ 420 000 x (45/360)= $ 52 500
- C. apagar = $ 420 000 x 0,13 x ( 30/360)= $ 4 550
= Recursos necessários para o CCC= $ 117 950

Estoque = $ 420 000 x (55/360)= $ 64 200


+C. a receber= $ 420 000 x (35/360)= $ 40 834
- C. apagar = $ 420 000 x 0,13 x ( 40/360)= $ 6 066
= Recursos necessários para o CCC= $ 98 968

Lucro = $ 117 950 - $ 98 968= $ 18 982


d) Sendo o custo anual = $ 35 000, recomenda-
se que haja redução desses custos e/ou
redução do CCC para o aumento do lucro.

Lucro anual = $ 18 982


Custo anual= $ 35 000

Situação deficitária
Mini-
Mini-case 14.4
d) Nas estratégias de financiamento agressivas, as
exigências sazonais é financiada pelo PC e as
exigências permanentes pelo PNC. Esta estratégia é
menos cara, porém mais arriscada. Isso ocorre pelas
possíveis variações da taxa de juros e pelas
dificuldades quanto à rapidez de obtenção de
financiamento de curto prazo.

Nas estratégias de financiamento conservadora, as


exigências sazonais e permanentes são financiadas
pelo PNC. Tem menor risco, pois apresenta taxa de
juros garantidas e tem disponibilidade de recursos de
longo prazo, mas é mais cara.
OBRIGADO!
Referências Consultadas
GITMAN, L. J. Princípios da administração
financeira, 10 ed., São Paulo: Pearson Addison
Wesley, 2004.

MATIAS, A. B. Finanças Corporativas de curto


prazo: a gestão do valor do capital de giro. São
Paulo: Atlas, 2007.

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