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Professora Ana Paula Correia de Souza

Direito Processual Penal II

PROCEDIMENTO COMUM SUMARÍSSIMO


O procedimento comum sumaríssimo é aplicável às infrações de menor potencial
ofensivo.

A Constituição Federal, em seu artigo 98, inciso I, estabelece que as infrações de


menor potencial ofensivo serão julgadas perante os juizados especiais criminais. Assim,
tem-se uma competência em razão da matéria fixada constitucionalmente.

Embora a competência dos juizados especiais criminais


esteja prevista na Constituição Federal, o STF entende que
tal competência relativa (HC 85019, DJ 04/03/2005). No
entanto, STJ firmou o entendimento de que seria uma
hipótese de competência absoluta (Conflito de competência
nº 34.586, Dj 27/11/2002).

A Lei nº 9.099/95 regulamenta o Juizado Especial Criminal. Além disso, a Lei nº


10.259/01 implementa Juizado Especial Criminal na Esfera Federal.

O Artigo 61 da lei 9.099/95 conceitua infração de menor potencial ofensivo como


sendo as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não seja superior a dois
anos cumulada ou não com multa.

Destaca-se que a lei 10259/01 apenas definir a competência do JECrim Federal,


havendo a lei 9.099 disciplinar a estrutura, funcionamento e institutos aplicáveis. Logo,
para que o crime seja julgado no juizado especial criminal federal devem ser observados
dois critérios cumulativos:

a) que o delito praticado seja de competência da Justiça Federal - art.109/CF;

b) que o crime tenha uma pena máxima não superior a 2 anos.

Vale lembrar que as contravenções penais serão sempre de competência da justiça


estadual, nos termos do artigo 109, inciso IV, da CF.

Considerando o critério para definir a competência do juizado especial criminal é


a quantidade da pena máxima cominada, as causas de aumento ou diminuição de pena,
bem como o concurso de crimes poderá influenciar na fixação da competência. A
jurisprudência tem que ser inclinado para o entendimento de que quando a gente praticar
dois ou mais crimes em concurso material, deve ser somar as penas máximas em abstrato
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e, sendo concurso formal ou crime continuado, deve-se considerar o maior aumento,


sempre buscar na pena máxima. Se, após a aplicação do aumento de pena e esta
permanecer no limite de dois anos, a competência será do juizado especial criminal; do
contrário, não. Esse raciocínio fundamenta-se na aplicação por analogia das súmulas 723
do STF e 243 do STJ.

Esse entendimento não é pacificado na doutrina. Parte da doutrina entende que no


concurso material de crimes deve ser analisar a pena de cada um deles de forma isolada
e, no caso de concurso formal ou crime continuado deve ser desprezar a causa de aumento,
trabalhando somente com a pena do tipo mais grave. Nesse sentido é Aury Lopes Júnior,
Grinouver.

Quanto à competência territorial, o artigo 63 da lei 9.099, estabelece que será


competente o em que por praticada a infração penal. A doutrina majoritária entende que
rege a teoria da atividade, logo, o juízo competente é o do local da ação ou omissão
(diferente do que ocorre no CPP, que, em regra, consagra a teoria do resultado - art.
70/CPP).

Princípios Norteadores - art. 62 da Lei nº 9.099/95:

a. Oralidade;

b. Simplicidade (acrescido pela Lei nº 13.603/2018);

c. Informalidade;

d. Economia processual;

e. Celeridade.

Objetivos - art. 62 da Lei nº 9.099/95:

a. Reparação dos danos sofridos pela vítima: se revela com a composição


civil (justiça consensual).

b. Aplicação de pena não privativa de liberdade: ocorre por meio da transação


penal.
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Termo Circunstanciado (TC): art. 69 da Lei nº 9.099/95:

Ocorrendo uma infração penal de menor potencial ofensivo, a autoridade policial


deverá proceder à lavratura do Termo Circunstanciado, salvo na ocorrência de um crime
de alta complexidade, ou se o autor da infração não for conhecido ou ainda se se houver
conexão ou continência com crime que comporta a instauração de inquérito policial.

O TC é uma investigação simplificada, com resumo das declarações das pessoas


envolvidas e das testemunhas, e eventualmente a juntada de exame de corpo de delito
para os crimes que deixam vestígios. Com a conclusão do TC, o delegado o remete ao
Juizado Especial Criminal.

Prisão em flagrante e fiança: art. 69, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95

Se o autor do fato for encaminhado à delegacia e assumir o compromisso de


comparecer ao Juizado Especial Criminal na lavratura do termo circunstanciado, não se
importar a prisão em flagrante nem se exigirá fiança.

Fases:

a) Preliminar: art. 72 a 76 da lei nº 9.099/95

É uma fase pré-processual que se desenvolve na audiência preliminar. Nessa fase


poderão ser aplicados dois institutos despenalizadores.

a.1) Composição civil dos danos: art. 74 da lei nº 9.099/95

É um acordo firmado entre o autor da infração e o ofendido para que aquele


repare o dano sofrido por este em decorrência da prática da mesma. Para que esse acordo
surta efeitos, a lei exige a homologação judicial, a qual consistirá em uma sentença
irrecorrível. Essa sentença constituirá um título executivo judicial que poderá ser
executado no juízo cível, uma vez que o acordo tem natureza cível.

Se tratando de ação penal privada e de ação penal pública condicionada a


representação do ofendido, o acordo implica em renúncia ao direito de queixa ou de
representação.
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a.2) transação penal: art. 76 da lei nº 9.099/95

Consiste numa proposta de aplicação imediata da pena restritiva de direitos


ou multa feita pelo Ministério Público ao autor no delito. Para que tal benefício seja
oferecido, é necessário que estejam presentes indícios suficientes de autoria e prova da
materialidade delitiva.

Esse instituto consiste em uma exceção ao princípio da obrigatoriedade da


ação penal pública. Fala-se em princípio da discricionariedade regrada ou
obrigatoriedade mitigada.

Vale frisar que no crime de ação penal pública condicionada a representação


do ofendido, o MP só poderá apresentar a proposta de transação se a representação for
apresentada.

O artigo 76, §2º, da Lei nº 9.099/95 estabelece alguns requisitos necessários


para a propositura da transação penal:

I. não ter sido condenado com sentença definitiva a pena privativa de liberdade;

II. não ter sido beneficiado nos últimos cinco anos pela transação penal;

III. indicarem os antecedentes, a conduta, a personalidade do agente, os motivos


e circunstâncias ser necessária e suficiente a adoção da medida – serem favoráveis as
circunstâncias judiciais, previstas no artigo 59/CP.

Segundo o entendimento majoritário do STJ, a transação penal não é um


direito subjetivo para o autor dos fatos. Trata-se de um poder-dever para o Ministério
Público. Logo, sendo preenchidos os requisitos elencados acima o MP deverá oferecer a
proposta ao agente delitivo.

Caso o ministério público não ofereça proposta o magistrado deverá remeter


os autos ao procurador-geral de Justiça (âmbito estadual), conforme o disposto no artigo
28 do CPP.

ATENÇÃO! A lei 13964/2019 (pacote anticrime) alterou a


redação do artigo 28 do Código de Processo Penal. No entanto, o
Ministro Luiz Fux, em decisão liminar proferida no dia 22 de
janeiro de 2020, suspendeu a eficácia da nova redação desse
dispositivo legal por tempo indeterminado. Se considerarmos a
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redação da nova lei, caso o ministério público deixe de oferecer a


transação penal quando preenchidos os requisitos exigidos pela lei,
o interessado no recebimento de proposta deverá impugnar
diretamente a omissão do membro do Parquet na instância de
revisão ministerial (art. 28, §1º).

O agente do delito, ainda que preenche os requisitos exigidos pela lei, não
está obrigado a aceitar a transação penal, podendo recusá-la ou oferecer contraproposta.
No entanto, havendo o aceite, esse não significa confissão de culpa, daí porque não valerá
como maus antecedentes ou para fins de reincidência.

Para que a transação penal opera efeitos, é necessária a homologação


judicial. Para tanto, a lei exige que o juiz só a homologue se estiverem presentes indícios
suficientes de autoria e prova da materialidade delitiva. Essa decisão de homologação
judicial faz apenas coisa julgada formal (efeito endoprocessual somente), assim, na
ocorrência de fato superveniente a decisão poderá ser desconstituída.

Havendo a homologação judicial, essa decisão será passível de recurso de


apelação. Se o juiz rejeita a homologação, será cabível recurso de apelação (segundo
Eugênio Pacelli), a impetração de um HC (segundo entendimento do STJ, HC 82.697-
1/SP) ou mandado de segurança em matéria criminal.

Uma vez cumprido o acordo de transação penal opera-se a extinção da


punibilidade do agente.

Se ocorrer o descumprimento injustificado do acordo, será possível a


revogação do benefício e o MP poderá dar prosseguimento na ação penal.
Consequentemente, admite-se o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público ou até
mesmo a requisição deste órgão para instauração de um inquérito policial - súmula
vinculante nº 35.

No entanto, se o acordo de transação consistiu na aplicação da pena de multa,


o seu descumprimento ensejará na execução dela.

Há tempos se discutia a forma de execução da pena de multa. Em 2018, o


STF apresentou uma solução intermediária para tal discussão, em sede de
controle concentrado de constitucionalidade (portanto, com efeitos
vinculantes). Na ocasião, o STF asseverou que, em regra, em razão do
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caráter de sanção penal da multa, essa pelo Ministério Público, no,


conforme o disposto no artigo 164 da lei de execução penal. Apenas
excepcional e subsidiariamente, se houvesse a inércia do órgão ao não
executar o valor devido em até 90 dias após ser intimado para tanto, a pena
de multa passaria a ser executada no juízo de execução fiscal e de acordo
com a lei 6830/80.

Ocorre que, com a entrada em vigor da lei 13964/2019 - pacote anticrime


-, o artigo 51 do Código Penal recebeu nova redação: “Transitada em
julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da
execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas
relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às
causas interruptivas e suspensivas da prescrição”.

Percebe-se que a nova redação prevê expressamente a competência do


juízo da execução penal para processar e julgar a execução da pena de
multa.

Apesar de toda a explicação acima, ainda que o artigo 51 do Código Penal


tenha sido alterado em 2019, em razão do princípio da especialidade, deve-se considerar
o disposto no artigo 60, caput, da lei 9.099/95:

Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados


ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o
julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial
ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.

Logo, se a multa foram objeto de decisão do juizado especial criminal,


seja em sentença homologatória de transação penal, ou ainda em sentença penal
condenatória, a sua execução deverá ocorrer no âmbito desse mesmo juízo e não no juízo
da execução penal.

Segundo entendimento do STJ, é possível a transação penal em se tratando de


crime de ação penal privada. A legitimidade para formular a proposta passa a ser do
ofendido, sendo que o silêncio do querelante não constitui óbice ao prosseguimento da
ação penal. Nessa ocasião, segundo o entendimento da doutrina majoritária, o Ministério
Público também poderá oferecer a proposta de transação penal.
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Segundo entendimento do STJ, a transação penal impede a impetração de habeas


corpus para trancamento da ação penal, pois a transação penal visa impedir o início da
ação penal, não se revelando viável, após a celebração do acordo, pretender discutir em
ação autônoma a existência de justa causa para ação penal (Informativo nº 657).

Em se tratando de crime de ação penal privada ou de ação penal pública


condicionada à representação, é indispensável a presença da vítima na audiência
preliminar. se a vítima não comparecer a este ato, não é autorizada a sua intimação, logo,
deve-se aguardar o decurso do prazo decadencial para o oferecimento da representação
ou da queixa. Se a vítima se manifestar dentro do prazo decadencial, o magistrado deve
designar nova audiência preliminar; não havendo manifestação opera-se a extinção da
punibilidade pela decadência.

b) Fase judicial propriamente dita (artigo 77 a 83 da Lei nº 9.099/95):

b.1) Denúncia ou queixa oral (art. 77 da Lei nº 9.099/95):

Se não for possível a realização do acordo de composição civil ou transação penal


e não houver a necessidade de diligências imprescindíveis, a denúncia ou a queixa serão
apresentados oralmente, na própria audiência preliminar e estará lastreada no termo
circunstanciado. Oferecida a inicial acusatória, esta será reduzida a termo e será entregue
cópia ao acusado (art. 78, caput, da Lei nº 9.099/95).

Nos crimes que deixam vestígios, a inicial acusatória não precisa estar
acompanhada do laudo do exame de corpo de delito, podendo ser baseada em boletim
médico ou prova equivalente (art. 77, §1º da Lei nº 9.099/95). No entanto, para fins de
condenação, o exame de corpo de delito é imprescindível, podendo ser substituído por
prova testemunhal, caso os vestígios tenham desaparecido.

b.2) Citação, notificação e intimação (art. 78 da Lei nº 9.099/95):

O réu será citado ainda na audiência preliminar e notificado a comparecer à


audiência de instrução e julgamento. As demais partes serão intimados dessa audiência
também.
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Se o acusado não estiver presente, ele será citado e notificado pessoalmente,


conforme o disposto no artigo 66 da Lei nº 9.099/95.

Segundo entendimento majoritário da doutrina e da jurisprudência, havendo a


necessidade de citação por edital, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum
para adoção do procedimento previsto em lei, conforme o disposto no artigo 66, parágrafo
único, da Lei nº 9.099/95. Assim, a necessidade da citação editalícia é causa de
deslocamento da competência para a Justiça Comum, pois considera-se que tal
medida é incompatível com o procedimento sumaríssimo dos Juizados Especiais, calcado
nos princípios da celeridade e informalidade.

Importante ressaltar que o acusado deverá levar suas testemunhas à audiência de


instrução e julgamento ou deverá apresentar requerimento para intimação com no
mínimo 5 dias de antecedência da data designada para audiência.

Quanto ao número de testemunhas, embora não haja previsão legal expressa, a


doutrina majoritária vem sustentando que o número seria de 5 testemunhas para cada
parte e por fato delitivo, em analogia ao previsto no procedimento sumário.

b.3) Audiência de instrução e julgamento (artigo 79 a 81 da Lei nº 9.099/95):

A audiência será iniciada com a tentativa de composição civil dos danos e de


transação penal se não for possível o oferecimento destes institutos na fase preliminar.

Não sendo realizado nenhum dos acordos citados, o defensor do réu deverá
apresentar a defesa preliminar (resposta à acusação) oralmente. Logo em seguida, o
juiz deverá decidir pelo recebimento ou rejeição da inicial acusatória.

Havendo o recebimento da inicial, passa-se a oitiva da vítima, das testemunhas de


acusação e defesa (nesta ordem), e por último, ao interrogatório do réu.

De acordo com o artigo 80 da Lei nº 9.099/95, nenhum ato será adiado, podendo
o juiz determinar, quando imprescindível, a condução coercitiva de quem deva
comparecer - princípio da concentração da matéria probatória.

Depois de encerradas todas as oitivas, passa-se aos debates orais, com prazo a ser
definido pelo juiz. Nesse ponto, a doutrina entende pela aplicação, por analogia, do prazo
do procedimento sumário: 20 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos.
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Ao final, deve ser prolatada a sentença oral, que dispensa o relatório (artigo 81,
§3º da Lei nº 9.099/95).

Não há previsão legal de apresentação das alegações finais em forma de


memoriais (escritas) ou da prolação da sentença escrita. no entanto, caso ocorra haverá a
mera irregularidade do feito.

b.4) Recursos (artigo 82 e 83 da Lei nº 9.099/95):

Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que


será julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de
jurisdição (turma recursal).

O prazo para a interposta da apelação é de dez dias, contados da ciência da


sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual
constarão as razões e o pedido do recorrente.

Além do recurso de apelação, no JECRim também será cabível a interposição de


embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão, houver obscuridade,
contradição ou omissão, no prazo de 5 dias (artigo 83, §1º).

Suspensão Condicional do Processo

- Art. 89 da Lei nº 9.099/95

- Será proposta depois de oferecida a denúncia.

- Requisito objetivo: crimes em que a pena mínima cominada for igual ou


inferior a um ano, tratando-se ou não de infração de menor potencial ofensivo.

Logo, considerando que para o oferecimento do sursis processual deve-se


levar em consideração a pena mínima, o instituto poderá ser apresentado
mesmo fora do juizado especial criminal.

- Requisitos subjetivos:

I. O réu não estar sendo processado por outro crime;

II. O réu não ser reincidente em crime doloso;


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III. Circunstâncias judiciais favoráveis ao acusado.

- Período de prova: O processo ficará suspenso pelo prazo de 2 a 4 anos, período


no qual o réu fica submetido a determinadas condições legais e judiciais.

- Condições legais (artigo 89, §1º da Lei nº 9099/95):

I - Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;

II - Proibição de frequentar determinados lugares;

III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do


Juiz;

IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para


informar e justificar suas atividades.

- Condições judiciais (artigo 89, §2º da Lei nº 9099/95): O Juiz poderá especificar
outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à
situação pessoal do acusado.

- Revogação obrigatória (artigo 89, §3º da Lei nº 9099/95): A suspensão será


revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou
não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.

- Revogação facultativa (artigo 89, §4º da Lei nº 9099/95): A suspensão poderá


ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou
descumprir qualquer outra condição imposta.

- Segundo o entendimento do STJ (HC 218785/PA) e do STF (Informativo nº


903), o sursis processual não é um direito subjetivo do réu. Trata-se de um poder-dever
para o Ministério Público. Logo, sendo preenchidos os requisitos elencados acima o MP
deverá oferecer a proposta ao agente delitivo.

Súmula 696/STF: Reunidos os pressupostos legais permissivos da


suspensão condicional do processo, mas se recusando o promotor
de justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao
Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de
Processo Penal.
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- Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo


prosseguirá em seus ulteriores termos.

- Após o cumprimento de todas as condições impostas e encerrado o período de


prova, ocorrerá a extinção da punibilidade. No entanto, segundo STJ, o término do
período de prova tem revogação do sursis processual não enseja, automaticamente, a
decretação da extinção da punibilidade, que só ocorrerá após ocorrer a certificação de
que o acusado cumpriu as obrigações estabelecidas e não veio a ser denunciado por novo
delito durante a fase probatória (RHC 28504/PA).

- O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações


penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva,
quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante,
ultrapassar o limite de 1 ano – Súmulas 243 do STJ e 723 do STF.

- Súmula 337 do STJ: É cabível a suspensão condicional do processo na


desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva.

- A suspensão condicional do processo não se aplica na Justiça Militar, assim


como toda a lei 9.099/95, conforme a vedação constante no artigo 90-A da referida lei.
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