Você está na página 1de 8

Tomé, o Apóstolo

Apóstolo de Jesus

Este artigo ou secção contém uma lista de referências no fim do texto, mas as suas fontes não são claras
porque não são citadas no corpo do artigo, o que compromete a confiabilidade das informações.Saiba mais

São Tomé (ou Tomás) Apóstolo foi um dos doze apóstolos originalmente escolhidos por
Jesus, segundo os Evangelhos sinóticos (Mateus 10:3, Marcos 3:18, Lucas 6:15) e os Atos
dos apóstolos, havendo pouco registro além.
São Tomé

São Tomé o Apóstolo, Diego Velázquez

Apóstolo, Mártir e Dídimo

Nascimento Galileia, na Palestina 

Morte próximo a Madras (Índia) 

c. 72

Veneração por Igreja Católica, Igreja Ortodoxa, Igreja Anglicana


e algumas Igrejas Protestantes

Beatificação

Canonização

Principal templo Basílica de São Tomé (em Chennai, na Índia)

Festa litúrgica 3 de julho

21 de dezembro (até 1925)[1]

Atribuições Gêmeos, seu dedo sobre as Chagas, lança (pelo


martírio), esquadro (por sua profissão como
pedreiro), vendas (por sua falta de fé).

Padroeiro de arquitetos e da Índia, entre outros

Polêmicas Especula-se muito de quem Tomé tenha sido


irmão gêmeo, e alguns estudiosos chegam a
supor que Tomé seja na verdade um pseudônimo
atribuído a algum outro apóstolo, em vez de uma
pessoa.
Portal dos Santos

Nome e identidade

Alguns teólogos têm mantido discordâncias a respeito da verdadeira identidade de São


Tomé. Tomé ou Tomás não era propriamente um prenome, mas sim a palavra equivalente a
gêmeo, vindo do aramaico Tau'ma (‫)תום‬, e posteriormente traduzida para o grego Dídimo
(Didymus). Essa palavra aparece composta com o prenome Judas nalguns trechos bíblicos.
Muito se discute de quem esse Judas Tomé seria irmão gêmeo. Outros, inclusive, acreditam
se tratar de Judas Tadeu, irmão de Tiago Menor, tendo-se confundido-o com uma terceira
pessoa apenas porque seu nome teria aparecido com a alcunha Gêmeo algumas vezes em
vez de Tadeu. Essa suspeita é reforçada por não haver um consenso histórico sobre quem
seriam verdadeiramente os doze apóstolos, havendo indicativos no Novo Testamento sobre
outros possíveis seguidores escolhidos por Jesus para ser um dos doze.

Fato é que a tradição católica e ortodoxa, bem como fortíssimos indícios indianos dos
católicos nativos de Malabar, apoiam a existência deste apóstolo, sua missão
evangelizadora e seu martírio. De fato, no século XVI os portugueses que chegaram à região
disseram ter descoberto a cripta do santo, suas relíquias e, inclusive, um pedaço de uma das
lanças com as quais fora morto com o sangue ainda coagulado. Acrescente-se a isto que
todos os antigos martirológios mencionam a ida de São Tomé à Índia, sua pregação e seu
martírio, transpassado por lanças empunhadas por hindus.[carece de fontes

?
]

Um fato recente e muito curioso foi quando após o tsunami de dezembro de 2004 que
devastou toda aquela região: o templo que guarda suas supostas relíquias ficou imune às
ondas gigantescas que destruíram todas as construções adjacentes, tendo permanecido
intacto. Uma antiga tradição afirmava que um poste fixado pelo apóstolo limitaria até o fim
dos tempos as águas, que jamais o ultrapassariam. Este poste existe até os dias atuais e se
localiza exatamente na porta principal da igreja que guarda suas supostas relíquias. Isto
deixou os sacerdotes hindus desconcertados e os mesmos prometeram não mais perseguir
e discriminar os cristãos daquelas plagas. [carece de fontes

?
]

Outros nomes

O Evangelho de Tomé presente na biblioteca de Nag Hammadi assim se inicia: Esses são os
ditos secretos que o Jesus vivo disse e Judas Tomé Dídimo registrou. Tradições sírias
também alegam que o nome completo do apóstolo era Judas Tomé, ou Jude Tomé. Alguns
dizem ter visto nos Atos de Tomé (escrito na Síria oriental entre os séculos II e III) uma
identificação de São Tomé com o apóstolo Judas Tadeu, filho de Tiago. No entanto, a
primeira frase desse Atos segue os Evangelhos e os Atos dos Apóstolos, distinguindo os
apóstolos Judas Tomé e Judas Tadeu.

Poucos textos determinam o irmão gêmeo de Tomé, apesar de que, no Livro de Tomé o
Adversário, parte dos manuscritos de Nag Hammadi, identifica-se Jesus como seu irmão:
Agora, haja visto que foi dito ser tu meu gêmeo e verdadeiro companheiro, examina-te a ti
mesmo.[2]

Tomé nos Evangelhos

No Evangelho de João

São Tomé aparece numas poucas passagens no Evangelho de João. Em João 11:16, quando
Lázaro morre, os discípulos resistem à decisão de Jesus para que retornem à Judeia, onde
os judeus tentaram apedrejar Jesus. O Mestre está determinado, mas é Tomé que toma a
palavra final: "Vamos todos, pois poderemos morrer com Ele". Alguns interpretam isso como
uma antecipação ao conceito teológico paulinista de "morrer com Cristo".

Ele também fala na Última Ceia, em João 14:5. Jesus assegura, a seus discípulos, que eles
sabem aonde ele irá, mas Tomé protesta que eles não sabem de fato. Jesus retruca a ele
aos pedidos de Filipe com uma complexa exposição de seu relacionamento com O Pai.
A aparição mais famosa de Tomé no Novo Testamento está em João 20:24-29, quando ele
duvida da ressurreição de Jesus e afirma que necessita sentir Suas chagas antes de se
convencer. Essa passagem é a origem da expressão "Tomé, o Incrédulo" bem como de
diversas tradições populares similares, tal como "Fulano é feito São Tomé: precisa ver para
crer". Após ver Jesus vivo, Tomé professa sua fé em Jesus; a partir de então ele é
considerado "Tomé, o Crente".[3]

Epílogo

Da mesma forma que se acredita que Pedro e Paulo disseminaram as sementes do


cristianismo pela Grécia e Roma, Marcos pelo Egito e João pela Síria e Ásia Menor, Tomé
teria levado a Palavra à Índia, tendo sido o primeiro dos Católicos Orientais. Como "prova"
das passagens de São Tomé pelo mundo, são-lhe atribuídas formas e marcas em pedras que
se assemelham a pegadas, algumas de tamanho gigantesco. É o caso, por exemplo, da
lenda sobre a "pegada" no Pico de Adão.

Assunção de Maria

De acordo com A passagem de Maria, um texto da Alta Idade Média atribuído a José de
Arimateia, Tomé foi a única testemunha da Assunção de Maria aos céus. Os outros
apóstolos foram miraculosamente transportados a Jerusalém para observar sua morte.
Tomé, que já estava na Índia, após o funeral fora transportado à tumba dela, onde
testemunhou o corpo de Maria subir aos céus, jogando-lhe seu cinto. Numa inversão à
imagem de ceticismo vinculada a Tomé, os outros apóstolos é que duvidaram de seu relato
até verem a tumba vazia e o cinto.[4]
O recebimento do cinto por Tomé é representado várias
vezes na arte medieval e pré-Tridentina.

Síria

Tomé tem um papel na lenda do rei Abgar V de Edessa (Urfa), por ter enviado Tadeu de
Edessa para pregar na cidade mesopotâmica (hoje síria) de Edessa após sua Ascensão.[5]
Santo Efreu, que também conta essa lenda, escreveu uma fábula na qual o demônio grita:

(...) A qual terra devo me refugiar do justo?


Eu instiguei a Morte para os Apóstolos assassinar, e por suas mortes eu de suas
investidas escapar.
Mas fui duramente atingido: o Apóstolo que matei em Índia subjugou-me em Edessa; aqui
e lá ele está em sua plenitude.
Lá fui eu, e lá estava ele: aqui e lá para minha aflição o encontrei.[6]

A tradição mantida pela igreja de Edessa que afirma ser Tomé o Apóstolo da Índia gerou
inúmeras fábulas também atribuídas a Santo Efreu, copiadas em códices dos séculos VIII e
IX. Referências nas fábulas preservam a crença de que os ossos de Tomé foram trazidos da
Índia a Edessa por um mercador, e que as relíquias operam milagres tanto em Índia quanto
em Edessa. Um pontífice determinou o dia dedicado ao santo e um templo a ele foi erguido.
As tradições tomasianas ganharam corpo na liturgia siríaca.

Durante o século IV, o memorial erguido no suposto local do martírio de Tomé atraiu
peregrinos a Edessa, para a veneração de seus restos. Nos anos de 380, Santa Egeria
descreveu sua visita ao local em carta enviada à sua irmandade (Itineraria Egeriae):

Nós chegamos em Edessa em nome de Cristo nosso Senhor, e, em nossa chegada, nos
dirigimos diretamente à igreja e memorial de São Tomé. Lá, conforme os costumes locais,
orações foram feitas e outras coisas costumeiras aos lugares santos; nós também lemos
algo relevante a São Tomé em si. A igreja de lá é muito grande, muito bonita e recém-
construída, merecedora de ser a casa do Senhor, e como havia muito que eu desejava ver,
foi-me necessário lá permanecer por três dias.

Índia

Eusébio de Cesareia[7] cita Orígenes como quem afirma ter sido Tomé o apóstolo dos partos,
mas Tomé é mais conhecido como missionário na Índia por meio dos Atos de Tomé, escritos
em torno do ano 200.

As várias denominações da moderna da Igreja oriental dos Cristãos de São Tomé atribuem
suas origens à sua tradição oral, datada de fins do século II, que alega ter Tomé chegado a
Maliankara, próxima à vila de Moothakunnam, na região de Paravoor Thaluk, em 52. Esse
vilarejo está localizado a 5 km de Kodungallur, no Estado indiano de Querala, e contém as
igrejas dedicadas a São Tomé popularmente conhecidas como Ezharappallikal (Sete igrejas e
meia). Essas igrejas estão em Cranganor, Coulão, Niranam, Nilackal (Chayal),
Kokkamangalam, Kottakkayal (Paravoor), Palayoor (Chattukulangara) e Thiruvithamkode – a
meia-igreja.

América

Durante os primeiros séculos da colonização europeia na América, vicejou-se a lenda de que


São Tomé teria miraculosamente vindo ao novo continente e estabelecido contato com os
indígenas. Novamente, como "prova" da passagem do santo, diversos sinais tidos como
pegadas seriam atribuídos a Tomé. Basicamente, a figura da mitologia indígena Sumé (um
homem branco que teria visitado o continente americano em tempos pré-colombianos) foi
identificada e fundida com São Tomé.

Segundo Sérgio Buarque de Holanda, em seu Visões do Paraíso, essa seria uma das poucas
crenças relacionadas à América cuja origem se dá entre os portugueses, ao passo que os
espanhóis teriam mitificado a América com a edenização, criando diversas lendas para
"corroborar" essa ideia, como a terra das Amazonas e a fonte da juventude (Juventia). Para o
autor, isso denotaria o caráter religioso da missão portuguesa e o caráter civilizatório da
espanhola. Ainda segundo Holanda, a suposta falta de mitos relacionados à nova terra entre
a população portuguesa denotaria sua falta de interesse pela América, mais interessada em
extrair recursos das costas e concentrar esforços em benfeitorias mais lucrativas, na Índia e
na África.

Referências

1. A festa de São Tomas na Igreja Católica 3. Faith and Character of Apostle Thomas
foi movida de 21 de dezembro para 3 de by Dr. Mathew Vellanickal and many
Julho por forma a acomodar a de São other articles in St. Thomas Christian
Pedro Canísio, canonizado em 1925. Encyclopaedia, ed. G. Menachery

2. Turner, John D. The Book of Thomas (htt 4. The Passing of Mary (http://www.ccel.or
p://jdt.unl.edu/thomasbook.htm) g/fathers2/ANF-08/anf08-111.htm#P86
Arquivado em (https://web.archive.org/ 73_2825546)
web/20160130132129/http://jdt.unl.ed
5. Eusébio, História Eclesiástica 1.13; III.1
u/thomasbook.htm) 30 de janeiro de
2016, no Wayback Machine.(NHC II,7 6. Medlycott 1905, ch. ii

138,7-138,12). Retrieved September 10, 7. (Historia Ecclesiastica, III.1)


2006.

Ver também

Cristãos de São Tomé

Igreja Católica Siro-Malabar

Igreja Católica Siro-Malancar

Igreja Independente Síria Malabar

Igreja Ortodoxa Siríaca Malankara

Igreja Síria Chaldeana


Igreja Síria Jacobita Cristã

Lista de todos os santos

Martoma

Ligações externas

São Tomé o Apóstolo (http://cs.nyu.edu/kandathi/thomas.html)

«Sítio sobre arqueologia dedicado a São Tomé» (http://www.stthoma.com/)

Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=Tomé,_o_Apóstolo&oldid=61532610"


Última modificação há 6 meses por Lentoster

Você também pode gostar