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Espirito Santo

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by Hygino de Freitas Mello - Gino Frey
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História Do Estado do Espirito Santo
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Hygino de Freitas Mello -
Gino Frey -

História do Estado do Espírito


Santo
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DUAS PALAVRAS
A historiografia é uma atividade fascinante e o Espírito Santo abriga
bons estudiosos nessa área da literatura técnica. Encontramos nas
bibliotecas e livrarias o melhor dos relatos históricos, trabalhos dos
nossos intelectuais contemporâneos. Sentimos, contudo, a falta dos
editores em publicações dirigidas à classe estudantil dos primeiros
passos, na formação educacional nos graus iniciais, em relação á história
do nosso Estado.
Assim, nos propomos a oferecer um pequeno compêndio, dedicado
aos estudantes do ensino de primeiro grau de nossas escolas oficiais e
particulares, trabalho este lastreado no que existe estabelecido pelos
nossos gloriosos historiadores. “Nada se cria, tudo se copia”, e as fontes
informativas que constituem a base de toda a obra historiográfica, vão
desde as cartas, ofícios, documentos oficiais, encontrados nos arquivos
públicos, à informação oral, das testemunhas vivas, tão preciosas em sua
contribuição.
O resgate à memória de um povo deve ser praticado junto aos que
iniciam a vida educacional, com informes honestos e fidedignos, calcados
no que mais verossímil se nos apresente, pelo que no passado nos
legaram essa gama de verdades sobre a formação de nossa gente.
As placas de nossas ruas e praças dizem de personalidades que ás
vezes só muito mais tarde nos chegam ao conhecimento. É preciso que
essa informação comece a ser passada às crianças e aos que
retardadamente entram no processo de auto-educação.
A História do Estado do Espírito Santo é fascinante e mesmo em
proposta de breve relato, interessa inclusive aos que pretendem encará-la
pela curiosidade.

GINO FREY

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O AUTOR

LEVANTAMENTOS GEO-HISTÓRICOS
O autor realizou para a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros da
Academia de Letras Municipais do Brasil (SP), a descrição, em
monografia, colaborando com intelectuais capixabas, dos municípios:
Mimoso do Sul, Serra, Divino São Loureço, Muqui, Pinheiros, Apiacá,
Alegre, Piúma, Ibatiba, Mantenópolis, Presidente Kennedy e Nova
Venécia. Para a mesma Enciclopédia, escreveu o Panorama do Espírito
Santo, que aqui está como apêndice.
No Estado da Bahia, realizou a descrição dos municípios: Salvador,
Itanhém, Santo Antônio de Jesus, Cachoeira, Vera Cruz, São Felix,
Itaparica, Itabuna e Camacari.
Em São Paulo, realizou a monografia de Itaquaquecetuba.
Hygino de Freitas Mello é membro titular da Academia de Letras
Municipais do Brasil; membro do Instituto Histórico e Geográfico do
Espírito Santo; membro da Academia de Letras do Rio de Janeiro; e,
membro da Academia de Letras Evangélicas do Brasil.

1 - O DONATÁRIO
Por documento assinado em primeiro de janeiro de 1534, o rei Dom
João III de Portugal resolveu doar ao fidalgo Vasco Fernandes Coutinho,
cinqüenta léguas de terra na costa do Brasil. Cinqüenta léguas eqüivalem
a 300 km, que o fidalgo Vasco, como donatário, capitão e governador,
tinha direito sobre ela por toda a sua vida, passando-a a seus filhos, netos
e demais herdeiros.
Eram cinqüenta léguas pela orla marítima, sendo do donatário o
que pudesse conquistar mata adentro (até os limites do Tratado de
Tordesilhas) pertencentes à Portugal.
Nascia assim, a capitania do Espírito Santo, assim chamada porque
fora tomada por posse no dia dedicado à Terceira Pessoa da Santíssima
Trindade, isto é, à primeiro de Junho de 1535. Na verdade, o navio
“Glória” que transportava o donatário Vasco Fernandes Coutinho
atravessou a barra, guiando-se pela serra do Mestre Álvares, ancorando
numa pequena enseada à esquerda do Morro da Penha, ao norte do
Morro de João Moreno, no dia 23 de Maio de 1535. Eles acharam que era
um grande rio e batizaram tudo com o nome de Espírito Santo.
As terras eram habitadas pelos índios goitacazes, que não
receberam de bom grado a caravela portuguesa. Muitas flechas foram
atiradas na embarcação, até que dois tiros de canhão obrigaram os
aborígenes a correrem para o mato, permitindo assim o desembarque.
Cercas foram levantadas, fortificações se edificaram para a defesa
dos portugueses. Cerca de 30 construções foram realizadas no local, para
morada dos pioneiros, bem assim uma capela, a de Nossa Senhora do
Rosário, que ficava próxima à praia e no fim da mesma, no lugar que
denominaram São João.
Vasco Coutinho distribuiu aos seus amigos, para uso, cultivo e
povoamento, pedaços de terra, notadamente as ilhas, como: a Ilha do
Boi, que ficou com Dom Jorge de Meneses; a Ilha do Frade, que coube a
Valentim Nunes; etc.
O donatário da capitania era um herói. Servira em Goa, na Malacia
e na China. No ano de 1510, dizia-se que Vasco era um soldado sem
medo, que levantava um mouro do cavalo com a ponta da lança, atirava-o
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ao.. chão e o matava sem piedade. Esteve na Índia, no Golfo Pérsico, em
Marrocos e na África. Tudo a serviço do rei de Portugal. Duarte Coelho
fora seu companheiro de combate aos chineses.
Para vir para o Brasil assumir a capitania, Vasco Coutinho vendera
todos os seus bens em Portugal. Era proprietário da Quinta de Alenquer,
que passou à Fazenda Real. Tomou dinheiro emprestado à amigos. Os
seus companheiros de empreitada, também procederam assim, a fim de
investirem na nova terra. Infelizmente, nem Vasco, nem seus
companheiros de aventura foram bem sucedidos. A terra era inóspita, pois
os índios não lhe deram tréguas, combatendo-os desde a chegada. E mais
de dez anos depois, tudo estava destruído, com a cidade arrasada, ao
voltar Vasco de uma viajem à Portugal.
Vasco Coutinho dera a Duarte Lemos a Ilha de Santo Antônio, em
15 de Julho de 1537. A ilha fora descoberta por um grupo que se
aventurara em lanchões, subindo a barra, lugar que se chamava Caieiras.
Outros exploradores abriram picada por terra, em direção ao Morro do
Mestre Álvares, chegando ao local onde hoje está a cidade da Serra.
A Ilha de Santo Antônio tornou-se mais tarde a capital do Espírito
Santo, por oferecer mais segurança. Encontrando-se Vasco Coutinho com
Duarte Lemos em Lisboa, resolveram passar uma escritura de doação da
Ilha de Santo Antônio, perante o notário geral da Côrte.
O donatário não era um funcionário da Coroa. Vasco Fernandes
Coutinho era um fidalgo da casa Real.
A Ilha de Santo Antônio é hoje a cidade de Vitória, depois de Ter se
chamado Vila Nova, em antítese à Vila Velha, mas tarde, todas as terras
conquistada por Coutinho passou a se chamar Espírito Santo.

EGRE A OS VOLUNTÁRIOS
A fim de promover a povoação do Espírito Santo, o rei Dom João III
concedeu carta de homizio, em 6 de outubro de 1534, quando foi aberta a
capitania aos criminosos de Portugal de todas as classes, exceto os
condenados por heresia, sodomia, traição e moeda falsa. Isto é: os que
estavam presos por serem hereges, os homossexuais, os traidores e os
estelionatários. Os hereges eram os condenados pela Santa Inquisição.

AUSÊNCIAS E VASCO
O donatário da capitania do Espírito Santo esteve ausente de 1540 a
1548, sendo certa sua estada em Lisboa em 1547. Nesse período voltou
ao Espírito Santo em 1545, para a arrecadação dos dízimos reais. Foi Dom
Jorge de Menezes quem o substituiu no governo da capitania, gestão em
que os ânimos entre índios e portugueses se acirraram e a cidade foi
sacudida por combates repetidos. Dom Jorge não agradara também aos
moradores da Sede, mesmo reconhecido como homem valente, pois
pesava contra si a acusação de ser violento, sem compostura, de índole
inconstante, leviano, depravado e dominado por paixões desenfreadas.
Os índios goitacazes, aimorés e outras tribos reuniram-se em
confederação, para o aniquilamento dos brancos invasores, atacando-os
sem piedade. A ofensiva foi tamanha que os que não morreram em
combate, fugiram para as capitanias vizinhas ou pereceram transviados
nas florestas.
Achando-se velho, cansado e enfadado, Vasco Fernandes Coutinho
decidiu voltar à Portugal, fazendo ciente disso o governador geral Mem de
Sá. Por carta de 22 de maio de 1558, Vasco demonstrou o desejo de
vender a capitania ou até que lhe tomassem a terra. A carta-renúncia foi
escrita da cidade de Ilhéus, na Bahia.

MORTE O ONATÁRIO
Empobrecido, e segundo o que escreveu o Frei Vicente do Salvador,
sem Ter um lençol que lhe servisse de mortalha, alimentado por mãos
alheias, morreu Vasco Fernandes Coutinho, em fevereiro de 1561, sendo
sepultado na Vila do Espírito Santo, depois de uma vida de sucessos e
infortúnios.
Reconheceu-se o seu espírito magnânimo e de dedicação,
generosidade, bravura, solidariedade e grandeza de sentimentos.
No seu governo, implantou-se a indústria do açúcar, a educação
através dos religiosos, a exportação dos produtos agrícolas e da pecuária,
reagiu contra as invasões estrangeiras, etc. Vasco muito sofreu com a
delação de Duarte Lemos a Dom João III e outras manifestações de
antipatia ocorridas por parte de outras personalidades da época.

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2 - SUCESSORES DE VASCO
Com a morte de Vasco Fernandes Coutinho, o governador geral
Mem de Sá recomendou as autoridades da capitania que dessem posse a
Belchior de Azeredo, como capitão, salvo se aparecesse o Vasco,
Fernandes Coutinho, filho bastardo do falecido donatário, que assumiria
por direito, mas não com sua aprovação. Fernandes Coutinho era filho de
Ana Vaz, dona de uma pequena ilha na Baía de Vitória.
Belchior foi empossado na capitania e teve logo que enfrentar a
invasão dos franceses, em 1561. Brancos e índios uniram-se bravamente
na defesa da terra, com o apoio dos jesuítas e durante quatro horas
lutaram contra o invasor, que bateu em retirada. Um navio que ia de São
Vicente para o Reino aparecera, e uma das naus francesas fora atingida
por um balaço. Os escravos perseguiram os invasores, em pequenas
embarcações e os índios tomaram uma chalupa dos franceses, fazendo
prisioneiros sete ou oito tripulantes.
A nomeação de Belchior dera-se antes mesmo da morte de Vasco,
por documento datado de 3 de agosto de 1560, que dá notícia da
renúncia do donatário fundador, renúncia essa que foi apresentada
pessoalmente à Mem de Sá, que tomou posse da capitânia na ocasião.
Contudo, Fernandes Coutinho foi reconhecido como sucessor de seu
pai, a 16 de outubro de 1560. Assumindo a capitania, Fernandes Coutinho
fez a revisão na distribuição das terras, passando a novas mãos as
sesmarias daqueles que já haviam falecido ou abandonado, extinguiu o
jogo no Espírito Santo e incrementou o progresso, com a criação de novos
engenhos e tornando direto o comércio com Portugal.

Falecendo Fernandes Coutinho em 1589, tomou seu lugar na


capitania a viuva Luíza Grinalda, que teve como adjunto o capitão Miguel
de Azeredo. De 1573 à 1575, muitos índios desceram do sertão com
Belchior e com os jesuítas para o trabalho nas lavouras, aldeando-se em
Vitória.
No governo de Dona Luíza Grinalda, em 1592, a baía de Vitória foi
atacada pelo famoso pirata inglês Thomas Cavendish, tendo sido
duramente combatido nas praias vizinhas de Vitória e do Espírito Santo.
Dona Luíza entregou o governo a Miguel Azeredo, viajando para
Portugal, onde morreu aos 82 anos de idade, em 1626, internada no
Convento Paraíso, em Évora. Assumiu a capitania Francisco de Aguiar
Coutinho, em 1605, após reivindicar seu direito, por ser o parente mais
próximo do segundo donatário, não tendo este deixado filhos.
Foi no governo de Aguiar Coutinho que ocorreu a invasão dos
holandeses comandados por Pier Pieterszoon Heynm, com oito naus. Foi à
10 de marco de 1625. Os homens de Coutinho enfrentaram bravamente
os inimigos, em combates de rua, na Vila de Vitória, havendo os
holandeses tido muitas baixas. Socorro do Rio de Janeiro e da Bahia
vieram, por intermédio de Salvador Correia de Sá e de Benevides.
Destacou-se Maria Ortiz nas refregas de rua, quando estava brava a
mulher despejou um caldeirão de água fervendo sobre o comandante Pier
Heynm.
Morreu Francisco de Aguiar Coutinho em 6 de marco de 1627 e foi
nomeado para governar a capitania Manuel d’Escovar Cabral. Depois veio,
provavelmente, Francisco Alemão de Cisneiros, que faleceu à 17 de
fevereiro de 1635, sendo sucedido por Domingos Barbosa de Araújo. Em
6 de janeiro de 1636, começou o governo do capitão-mor Antônio do
Couto d’Almeida.
Em 1640, era governador da capitania João Dias Guedes, quando
ocorreu a invasão dos holandeses que, comandados pelo coronel Koin,
invadiu o porto a 27 de outubro do mesmo ano, aprisionando dois navios
de açúcar. João Dias com 30 fuzileiros, duas companhias de índios
armados de arcos e flechas e homens do povo armados de piques e
chuços, além de 5 canhões, expulsaram da ilha os holandeses, em apenas
três horas e meia.
Ambrósio de Aguiar Coutinho, filho de Francisco de Aguiar Coutinho,
tomou posse em 1643, após 16 anos da morte de seu pai, como legítimo
herdeiro do cargo de donatário. Ele era governador dos Açores e o

..
..
..
.. do Espírito Santo continuou sendo exercido por Antônio do Couto
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governo
d’Almeida, não havendo notícias de sua vinda ao Brasil. Também
Francisco Guizarte da Gama foi nomeado capitão do Espírito Santo, em
1648. Neste ano registra-se a nomeação de capitão-mor para a capitania,
de João Ferrão Castelo Branco, que construiu o Forte de São João. Em
1650 houve a provisão do cargo para Manoel da Rocha de Almeida e do
sargento-mor Feliciano Salgado. O navio que trouxe Manoel da Rocha
naufragou no trajeto Bahia-Vitória, sendo que ele foi salvo.
Em 27 de julho de 1656, era nomeado por el-rei, o capitão-mor
João de Almeida Rios, que foi assassinado ao deixar o Colégio dos
Jesuítas, em abril de 1659, a mando de Diogo Garcia de Arenzedo e
Bernardo Aires, que era dono de um engenho; Almeida Rios mandara
prendê-lo porque lhe devia 5 mil cruzados e 2 mil à Fazenda Real.
A capitania foi dirigida por Francisco Luís de Oliveira, nomeado à 30
de setembro de 1655, que sucedeu a Simeão de Carvalho, cujo governo
provocou repetidas queixas graves, pedindo pronta solução. Em 1656
Francisco Luís era substituído por Gaspar Pacheco e Contreiras. Dom Dinis
Lobo também governou a capitania, estando em atividade em 1661 e
1662, substituindo José Rabelo Leite. Dinis pediu licença à 2 de janeiro de
1663, sendo nomeado em seu lugar José Lopes.
Ainda encontramos o nome de Antônio Luís Gonzaga da Câmara
Coutinho, em relação ao ano de 1667, Antônio Mendes de Figueiredo,
José Gonçalves de Oliveira, Ambrósio de Aguiar Coutinho, Brás do Couto
de Aguiar, que substituiu à José Lopes, em 12 de dezembro de 1663.
Coube a Francisco Gil de Araújo comprar a capitania, em 1674, de
Antônio Luís Gonzaga de Câmara Coutinho, por 40 mil cruzados. O
coronel Gil chegou ao Espírito Santo só em 1678, permanecendo até
1682, quando regressou à Bahia.
Dedicou-se ao descobrimento das ambiciosas esmeraldas, concluiu
a construção do Forte de Nossa Senhora do Monte do Carmo, reedificou o
Forte de São João, tendo construído o Forte de São Francisco à entrada
da barra de Vitória.
Gil de Araújo amortizou a dívida externa do Espírito Santo,
liquidando os atrasos com o dote e paz da Holanda e com a misericórdia
de Lisboa, entre 1678 e 1682. Existiam 4 companhias em Vitória e Espírito
Santo, e ele lhes acrescentou mais 5, inclusive uma de homens pardos.
Asseou os templos, concertou a casa da Câmara e realizou muitas
benfeitorias em Vila Velha e Guarapari.

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