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Tecnologia

Impermeabilização de banheiro exige cuidados na


seleção dos materiais, nos detalhes de projeto e na
execução
Para evitar as patologias mais comuns na impermeabilização dos
espaços, arremates em ralos e bordas merecem maior atenção. Entenda
os principais cuidados para garantir a estanqueidade nessas áreas
Maryana Giribola

Edição 216 - Março/2015

A escolha entre impermeabilizantes rígidos ou flexíveis depende de fatores de projeto como a área total do banheiro, geometria do ambiente e a
existência ou não de banheiras de hidromassagem

A impermeabilização dos sanitários de uma edificação requer atenção redobrada tanto em


fase de projeto quanto na hora da execução. Em função da maior concentração de água, o
projeto deve prever uma série de cuidados para evitar, além de vazamentos entre lajes,
defeitos como manchas, bolores e oxidação das peças de acabamento.

Especialmente nessas áreas, além da umidade presente pela água de condensação, há o


efeito causado pela água de percolação - aquela que atinge a parede durante o banho no
boxe. Por isso, além de todo o piso, as paredes dos boxes também devem receber a
proteção. A NBR 9.575:2010 Impermeabilização - Seleção e Projeto determina que,
quando o sistema exigir, os planos verticais devem ter encaixes para embutir a
impermeabilização a uma altura equivalente a 10 cm acima do nível máximo que a água
pode atingir - o que, no caso de um boxe com chuveiro, equivale a cerca de 1,50 m de
altura.

Mas antes da definição dos detalhes de execução, é preciso escolher corretamente o


sistema de impermeabilização a ser aplicado. De acordo com a consultora técnica do
Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI), Maria Amélia Adissy Silveira, é possível
optar por impermeabilizantes rígidos ou flexíveis, mas tudo depende de algumas
peculiaridades de projeto, como a área total do banheiro e a existência ou não de
banheiras de hidromassagem.

Os sistemas flexíveis, de base asfáltica, se adaptam à movimentação da estrutura e


preenchem eventuais trincas ou fissuras durante a moldagem. O asfalto aplicado a quente,
por exemplo, é uma pasta derretida a altas temperaturas e aplicada no piso e nas paredes
com um esfregão. São várias camadas, aplicadas uma sobre a outra, intercaladas com
telas estruturantes.

Já os impermeabilizantes rígidos, à base de cimento, são produtos geralmente


bicomponentes (um pó cimentício e uma resina líquida) que precisam ser misturados antes
da aplicação, feita com trincha ou broxa. Como não acompanham as dilatações térmicas
do restante da estrutura, merecem mais cuidado na hora da especificação.

Em áreas menores, como em lavabos ou banheiros pequenos, as argamassas poliméricas


funcionam bem, além de apresentarem a vantagem de possuir camadas de no máximo 2
mm. No entanto, requerem uma laje com espessura adequada, para que a camada de
impermeabilização não sofra com as movimentações térmicas da estrutura. Em outros
casos, a recomendação é optar por sistemas mais flexíveis, como o asfalto quente e a
emulsão asfáltica, recomenda Maria Amélia. As mantas também podem ser utilizadas, mas
raramente são aplicadas pela área reduzida dos banheiros.
A maior parte dos problemas relacionados a infiltrações acontece em encontros com ralos,
juntas, mudanças de planos, passagem de dutos e chumbamentos, ou seja, onde pode
ocorrer dilatação térmica entre um componente e outro da estrutura. "Em superfícies de
concreto, é imprescindível detectar todas as falhas de concretagem, executar o corte das
pontas de ferro sem função estrutural e recompor essas áreas com argamassa de cimento
e areia", explica o arquiteto Rodrigo Kolton, da RK Arquitetura & Design.

O caimento mínimo de 1% em direção aos pontos de escoamento, conforme a NBR 9.575


estabelece, também deve ser respeitado. Cantos e arestas devem ser arredondados para
permitir o ajustamento contínuo do sistema. A execução de arremates nos ralos e tubos
passantes é um detalhe que merece atenção redobrada e depende do tipo de
impermeabilização escolhida.

Em ralos, tubos passantes e rodapés é recomendável posicionar telas estruturantes de


poliéster, que reduzem a ocorrência de fissuras por dilatação. Elas devem ser colocadas
sobre a impermeabilização recém-aplicada. Em rodapés, recomenda-se que essa tela seja
aplicada em uma faixa de 10 cm no piso e de 10 cm na parede. Em ralos, a recomendação
é de que a tela desça 10 cm do tubo e avance de 20 cm a 25 cm pelo piso, conta o
engenheiro da MBigucci. Em banheiros, a camada de impermeabilização deve subir pelas
paredes a uma altura de pelo menos 30 cm acima do piso acabado - nos boxes, a altura é
de aproximadamente 1,5 m.

Para executar o serviço, uma equipe de apenas um operário é suficiente. Segundo


Santiago, a produtividade entre um sistema e outro é similar, já que é preciso respeitar os
tempos de cura entre uma demão e outra. O engenheiro estima que, para impermeabilizar
um banheiro, leva-se, em média, um dia e meio.

Nas obras da construtora MBigucci, o uso da argamassa polimérica já é consolidada. "O


produto, se comparado com as mantas e o asfalto a quente, reduz alguns riscos que essas
soluções trazem aos operários - como os gases emitidos pelo asfalto quente", acredita
Santiago.

Dicas de aplicação de impermeabilizante de emulsão asfáltica

Antes de ser impermeabilizada, a superfície precisa ser


regularizada. Use uma argamassa de traço 1:4 e garanta caimento
Antes de aplicar o impermeabilizante nos rodapés, umedeça-os e
de, no mínimo, 1% para os pontos de escoamento de água. A
arredonde os cantos aplicando argamassa com a colher de pedreiro.
argamassa deve ter espessura mínima de 2 cm e acabamento
desempenado, feito com régua ou desempenadeira.
A tela estruturante de poliéster eleva a resistência do sistema às
Outra região crítica que merece cuidado é o entorno dos ralos.
movimentações. Para aplicá-la, corte um pedaço da malha com estilete ou
Umedeça a superfície e realize o rebaixo dos ralos eliminando
tesoura, no tamanho suficiente para cobrir os pontos mais críticos e, após
todos os cantos vivos, fazendo o acabamento com uma esponja.
colocá-la no ralo, faça cortes diagonais em forma de pétalas.

Com a superfície limpa e seca, aplique primeiro o impermeabilizante


Antes de iniciar a primeira demão do impermeabilizante, dilua o na região dos ralos (com broxa, trincha ou pincel), depois coloque a
produto em até 15% de água. Atenção: apenas a primeira demão da tela previamente cortada, e em seguida aplique mais uma camada do
emulsão asfáltica pode ser diluída. produto, desta vez sem diluição, até que a tela fique totalmente
coberta.
Após o tratamento das regiões críticas, pode-se iniciar a aplicação do
O mesmo procedimento deve ser feito nos rodapés: colocar a tela de impermeabilizante em toda a região. Em banheiros, é importante
poliéster entre duas camadas do impermeabilizante. O produto deve aplicá-lo em todo o piso e nas paredes até 1,5 m de altura. Lembrando
ser aplicado em uma faixa de 10 cm no piso e de 10 cm na parede. que, para a primeira demão (imprimação), pode-se utilizar a emulsão
diluída em 15% de água limpa.

Após a secagem, em cerca de quatro horas, aplique a segunda demão Uma vez terminada a secagem completa, realize o teste de
de forma cruzada em relação à primeira. Espere novamente secar antes estanqueidade. Primeiro vede os ralos, depois coloque uma lâmina
de aplicar a terceira demão de impermeabilizante, mais uma vez de de água de aproximadamente 5 cm de altura sobre a superfície.
forma cruzada. Após as três demãos, a impermeabilização do banheiro Aguarde pelo menos 72 horas para ter certeza de que não há
é concluída. vazamentos.

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