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Gestão de Energia

para empresas:
o que é e como
implementar
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Somos a Way2
Somos uma empresa de tecnologia comprome- A energia é invisível e complexa de gerenciar,
tida com o desenvolvimento do setor elétrico e existindo um grande potencial de melhoria para
para isso disponibilizamos soluções de medição as empresas do setor elétrico e para os grandes
e gestão de energia em tempo real. consumidores de energia.
Há mais de 10 anos no mercado atendemos ge- Nosso trabalho não é transformar energia, mas
radoras de diferentes fontes de energia, distri- transformar a relação das pessoas e das empre-
buidoras, comercializadoras e grandes consu- sas com a energia. E é aqui que nossas tecnolo-
midores em todo o Brasil, nossas tecnologias gias de plataforma fazem uma grande diferença:
somadas a um time de especialistas nos torna nós disponibilizamos os dados e as informações.
referência no setor #impactandocomenergia. O poder de decisão é seu.
Focados no sucesso de nossos clientes temos o
compromisso, através da aplicação da inteligên- Saiba mais
cia de dados, de incrementar a eficiência ope-
racional, assegurar a adequação regulatória e
oferecer a melhor experiência em todas as inte-
rações com o nosso #timedeelite.
Sumário
Introdução ............................................................. 4

A cadeia produtiva da eletricidade ..................... 5

O custo da energia elétrica ................................. 9


Impacto da energia na competitividade
das empresas ....................................................... 15
O que é Gestão de Energia e como fazer? ....... 20

ISO 50001: Sistema de Gestão de Energia ....... 34

Boas práticas na gestão de energia .................. 36

Tendências tecnológicas na gestão


de energia e utilidades ......................................... 46
Conclusão .............................................................. 48

3
Introdução
A energia é um insumo crítico para o funciona- Nesse material, vamos compreender o que é a
mento de qualquer empresa ou indústria, porque gestão de energia e seus benefícios. Também
é vital - sem ela não há como operar - e porque abordaremos algumas ferramentas existentes
representa um custo cada vez mais expressivo hoje no mercado para facilitar essa gestão, entre
dentro de um orçamento. outros aspectos importantes que você deve con-
siderar ao iniciar uma nova relação com a energia
Empresas enfrentam permanentemente o desafio
na sua empresa.
árduo de reduzir custos sem comprometer suas
operações e resultados e a energia deve ser parte Mas antes de começar, que tal entendermos
desse planejamento. melhor como a energia chega até nós e quais são
os personagens importantes dessa cadeia?
Falar de gestão de energia é falar portanto de ge-
renciar essa despesa tão relevante para as orga-
nizações, de modo que seja possível alcançar efi-
ciência energética, redução do consumo e, com
isso, economia e competitividade.
Primeiramente, a energia é gerada, pro-
1 duzida por usinas de diferentes fontes.
Chamamos de fontes convencionais

A cadeia produtiva as usinas hidrelétricas e termelétricas,


e de fontes alternativas as usinas eóli-

da eletricidade cas, solares e de biomassa.

A energia elétrica trilha um longo caminho do


momento em que é gerada até chegar ao con- Saindo dos pontos de geração, a ener-
sumidor final, seja ele residencial, industrial ou 2 gia tem sua tensão elevada para que
comercial. De forma simples, a cadeia de forneci- possa ser transportada pelas linhas de
mento ocorre nas seguintes etapas: transmissão até áreas próximas dos
grandes centros de consumo. As linhas
e torres de transmissão são aquelas
que vemos ao longo das estradas e
que percorrem grandes distâncias.

5
Para que a energia possa chegar aos
3 consumidores, ela tem sua tensão reduzi-
da, podendo assim ser transportada pelas
linhas de distribuição. É por meio dessas
linhas que a energia chega aos consu-
midores. As linhas de distribuição são
aquelas conectadas aos postes que
vemos em áreas urbanas.

Finalmente, a energia gerada nas usinas,


4 transmitida e distribuída pela rede, che-
ga aos consumidores: residências, esta-
belecimentos comerciais, indústrias, e
tantos outros.
Há dois tipos de consumidores no que se refere ao o fornecedor dessa energia, seja ele um gerador ou
ambiente de contratação da energia: os cativos e os um intermediário comercializador, com quem pode
livres. Você sabe qual a diferença entre eles? negociar as condições de compra como o volume
contratado, prazo de fornecimento, índices de rea-
O consumidor cativo compra energia da distribuido-
juste, entre outros.
ra local, pagando a ela uma fatura mensal que inclui
o custo da energia e o custo do serviço de trans- Existem dois tipos de consumidores livres: os tradicio-
missão e distribuição. Ele fica sujeito às tarifas e nais, que podem comprar de qualquer fonte geradora,
condições de fornecimento reguladas pela Agência e os especiais, que podem comprar energia apenas de
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Incluem-se fontes incentivadas (pequenas centrais hidrelétricas,
aqui os consumidores residenciais e todas as em- biomassa, eólica e solar, por exemplo). Esse enqua-
presas que não participam ainda do Mercado Livre dramento é definido pela demanda contratada e pelo
de Energia, por opção ou por não preencherem os nível de tensão.
requisitos exigidos para adesão.
O Mercado Livre de Energia já equivale a 30% do
O consumidor livre, por sua vez, é aquele que migrou total consumido em todo o sistema elétrico do
para o Mercado Livre, um ambiente de negócios onde Brasil. Essa fatia deve aumentar, graças a uma ten-
o consumidor ainda é abastecido fisicamente pela dência de flexibilização dos requisitos de elegibilida-
distribuidora local, pagando a esta uma fatura men- de, tornando o mercado livre ainda mais atrativo para
sal pelo serviço de distribuição, mas pode escolher os consumidores.

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A portaria 514, publicada ao final de 2018, am-
pliou o potencial de participação de empresas no
mercado livre de energia, reduzindo o critério de
entrada para compra de energia convencional,
de 3000 para 2000 quilowatts (kW) de deman-
da contratada. Segundo a ANEEL, essa flexibili-
zação deve beneficiar mais de 1000 empresas,
que antes só podiam participar no mercado
livre comprando energia de fontes incentivadas.
A medida entrará em vigor em duas etapas,
sendo a primeira, válida a partir de 1º de julho
de 2019, correspondente a uma redução
parcial do critério, até 2500 quilowatts de
demanda contratada, e a segunda, que
completa a redução do critério para 2000
quilowatts, válida a partir de 1º de janeiro de 2020.

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O custo da Valor Final da Energia Elétrica
energia elétrica

A tarifa energia é definida pela ANEEL (Agên-


cia Nacional de Energia Elétrica), o órgão regu-
lador do setor elétrico no Brasil, e sua finalidade
é cobrir os custos operacionais das empresas Parcela A:
prestadoras dos serviços de energia, bem como Compra de Energia,
Transmissão de Energia
remunerar os investimentos necessários para e Encargos Setoriais
a expansão do sistema na medida em que se
Parcela B:
aumenta a demanda. Distribuição de Energia

O cálculo da tarifa considera os custos com Tributos:


a geração da energia elétrica, sua transmis- ICMS e PIS/COFINS

são e distribuição às unidades consumido-


ras e os encargos setoriais. Incidem sobre
esses itens impostos federais, estaduais e
municipais, como PIS/Cofins, o ICMS e a Contri-
buição para Iluminação Pública, respectivamente.
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A cadeia produtiva da eletricidade representa uma
parcela de 59% do custo médio da energia. Esta
parcela é composta pelos custos de produção e
transporte da energia, que refletem as despesas
das empresas de geração, transmissão e distribui-
ção com a operação e manutenção desses servi-
Cadeia produtiva de eletricidade Tributos Federais e Estaduais ços, além de remunerar o capital investido.
Perdas técnicas (perdas físicas nas redes) e per-
das não técnicas (perdas comerciais derivadas
de furtos e fraudes na medição) somam cerca de
7,5% do custo médio. Encargos setoriais e as Ban-
deiras Tarifárias somam cerca de 6,5%. Enquanto
os tributos federais e estaduais representam os
27% restantes.

Perdas Técnicas e comerciais Encargos Setoriais e Bandeiras Tarifárias


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A evolução do custo
nos últimos anos
Nos últimos 20 anos a tarifa de energia su-
perou a inflação em quase 50%. De acordo
com cálculos da ANEEL, a tarifa média au-
mentou 230% desde o ano de 2001, contra
uma variação de 189% no Índice de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA), que repre-
senta a medida oficial da inflação. Essa dis-
crepância pode ser explicada pelo aumento
dos custos na cadeia energética (geração,
transmissão e distribuição) e pelo rateio de
ineficiências e subsídios entre os consumi-
dores, através do repasse desses custos
para as tarifas.
Trajetória da tarifa da indústria (cativo) 1995-2017

11
A alta mais expressiva das tarifas se deu principalmen- Os níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas
te a partir de 2012, quando a crise hídrica e a altera- diminuíram de forma consistente nos últimos anos
ções regulatórias baseadas na Medida Provisória 579 em função de períodos secos longos e severos. Como
editada pelo governo Dilma, impactaram diretamente mais de 60% da capacidade de geração do nosso sis-
as tarifas de energia elétrica, gerando uma despesa tema elétrico é constituída pela fonte hidráulica, que
adicional de quase 200 bilhões de reais aos consumi- é mais barata, o regime de chuvas sobre as bacias
dores. hidrográficas influencia diretamente o valor da conta
de energia. Quanto menor o volume de água nos rios,
Um estudo de 2017 realizado pela Federação das
menor a geração hidrelétrica e maior a necessidade
Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN) apontou que
de utilização de outras fontes de geração, considera-
a energia elétrica consumida pelos brasileiros era a
velmente mais caras.
quinta mais cara do mundo. Especialistas apontam
que a tendência é chegar ao topo do ranking nos Para complementar a geração hidrelétrica e atender a
próximos anos se não forem realizadas correções demanda de energia do país, o governo aciona princi-
importantes no setor. palmente as usinas termelétricas que operam a partir
da queima de combustíveis fósseis. São mais caras e
Mas além da sucessão de equívocos na política ener-
poluentes quando comparada às fontes alternativas
gética, e da alta carga tributária, a recorrência de
intermitentes como a solar e a eólica, mas ainda são
períodos de estiagem também tem onerado o custo
necessárias para atendimento da carga.
da energia no país.

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Sistema de
Bandeira verde:
Bandeiras Tarifárias A tarifa não sofre nenhum acréscimo;

Desde 2015 os custos associados ao acionamento das


termelétricas são repassados ao consumidor na conta Bandeira amarela:
de energia através do Sistema de Bandeiras Tarifárias, A tarifa sofre acréscimo de R$ 1,50
que apresenta as modalidades verde, amarela e ver- para cada 100 kWh consumidos;
melha, e indicam com um mês de antecedência se ha-
verá ou não acréscimo na tarifa de energia para pagar
Bandeira vermelha - Patamar 1:
pela geração de energia mais cara.
A tarifa sofre acréscimo de R$
A bandeira verde significa condições favoráveis de 4,00 para cada 100 kWh.
geração, o custo está baixo e é coberto pela tarifa re-
gular das distribuidoras, logo não há cobrança extra.
As bandeiras amarela e vermelha (patamares 1 e 2) Bandeira vermelha - Patamar 2:
representam as condições menos favoráveis e mais A tarifa sofre acréscimo de R$
custosas de geração respectivamente, e, por isso, há 6,00 para cada 100 kWh.
cobrança adicional.

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O cenário de alta nas tarifas de energia não se mostra
Antes do sistema de bandeiras, o custo das diferente em 2019. O maior influenciador dos aumentos
termelétricas já era cobrado do consumi- segue sendo a escassez de chuvas, implicando no acio-
dor, mas com um ano de atraso. Além de namento constante de usinas termelétricas. Algumas dis-
permitir a cobrança mensal da energia mais tribuidoras já anunciaram ajustes que superam a inflação
cara, o sistema de bandeiras possibilita que de 2018 em mais de três vezes.
os consumidores sejam avisados do custo
No caso da Cemig, a ANEEL aprovou reajuste de 10,71 %
mais alto e reduzam o seu consumo para
na tarifa média dos consumidores alimentados em alta
diminuir a percepção desse aumento na
tensão. Isso mostra que o problema não é sentido só no
conta de energia.
bolso do consumidor pessoa física. O ramo empresarial,
Vale ressaltar que, quando as condições que depende completamente da energia elétrica para fun-
hidrológicas são muito desfavoráveis, as cionar, sentiu esse baque e tem sido constantemente im-
bandeiras não cobrem as despesas e as pactado por essas oscilações.
distribuidoras acabam repassando o cus-
Junte esse contexto a um período de instabilidade
to aos consumidores no reajuste anual das
econômica no País e fica fácil imaginar as dificuldades
tarifas. O ano de 2018 ilustra bem este ce-
que vêm sendo enfrentadas por empresas para manter
nário. O percentual médio dos reajustes
patamares satisfatórios de resultado financeiro. A ener-
concedidos pela ANEEL às concessionárias
gia elétrica, que deveria ser motor de funcionamento e
ficou em 15,22%, bem acima da inflação no
crescimento dos negócios, acabou se tornando um entra-
período anterior.
ve para melhores resultados, pois seu custo afeta cada
vez mais as margens de lucro.

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Impacto da energia
na competitividade
das empresas
15
Por contribuir diretamente para melhorar os resulta- Segundo dados da FIRJAN, a energia elétrica é o prin-
dos, a redução de custos operacionais é pauta cons- cipal insumo em 79% das empresas do setor indus-
tante das reuniões de centenas de milhares de em- trial, e em alguns segmentos pode representar mais
presas brasileiras desafiadas pela crise econômica no de 40% dos custos de produção.
país ou mesmo pela concorrência do mercado.
Nos segmentos eletrointensivos como o químico/
Na medida em que o custo da energia elétrica aumen- petroquímico, metalúrgico e a indústria do plástico,
ta consideravelmente ano após ano, incluí-lo nos pro- pensar de forma estratégica na energia como um in-
cessos de gestão das empresas torna-se uma ques- sumo crítico do negócio já não é mais uma opção, é
tão cada vez mais estratégica. Os gastos com energia uma obrigação.


e utilidades representam uma parte significativa dos
custos totais de operação.
A energia elétrica pode representar
Por isso, a redução do consumo de energia é reconhe- mais de 40% dos custos de produção


cidamente uma das estratégias mais eficazes para
em setores industriais.
melhorar a competitividade de um negócio, além de
fortalecê-lo diante de cenários de incerteza e instabi-
lidade econômica.

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A indústria de alumínio é exemplo de um segmento Segundo a Associação Brasileira de Supermercados
sufocado pelo preço da energia. Em 2015 a energia (ABRAS), a conta de energia já supera o valor do alu-
atingiu 70% dos custos de produção, segundo a as- guel e só fica atrás da folha de pagamentos. A ABRAS
sociação que representa o setor. Mas a escalada do estima que em 2014 o setor consumiu o equivalente
preço tem derrubado a competitividade da indústria a 2,5% do consumo total de energia daquele ano do
brasileira de maneira geral. Brasil, representando um gasto de cerca de R$ 3,5 bi-
lhões somente com a conta de energia elétrica.
O resultado tem sido o fechamento de fábricas, como


ocorreu no setor de alumínio, e a migração de unida-
des produtivas para outros países em busca de ener-
gia mais barata.
O varejo é um dos segmentos mais
impactados pelo custo da energia.
No varejo, a conta de energia já vem ocupando a se-
Nos supermercados, a despesa com
gunda posição entre as maiores despesas dos su-
permercados e shopping centers. De acordo com a a conta de luz é a segunda mais alta,
Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), a perdendo apenas para a folha


despesa com energia elétrica varia entre 1 e 2% do fa- de pagamentos.
turamento dos estabelecimentos.

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Os supermercados, aliás, são os que mais consomem
energia no varejo, principalmente por causa da refrige-
ração de produtos – que representa até 40% do con-
sumo total, seguida pela iluminação, que ultrapassa
20% da despesa total. Esse tipo de estabelecimento
depende fortemente da disponibilidade de eletricida-
de. Qualquer interrupção na iluminação, operação dos
caixas, geladeiras e ar condicionado pode ocasionar
prejuízos graves.
Todos esses números têm provocado nas empresas
do varejo a percepção de que precisam melhorar sua
eficiência energética, para gastar cada vez menos
energia em suas operações. Qualquer gestor do varejo
como um todo sabe que parte da despesa com ener-
gia muitas vezes decorre do desperdício. Vazamentos
em sistemas de refrigeração, falta de manutenção e
o uso inadequado do sistema de iluminação e de apa-
relhos de ar condicionado são situações no cotidiano
de lojas de todos os portes e ramos, que acarretam
ineficiência energética e custos além do necessário.

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Assim como no segmento varejista, a busca por Diante deste cenário, grandes consumidores de ener-
eficiência é crescente também no nos segmentos de gia, independente do segmento, se veem no com-
serviços. Conforme o mundo avança sob o ponto de promisso de investir em alternativas que amenizem
vista tecnológico, aumenta a necessidade de energia o impacto do aumento do custo da energia em seus
para fazer tudo funcionar, refletindo diretamente resultados. Há um movimento cada vez mais forte
em todos os mercados. Hotéis, hospitais e clínicas das empresas na direção da gestão da energia, uma
também estão na lista dos negócios que mais dependem tendência que não tem mais volta e traz resultados
de energia elétrica. Nesses segmentos a de- expressivos para as empresas na medida em que,
manda por energia é alta pois há a necessida- ao adotar a gestão de energia, passam a identificar
de de manter muitos equipamentos ligados pontos de ineficiência, e, também, as oportunidades
ao mesmo tempo, em função do conforto de de economia.
hóspedes ou da preservação da vida dos pacientes.
Dado que a energia desponta como um dos recursos


mais onerosos na estrutura de custos ou despesas,
Hotéis, hospitais e clínicas também gerenciar este insumo de forma sistemática e inteli-
estão na lista dos negócios que mais gente para planejar e controlar melhor o seu consumo
pode trazer uma economia relevante e melhorar de
dependem de energia elétrica, pois há
forma substancial a sua competitividade.
a necessidade de manter muitos equi-


pamentos ligados ao mesmo tempo.

19
Gestão de energia é, antes de mais nada, adotar um
novo olhar sobre a energia elétrica e passar a enxer-
gá-la como um custo operacional que precisa ser
gerenciado tanto quanto outros custos relevantes
do negócio.
A partir do momento em que uma empresa passa a ter
essa visão, fica mais fácil planejar e executar ações
e estratégias que deverão ser implementadas para se
alcançar a eficiência energética, sejam elas técnicas
ou comportamentais, permitindo com isso um consu-
mo racional e responsável e uma redução nas despe-
sas com esse insumo.

O que é Gestão Devemos ter claro que gestão de energia é algo atingí-
vel para empresas de qualquer segmento e qualquer

de Energia e porte. Logicamente, os resultados poderão ser mais


expressivos em setores marcados por um alto consu-
mo em suas operações.
como fazer?
20
Mas nada impede que pequenos negócios implantem a utilização da energia de forma racional, com
ações visando melhores resultados no fim do mês. otimização de processos, ou seja, gastando me-
nos recursos para produzir um produto ou prestar
Por muitas vezes o termo Gestão de Energia é con-
um serviço.
fundido com a contratação dos serviços prestados
por empresas de consultoria ou comercializadoras Em relação aos caminhos escolhidos para se alcan-
de energia. É claro que o trabalho desempenhado çar eficiência na contratação e no consumo de ener-
por essas empresas pode facilitar bastante a vida da gia elétrica, o Mercado Livre de Energia, a Geração Dis-
empresa, mas é necessário ter claro que gestão de tribuída e a substituição de equipamentos obsoletos
energia significa realizar as atividades certas, da por equipamentos mais modernos, podem represen-
maneira correta, no momento certo com os recursos, tar economias significativas para algumas empresas.
fornecedores e pessoas certas.
Mas há uma série de outras medidas, até mesmo
A gestão de energia ideal ocorre quando uma empre- mais simples e com retorno em menor prazo, que po-
sa deixa de adotar apenas ações isoladas e pontuais dem representar um bom avanço no amadurecimento
e passa a gerenciar esse custo de maneira sistêmica, da organização no que se refere à gestão da energia.
planejada e com ações integradas, que abrangem di- Mesmo as empresas que já fizeram os movimentos
versas frentes dentro do negócio, lançando um olhar, mais complexos têm outras ações à disposição para
principalmente, sobre: otimizar seus processos e resultados.
a compra e o fornecimento da energia elétrica, pois A verdade é que não existe uma fórmula mágica que
a contratação da energia também pode ser inteli- possa ser aplicada em todo o tipo de empresa.
gente e eficiente;

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A forma de melhorar a contratação e o uso da energia identificar fontes de desperdício e ineficiência para
depende do perfil de cada uma, dos seus pontos de encontrar oportunidades para economizar energia;
ineficiência, oportunidades de melhoria e de suas ne-
executar todas as ações necessárias para sanar es-
cessidades operacionais. O que existe são medidas e
sas deficiências e aproveitar essas oportunidades;
ações que trazem resultados positivos quando adap-
tadas à realidade de cada organização e executadas acompanhar de forma permanente o progresso da
dentro de um contexto estratégico de gestão. gestão por meio da análise de dados e indicadores
e promover sua melhoria contínua.
Quando falamos em gestão de energia então, esta-
mos falando de um conjunto de ações, planejadas Tudo isso faz com que o entendimento detalhado do
para que sejam realizadas de forma integrada, visan- perfil de consumo de cada empresa e o seu acom-
do à otimização de processos, recursos e resultados panhamento de forma contínua e sistemática sejam
de uma empresa. Essa sistemática envolve, de forma primordiais, uma vez que o controle permanente da
resumida: energia elétrica fornece parâmetros que permitem o
planejamento de novas ações, além da correção de
medir de forma permanente o consumo de energia
desvios nas estratégias adotadas.
na sua empresa para, com isso, coletar dados rele-
vantes para a tomada de decisões e a definição de
ações, objetivos e estratégias;

22
Como implementar a gestão
de energia na sua empresa
Há vários caminhos para se obter eficiência energética e
redução no consumo de energia. Descobrir qual é o me-
lhor caminho para o seu negócio exige um primeiro pas-
so que é conhecer a fundo o perfil de consumo de sua
empresa. Como você irá definir objetivos, metas e ações
adequadas para alcançá-los sem saber primeiramente
onde sua empresa está errando e quais as oportunida-
des de economia que existem em sua forma de operar?
Para definir objetivos e metas que sejam realmente es-
tratégicos do ponto de vista dos resultados pretendidos,
é necessário ter parâmetros confiáveis sobre a situação
atual da organização em relação ao uso da energia.
Depois desta etapa de diagnóstico, implementar a ener-
gia em qualquer empresa, seja qual for o porte ou seg-
mento, é um trabalho que não fugirá do habitual ciclo
PDCA (Plan-Do-Check-Act), com etapas que valem para
todo tipo de negócio:

23
Planejamento Execução do plano

Aqui inicia a definição de objetivos e metas de redu- Esse é o momento de realizar tudo o que foi previsto,
ção do consumo e de otimização de processos e in- de atacar as ineficiências identificadas em sua em-
fraestrutura, bem como o planejamento de ações para presa e de concretizar as oportunidades de melhoria e
alcançá-los. O rol de possibilidades é enorme e varia de economia encontradas, ou seja, de botar a mão na
conforme o segmento de atuação de cada empresa e massa para o planejamento acontecer. É importante
suas necessidades operacionais. que os processos sejam organizados e acompanha-
dos do registro de indicadores que permitam avaliar
Podemos estar falando de planejar a aquisição de no-
continuamente os resultados das ações já implanta-
vas tecnologias, aprimorar programas de manuten-
das e se há novas oportunidades de melhoria para o
ção, substituir equipamentos, promover mudanças
desempenho energético da organização.
comportamentais em relação ao consumo de energia,
revisar os contratos com a distribuidora, substituir o
sistema de iluminação e ar condicionado, migrar para
o Mercado Livre, gerar energia própria, entre muitas
outras ações possíveis.
Como dito, a definição das medidas mais adequa-
das para cada negócio deve levar em conta o perfil de
consumo e as operações de cada organização.

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Verificação dos resultados Revisão

A terceira do ciclo PDCA aplicado à gestão de ener- Na última etapa deve ser padronizar tudo aquilo que
gia consiste na análise e verificação dos resultados deu certo e tomar ações corretivas sobre as diferen-
obtidos a partir da execução do plano de ação. A ças significativas entre os resultados reais e os espe-
comparação dos resultados com o planejado e com rados. Nessa etapa as estratégias podem ser redire-
o alcançado em períodos anteriores, pode ajudar na cionadas em busca de um aprimoramento contínuo
identificação de tendências ao longo do tempo. da gestão de energia.
Alguns indicadores podem ser acompanhados uma Aqui fica ainda mais evidente a necessidade de se
vez por mês, outros devem ser visitados semanal- manter a medição permanente do consumo nas em-
mente, pelo menos. O importante é não deixe de moni- presas, para que o processo de análise de dados e re-
torar os dados e atualizar suas métricas. Aqui facilita sultados se retroalimente constantemente. É comum
bastante o acesso aos dados através de relatórios e empresas abandonarem o monitoramento depois de
dashboards disponibilizados em plataformas digitais alguns resultados e estancar o progresso de sua ges-
voltadas à gestão de energia. tão ou mesmo regredir na sua eficiência.

25
A seguir estão os princípios
básicos da estrutura da ISO
50001, seguindo o PDCA:

26
P D
Defina o plano de ação Execute o plano

1. Avalie o cenário atual e estabeleça metas para o


consumo de energia.
1. Delegue tarefas aos membros da equipe, com
2. Defina objetivos e alvos que você deseja atingir. competência para implementá-las.
3. Estabeleça planos de ação para trabalhar nas 2. Implemente os planos de ação definidos na eta-
oportunidades de melhoria. pa de planejamento.
4. Estabeleça indicadores de desempenho para
acompanhar o consumo de energia.

A C
É hora de agir Cheque os resultados

1. Uma vez que os resultados foram alcançados, 1. Monitore os processos e realize medições
estabeleça novos objetivos para melhorar conti- sobre o uso de energia.
nuamente. Caso os resultados não tenham sido 2. Verifique seus resultados em relação às metas
alcançados, é preciso determinar as razões e e objetivos.
tomar medidas para corrigir os problemas.
3. Comunique os resultados para as partes
interessadas.
Para que a implementação de pro-
cessos de gestão de energia seja efi-
ciente é fundamental que esta esteja
ancorada em uma plataforma digital
que automatize processos, centralize
e padronize informações de consumo
em tempo real. A otimização de ati-
vidades rotineiras diminui processos
manuais e direciona os colaboradores
para pensar estrategicamente.

28
Redução de custos
Esse é o argumento que melhor convence qual-
quer empresário a investir: a economia. E de
fato fazer gestão de energia traz a redução des-
sa despesa, seja com ações sobre o uso final da
energia nas operações, seja com ações volta-
Benefícios da das ao contexto regulatório e tarifário. Essa eco-
gestão de energia nomia poderá ser mais ou menos significativa
conforme o grau de adequação da gestão feita e
Fazer a gestão de energia é um bom negócio, o grau de comprometimento das equipes com as
pois o controle de custos e a otimização de ações definidas.
processos são caminhos que trazem susten- Vale lembrar ainda que a redução de custos apa-
tabilidade financeira para as empresas e pos- rece de duas formas: no preço da energia elétri-
sibilidades de maior competitividade e melho- ca e no volume de energia necessário para uma
res resultados. Mas os benefícios vão muito unidade operacional qualquer da empresa, já que
além da economia. Vamos conhecê-los: esta alcança maior eficiência energética, que
nada mais é do que produzir mais ou o mesmo
com um consumo de energia menor.

29
Eliminação do desperdício Redução de riscos
Fazer gestão de energia seguramente leva à elimina- Quanto mais energia uma empresa consome, maior
ção de desperdícios. Essa frente de atuação, aliás, o risco de que a oscilação das tarifas ou o déficit pos-
é uma das primeiras a ser atacada em um processo sam afetar seriamente suas operações e rentabili-
de gestão. Há uma série de medidas que permitem dade. Com a gestão de energia, esse risco pode ser
identificar e eliminar fontes de desperdícios, avaliar minimizado, pois do controle permanente se obtém
os ganhos alcançados e incorporar de vez uma cul- maior previsibilidade da demanda por energia e me-
tura organizacional permanente de uso consciente e lhor planejamento dos custos.
cuidadoso de energia e de identificação contínua de
perdas e sua eliminação.

Maior competitividade
A redução de custos operacionais e a otimização de
processos e recursos aumenta a competitividade de
uma empresa. Mais competitiva, aumenta a geração
de riqueza que, por sua vez, pode ser investida de for-
ma a ampliar a capacidade do negócio. Isso promove,
consequentemente, ainda mais competitividade. Um
ciclo virtuoso originado na gestão de energia.

30
Sustentabilidade ambiental
Esse benefício interessa a todos. A temática energética
remete a relevantes impactos socioambientais ligados
ao esgotamento de recursos naturais e a mudanças
climáticas. Com a redução do consumo se diminui a
necessidade de expansão do sistema e com isso se
evitam impactos ambientais na implantação de novos
empreendimentos. Além disso, o uso mais racional
de energia ainda acarreta diminuição na emissão de
gases poluentes na atmosfera.
Devemos lembrar também que ser sustentável agre-
ga valor à marca e beneficia a reputação de qualquer
organização junto aos seus públicos. O Centre for
Sustainability and Excellence (CSE), em sua análise
do mercado norte-americano em 2017, demonstrou
que organizações com melhores indicadores de sus-
tentabilidade apresentavam desempenho financeiro
significativamente superior ao de outras organizações
com indicadores de sustentabilidade piores.

31
desconhecimento dos benefícios: gestores igno-
ram o potencial da gestão de energia em termos
de economia de capital e arrecadação de valores
Desafios na (sem falar nos benefícios para a sustentabilidade
implementação de ambiental e a reputação). Sensibilizá-los para isso é
um desafio;
um processo de
gestão de energia cultura organizacional: implementar a gestão de
energia com sucesso depende diretamente da
conscientização dos colaboradores e do seu engaja-
Entenda algumas das principais dificul- mento nos objetivos e metas propostos. Nem sem-
dades encontradas para fazer gestão pre é fácil mudar a cultura interna, promover o uso
de energia nas empresas e se anteci- consciente e responsável da energia e fazer com
pe planejando ações que neutralizem que as pessoas compreendam a importância de
esses entraves: apoiar as ações planejadas. Atrair as equipes para
trabalharem juntas nesse propósito certamente é
um desafio;

32
falta de conhecimento da situação atual e imediatismo:
a primeira lacuna existente nas empresas no que se refere
à gestão de energia é a falta de um monitoramento siste-
mático de seu consumo para que seja possível obter indi-
cadores e parâmetros confiáveis para a definição de es-
tratégias e a tomada de decisões. Quando desconhecem
sua própria situação em relação à energia, desconhecem
também as perdas que têm com os desperdícios e o que
deixam de economizar com oportunidades de melhoria
existentes. E infelizmente nem sempre os gestores que-
rem investir nesse estágio inicial de autoconhecimento.
Além disso, muitas empresas são imediatistas e deixam
de fazer melhores escolhas, pois focam apenas em bus-
car resultados de curto prazo que se mostram insustentá-
veis com o tempo;
acompanhamento ineficiente: há empresas que entendem
a importância de monitorar o fluxo de energia nas suas
operações, mas adotam ferramentas ineficientes, que ge-
ram dados pouco confiáveis e, com isso, toda a cadeia de
gestão ficará comprometida. A gestão de energia será efi-
caz e representará economia e eficiência apenas quando
for baseada em parâmetros seguros, que fundamentam
decisões e planejamentos assertivos.
33
ISO 50001:
Sistema de Gestão
de Energia

34
A norma ISO 50001 foi publicada em 2011, com o in- Monitorar dados para melhor compreender e
tuito principal de estabelecer requisitos mínimos e es- tomar decisões;
pecíficos de um modelo de gestão de energia baseado
Medir os resultados e ajustar a política energética;
na melhoria contínua do desempenho energético das
organizações, podendo ser usada como guia por plan- Buscar melhoria contínua.
tas industriais e instalações comerciais.
Como a norma estabelece um preceito de melhoria
A norma define um Sistema de Gestão de Energia contínua, a partir do planejamento, execução, monito-
(SGE) como um conjunto de elementos que estabe- ramento e revisão do plano, todos os passos para al-
lecem uma política energética, objetivos energéticos, cançar a certificação estão alinhados com o modelo
além dos processos para atingir tais objetivos. Esses de gestão baseado no ciclo PDCA - planejar (plan), agir
objetivos têm como premissa a redução do consumo (do), verificar (check) e melhorar (action).
de energia, o aumento da eficiência energética de pro-
cessos e o uso adequado da energia necessária para O processo de certificação não é obrigatório para se
viabilizar as atividades da empresa. obter todos os benefícios da ISO 50001. No entanto, ao
conquistar o certificado com o apoio de uma entidade
Para que uma organização obtenha a certificação ISO de certificação profissional, os resultados serão alcan-
50001 será preciso: çados de maneira muito mais rápida.
Desenvolver uma política para eficiência energética;
Definir metas e objetivos alinhados a essa política;

35
Realizar a gestão de energia é muito mais do que medir
mês a mês o valor da conta de energia e avaliar se houve
ou não uma redução de consumo. A efetividade da ges-
tão de energia depende da forma como a organização
gerencia seus usos significativos de energia, determina
objetivos em relação a redução do consumo ou aumento
da eficiência energética dos processos, mede e monitora
os resultados e as ações de adequação para que tais ob-
jetivos sejam alcançados.
Isso tem a ver com a constatação de que ações pontuais
sem o devido acompanhamento sistemático das organi-
zações, não garantem bons resultados. O que faz total
sentido pois o gerenciamento contínuo da energia leva
naturalmente à otimização dos processos, uma vez que
se planeja e executa melhor as ações definidas.
Boas práticas Mas tudo isso só é possível mediante a disponibilidade
e acompanhamento de dados confiáveis sobre o uso da
na gestão energia na organização. Nesse contexto, atividades roti-
neiras como a gestão das faturas de energia das empre-
de energia sas e a medição e acompanhamento contínuo do uso da
energia se tornam fundamentais.

36
Gestão das faturas
Ao pagar a fatura de energia elétrica, é frequente ges- Valores em reais (R$) das grandezas faturadas e
tores olharem apenas o valor total e ignorarem os itens das multas aplicadas.
que compõem aquela cobrança. Sem compreender
As rotinas de registrar as informações detalhadas
a composição da fatura de energia, fica muito difícil
da fatura, acompanhar a evolução dos dados ao lon-
identificar anomalias, desvios de consumo e até mes-
go do tempo, e analisa-los de forma criteriosa e com
mo cobranças indevidas das concessionárias.
inteligência, é o que podemos definir como Gestão
A conta de energia fornece informações valiosas para de Faturas, cujo objetivo é aumentar o controle e
todas as etapas do processo de Gestão de Energia e visibilidade sobre o consumo de energia e os respec-
é base para avaliação econômica de projetos de efici- tivos gastos.
ência energética. São elas:
É de suma importância adotar a Gestão de Faturas
Totais de energia consumida no período por posto como rotina transversal à todas as etapas do proces-
tarifário (ponta e fora ponta); so de Gestão de Energia, pois esta revela relações en-
tre a operação/hábitos da empresa e o consumo de
Demandas máximas registradas no período por
energia elétrica, que por sua vez são úteis ao diag-
posto tarifário (ponta e fora ponta);
nóstico situacional da organização, à identificação de
Tarifas de energia aplicadas conforme o enquadra- ineficiências e desvios operacionais, à previsão de or-
mento tarifário da unidade; çamento, e a rotinas de combate ao desperdício.

37
O acompanhamento e verificação dos padrões Estruturar um processo de gestão das faturas de ener-
mensais de consumo e demanda nos horários de pon- gia pode não ser tarefa fácil, seja em função de uma
ta e fora de ponta permitem que os gestores avaliem baixa de disponibilidade de pessoas para executar
o enquadramento tarifário e o valor de demanda con- essas atividades, falta de conhecimento técnico, ou
tratada que resultem no menor custo da relação com da necessidade de gerir um volume muito grande de
a distribuidora. faturas de diferentes concessionárias, com formatos
e procedimentos distintos. Em alguns casos, tercei-
Vale ressaltar que a auditoria dos dados da fatura,
rizar essa rotina a um consultor pode se tornar uma
validando as grandezas faturadas e a aplicação das
alternativa viável, mas em qualquer cenário, o uso de
tarifas e impostos, possibilita a contestação e even-
software especializado dará a eficiência e segurança
tual restituição de cobranças equivocadas por parte
necessárias ao processo.
das concessionárias.
Hoje há plataformas de gestão que fazem de forma
Recentemente, a estratégia de auditar as faturas de
automatizada o processamento e a auditoria nas fa-
energia passou a ser uma realidade dos prosumido-
turas, apontando desvios no consumo e erros de cál-
res, aqueles que geram a sua própria energia atra-
culos ou de leitura que geram cobranças indevidas.
vés da Geração Distribuída. Como a contabilização e
a compensação dos créditos de energia são respon-
sabilidades da concessionária, é necessário auditar
os parâmetros de uma fatura com GD para garantir a
economia esperada ou o retorno do investimento no
tempo previsto.

38
Medição e acompanhamento
Medir o uso de energia elétrica nas organizações e
acompanhar os dados de medição de forma con-
tínua é primordial para as empresas que querem
alcançar níveis mais avançados de gestão de energia.
Qualquer guia, manual ou conteúdo que você encon-
trar sobre gestão de energia abordará a importância
de monitorar de forma permanente o consumo nas
suas operações.
É a medição do consumo e o acesso adequado aos
dados de medição que vão garantir um diagnóstico
confiável da situação atual da empresa, quantifican-
do quanta energia ela consome, como esse consumo
se comporta ao longo do mês e do dia, onde a energia
está sendo mais utilizada, em quais processos, em
quais equipamentos, facilitando a identificação de de-
ficiências e pontos de melhoria.

39
Além disso, o conhecimento preciso das necessida- decisões de escalonamento e programação da pro-
des energéticas fornece parâmetros confiáveis para dução que otimize a performance energética, ou para
a definição de objetivos e metas de redução, e por subsidiar análises de adequação da demanda contra-
isso a medição do uso de energia deve ser base do tada, ajustando-a à real necessidade da empresa.
planejamento das ações de eficiência energética.
Para os consumidores que já migraram para o merca-
Até mesmo após realizadas as ações é importante do livre, uma das ações mais efetivas de redução de
continuar analisando os dados de energia regularmen- custos com energia, o acesso à medição confiável do
te para verificar se as medidas tomadas estão sendo consumo de energia, com agilidade, é imprescindível
mantidas, e identificar rapidamente anomalias, inefi- para que as empresas possam auferir os melhores
ciências e novas oportunidades de economia, facili- resultados. Os gestores precisam ter a capacidade de
tando bastante a correção de desvios e a tomada de acompanhar e prever, constante e sistematicamen-
decisão. É dessa forma que uma empresa descobre, te, a sua curva de consumo, para proteger a empresa
por exemplo, um alto consumo em períodos ociosos de exposições ao preço de curto prazo ou maximizar
de produção ou operação. oportunidades de venda de excedentes.
A análise detalhada do perfil de carga, por exemplo, Hoje existem soluções que combinam hardware e
permite a verificação da potência dos equipamentos software para viabilizar o monitoramento em tempo
utilizados para procurar opções mais modernas, pos- real do consumo de energia, além da análise auto-
sibilita a intervenção na programação de uso dos equi- matizada dos dados levantados, facilitando bastante
pamentos com objetivo de deslocar cargas, eliminar esse processo para as empresas que buscam a efici-
desperdícios e reduzir picos de demanda. ência energética. Falaremos das tecnologias disponí-
veis adiante.
Com esse nível de detalhamento do uso de energia na
organização é possível gerar dados que vão respaldar
40
Digitalização da gestão
de energia

A tecnologia é uma aliada e quem sabe escolher as São verdadeiras plataformas de automação das roti-
ferramentas mais adequadas ao seu negócio tam- nas de gestão de energia, que minimizam o esforço
bém está à frente em competitividade. Isso não é manual e operacional das equipes envolvidas com o
diferente na gestão de energia, pois o mercado já dis- processo, de forma que seus esforços estejam con-
ponibiliza uma série de softwares e aplicativos para centrados em questões mais estratégicas como a exe-
aumentar a produtividade dos gestores e a redução cução das ações definidas e planejadas e na tomada
de custos operacionais. de decisões do cotidiano.
Essas tecnologias simplificam a organização dos pro- Além de automatizar, esse tipo de tecnologia
cessos e atividades nas empresas e a gestão em si, agrega funcionalidade. Por facilitar o processamento
apontando o quê, quando e como deve ser feito para de grandes volumes de dados, a digitalização da ges-
que os objetivos sejam alcançados, além de gerar in- tão de energia traz novas análises e insights, amplian-
dicadores para que ações de correção e melhoria con- do o potencial de redução de custos e eficiência ener-
tínua possam ser tomadas. gética como resultado da implementação da gestão
de energia.

41
Algoritmos inteligentes possibilitam aos
gestores simular diferentes cenários em Processamento automático de faturas
relação ao consumo, cruzar informações
de medição com contratos e faturas de Analisar a faturas de energia no mês a mês é certamen-
energia para planejar melhor o orçamen- te a prática mais adotada pelas empresas que tentam
to energético e integrar dados operacio- controlar minimamente as despesas com energia elé-
nais para consolidar a visão gerencial do trica. Apesar de limitado, o procedimento de registrar
impacto da energia para o negócio. e analisar as informações da fatura é altamente reco-
Digitalizando a gestão de energia, gran- mendável, pois permite ao gestor ter conhecimento
des empresas podem centralizar e padro- de suas necessidades mensais em relação a energia,
nizar o controle do consumo e dos gastos identificar oportunidades e acompanhar o resultado
com energia de múltiplas unidades em um de ações de eficiência.
mesmo ambiente, consolidando as neces- No entanto, planilhar faturas de forma manual é um
sidades energéticas e os resultados do processo de baixa produtividade e sujeito a erros. Per-
negócio como um todo. de-se um tempo precioso digitando e manipulando os
Para saber quais tecnologias melhor se dados para gerar relatórios e validar os cálculos de
adequam às necessidades e aos objetivos cobrança sem a devida segurança.
de sua empresa, vamos conhecer algumas
soluções existentes em mais detalhes:

42
Hoje já existem ferramentas que simplificam a coleta Organização e digitalização de todos os dados
e registro das informações das contas de energia, pro- financeiros e técnicos das faturas;
cessando digitalmente as faturas disponibilizadas em
KPIs gerados a partir do cruzamento dos pa-
formato PDF pelas concessionárias. As soluções mais
râmetros técnicos e financeiros da conta de
modernas utilizam softwares “robôs” para capturar de
energia com dados operacionais como área,
forma automática o arquivo disponibilizado por e-mail
produção, número de colaboradores;
ou no portal da distribuidora.
Dashboard com o histórico detalhado de gastos
Integrado à um software de gestão adequado, esse
e uso da energia em cada unidade;
motor de processamento facilita o acompanhamen-
to do histórico detalhado dos componentes da fatura, Exportação dos dados processados em Excel ou
a identificação dos desvios de padrão para entender através de APIs para integração a sistemas ter-
como sua empresa está consumindo o seu orçamento ceiros ou planilhas do cliente;
de energia elétrica, e a detecção de erros nos cálculos
efetuados pela concessionária que podem resultar em Auditoria de tarifas, bandeiras, multas, tributa-
cobranças indevidas. ção, grandezas faturadas, parâmetros do con-
trato, períodos de leitura e outros;
Alguns dos recursos providos pelas principais soluções
de automação da gestão de faturas, que a torna mais Indicação de melhorias de performance/redu-
ágil e segura, são: ção de custos a partir da correção do fator de
potência, revisão do contrato de demanda e
Automação da coleta das faturas disponibilizadas em reenquadramento tarifário.
PDF, via e-mail, FTP ou “robôs” que podem capturá-
-las diretamente dos websites das concessionárias;

43
Monitoramento em tempo real

Ainda são muitas as empresas que obtém as medi- de energia. Os dados de medição são então transmi-
ções do seu consumo de forma esporádica, solicitan- tidos continuamente via internet ou redes GPRS e Si-
do arquivos de dados para a concessionária ou fazen- gfox, por exemplo, para uma plataforma onde serão
do campanhas eventuais para leitura dos dados em processados e armazenados.
campo, dificultando a organização das informações e
Essa integração entre hardware e software, que com-
a garantia de sua confiabilidade.
bina sensores de medição, conectividade e inteligên-
Já abordamos nesse material a importância de co- cia computacional, facilitam a visualização e análise
nhecer e analisar as variáveis energéticas da empresa de informações valiosas do consumo de energia e a
em tempo real, bem como fazer a manutenção do his- identificação de anomalias e desvios com a maior bre-
tórico de medição em bases de dados robustas. Há vidade possível e em tempo integral. As funcionalida-
no mercado soluções de gestão de energia que viabi- des dessas plataformas permitem, entre outras coi-
lizam o monitoramento do uso de energia elétrica nos sas, que o gestor de energia:
grandes consumidores através da leitura remota dos
Acesse em tempo real dados de consumo, deman-
dados dos medidores.
da e fator de potência de suas unidades através de
Essas soluções geralmente utilizam tecnologias dashboards interativos e customizáveis;
de IoT embarcadas em equipamentos de telemetria
Visualize projeções de consumo e simule as faturas
que são conectados ao medidor da distribuidora ou
de energia em diferentes enquadramentos tarifários;
em medidores inteligentes instalados em locais es-
pecíficos da planta a fim de individualizar o consumo

44
Identifique e realize diagnósticos de desvios do
consumo em relação às curvas típicas para dife-
rentes períodos;
Detecte desperdícios em setores, processos ou
equipamentos específicos;
Receba alertas e notificações por e-mail sinalizan-
do anomalias desvios e falhas;
Receba e-mails automáticos com relatórios sema-
nais e mensais sobre o consumo de energia das
suas unidades.
Monitore a acompanhe a estimativa de economia
gerada por projetos de eficiência;
Todos os dados gerados em um processo automati-
zado de monitoramento são importantes para emba-
sar decisões mais assertivas na gestão de energia.

45
Tendências tecnológicas
na gestão de energia
e utilidades
46
IoT (Internet of Things): No contexto da ges- Mobilidade: A velocidade na tomada de deci-
tão de energia, a tecnologia de IoT tem sido sões em mercados competitivos demanda a
largamente utilizada pelas empresas para utilização de dispositivos móveis como smar-
transmissão de dados de medidores de ener- tphones para uma gama cada vez maior de
gia, seja no ponto de fornecimento de energia aplicações. Boas ferramentas de gestão de
pela distribuidora ou em áreas e equipamen- energia já estão alinhadas a essa realidade.
tos específicos da empresa.
Cloud Computing: A utilização de infraestru-
Big Data: Com a democratização do uso de turas de datacenter em nuvem já não é mais
medidores inteligentes de energia e sensores uma novidade, em qualquer que seja o cená-
diversos, grandes volumes de dados passa- rio. Softwares de gestão de energia mais mo-
ram a ser gerados a cada instante. Para arma- dernos já usufruem da tecnologia, segurança
zenar, tratar, analisar essas quantidades enor- e agilidade dos serviços de cloud.
mes de informação os softwares de gestão de
energia utilizam tecnologia big data.
Inteligência de Dados: Um conjunto de novas
técnicas de processamento de dados são uti-
lizadas por aplicações diversas a fim de auto-
matizar a validação de informações, identifi-
cação de padrões, análises de sensibilidade a
geração de insights.

47
Conclusão
48
A gestão de energia deve fazer parte das prioridades de Há recursos e tecnologias disponíveis para todos os
qualquer negócio que pretenda ser economicamente perfis de empresas e suas diferentes necessidades
sustentável e rentável. Estamos falando de um insu- operacionais e essas ferramentas facilitam muito o
mo que é vital nas operações das empresas e que tem processo de mudança nas organizações, automati-
um custo bastante expressivo. Dessa forma, adotar zando atividades e levantando dados fundamentais
ações que alcancem eficiência energética e redução para qualquer planejamento. O avanço tecnológico é
no consumo de energia é um caminho seguro para um aliado que não deve ser ignorado e que torna a efi-
um grau de competitividade desejável, resultados fa- ciência energética uma meta cada vez mais atingível
voráveis e ainda alinhamento com as tendências glo- para todo tipo de negócio.
bais que estimulam operações mais responsáveis e
Com a gestão de energia, as empresas ganham em re-
ambientalmente sustentáveis nos negócios.
putação, competitividade e economia. Ganha também
Ações isoladas ou pontuais de eficiência energética, a sociedade, com modelos de produção mais respon-
mesmo quando executadas de maneira adequada, não sáveis, e o meio ambiente, já que o uso racional da
trarão resultados consistentes e duradouros. Por isso energia naturalmente leva à diminuição dos impactos
a defesa de que a eficiência energética seja alcançada acarretados pela pressão cada vez maior sobre o sis-
por meio da gestão de energia como um esforço per- tema elétrico.
manente, pois com isso haverá de fato uma melho-
Como já dito, estamos falando de um caminho sem
ria contínua da gestão e uma eficientização cada vez
volta e aqueles que iniciam essa jornada estarão um
maior dos processos em uma empresa. Os resultados
passo à frente em competitividade, eficiência e res-
serão maiores na medida em que a gestão de energia
ponsabilidade.
for naturalizada em uma organização, fazendo parte
de sua cultura e estando sempre presente e integrada
aos seus processos normais.
49
Saiba mais sobre gestão de energia

[WEBINAR] Planilhas: ainda são


Gestão de Energia eficientes para a
para Empresas gestão de energia?

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