DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE COMPÓSITO INTELIGENTE
USANDO FIOS DE LIGA COM MEMÓRIA DE FORMA
Nathalia Gomes Bernardo de Paiva; nathalia.paiva@aluno.cefet-rj.br
Ricardo Alexandre Amar de Aguiar; ricardoaamar@yahoo.com.br
DEPARTAMENTO DE PESQUISA – DEPEQ / COORDENADORIA DE PESQUISA E ESTUDOS TECNOLOGICOS – COPET
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA (PIBIC) – 2020
RESUMO
A necessidade de se produzir materiais e estruturas inteligentes ocorre em função do desejo de
se encontrar materiais com ótimo desempenho sob condições de serviço variáveis durante operações
em diferentes condições ambientes. Para atender a essa necessidade surgiram os materiais
inteligentes. É possível defini-los como materiais com caráter adaptativo, com capacidade de alterar
suas propriedades mediante mudanças ambientais. As Ligas com Memória de Forma (“Shape
Memory Alloys” – SMAs) possuem a capacidade de retomar à forma original quando submetidas a
um processo termomecânico apropriado e, quando combinadas à polímeros reforçados com fibras
formam o que é chamado de compósito inteligente. Os compósitos têm por característica básica
combinar, à nível macroscópico, duas fases distintas denominadas matriz e reforço. Em geral,
apresentam excelente desempenho estrutural, considerando resistência e rigidez específicas; também
são resistentes a vários tipos de corrosão e são leves. Neste trabalho foi realizado um roteiro de
procedimentos experimentais para caracterização do fio com memória de forma NiTi através de
Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC) e ensaio de tração, análise de aderência entre os
materiais por ensaio de “Pull Out”, além do levantamento dos parâmetros relevantes para fabricação
de um compósito inteligente com fio de SMA NiTi, reforço de fibra de vidro e matriz epóxi para
possível aplicação em sensores, atuadores ou redutores de vibrações.
Palavras-chave: Ligas com memória de forma, SMAs, Compósitos, Compósitos inteligentes.
INTRODUÇÃO
Os materiais compósitos têm por característica básica combinar, à nível macroscópico, duas
fases distintas denominadas matriz e reforço. Em geral, apresentam excelente desempenho estrutural,
considerando resistência e rigidez específicas, também são resistentes a vários tipos de corrosão e
bem mais leves se comparados às ligas metálicas (NETO et al., 2016).
As Ligas com Memória de Forma (Shape Memory Alloys – SMAs) possuem a capacidade de
retomar à forma original quando submetidas a um processo termomecânico apropriado (AGUIAR,
2011, WANG et al., 2004). Devido as suas propriedades as ligas com memória de forma têm
aplicações bem variadas, como atuadores de diversos dispositivos com propósitos específicos,
redutores de vibrações em estruturas e até equipamentos médicos, por exemplo (GOMES et al.,
2018).
Os materiais inteligentes podem alterar sua estrutura para realizar uma determinada função ao
receber um estímulo pré-estabelecido (GOMES et al., 2018). As aplicações para as novas gerações de
materiais inteligentes são diversas, mas o denominador comum para o desenvolvimento desses
materiais é o ambiente em que sistema mecânico deverá operar.
A combinação de materiais compósitos e ligas com memória de forma é o objetivo central desse
projeto, aliando características distintas desses materiais. Para isso, foi proposta a fabricação de um
compósito inteligente com matriz epóxi e reforço de fibra de vidro associado a fios de uma liga com
memória de forma de Níquel-Titânio. Para isso foi feito um roteiro de procedimentos experimentais
para caracterização do fio com memória de forma NiTi através de Calorimetria Diferencial de
Varredura (DSC) e ensaio de tração, análise de aderência entre os dois materiais por ensaio de Pull
Out, além do levantamento dos parâmetros relevantes para fabricação desse compósito inteligente.
Figura 1 - Gráfico de tensão-deformação-temperatura Figura 3: (a) grade de piso para setor offshore feito de
mostrando o efeito de memória de forma em um SMA NiTi material compósito,(b) guarda-corpo de material compósito,
típico. (c) pás de turbina eólica feitas com fibra de vidro e (d)
Próteses ortopédicas feitas com fibra de carbono.
Figura 2 - (a) empilhamento de sucessivas camadas de
reforços de fibra orientados em um compósito laminar;
Figura 4 - Stents de Nitinol.
exemplos de tramas com fibras (b) fibra poliéster com
aramida, (c) fibra poliéster com fibra de carbono.
METODOLOGIA
O DSC é uma técnica de análise térmica que pode ser usada para medir as temperaturas de
transformação de fase. Essa técnica é usada para estudar as temperaturas de transformação dos SMAs
e tem a vantagem de exigir uma pequena amostra do material.
Para compreensão do efeito de memória de forma reversível do fio através do ensaio de tração, o
mesmo é realizado a uma temperatura constante abaixo da temperatura Mf com a aplicação de um
carregamento que ultrapasse o limite de escoamento do material por um certo número de ciclos, para
fazer o treinamento do fio, esse procedimento faz com que os laços de histerese tendam a convergir
depois de alguns ciclos. Após o treinamento o fio é aquecido a uma temperatura acima da temperatura
Af e em seguida resfriado até a temperatura inicial do ensaio. Um segundo teste é feito no material a
uma temperatura T < Mf por mais um número de ciclos.
O ensaio de Pull Out tem como objetivo verificar a adesão na interface de dois materiais. Dada a
configuração do compósito inteligente com reforço composto de fio de SMA tipo NiTi e fibra de
vidro e matriz epóxi o ensaio consiste em extrair o fio de SMA de uma cápsula de resina no qual este
é embutido até certo comprimento. Desse modo, é possível observar o comportamento da interface
fio/resina para diferentes comprimentos de fio e também pode ser avaliada a eficácia de tratamentos
de superfície nos fios para melhorar a aderência.
Figura 5 – Curva de DSC para um SMA.
Figura 7 - Teste pseudoelástico com 50 ciclos (à Figura 6 - Exemplos de corpos de prova para ensaio
esquerda) e com 20 ciclos (à direita). de Pull Out.
CONCLUSÕES
A integração de compósitos poliméricos reforçados com fibra de vidro à fios de liga com
memória de forma NiTi é uma proposta complexa e necessita de uma cautelosa seleção e
caracterização desses materiais, para que a combinação de todas essas propriedades seja viável.
A confecção do compósito inteligente deve respeitar rigorosamente os parâmetros de cada
material, para evitar falhas prematuras devido a erros de produção e também carece da elaboração de
equipamentos auxiliares, como moldes e suportes, que auxiliem nesse processo.
A realização de testes deve seguir uma boa metodologia para que os resultados sejam plausíveis
e posteriormente comparados com a literatura. Não menos importante, a aplicação do material deve
ser possível de ser reproduzida comercialmente e solucionar problemas reais. Portanto, as etapas de
produção devem procurar corresponder à procedimentos existentes na indústria, visando o menor
custo possível e buscando a simplicidade em suas etapas.
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AGRADECIMENTOS
A autora agradece ao professor Ricardo Alexandre Amar de Aguiar pela oportunidade de
participar do projeto de Iniciação Científica assim como a orientação e grande contribuição com
conhecimento para o projeto. Aos alunos de mestrado e doutorado do LADES por toda ajuda
operacional e finalmente ao CEFET/RJ por incentivar os alunos da graduação a ingressar no mundo
fantástico da pesquisa científica.