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Há vários tipos de receptores e sinais distintos. Mas eles podem ser agrupados em
famílias:
- Receptores acoplados a proteína G um exemplo são os receptores beta-adrenérgicos
cujos ligantes endógenos são noradrenalina, adrenalina e dopamina. Após a ligação ao receptor,
há o recrutamento de uma proteína Gs que ativa adenilil-ciclase gerando uma resposta celular.
Alguns fármacos que atuam nesse receptor são dobutamina, como agonista, e propranolol, como
antagonista.
- Canais iônicos nos canais iônicos controlados por ligante um exemplo é o receptor
nicotínico para acetilcolina. Alguns fármacos que atuam nesse receptor são a nicotina, como
agonista, e recurônio, como antagonista. Há também os canais iônicos controlados por voltagem
e um exemplo é a lidocaína agindo num receptor para anestésicos locais.
- Enzimas transmembrana um exemplo são os receptores tirosina-quinase. Eles são
receptores com atividade enzimática e agem pela fosforilação de proteínas em resíduos
específicos. Um exemplo de fármaco seria o imatinibe.
- Proteínas transmembranas não-enzimáticos são receptores para citosinas cujos
ligantes endógenos são interleucinas. Eles agem através da ativação de enzimas específicas como
a Jak/STAT.
-Receptores nucleares seus ligantes endógenos são hormônios como cortisol, os
tireoidianos e sexuais. Sua sinalização passa pela ativação de co-ativadores ou co-repressores.
- Enzimas intracelulares o receptor mais importante dessa classe guanililciclase
solúvel onde seu ligante endógeno é o óxido nítrico age levando a um aumento de GMP cíclico.
Esse receptor apresenta outros sítios de ligação alostérica para várias moléculas exógenas.
A ligação de um benzodiazepínico ao receptor induz um aumento na eficiência da inibição
sináptica induzida pelo GABA. Sua ação só ocorre se o GABA estiver ligado ao receptor, sendo
assim ele é um potencializador alostérico. Não é diretamente ele que causa o efeito, ele não ativa
o receptor GABAa e não abre canais de cloreto isoladamente. Eles agem aumentando a
condutância do cloreto pelo aumento da frequência de abertura dos canais de cloreto.
Os receptores GABAa também exibem sítios de ligação para barbitúricos, sendo esses
sítios diferentes dos benzodiazepínicos, mas sua ação é semelhante. Os barbitúricos aumentam a
duração da abertura dos canais de cloreto regulados pelo GABA. No entanto, em altas doses eles
são GABAmiméticos e podem ativar diretamente o receptor GABAa independente da presença do
GABA. A capacidade deles se ligarem a outros locais no SNC explica o seu efeito em anestesia
cirúrgica completa e seu maior efeito depressor do SNC, resultando em uma baixa margem de
segurança para essa família em comparação aos benzodiazepínicos ou outros hipnóticos.
O etanol também se liga ao GABAa e pode induzir a hiperpolarização celular, aumentar
a afinidade do GABA pelo receptor, o que também leva a hiperpolarização.
Com relação ao ligante que seja semelhante aos benzodiazepínicos, temos que alguns
fármacos que não se caracterizam como benzodiazepínicos podem exercer uma ação. O zolpidem
é um agonista seletivo no sítio de benzodiazepínico que contém uma subunidade alfa1 agindo de
forma muito semelhante ao benzodiazepínico sendo usado como hipnótico. O flumazenil é um
antagonista derivado de benzodiazepínico sintético bloqueia a ação do benzodiazepínico e do
zolpidem, mas não antagoniza a ação dos barbitúricos e do etanol.
O exemplo da acetilcolina é importante pois mostra que uma molécula endógena pode se
ligar a receptores distintos, como receptores nicotínicos e acoplados a proteínas G visto acima.
Quando falamos de receptores acoplados a proteína G e acetilcolina chamamos os receptores de
muscarínicos.
Os receptores que sinalizam por meio de proteína G são a maior família dos receptores e
são chamados de receptores sete alças transmembrana ou receptores tipo serpentina. Na ausência
de ligantes, esses receptores são ligados a um heterotrímero constituído de subunidades alfa, beta
e gama, que constituem a proteína G, e se encontram receptores afastados um do outro na
membrana.
A subunidade alfa da proteína G está ligada a um GDP quando o receptor está inativo.
Com a ligação do ligante, o receptor se ativa formando um complexo com a proteína G e isso leva
a uma alteração conformacional na subunidade alfa levando a uma troca de GDP por GTP e a
dissociação dessa subunidade alfa da beta e gama. Formando a subunidade alfa com o GTP e as
subunidades beta e gama juntas livres do receptor no citosol. Ambos os conjuntos vão regular
diferentes processos.
Colocando alguns exemplos, a subunidade alfa pode agir na adenililciclase, fosfolipase
C, enquanto o dímero beta-gama pode agir nos canais de potássio, cálcio ou P3quinase.
O sistema volta ao seu estado inicial pela hidrólise do GTP na subunidade alfa.
Abaixo, um esquema mostrando esses processos:
Tipos de proteína G
Há muitos tipos de proteínas G, mas focaremos na sinalização dos receptores acoplados
a proteína Gs, Gi e Gq. De forma geral, com a ligação do agonista ao receptor há o recrutamento
da proteína G que ao se ativar muda a atividade de um elemento efetor, sendo na maioria das
vezes uma enzima ou canal iônico. Esse elemento muda a concentração do segundo mensageiro
intracelular.
Quando o agonista se liga ao receptor e leva ao recrutamento de uma proteína Gs que vai
ser ativado a ponto que a subunidade alfa ligada ao GTP vai ativar uma adenililciclase que
converterá ATP em AMPcíclico, aumentando a concentração desse segundo mensageiro, e o
AMPcíclico recrutará proteínas próximas.
Quando o agonista se liga ao receptor e leva ao recrutamento de uma proteína Gi, ocorre
o inverso da Gs, ele inibe a adenililciclase, reduzindo a concentração de AMPcíclico e impedindo
o recrutamento de proteínas próximas.
Com relação aos receptores acoplados a proteína Gi ou Gs, há vários deles na família dos
receptores adrenérgicos. Os receptores alfa adrenérgicos podem ser alfa1 e alfa2, e os beta
adrenérgicos beta 1, beta 2 e beta 3. Eles diferem entre si pela seletividade do ligante e o
acoplamento de proteínas. Dessa forma, o receptor alfa 1 recruta proteína Gq, alfa 2 recruta G1 e
beta recruta proteína Gs.
Farmacologicamente os agonistas beta 2 adrenérgicos, como a terbutalina, são usados
para produzir broncidilatação, enquanto os antagonistas beta 1 são usados para tratar hipertensão
arterial ou angina.
Amplificação
As reações de sinalizações individuais podem gerar muitos produtos. A ativação de um
único receptor pode levar a ativação de inúmeras proteínas G no espaço intracelular. Essas
moléculas podem se ligar a outras proteínas sinalizadoras, tal a adenililciclase. Cada molécula de
enzima ativada pode gerar um grande número de AMPc, que pode ativas outras proteínas como
as quinases, que fosforilam proteínas alvo.
Apesar de nem todas as rotas de sinalização envolverem amplificação, no total, a cascata
resultante é aumentada enormemente quando é considerado o sinal inicial. Assim, a resposta pela
ligação de um único receptor acoplado a proteína G pode ser amplificado de modo que a resposta
é muito maior do que a esperada daquela interação fármaco-receptor.
As células podem se tornar adaptadas a uma molécula de sinalização extracelular. Os
receptores acoplados a proteína G quase sempre estão sujeitos a regulação por retroalimentação
e por seus produtos de sinalização. A estimulação persistente do receptor por agonista pode
dessensibilizar o receptor de forma que o efeito na mesma concentração do fármaco seja reduzido.
Pode ocorrer inacessibilidade temporária do receptor pelo agonista, uma menor expressão do
receptor (hiporegulação), uma interiorização dos receptores. Mas também pode haver uma
hipersensibilidade dos receptores aos agonistas após uma redução crônica da estimulação do
receptor. Todas essas características são adaptações e podem modular os efeitos dos fármacos
durante um tratamento.