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Ela se deitava ao meu lado como se fosse obrigada, fazia bico, respirava pesado só pra se

certificar que eu havia percebido quão brava ela estava comigo. Me ignorava. Virava as costas
pra mim como um sinal de greve, cruzava os braços sobre o peito e não mexia o pé como de
costume. Ela estava brava!

Eu me alinhava na cama e esticava as cobertas, jogava o braço por cima da sua cintura e ela
não se mexia, nenhum movimento. Me esforçava um pouco mais, chegava mais perto, queria
que ela sentisse meu peito nas suas costas. Ela ainda se mexia como se eu não estivesse ali.
Ah, ela estava brava!

Em uma ultima tentativa desesperada me agarrei a sua cintura e a puxei pra perto de mim!
Tomava ar e entrava com a cabeça, boca e nariz nos seus cabelos. Passava a ponta do nariz
pela sua nuca e respirava pela boca. O ar quente que saia da minha boca ia arrepiando os
pelos do seu pescoço e fazia ela ficar toda tensa. Ah, eu estava ganhando.

Ela cerrava os punhos como se aquilo fosse me afastar. Quase sem perceber era ela quem
pressionava seu corpo contra o meu agora. Deixava escapar um gemido por entre os lábios e
quando percebia mordia a boca e fechava os olhos.

Minhas unhas judiavam sua barriga e sem dó nenhuma eu as ia cravando por toda a extensão
do seu corpo. Ela gostava, segurava a respiração toda vez que eu tomava folego. Depois
soltava o ar pesado, quase gemendo, sem nem perceber. Eu passava a língua nas voltas da sua
orelha e gemia sem disfarçar enquanto o fazia. Ela sabia que eu gostava.

Quando se virou em um movimento rápido, sabia que eu tinha vencido. Me olhou com os
olhos vermelhos de raiva e com a boca entre aberta. Me deu um tapa na cara, daqueles que
não foram feitos para doer e um beijo que não foi feito pra mais ninguém. Me puxou pra cima
dela, me colocou no meio de suas pernas e trancou os dois braços por de trás das minhas
costas. Eu estava rendida.

Eu sorri, beijei aquela boca vermelha e me ajeitei em cima dela. "Não vai sair!" Ela disse quase
que gritando comigo. "Não quero sair." Eu disse baixinho, como se estivesse com vergonha.
"Então que que você tá fazendo?". Fechei os olhos, desci alguns centimetros e me arrumei
entre seu pescoço e ombro. "Estou me preparando pra dormir, amor."

Ela não estava mais brava. Acho que ela estava sorrindo...

De olhos fechados e já bem confortável em cima da minha mulher, respirei fundo, preguiçosa,
fazendo força pra não me mexer.

- Por que tão brava, mulher?

Perguntei por perguntar, já não importava. Eu estava nos braços dela e nada nesse mundo ia
tirar a paz de mim, ou dela. Não deixaria.

Ela ficou tensa, apertou o abraço e não disse nada.

- Por que?. Perguntei de novo.

- Você! Fica fazendo essas coisas comigo.

Por um momento fiquei com medo, ela disse de um jeito dolorido, como se alguma coisa
estivesse errada. Doendo dentro dela.

Levantei a cabeça um pouquinho pra olhar pros olhos dela. "Eu? O que eu fiz?"
Ela fechou os olhos, me beijou de leve e sorriu com aquele jeito envergonhado que me deixa
louca.

- Me mata de saudade.

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