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1.

A Crise Européia

No início de 2010, um medo geral de crise da dívida soberana em alguns países europeus,
levou a uma crise de confiança, entre esses países em risco e outros da união européia,
principalmente no que diz respeito ao seguro de risco em operações de CDS (credit default
swaps). Os países em desestabilidade são Grécia, Irlanda, Itália, Portugal e Espanha (PIIGS,
segundo iniciais em inglês) e, mais recentemente, o Reino Unido.

Preocupações com o aumento do déficit do governo e os níveis de dívidas no mundo todo,


junto com uma onda de downgrade da dívida de governos europeus, criaram um alarme nos
mercados financeiros. A crise da dívida teve seus eventos centralizados na Grécia, onde há o a
maior preocupação com a possibilidade de aumento de custo na dívida governamental.

No segundo dia de maio deste ano, os países da zona do euro e o FMI acordaram um
empréstimo de €110 milhões para a Grécia, com uma expectativa de aumento na severidade
das políticas gregas. Uma semana depois, os ministros das finanças europeus aprovaram um
razoável pacote de resgate de quase um trilhão de dólares com a intenção de assegurar a
estabilidade financeira na Europa.
2. Grécia

A economia grega foi uma das que mais cresceu na ultima década. De 2009 a 2007 cresceu em
uma taxa anual de 4.2%, banhada por capital estrangeiro. Uma economia forte e queda no
rendimento dos títulos permitiram que o governo grego mantivesse grandes déficits
estruturais, para financiar o setor público de emprego, pensões, e outros benefícios sociais.
Desde 1993, as dívidas do país têm ficado acima de 100% em relação ao PIB.

Inicialmente, o câmbio desvalorizado ajudou a financiar os empréstimos. Depois da introdução


do euro, a Grécia foi capaz de pegar mais empréstimos por conta das baixas taxas de juros
governamentais que os papéis comandavam. A crise global financeira que eclodiu em 2008
teve um efeito particularmente grande na Grécia. As duas principais indústrias do país, turismo
e transporte, foram afetadas fortemente, tendo caído 15% em receita em 2009.

Para se manter dentro das linhas da união monetária do euro, a Grécia vinha
consistentemente e de forma deliberada reportando estatísticas econômicas oficiais do país
erradas. No começo de 2010, foi descoberto que o país pagava centenas de bilhões de reais
para bancos como o Goldman Sachs desde 2001, para que estes estruturassem operações que
escondiam o nível real do empréstimo. O propósito desses acordos feitos por vários governos
gregos era permitir que eles gastassem mais do que podiam custear, enquanto escondiam o
verdadeiro déficit dos superintendentes europeus. Apesar de a Grécia ter sido o pior caso,
outros países também maquiavam irregularidades freqüentemente, como a Itália.

Em 2009, o governante George Papandreou revisou o déficit de um estimado de 6% para


12.7% em relação ao PIB. Em maio de 2010, o déficit grego era 13.6%, o que é um dos maiores
do mundo. A dívida governamental foi estimada a €216 bilhões em janeiro deste ano. A
expectativa é que chegará a 120% do PIB em 2010. O mercado de títulos públicos é
dependente dos investidores estrangeiros, com 70% dos papéis detidos fora da Grécia.

3. Downgrade da dívida

Em abril de 2010, o rating da dívida grega caiu para os primeiros níveis de status “lixo” da
Standard & Poor’s, em meio a temores de incumprimento por parte do governo grego.
Rendimentos nos papéis de dois anos aumentaram em 15.3% depois do downgrade. Alguns
analistas questionam a abilidade da Grécia de refinanciar suas dívidas. As estimativas de
Standard & Poor dizem que em caso de descumprimento de pagamentos, os investidores iriam
perder 30-50% do dinheiro investido. Mercados de ações no mundo todo sofreram queda em
razão desse anúncio. Logo após, veio downgrades da Fitch e da Moody’s.

4. Contratos de Crédito e Severidade

Em março de 2010, o parlamento grego passou a Economy Protection Bill, que espera cortar
€4.8 bilhoes em custos, por meio de várias medidas, incluindo redução de salário de
funcionários públicos. Em abril, o governo pediu um pacote de resgate a União Européia e ao
FMI. A negociação constituía de imediatos €45 bilões em 2010, com mais por vim no ano
seguinte, quantidade que decepcionou os especialistas. A taxa de juros na zona do euro é de
5%, o que é considerado relativamente alto para um empréstimo de resgate.
Em maio, uma greve nacional aconteceu em Atenas para protestar contra os cortes de gastos e
aumentos de taxas. Três pessoas morreram doze se machucaram e 107 foram presas.

5. Perigo de Calote

Sem um acordo de resgate sólido, teria a possibilidade de a Grécia acabar por ser obrigada a
não honrar algumas de suas dívidas. Os prêmios pagos nos papéis de dívida da Grécia subiram
para valores que refletem a alta chance de calote ou reestruturação da divida. Analistas deram
de 25% a 90% de um dos dois acontecer. Isso iria efetivamente remover a Grécia do euro,
como também o país não teria mais garantia do Banco Central Europeu.

Como a Grécia é um membro da zona do euro, ela não consegue estimular sua economia com
política monetária, e é por isso que se fala que a União Européia esta atrapalhando a
recuperação da Grécia.

Um calote por parte da Grécia representaria, porém, pouca significância para os outros países
europeus. A Grécia representa apenas 2.5% da economia da zona do euro. O problema maior
seria se os investidores perderem significativamente confiança na zona do euro.

6. Portugal

Portugal parece ter exaustados os benefícios que teria com o euro mesmo antes deste ser
lançado. Um crescimento gigante na segunda metade da década de 90 do século passado foi
alimentado por um declínio acentuado nos custos de empréstimos, baseado somente nos
prospectos de ser um membro da zona do euro. A rápida inflação do salário eventualmente
dificultou firmas locais com rivais externas. Em 2000, a conta de Portugal tinha afundado em
um déficit de 10% do PIB. As economias emergentes na Europa Ocidental e na Ásia acabaram
por seduzir Portugal com o seu custo baixo de produção. O pobre sistema de educação deixa
Portugal preso a mão de obra não qualificada, que acaba por ser não competitiva com os
mercados citados. Enquanto o crescimento de Portugal anda a passos muito lerdos, países
emergiram do Leste Europeu, como Eslovênia, e já ultrapassou o padrão de vida de Portugal.

7. Irlanda
A Irlanda tem um boom de crédito mais desastroso que os EUA ou a Inglaterra. Empréstimos
bancários foram altamente conduzidos para hipotecas e construção. Um legado é os
empréstimos horríveis de propriedades comerciais que “aleijou” os bancos. Além disso tem o
excesso de dívida de casa própria, na maioria hipoteca, que hoje é maior que 100% do PIB. A
Irlanda não parece querer voltar sua economia para um crescimento baseado em exportação,
como foi uma vez. Para isso, teria que diminuir seus salários assim como outros parceiros de
trocas da zona de euro, mas isso causaria em um rombo maior nas dívidas. O único ponto bom
de esperança é que as taxas de hipotecas na Irlanda estão atreladas a taxa básica do Banco
Central Europeu, que esta definida a continuar em um recorde baixo.

8. Italia

A Itália sofreu uma recessão terrível, mas, diferente dos outros países do euro com problemas,
não saiu de forma com um boom imobiliário ou de crédito. Entre 2002 e 2007, a média de
déficit italiano era menos que 2% do PIB, um terço da média dos outros países com problemas.
Mesmo assim, a Itália sofre dos mesmos males. Como a Espanha, o recorde no crescimento da
produtividade chega a ser triste. Como na Grécia, tem muita dívida pública e problemas
coletando tributos.

9. Espanha
A economia espanhola sofre de dificuldades que são amarradas de perto com o boom
imobiliário. A taxa de desemprego é quase 20% e muito dos novos desempregados vieram de
empregos em construção. O crescimento baixo na produtividade da Espanha é parcialmente o
resultado de uma mania imobiliária (booms imobiliários são intensivos em mão de obra).
Mesmo assim, grande parte da culpa continua em cima das leis de trabalho. Salários são
definidos centralmente e a maioria dos trabalhos é protegida, tornando difícil controlar a
mudança de trabalhadores qualificados para as indústrias em boom. A recessão revelou os
quão dependentes as finanças públicas tem sido em relação às receitas vindo do mercado de
construção. Os preços de imóveis ainda tem espaço para cair muito. Foi constatado já que na
média de aluguel de propriedades na Espanha, o preço está 50% a cima do que o valor justo.

10. Análises Comparativas

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