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Acordao
Acordao
1. RELATÓRIO.
Trata-se de apelação cível interposta por Eliane Cristina Procópio de Andrade em face
da r. sentença (mov. 57.1) proferida nos autos n° 0010469-26.2019.8.16.0194, de ação declaratória de
nulidade de assembleia geral ordinária c/c indenização por perdas e danos, que julgou parcialmente
procedente o pedido inicial, declarando nula a deliberação da assembleia geral ocorrida em 13.08.2019 e
condenando o requerido ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, fixados em
10% sobre o valor da causa.
O condomínio demandado opôs embargos de declaração (mov. 62.1), os quais foram
conhecidos e acolhidos para reconhecer a sucumbência recíproca, condenando as partes ao pagamento pro
rata dos ônus sucumbenciais.
Eliane Cristina Procópio de Andrade aviou apelação (mov. 75.1), alegando, em suma,
que, se não fosse a proibição de locação por temporada determinada na assembleia geral que foi declarada
nula, a possibilidade de continuidade da locação de seu imóvel pela plataforma Airbnb não seria hipotética ou
improvável, mas séria e real, de modo que faz jus ao recebimento de indenização com base na perda de uma
chance. Sustentou que locou seu apartamento pelo período de 30 meses, em janeiro de 2020, somente
porque estava proibida de realizar locação por temporada. Com base no exposto, requereu o acolhimento
integral da pretensão inicial para que o condomínio seja condenado ao pagamento de indenização pela
perda de uma chance, em valor a ser apurado em liquidação de sentença.
O apelado apresentou contrarrazões (mov. 79.1).
Em síntese, é o relatório.
2. FUNDAMENTAÇÃO.
Síntese fática
Cabe examinar, portanto, se o alegado prejuízo suportado pela autora pode ser
considerado real, atual e certo.
Do que se extrai dos autos, a partir da assembleia geral realizada em 13.08.2019, a
apelante ficou impossibilitada de locar seu apartamento por temporada (mov. 1.8).
Ela demonstrou que, entre 10.05.2019 e 19.08.2019, locou o apartamento por curtos
períodos onze vezes (mov. 1.12). Todavia, tal fato, por si só, não é suficiente para presumir que o imóvel
seria alugado outras vezes após o período da proibição determinada pelo condomínio.
Com efeito, o que há, neste caso, é a eventual possibilidade de que a autora locasse o
apartamento outras vezes através da plataforma Airbnb, não havendo comprovação da chance real e séria
de que ele continuaria a ser reservado durante o período de proibição, especialmente porque, no documento
de mov. 1.12, só há uma reserva datada após a assembleia realizada no dia 13.08.2019, não havendo
notícia, ainda, de que a demandante cancelou a referida reserva.
Além disso, o réu comprovou que a apelante locou o imóvel em janeiro de 2020 (mov.
31.3), o que foi por ela confirmado nas razões recursais, nas quais afirmou que a locação foi pelo período de
30 meses (fl. 05 – mov. 75.1), de modo que ela não deixou de auferir lucros com o apartamento, senão no
curto período entre setembro e dezembro de 2019.
Desse modo, não há como responsabilizar o apelado pela perda de uma chance, a
qual pressupõe razoável, séria e real oportunidade perdida pela parte, o que não restou satisfatoriamente
comprovado nos autos, já que a locação por temporada do apartamento por terceiros depende de diversos
fatores, inclusive sazonais, e, no caso, não há demonstração de nenhuma proposta perdida ou não aceita
pela recorrente.
Corroborando este entendimento, colaciono o seguinte aresto:
Honorários recursais
Por fim, em atenção ao disposto no art. 85, § 11, do CPC/2015, fixo honorários
recursais em 5% sobre o valor atualizado da causa, a cargo da apelante.
3. CONCLUSÃO.
4. DECISÃO.