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A produção do “efeito externalidade”: O catador um referente sem referências

E é neste sentido que as questões socioambientais garantem a visibilidade do


trabalho do catador, como um agente ambiental preocupado com a sustentabilidade da
vida no planeta. Várias empresas chamam os catadores organizados em cooperativas
para dar palestra sobre meio ambiente nas semanas de prevenção de acidentes, SIPAT.
A atividade de catação de materiais recicláveis ganha visibilidade na sociedade tanto
por estar na origem de uma cadeia produtiva da reciclagem bem como pelo fato de ser a
principal fonte de abastecimento desta economia crescente.

Outro aspecto que me parece importante é que com essa idéia de Latour
podemos entender o processo civilizatório como a junção do antes estava fora. Neste
sentido as externalidades passaram a ser consideradas como de responsabilidade de
todos, se isso é assim, a figura do catador pode ser vista como aquele individuo que
estabelece o elo entre esses dois mundos, o catador transforma as externalidades
negativas em positivas ou melhor em recursos naturais transformados. E com isto ajuda
a diminuir os impactos causados pelas futuras extrações dos insumos e também da
poluição na natureza.

Atualmente todas as ações estão sendo observadas, como antigamente os


selvagens quando matavam um animal, tinham medo de alterar a ordem do mundo, nós
estamos de certa forma na mesma situação. Essa mudança de paradigmas afeta o
imaginário social e abre perspectivas para o discurso político do catador dentro da
sociedade. Embora a pobreza seja vista como uma das causas da poluição do meio
ambiente, mas o catador pode sair desse desagradável “lugar” e reinvidicar seu espaço
na cadeia produtiva da reciclagem que ele ajudou a construir, mesmo que de maneira
informal e precária.

O catador foi interrompido por uma pergunta do apresentador. A partir do


colocado aqui se percebe que: a questão dos catadores não é o assunto a ser discutido na
presença dele. É como se ele fosse um estranho naquele fórum de discussões sobre o
fechamento de Gramacho - quando se faz necessário a criação de um “referente
externo” serão os discursos dos outros atores encarregados de construir esse objeto:
“catador”. Ele será apresentado como quase não humano quase um bicho. Não se
apresenta o catador como um produtor de riquezas, que movimenta uma cadeia
produtiva envolvendo 15.000 pessoas; e até mesmo a exploração do seu trabalho pelos
deposistas não parece algo estranho ao promotor de Justiça.
O resultado é uma imagem construída e identificada como algo, uma “coisa”
indefinida, alguém que é tachado de “indigno” por catar materiais recicláveis – ainda
visto como lixo - é uma atividade abaixo da linha de dignidade humana, puro estado de
natureza, vivendo tal como um “bicho selvagem”. Em um mundo hiper real, a
construção do catador como referente ameaça de irrealidade do mundo comum dos
catadores no Aterro. O debate é um arremedo de prática política democrática. O ato de
enunciação passa a ser tão mais importante do que a ação política; os atores ficam
tentados a fazer promessas que busquem mais dividendos junto à audiência do que
efetivamente firmar pactos.

Ter o referente catador atrelado ao conceito de exclusão naquele momento nos


pareceu uma ótima estratégia dos atores para justificar e realizar uma inclusão assistida.
Parece que ficou mais claro para o catador presente - com experiência de vários
encontros no Brasil e no exterior, para discutir a organização da categoria - era de que
apesar desse posicionamento dos atores enfraquecê-lo, o catador de carne e osso ainda
fala de um lugar: Gramacho.

O fato de eles serem milhares dentro do aterro, terem certa autonomia, na busca
da própria renda, estarem lastreados pelo Movimento Nacional dos Catadores de
Materiais Recicláveis (MNCR), lhes garantiria a legitimidade para se posicionarem
como construtores da sua própria imagem e de fazer com que pudessem ser respeitados
- não por direitos fundamentais e sim pelo poder de assalto da massa - pelos outros
atores nas mesas de negociação futuras.

O que se observou ao longo deste debate foi a polarização entre interesses do


representante da Comlurb e da Prefeitura de Caxias, resultante da “guerra do lixo”.
Afora isso, a polêmica que atravessou todo o debate ficou por conta do número exato de
catadores no aterro, se os 4.000 estimados ou se os 1.500 cadastrados pela Comlurb. Na
verdade a possibilidade de encerramento, a diminuição de despejo dos resíduos, entre
outros fatore, fez decrescer o número de catadores na frente.

O representante da Prefeitura de Caxias questionou a legitimidade das possíveis


futuras demandas de 80% de catadores de Gramacho, em virtude de não residirem no
bairro de Jardim Gramacho. Na verdade, disse que a preocupação daquela prefeitura era
com os moradores do bairro e não com os catadores, porque, em seu entender, o
problema (os catadores) não tinha sido criado pelo município de Caxias.

Durante todo o debate, a estratégia discursiva dos atores presentes foi a de se


colocarem fora do problema de não arcarem com as “responsabilidades” quanto ao
mesmo. Essa era a linha de raciocínio e para isso lançaram mão de seus “discursos
competentes” para tratar o assunto apenas nos seus aspectos técnicos.

O representante do MP mostrou-se perplexo com a descoberta e com a grandeza


da economia informal instalada no entorno do aterro, e que seria necessário dar um
caráter formal a essa categoria ou atividade. Cobrou dos atores a responsabilidade de
uma formalização do arranjo produtivo informal do bairro. Argumentou que ao Estado
não interessava o problema do catador em si, o que interessava era como seria feita a
legalização de todas essas atividades. Esta frase é lapidar nos mostra que para o Poder
Judiciário interessa somente sujeitos de direito instituídos e de seus representantes
legais, que só assim poderiam participar ativamente das negociações. Sem a menor
cerimônia, acabava de retirar a legitimidade do sujeito político catador na “mesa de
negociação” confundindo-o por não ter o registro oficial – de sua associação - para ser
reconhecido como sujeito de direito esquecendo o fato de que antes disso poderia ter
havido uma incapacidade do estado e da sociedade permitindo, no caso do Brasil em
especial a permanência das profundas desigualdades entre seus cidadãos.

Na mesa de negociação, os atores tradicionalmente instituídos, ou seja, que têm


garantias prévias a resguardar, tratam logo de tornar visível essa situação; a dominação
simbólica exercida por eles é automática; acreditam que essa segurança dada a priori já
os “liberta” do exercício necessário da escuta do outro, no caso, o catador.

Esse espaço dialogal pode ser descrito como o de relações entre interlocutores
em uma ação histórica compartilhada socialmente, isto é, que se realiza em um tempo e
local específico. O locutor enuncia em função da existência (real ou virtual) de um
interlocutor, requerendo deste último uma atitude responsiva, com antecipação do que o
outro vai dizer.

Os atores na negociação constroem cenários para o futuro, no entanto, o catador


é separado de sua realidade por esses atores, apesar de fisicamente presente. Ali, ele se
transforma em “objeto de análise”, por não ter, no entender deles, uma identidade
positiva que o identifique, é como se fosse alguém sem referências e história. Desta
forma, o catador passa a ser identificado pela visão que os outros atores têm da sua
realidade: de alguém que vive em condições subumanas, que não tem passado, que não
possui um registro sobre sua história. Esse vazio de existência deve ser preenchido, mas
não demora nada para que o discurso dos “papas” se apresente de imediato a fim de
sanar o impasse. É preciso, no entanto, construir uma identidade para esse catador
imaginário, imaginado alhures como uma externalidade. Como vimos antes, não
existem mais as externalidades, a menos que sejam produzidas ali na hora - é o “efeito
externalidade”.

Instala-se um processo de dominação simbólica neste espaço de discussão. Os


catadores não se configuram como sujeitos, são vistos como objetos, como aquilo de
que se fala, em estado de natureza, ainda não outro, neste espaço de debate fica exposto
o não-lugar de sua fala, não existe refutação, ela não é verdadeira nem falsa, sua
legitimidade não diz respeito a seu conteúdo, mas ao simples fato de que o catador não
está na posição de falante legítimo. Para os outros interlocutores dentre os afazeres
disponíveis aos catadores não estão nem o de pensar, muito menos o de desejar.

Esta é a matriz de onde partem as falas que vão ocupar esse lugar de vacância,
deixado pelo vazio expresso a partir do não-reconhecimento da fala do catador,
fenômeno este que mostra como é construída artificialmente sua incapacidade de se
passar por sujeito. A partir da “perda” de seu protagonismo, aparece a necessidade da
tutela por um outro, este sim, sujeito com capacidade para redizê-las, ou melhor,
inventá-las.

Podemos pensar também que o catador visto como objeto não é capaz de ser
reconhecido como um sujeito capaz de realizar demandas, uma vez que sua fala não é
levada em consideração pelos outros atores. Portanto, proferir certas palavras, em certas
circunstâncias, resulta em infelicidade porque os outros não têm a intenção de se
conduzirem de maneira legal, isto é, em suas falas aparece apenas o sentimento de que
os catadores não são partícipes do processo de discussão e negociação (Austin, 1990, p.
23).
Isto não significa que o catador tem de aceitar as escolhas que supostamente
“ajudou” a construir. Existe a real possibilidade de ele ser reconhecido como “sujeito” a
partir da sua capacidade de se construir, de formar uma auto-imagem nova de si e para
si, que seja resultado das suas práticas dentro do aterro, na cadeia produtiva da
reciclagem.

Esse novo “objeto” a ser construído na mesa de negociação é, primeiramente, a


o catador como referente. Do ponto de vista político, a imagem deste “novo produto”
terá sido “inventada”, produzida à revelia de seu ponto de vista.

No diálogo com os demais atores, o catador é colocado como objeto dos


discursos alheios a ele, seu desempenho como sujeito titular de direitos é ignorado, não
é reconhecido como alguém capacitado para o exercício de direitos. Sua função é vista
como figurativa, modelada por um processo participativo artificial que o exclui das
deliberações. Negociações muitas das vezes encenadas como um produto de
comunicação midiático, atreladas apenas à lógica do espetáculo.

Para que esse perverso artifício da encenação política participativa se complete é


necessário - e se exige isso - que o catador seja politicamente tutelado para ter sua
condição de parte interessada reconhecida no debate.

Por outro lado, a novidade da recente visibilidade que o catador passará a ter,
garantirá algum reconhecimento e interesse sobre sua realidade e representará uma
visão de sua importância e carência potencializada por esse paradoxo e pela
perplexidade causada pelas imagens do não-lugar, o lixão. Entretanto, tal visibilidade
momentânea do catador na mesa de negociações gerará também um efeito colateral,
pois suscitará o surgimento da ideologia do invisível - isto significa o aparecimento do
ponto cego, que aparece durante no debate. Quem tem poder pratica o “culto do
silêncio”, todos ficam invisíveis e encenam a “escuta interessada” das demandas do
catador (Garapon, 1996, p. 81).

Logo após, os atores retomam seus ofícios e dão carnadura à figura do catador
como maneira de neutralizar suas demandas construindo uma “nova” identidade,
artificial, para que um novo objeto se constitua no imaginário social. Surgem os
especialistas reconhecidos como “competentes” para essa tarefa. O resultado é um
pensamento técnico que afirma a necessidade de tirar todos os catadores do não-lugar,
mudando, se possível e preferencialmente, sua atividade, mantendo-o objeto (como um
objeto passível de ser absorvido pelo sistema produtivo formal) de uma política
inclusiva autoritária. Política essa que sabe o que é o melhor, ao invés de reconhecer a
importância da atividade do catador e acenar com a possibilidade de, em os
reconhecendo sujeitos, apoiar as condições necessárias para a realização da atividade
que já realizam, em melhores condições e resultados quantitativos e qualitativos,
quando tudo leva à implantação de um programa de coleta seletiva municipal feita em
parceria com os catadores e com o apoio da administração pública. Porém, o culto do
silêncio impede o assunto de ecoar e de vingar no debate.

Em resumo, o debate mostrou a tentativa de os atores levarem o ouvinte a se


colocar no lugar deles e pensar no catador como um objeto-problema. Tem-se, assim,
um catador a ser relegado e assistido pela Secretaria de Ação Social, como alguém que
não conseguiu fazer mais nada e teve que ser catador, e que deve ser tutelado pela
sociedade.

Mas sabemos que, se identificado de maneira diferente, o catador reconhecido


como ator importante na coleta seletiva é capaz de recebendo o apoio efetivo da
sociedade para se organizar de maneira autônoma em cooperativas ou associações.

Hhhhhhhh

Anexo

A primeira mesa de negociação

O encontro ocorrido em 31 de maio de 2005, no espaço do Felc/RJ será aqui


arbitrariamente definido como marco zero do processo de negociação sobre o futuro do
aterro de Gramacho1 e seus desdobramentos. Esse debate, realizado na Rádio MEC,
entre atores sociais heterogêneos como o secretário de Saúde do município de Caxias,
um engenheiro da Comlurb, um promotor do Ministério Público, o representante da
Associação dos Catadores, além de um membro do FELC/RJ também marca esse
processo de negociação.

1
Era essa a ideia da tese que desenvolveria no mestrado da UFF.
O olhar sobre a maneira como o catador é percebido neste novo espaço de
negociação - para efeito da pesquisa chamado de mesa de negociação (como metáfora
da esfera pública) procurará definir a participação do catador na construção dessa
agenda política e verificará se há espaço para uma instância deliberativa dialógica em
que o “protagonismo” - vamos definir esse termo provisoriamente como sendo o catador
um participante ativo com capacidade de firmar compromissos e assumir
responsabilidades - dos catadores seja visível a partir do reconhecimento da categoria
pelos diversos atores com os quais ele interage e no qual seus interesses sejam
relevantes para a construção de um cenário futuro, dentro de um contexto marcado pela
contingência e pela incerteza.

Assim, o trabalho procurará averiguar como seria esse espaço e como seria
compartilhado entre os atores.

O primeiro encontro: debate na Rádio MEC em 2005

A questão formulada de início pelo entrevistador da Rádio MEC norteou o


debate: “Como iriam ficar os catadores após o fechamento do aterro?” A secretária
executiva do FELC/RJ, tomou a palavra, definiu o papel do fórum e formulou outra
pergunta para os participantes: De que maneira eles poderiam colaborar e favorecer o
desenvolvimento de políticas públicas que viessem apoiar o trabalho dos catadores após
o fechamento do aterro?

Em seguida, o presidente da associação, indagado sobre sua expectativa, falou da


possibilidade de a situação se tornar um caos social devido ao número de pessoas
atingidas - perto de 4.000 catadores - e ao tempo que vem exercendo essa atividade em
Gramacho (cerca de 30 anos).

Destacou também que o arranjo produtivo local estaria ameaçado:

“Então essa preocupação, o que vamos fazer amanhã, já que há 30 anos fazemos esse
trabalho... um trabalho passado de pai para filho, como herança. A gente sabe fazer
bem esse trabalho, gosta de exercer esse trabalho. Num país que não gera trabalho e
renda, dificilmente a gente vai conseguir disputar uma vaga. A gente sabe que o
reciclado é um mecanismo de criar trabalho e renda”.
Questionado sobre qual seria a posição do Ministério Público, o promotor, se
mostrou surpreso com a situação. Passamos a reproduzir parte do debate:

“O Ministério Público tem uma preocupação imensa com os catadores lá no aterro.


Posso subdividi-la, tem o problema da saúde do ser humano, confesso que fiquei até
surpreso com as declarações do catador em relação ao pensamento de encarar
atividade de catadores, naquelas condições, como uma herança de pai para filho,
realmente é uma cultura, aspecto novo que precisa ser encarado. (...) por que essa
atividade que já tem 30 anos não se desenvolveu, por exemplo, em termos de saúde do
trabalhador, em condições de segurança e em qualidade. O que a gente observa é que
ao longo desses 30 anos se desenvolveu uma atividade profissional sem o menor
cuidado. Então se eu for pensar no aspecto coletivo da segurança do trabalho a
preocupação do MP é grande com a manutenção dessa atividade. Sobre outro aspecto
humano, só tenho que louvar a resistência dos catadores de permanecer 30 anos esse
tipo de atividade.

Neste momento, o MP tenta buscar uma alternativa:

Moderador: A sobrevivência deles...

Promotor: Ao trabalho dos catadores, porque hoje a ciência não admite a conveniência
da presença dos catadores em áreas de aterro...

Representante de Caxias: O lixo é de várias cidades do entorno de Caxias... Isso é que


eu chamo de hipocrisia as pessoas produzem e - como lixo é lixo - algumas ainda tem a
hipocrisia de dizer que dá para tirar produto disso, até da miséria para tirar dinheiro.
Muita gente ganha dinheiro com a miséria e a pobreza. Uma série de pessoas vive da
desgraça dos outros. Nós queremos que as 40.000 pessoas que vivem em Gramacho, no
bairro, não no Aterro de Gramacho, tenham uma qualidade de vida e pra isso luz
elétrica, tratamento de esgoto, saneamento do bairro, saúde. Nós estamos fazendo a
nossa parte e queremos que todos também façam a sua porque lá vivem pessoas, não
bichos!

Catador: Queria deixar clara que a discussão assim tá falando sobre o fechamento do
aterro de Gramacho, mas todo mundo tá falando assim da visão técnica do aterro, mas
todo mundo está esquecendo de falar do catador, até agora nem a prefeitura de Caxias
e nem a do Rio...”

A partir do questionamento do catador se seguiu uma nova série de intervenções:

“Representante da Comlurb: Discordo, o objetivo do Rio é buscar parcerias e compor.


A Comlurb tinha feito uma proposta de `erradicação' dos catadores e de elaboração de
um centro de reciclagem nas margens do Rio-Petrópolis.

Representante do FELC/RJ: A alternativa é de trabalho para os catadores, não de


erradicação deles.

Representante da Comlurb: Desculpe, desculpe, o termo talvez estivesse um pouco


forte, um pouco forte, mas era exatamente a elaboração de grandes depósitos de
reciclagem. (...) O problema do futuro dos catadores a Comlurb contratou a socióloga
Lúcia Pinto para encontrar uma saída, que apresentou um trabalho e que busca saída,
nós todos temos interesse que isso tenha uma saída.

Catador: Uma saída são os “Núcleos Descentralizados”, essa proposta já existe desde
2003, através de um plebiscito feito pela assistente social do aterro, Valéria Bastos:
quando do término do aterro qual seria a atividade que o catador do aterro queria
fazer: 10% queriam sair do aterro, 90% queriam continuar trabalhando no aterro com
materiais recicláveis. Por que é o que a gente sabe fazer, do dinheiro, as pessoas têm a
mania de ligar o lixo ao catador. Acho que já está mais que provado, pode ser que não
exista investimento, não existe um investimento na melhoria do trabalho e da qualidade
de vida do catador, o que poderia ser feito. As propostas nunca foram apresentadas ao
catador. As discussões devem ser em torno do catador. Se vão criar esses depósitos qual
seria o papel do catador, a gestão vai ser feita pelo catador?(...) O catador continua
fora desse processo. O governo federal abre editais, tem estimulado o trabalho com
resíduos com a inclusão do catador fazendo a coleta seletiva. A coleta seletiva tem que
ser entregue ao catador, tem uma frase que diz: “Coleta seletiva sem catador é lixo”.

A fala do representante dos catadores ilustra bem o seu sentimento sobre o rumo
daquela prosa:
“Eu acho que é sempre fingir que o catador não existe, começa uma conversa paralela
que visa não focar o protagonista da história que é o catador, sempre a discussão tenta
jogar o catador pro lado, qualquer discussão que tenha entre os técnicos dos resíduos
sólidos nenhum deles...”.

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