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PARQUE ARQUEOLÓGICO DO MORRO DA QUEIMADA -

PROGRAMA TRES MORROS – AÇÕES PRELIMINARES

Ouro Preto - Minas Gerais– Brasil


INTRODUÇÃO

A partir das demandas apontadas no Plano de Trabalho do Parque Arqueológico do Morro da Queimada* foi elaborado o Programa
Três Morros” para atuar junto às comunidades do entorno do futuro Parque, a saber: Bairro Morro do Santana, Bairro Morro São
Sebastião e Bairro Morro de São João e bairros adjacentes. O Programa articula produtivamente este ambiente social, engajando as
comunidades para as oportunidades que serão geradas a partir da consolidação do P.A.M.Q.

O documento está estruturado em três partes. Na primeira delas trazemos a SINTESE DO PLANO DE TRABALHO PARA
IMPLANTAÇÃO DO PARQUE MORRO DA QUEIMADA que é resultado do trabalho de uma equipe multidisplinar constituída por
profissionais das melhores instituições públicas da região dos Inconfidentes. A segunda parte apresenta O PROGRAMA TRÊS MORROS,
desenvolvido pela Planeta Cultura & Sustentabilidade, integrante do Núcleo de Projetos e Viabilização do P.A.M.Q. e na terceira parte
constitui-se dos ANEXOS, onde estão inseridas materiais gráficos ilustrativos dos projetos da implantação do Parque.

O proposito desta apresentação é a busca de parcerias para viabilizar as ações preliminares do Programa Três Morros que será realizada
com parte do processo de mobilização e ativação das comunidades para a implantação do Parque .

PARTE 1
SÍNTESE DO PLANO DE TRABALHO PARA IMPLANTAÇÃO DO PARQUE MORRO DA
QUEIMADA

Foto Luiz Fontana Acervo IFAC UFOP

19/04/ 1881, terça feira – diário do Imperador D. Pedro II: antes de chegar a esta cidade passei pela antiga Vila
Rica, muralhas arruinadas que lembram-me Pompéia.
Sobre o Parque Arqueológico do Morro da Queimada afirma o arquiteto italiano Ruggero Martines:

Lo studio che prefigura il “nuovo” parco archeologico, quale è il caso del Progetto per l’area archeologica del
Morro da Queimada, è stato realizzato da un gruppo di lavoro nel quale convergono i più qualificati
professionisti e studiosi delle diverse istituzioni governative e private dello stato di Minas Gerais, e
rappresenta, nel panorama internazionale delle iniziative consimili, un caso particolarmente avanzato,
esemplare sotto molti profili, dal quale si possono trarre molti spunti anche per realizzazioni future...

O estudo que prefigura o “novo” parque arqueológico, que é o caso do projeto


para a área arqueológica do Morro da Queimada, foi realizado por um grupo de trabalho para o qual
convergem os mais qualificados profissionais e estudiosos de diversas instituições governamentais e privadas
do estado de Minas Gerais, e representa, no panorama internacional das iniciativas similares, um caso
particularmente avançado, exemplar sob muitos aspectos, dos quais se podem deduzir muitos pontos
passíveis de serem empregados em realizações futuras...
1.INTRODUÇÃO
O projeto de implantação física do Parque Arqueológico do Morro da
Queimada, que atende a uma recomendação da Organização das Nações Unidas para
a Educação, Ciência e Cultura – UNESCO, foi desenvolvido ao longo dos últimos anos
por uma equipe interdisciplinar, constituída por profissionais das melhores instituições
públicas da região dos Inconfidentes, associadas ou não por meio de acordos de
cooperação técnico-científica e cultural: Museu de Arte Sacra da Paróquia do Pilar de
Ouro Preto (MAS), Câmara Municipal de Vereadores de Ouro Preto (CMV),
Prefeitura Municipal de Ouro Preto (PMOP), Instituto Federal de Minas Gerais
(IFMG), Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN), Fundação Gorceix (Gorceix) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O Morro da Queimada é um sítio dotado de beleza natural, um “Lugar de Memória” por estar ligado à figura de Felipe dos Santos
e à Sedição de Vila Rica de 1720, além de ser o berço da mineração no Brasil. Como a Sedição de Vila Rica foi um evento trágico 1, o
Morro da Queimada, que guarda em sua materialidade dor e sofrimento, segundo os técnicos da UNESCO que voltaram ao morro em
2019, pode ser considerado também um “Sítio de Memória Sensível” ou um “Sítio de Consciência”. Uma das principais consequências da
Sedição de Vila Rica foi a separação da capitania de Minas Gerais da de São Paulo. Após a “celebração dos 300 anos de Minas Gerais”,
realizada em 2020, nada mais oportuno que iniciarmos a proteção física e a preservação do Sítio Arqueológico do Morro da Queimada
com este Plano de Trabalho para a implantação do Parque Arqueológico do Morro da Queimada.

1
Anexo: historia
2. O PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DO PARQUE ARQUEOLÓGICO DO MORRO DA QUEIMADA2

O projeto de implantação contemplou, em um primeiro momento, ações de identificação, proteção e consolidação estrutural das ruínas
e de vestígios arqueológicos remanescentes. As análises consideraram tanto os aspectos ambientais, construtivos e estruturais do complexo,
quanto o valor histórico, cultural e paisagístico em seus detalhes, em sua totalidade e em sua relação com o entorno. Por se tratar de
intervenções a serem feitas em um sítio portador de excepcionais valores de natureza histórica, cultural, paisagística e ambiental, que também
participa da conformação da própria cidade de Ouro Preto, elas atenderam a critérios e premissas que têm por objetivo a conservação e a
potencialização desses valores.
Assim, após discussões e reflexões referendadas pelos conceitos e procedimentos operativos adotados pela produção arquitetônica
contemporânea, foram definidas como diretrizes principais: a consolidação dos percursos e lugares já existentes, evitando novas alterações no
complexo, e o emprego de soluções sustentáveis na construção das edificações. Em conformidade com tais diretrizes, foram identificados os
principais pontos de acesso à área, os caminhos e as trilhas existentes, de modo a confirmar as escolhas feitas ao longo do tempo e a minimizar
os impactos ambientais.
Foram então selecionados os locais mais adequados do ponto
de vista ambiental e paisagístico para a implantação das edificações.
Esses pontos, além de estarem relacionados com as estruturas e os
arranjos atuais, situam-se próximo aos limites propostos do parque e
dos acessos previstos, fato que irá facilitar a implantação dos
edificações requeridas pelo programa, além contribuir para delimitar
o território, permitir melhor controle do conjunto e liberar as áreas
centrais, onde se encontra a maior parte dos vestígios arqueológicos
e da vegetação nativa. Para assegurar a sustentabilidade do

2
Anexo: Plano de Trabalho por extenso
empreendimento e minimizar os impactos ao ambiente natural e à
conformação paisagística existente, foram definidas áreas situadas a um
conveniente afastamento das cumeadas do morro e das ruínas. Na escolha
foram consideradas áreas que apresentassem os seguintes requisitos:
distância satisfatória dos topos de morro, topografia favorável,
predominância de superfícies não vegetadas, existência de boas condições
de ventilação e insolação, além de pouca visibilidade a partir dos pontos
focais notáveis estruturadores da paisagem natural existente em seu
entorno imediato. Outra etapa foi o levantamento e a caracterização dos
usos previstos, com a definição e o dimensionamento de suas respectivas necessidades ambientais, espaciais e construtivas, a setorização e
o agrupamento dos usos de acordo com suas afinidades, bem como a definição de suas conexões e interligações. Para tanto, foram
consideradas as sugestões e demandas encaminhadas pelas equipes envolvidas e, principalmente, as demandas e necessidades relacionadas
pela comunidade local, consolidadas a partir dos diversos encontros, reuniões e audiências públicas realizadas ao longo dos últimos anos.
As edificações novas a serem implantadas nos lugares que apresentam as condições mais adequadas, do ponto de vista da
conservação e potencialização dos valores do parque, foram
limitadas ao mínimo necessário: estacionamento e acesso principal;
portaria com recepção; pavilhão de pesquisa e centro
comunitário.As edificações serão implantadas junto aos acessos e
limites do parque, de modo a estabelecer locais de transição entre
os diversos bairros limítrofes e a área protegida. Construídas em
áreas de baixa declividade e sobre plataformas elevadas,
dispensam movimentos de terra, impróprios para um sítio
arqueológico. O emprego de estruturas metálicas e elementos
construtivos pré-fabricados reduzirá ao mínimo a produção de
rejeitos, da mesma forma que a utilização de gabiões na construção
das paredes, feitos com os rejeitos das antigas pedreiras, reciclará materias já existentes no local. As coberturas verdes receberão painéis para
a captação de energia solar que, além de proporcionar conforto e isolamento, servirão para recompor as superfícies vegetadas, bem como para
coletar água de chuva.
Os caminhos existentes serão dotados de melhores condições de
acessibilidade e segurança, por meio da implantação de trilhas
interpretativas com pavimentação permeável e guarda- corpos que
possibilitarão a apreensão gradativa dos valores existentes no parque e sua
fruição. Ao longo das trilhas serão instalados mirantes, áreas de descanso
e convívio, dotados de elementos de sinalização, comunicação visual e
mobiliário. As edificações novas deverão demarcar o território e consolidar
os pontos focais do complexo, constituindo elementos referenciais nos
novos arranjos paisagísticos. A solução da arquitetura de todas as
edificações é sustentável, despojada, transparente e entremeada com os elementos naturais. Embora assumam aspectos expressivos e
tecnológicos próprios das linguagens contemporâneas, farão também referência às características tipológicas e construtivas tradicionais da
região. Em todos os edifícios serão usados os mesmos princípios compositivos, o mesmo sistema estrutural e os mesmos materiais
construtivos, fatores que deverão garantir a necessária unidade arquitetônica, a identidade do complexo, assim como o sentido de pertinência
de cada elemento ao conjunto edificado. Todavia, cada uma das edificações receberá tratamentos, soluções espaciais e ambientações diversas,
de maneira a assegurar sua distinção e o caráter próprio mais coerente com sua localização e destinação.
3. MOBILIZAÇÃO DAS COMUNIDADES E AÇÕES PREPARATÓRIAS:

O sucesso da execução do Plano de Trabalho para implantação do Parque Arqueológico do Morro da Queimada, está diretamente vinculado
à mobilização e ações com as diversas comunidades do entorno do Parque , uma vez que os Bairros que se formaram historicamente neste
entorno tem como característica serem constituídos por população de cerca de 6.000 pessoas formada prioritariamente por pessoas baixa
renda, também pela ocupação desordenada que cada vez mais pressiona o território do parque, inclusive suas ruínas. Neste contexto,
constitui-se desafio desenvolver ações contribuam para:
• Apropriação material e simbólica do espaço por estas populações;
• Valorização dos grupos sociais envolvidos;
• Promoção da inclusão social;
• Geração de trabalho e renda de forma sustentável considerando o próprio potencial turístico advindo da implantação do parque;
• Fomento do empreendedorismo da população, sobretudo os jovens;
• Fortalecer a economia criativa e promover inovações sociais que contribuam para gerar soluções para problemas como violência, uso
de drogas e em especial neste momento desenvolver respostas os graves impactos sociais advindos da Pademia do Covid 19.

Considerando os desafios estabelecidos foi desenvolvido um Programa voltado para atuação com o conjunto conformado pelos bairros: Morro
de Santana, Morro São João, Morro São Sebastião e demais bairros adjacentes. Por meio do Programa pretende-se criar o ambiente de
engajamento das comunidades.
Agora, no momento onde se instala o processo de
implantação do Parque Arqueológico Morro da Queimada,
que trará inúmeros benefícios econômicos para Ouro
Preto é necessário também avançar em um modelo de
desenvolvimento de turismo que não tenha como
elemento estrutural para sua reprodução, o próprio
racismo e a segregação social que marcaram a história do
Morro da Queimada e promover a inclusão produtiva das
comunidades no entorno do Parque.

PARTE 2
PROGRAMA TRÊS MORROS
AÇÕES PRELIMINARES
O PROGRAMA TRÊS MORROS

2.1 INTRODUÇÃO:

As ações do Programa estão estruturadas a partir de três áreas: 1. Organização Comunitária; 2 Empreendedorismo e Negócios
Sociais; 3. Formação técnica e cultural para integração com o P.A.M.Q. Por meio de inciativas dentro de cada uma destas, o programa
busca fortalecer o capital humano e social do território, empoderando os participantes, construindo uma relação orgânica e produtiva das
comunidades e identificado oportunidades de interseção com o PAQM.

A proposta a seguir organiza um conjunto de “objetivos e metas” como “ações preliminares” enquanto as tratativas de viabilização das
etapas de recuperação e outros aspectos do Plano de Trabalho do Parque Arqueológico Morro da Queimada estão em andamento. A
realização do conjunto das ações propostas trará consequências benéficas ao processo de implantação do Parque, engajando e
fortalecendo as comunidades como beneficiárias e também como protagonistas do processo de recuperação.

2.2 OBJETIVOS:

2.2.1 Objetivo geral

Contribuir para o desenvolvimento das comunidades do Morro de Santana, Morro São João, Morro São Sebastião e bairros conexos
por meio da sistematização de projetos de formação profissional, de empreendedorismo criativo e de cultura em consonância com o
Plano de Trabalho do Parque Morro Arqueológico Morro da Queimada.
2.2.2 Objetivos específicos

OE1: Mapear organizações comunitárias, empreendedores e iniciativas locais de cunhos social, cultural, ambiental, e esportivo, afim de
organizar e disponibilizar um banco de dados do território, identificar oportunidades e demandas de atuação do Programa junto aos
participantes.

OE2: Desenvolver guia comunitário visando a valorização, organização dos pequenos empreendimentos seus produtos e serviços, em
especial, aqueles nos segmentos da economia criativa para que que possam ser articulados e promovidos no diálogo com o P.A.M.Q e
com o turismo de Ouro Preto, de modo geral;

OE3: Desenvolver pacote de oficinas de aprimoramento profissional, a partir das demandas e oportunidades levantadas, visando melhorar
produtos e serviços existentes, bem como, gerar novos empreendimentos e produtos integrados ao propósito do Parque Arqueológico do
Morro da Queimada;

OE4: Desenvolver um ciclo de eventos voltados para processos de educação patrimonial e ambiental e a mobilização no Morro da
Queimada visando a preparação e sensibilização da comunidade e do município de Ouro Preto.

OE5: Desenhar linha de cursos e assessorias para o desenvolvimento de produtos identitários diversos e de suporte técnico necessários
ao processo de restauro e ativação do PAMQ.
3. METAS E PRODUTOS

OE´s METAS/ PROJETOS PRODUTO

OE1 M1: Mapear as organizações comunitárias e partes - Banco de dados integrando informação das associações, produção
interessadas no desenho e implementação de projetos, cultural, inciativas sociais, esportivas, comércio e serviços,
considerando: Associações Comunitárias; Produtos e
Serviços; Grupos e entidades culturais, espaços e - Três Laboratórios de escuta ativação com grupos e lideranças
projetos culturais, ambientais, sociais e esportivos em identificados para análise de demandas e oportunidades e definição das
desenvolvimento. oficinas preliminares de ativação.

- Hub de serviços e Co-Working para apoiar empreendedores no


desenvolvimento de seus produtos e projetos.
0E2 M2: Criar e promover o *Guia Três Morros” para - 1 Guia e Digital integrado;
integração e promoção do comércio, produtos e
serviços do território, bem como dos ativos culturais e - Ações de promoção digital dos segmentos representados
ambientais. nas redes sociais do Programa.

OE3 M3: Desenvolver pacote de oficinas e - Os produtos neste contexto serão aqueles resultantes de cada
assessorias técnicas a partir das demandas e oficina desenvolvida. Para fins de orçamento consideramos a
oportunidades apontadas nos Laboratórios de realização de pacote de 6 oficinas que poderão abranger áreas
escuta e ativação com lideranças como; Artesanias; Meio Ambiente; Moda; Tecnologia, Comunicação;
Projetos.
OE4 M4: Desenvolver ciclo de eventos de - Produção de quatro eventos no Morro da Queimada
mobilização a partir de resultados das Oficinas integrando comunidades participantes e escolas de Ouro
Preto com o Projeto do Morro.
OE5 M5: Desenvolver um projeto de linha de - Projeto formalizado e validado pelas partes interessadas,
produtos, serviços e atividades formativas visando a captação de recursos para desenvolvimento.
especificas para atenderem a demandas do
Parque
4. CONOGRAMA GERAL

OE1
OE2
OE3
OE4
OE5

6. ORÇAMENTO GERAL

O investimento nas ações para o desenvolvimento da etapa preliminar do Programa Três Morros compreendendo os objetivos e metas
descritos em um período de 12 meses está orçado em ()
7. CONCLUSÃO

Como Unidade de Conservação e Preservação o Parque vai gerar diversos benefícios econômicos, sociais e ambientais para Ouro Preto,
protegendo nascentes, possibilitando a manutenção da qualidade do ar e do solo, incentivando o turismo nas suas diversas formas,
estimulando a visitação e, consequentemente, incentivando atividades econômicas, gerando emprego e renda e a inclusão social das
comunidades vizinhas, melhorando o microclima, protegendo a fauna e a flora, preservando a biodiversidade, promovendo integração
com comunidades, trazendo bem-estar para uma população cada vez mais carente de lazer, recreação e contemplação da natureza e
gerando benefícios e melhor qualidade de vida para as pessoas, atuando como importantes indutor para frear a ocupação desordenada
do território, evitando o risco de desabamentos e a ocupação ilegal de terras públicas, possibilitando a realização de programas de
educação patrimonial e ambiental, especialmente junto às escolas municipais e estaduais, gerando oportunidades para realização de
pesquisas científicas; e ainda garantindo a preservação e a defesa da paisagem cultural tombada da cidade.

O “Programa Três Morros” promoverá ações de integração das comunidades do entorno do Parque, incentivando a população a assimilar
o mesmo como um território local de turismo sustentável gerando um ambiente de oportunidades de empregos, através da
profissionalização e qualificação dos jovens, estabelecendo também uma consciência de pertencimento como cidadão, estruturando
caminhos de convivência social, fortalecendo o bem estar do convívio e contribuindo para a melhoria de suas comunidades dentro de um
território viabilizador econômico e sustentável para a cidade.
PARTE 3: ANEXOS
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO DO MORRO DA QUEIMADA3

As ruínas arqueológicas do Morro da Queimada são vestígios do primeiro núcleo formador da cidade de Ouro Preto a região do antigo Arraial
do Pascoal da Silva ou do Ouro Podre. Históricamente relevante devido a os acontecimentos expressivos do final do século XVII e início do
século XVIII, como a Sedição de Vila Rica ou a Revolta de Felipe dos Santos.
Conformou-se na primeira década do século XVIII. Com a hegada dos primeniros Bandeirantes às minas de ouro localizadas em suas encostas,
os primeiros a explorarem estas terras foram os paulistas da família Camargos. Com o uso da técnica de extração a talho aberto a primeira
geração de mineradores amplia a área explorada que se desloca dos leitos dos rios para as áreas mais elevadas.
O constante crecimento en torno a mineração das mina transformam a Serra de Ouro Preto, na qual encontramos o Morro da Queimada, na
principal zona de mineração da sede de Vila Rica. Nessa serra instalou-se uma vida urbana marcada por terrenos minerais, becos, ruas,
estradas, comércios e templos religiosos, como atestam as capelas de São João, Santana, Piedade e São Sebastião.
Tempo depois, entre 1.700 e 1.701, debido a la escasa produção de alimentos na região y a escases de ouro de aluvião, o local foi
abandonado.

Por volta de 1704, o ex-mascate português Pascoal da Silva Guimarães, se instala na data4 despovoada dos Camargos, quem figurou como um
dos mais ricos e importantes homens da região, através da exploração do ouro. Estima-se que pouco tempo depois teve 300 escravos sob sua
propriedade.Nos anos posteriores, aproximadamente 1711, a região, debido a grande circulção de riquezas, a Coroa Portuguesa se vê impelida
a intervir cada vez mais na Capitania de Minas e São Paulo.

Então sob o desígnio de ampliar a arrecadação de impostos sobre o ouro extraído das minas, Portugal institui em 1719 a Casa de Fundição
para cobrança do quinto5, e proíbe a circulação do ouro em pó.

“Em cada cabeça de comarca seria instalada uma casa onde os mineradores deveriam
levar seu ouro para ser fundido e, durante este processo quintado” (GUIMARÃES, 1994).

Impulsionados pela nova cobrança fiscal de Portugal, em 1720 alguns dos mais ricos moradores da região das minas, entre eles o dono do
Morro Pascoal, e Felipe dos Santos, se envolveram juntamente com um grande número de pessoas na rebelião contra a Coroa, a chamada
Sedição de Vila Rica.

3
Embasado no site http://morrodaqueimada.fiocruz.br/historico.php
4
Área destinada para a mineração.
5
Imposto cobrado pela coroa portuguesa sobre o ouro encontrado nas minas, 1/5 da riqueza explorada.
Os revoltosos ameaçaram o governador da capitania, Conde de Assumar, sob a reivindicação de que fossem extintas as Casas de Fundição.
Segundo Xavier da Veiga:

Frente às ameaças, e do levante inesperado, o governador aceita o elenco de reivindicações. Contudo, tão logo o Conde restabelece o controle
da situação, ele inflige medidas de repressão ao movimento. O governador “reúne cerca de mil e quinhentos homens (militares, escravos, e
mamelucos) e marcha sobre Vila Rica.” (OSTANELLO,2007).
A Sedição de 1720 apresentou momentos tensos como o cerco de Vila do Carmo (atual Mariana) por aproximadamente 1.500 homens armados
pelos líderes da sedição. Após meses de ameaças, acordos e desconfianças, o movimento foi desarticulado e os líderes foram presos. O
agitador Felipe dos Santos que foi preso em Cachoeira do Campo teve um fim diferente. Ele foi levado para a sede de Vila Rica e foi
sumariamente julgado, enforcado e esquartejado. Os outros líderes entre os quais Pascoal da Silva Guimarães, foram enviados para o Rio de
Janeiro; nessa cidade faleceu o Frei Vicente Botelho, os demais foram encaminhados para Portugal
Acusado de ser o líder da rebelião, Felipe dos Santos foi julgado e condenado à execução por enforcamento em praça pública. Pascoal da Silva
Guimarães, também capturado pela tropa, foi deportado para Lisboa. E o Arraial do Ouro Podre, abrigo dos revoltosos, foi completamente
queimado. Assim ordenou Conde de Assumar, que:

...imediatamente se levantasse fogo à vasta casaria de opulento “mineiro”


Pascoal da Silava e, às de outros sublevados, em torno dos quais havia
extensos arranchamentos, moradia de cerca de quatro mil escravos
trabalhadores das minas. Não tardou a lavrar o bárbaro e devastador incêndio
no Morro de Ouro Podre, onde residiam quase todos os conjurados e que por
essa vandálica destruição se ficou chamado Morro da Queimada. (VEIGA,
apud GUIMARÃES, 1994, s.p.).
Em função de tal acontecimento, as casas de fundição em Minas Gerais e a transformação de sua capitania em uma sede administrativa da
Coroa foram adiadas por quatro anos. A sedição de Vila Rica se tratou então de um movimento fundamental para a história do Brasil, e para o
período colonial. A rebelião seria o embrião para o conflito posterior, também de caráter anti-fiscalista e nativista nas Minas Gerais, a
Inconfidência em 1789.
Integração arquitetura e natureza

Fotos Luiz Fontana


Acervo IFAC UFOP
Sítio arqueológico de inestimável valor, por guardar:
1. Preciosos registros da exploração de ouro no início do século XVIII;
2. Vestígios remanescentes de um dos mais dramáticos momentos da história do Brasil-Colônia. – Sedição
de Vila Rica;
3. UNESCO 2019, “Sítio de Memória Sensível” ou
“Sítio de Consciência.

Foto Luiz Fontana Acervo IFAC UFOP


Localização
Actualização de Perímetro
Cercamento
Consolidação e proteção das ruínas
Proteção dos sarilhos
Requalificação de trilhas e pontes
Pavimentação do acesso principal e estacionamento
Implementação de infraestrutura

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